Ontem à noite, durante um debate sobre a avaliação de professores na RTP N, a determinado momento foi inserida uma legenda em rodapé onde se podia ler que para a colocação de professores, a realizar em 2009, apenas a nota de curso e a antiguidade eram consideradas. Difícil imaginar algo mais iníquo e injusto. Em primeiro lugar porque se considera como um dos factores principais de selecção algo que pode ter acontecido há muitos anos, há décadas, mesmo, sem qualquer repercussão anos depois nas qualidades pedagógicas e didácticas do professor e sem distinção entre prestígio, qualidade e posição no ranking das universidades onde foi obtida a licenciatura. Em segundo lugar, porque antiguidade está muito longe de ser sinónimo de qualidade, como todos sabemos. Por último, porque em parte alguma se entra em linha de conta com a capacidade de cada um, enquanto professor incluindo aqui todas as tarefas que lhe incumbem, avaliada nos anos mais recentes da sua carreira. E, no entanto, nunca nada disto foi considerado injusto pelos sindicatos e pelos professores ao ponto de os mobilizar como hoje. E porquê?
Sem uma avaliação credível todos vão progredindo sem grande esforço e temos de ter em consideração que a maioria dos professores não serão indivíduos muito predispostos à competitividade. Pelo contrário – haverá excepções –, dedicaram-se ao ensino por não encontrarem colocação em outras actividades, quer por via do curso que escolheram, quer por serem oriundos de universidades com pouco prestígio ou com más classificações de curso. Muitos também por comodismo, e no ensino encontraram assim uma carreira que vai ao encontro da sua personalidade e a potencia. Há excepções, claro, e conheço uma ou outra, mas apenas servem para confirmar a regra. Ora a antiguidade nivela por baixo, algo que lhes é favorável dado o seu background, e sabem que perante uma avaliação credível, com quotas, apenas uma minoria progredirá com rapidez, já que, como na vida, raros são os génios e poucos são os que conseguem sobressair da multidão. Pode ser duro de ouvir, mas é a realidade que tem de ser dita.
Por outro lado, sem o actual modelo colectivista – em que o professor e a escola têm uma capacidade de escolha muito limitada, em que apenas a antiguidade conta, a nota de curso persegue o professor para toda a vida como um anátema, ambos tornando inútil qualquer esforço de melhoria por ausência de recompensa, e não existe avaliação pelos superiores hierárquicos, etc, etc – o poder dos sindicatos tenderá a diminuir de modo drástico, como aconteceu nos sectores exteriores à função pública. Daí as queixas que se ouvem, vindas dos sindicatos e repetidas “por simpatia”, sobre o “mau ambiente” e o “pôr professores contra professores” que o novo modelo pode gerar. É uma luta pelo poder em que, por circunstâncias várias, como se viu acima, a Fenprof e o PCP conseguem conjunturalmente agregar uma frente alargada.
O novo modelo de avaliação é burocrático, ocupa tempo, causa injustiças, etc, etc? É provável, mas essa está longe de ser a questão-chave, face ao que acima se descreveu, e não será nada que a colaboração e o bom senso não consigam ultrapassar. O ministério tem as suas responsabilidades no conflito? Admito que sim; a surpresa seria o contrário. Mas a maior de todas essas responsabilidades é pensar que estava a lidar com gente honesta, qualificada, competitiva e, portanto, com qualidade. Como se comprova, na grande maioria dos casos não está.
Sem uma avaliação credível todos vão progredindo sem grande esforço e temos de ter em consideração que a maioria dos professores não serão indivíduos muito predispostos à competitividade. Pelo contrário – haverá excepções –, dedicaram-se ao ensino por não encontrarem colocação em outras actividades, quer por via do curso que escolheram, quer por serem oriundos de universidades com pouco prestígio ou com más classificações de curso. Muitos também por comodismo, e no ensino encontraram assim uma carreira que vai ao encontro da sua personalidade e a potencia. Há excepções, claro, e conheço uma ou outra, mas apenas servem para confirmar a regra. Ora a antiguidade nivela por baixo, algo que lhes é favorável dado o seu background, e sabem que perante uma avaliação credível, com quotas, apenas uma minoria progredirá com rapidez, já que, como na vida, raros são os génios e poucos são os que conseguem sobressair da multidão. Pode ser duro de ouvir, mas é a realidade que tem de ser dita.
Por outro lado, sem o actual modelo colectivista – em que o professor e a escola têm uma capacidade de escolha muito limitada, em que apenas a antiguidade conta, a nota de curso persegue o professor para toda a vida como um anátema, ambos tornando inútil qualquer esforço de melhoria por ausência de recompensa, e não existe avaliação pelos superiores hierárquicos, etc, etc – o poder dos sindicatos tenderá a diminuir de modo drástico, como aconteceu nos sectores exteriores à função pública. Daí as queixas que se ouvem, vindas dos sindicatos e repetidas “por simpatia”, sobre o “mau ambiente” e o “pôr professores contra professores” que o novo modelo pode gerar. É uma luta pelo poder em que, por circunstâncias várias, como se viu acima, a Fenprof e o PCP conseguem conjunturalmente agregar uma frente alargada.
O novo modelo de avaliação é burocrático, ocupa tempo, causa injustiças, etc, etc? É provável, mas essa está longe de ser a questão-chave, face ao que acima se descreveu, e não será nada que a colaboração e o bom senso não consigam ultrapassar. O ministério tem as suas responsabilidades no conflito? Admito que sim; a surpresa seria o contrário. Mas a maior de todas essas responsabilidades é pensar que estava a lidar com gente honesta, qualificada, competitiva e, portanto, com qualidade. Como se comprova, na grande maioria dos casos não está.
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