Curioso, curioso mesmo, é ver o modo como a comunicação social tantas vezes verbera o comportamento dos partidos políticos, a sua lógica de funcionamento frequentemente centrada em objectivos próprios enquanto corpo institucional esquecendo o país, e, depois, nas suas análises e comentários, acaba por reproduzir esses mesmos comportamentos e basear as suas críticas nessa mesma lógica de pensamento, defendendo implicitamente esse corpo normativo inorgânico que antes tanto criticara. Querem um exemplo? Muito simples. Depois de passarem décadas a criticar os partidos por governarem de acordo com e para as sondagens, para agradar aos seus próprios militantes e, principalmente, quadros no poder, acabam por centrar a sua crítica, o seu ataque à ministra Mª de Lurdes Rodrigues, há que dizê-lo sem qualquer pejo de ferir os que nunca foram virgens vestais, na hipótese do PS perder a maioria absoluta se não ceder na questão dos professores. Quer isto dizer, como afirmei em post anterior, que a crítica centra-se agora não naquilo que tinha sido sempre criticado (governar em função das sondagens), mas exactamente no seu contrário, isto é, na tentativa de, governando, implementar as suas próprias ideias. Chama-se a isto criticar de acordo com as circunstâncias e em função dos objectivos. Mais corriqueiramente, chamar-lhe-ia desonestidade.
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