Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
domingo, agosto 31, 2008
Summer Songs (16)
Benfica-FCP (2)
O problema chamou-se, isso sim, Katsouranis: a partir do momento em que se apanhou em vantagem por via de uma decisão estúpida do grego, o FCP optou por colocar o jogo onde queria, fechando os espaços e dificultando a rapidez dessas mesmas transições, enquanto o Benfica, para quem o empate seria um razoável resultado nesta fase de construção da equipa, se via obrigado a avançar no terreno libertando metros quadrados para o jogo de Lucho, Rodriguez e Lisandro... Este foi, de facto, o problema, o que penaliza ainda mais o desastre que foi a actuação do grego, quando quer, um excelente jogador, a central ou no meio-campo.
Já agora e uma vez mais: há quanto tempo anda o meu clube a tentar contratar um central de categoria num infindável desperdício de recursos? Já lá vão Alcides, Zoro, Stretnovic, Edcarlos, agora Sidnei. Acho que já esqueci alguns...
A "vaga de crimes" e o "malade imaginaire"
sábado, agosto 30, 2008
Benfica-FCP
Um comentário ao Benfica - FCP? Apenas este: se fosse jogador do FCP, Katsouranis dificilmente faria melhor. Marcou e condicionou todo o jogo, o que significa que qualquer análise que não tenha essa circunstância como factor decisivo é necessariamente falsa. Não sei se a sua atitude foi resultado da seu reiterado desejo de sair, mas, na ausência de condições para a instauração de um processo disciplinar, a sua cedência, por empréstimo, a um qualquer Trofense ou umas semanas na bancada decerto lhe fariam bem e dariam o tempo suficiente para pensar sobre o que quer fazer da sua vida.
Summer Songs (15)
No país dos sovietes (7)
RTP - Serviço Público?
Não, este vómito em forma de “escrita” não é um dos muitos comentários extraídos dos milhares, semelhantes, que têm inundado as caixas respectivas de blogs e jornais on-line nas últimas semanas, e que bem atestam o grau de educação e instrução do “bom povo” português (melhor: a falta dele), e o atraso de um país. Foi publicado no JN de hoje e é da autoria de Barra da Costa, comentador convidado da RTP, Serviço Público de Televisão, para o caso McCann e que chegou a afirmar como factor relevante para este mesmo caso a condição de swingers de Kate e Gerry McCann. Dois pedidos à dita RTP: para a próxima, vejam lá como escolhem os comentadores e, entretanto, tratem de pintar a cara de preto. Bem escuro!
sexta-feira, agosto 29, 2008
Summer Songs (14)
Abraham Polonsky na RTP Memória
A ViniPortugal e os vinhos portugueses - resposta a Miguel Nora (2)
Quanto ao momento e modo de prova, incluindo os copos de plástico, é v. o primeiro a reconhecer que não é o adequado. Muito bem: reconhecendo essa questão essencial, a pergunta que se deve fazer é porque se opta por continuar uma acção manifestamente inadequada em, pelo menos, duas das suas vertentes fundamentais e não se tenta mudar? Por exemplo – e se não quer deixar as Amoreiras – porque não, em vez do balcão, uma pequena zona delimitada com painéis, mais aconchegada, onde o consumidor possa “entrar”, provar com calma e dar dois dedos de conversa com quem lhe possa dar uma explicação adicional, comer umas bolachas com um pouco de queijo (não será difícil obter a colaboração de um produtor de ambos os produtos), tudo isto com copos adequados? “Megalomania financeira”? Não me parece, pois não será necessário recorrer aos Riedel; algo bem mais barato serve bem para o efeito com a enorme vantagem de serem laváveis e reutilizáveis, não é assim? Seria assim tão difícil convencer a Mundicenter focando o valor acrescentado que uma acção “com pés e cabeça” teria também para ela? Mas aqui temos uma incompatibilidade evidente: v. diz que “é melhor ser produtivo com aquilo que tem”; eu acho que está por provar que o modo como o faz seja produtivo, ou melhor, que obtenha resultados (daí o meu post original), e que mais do que “fazer” é preciso fazê-lo bem feito para obter esses mesmos resultados. E talvez, desse modo, fosse finalmente possível a presença de vinhos de alguns dos produtores portugueses mais emblemáticos e que apresentam uma melhor relação preço/qualidade, mesmo a preços próximos dos 5€, também mais adequados aos neófitos e a uma prova fora das refeições, algo que, infelizmente, não tenho conseguido ver por lá.
E quanto á escassez de apoios (desculpe, mas não viesse o “choradinho” do costume), deixe-me dizer-lhe duas coisas: só o apoio dos fundos comunitários aos produtores permitiu fazer do sector do vinho, em Portugal, um caso de evidente sucesso, não tendo a qualidade dos vinhos portugueses, hoje em dia, nada que ver com o passado, mesmo com o mais recente; se calhar, ainda bem que os apoios são poucos, na área da promoção: pelo que me foi dado constatar, e espero não ser ofensivo nem é essa a minha intenção, correria o sério risco de continuarem a ser mal aplicados.
E muito obrigado pelos seus convites para visitar as salas ogivais. Não deixarei de o fazer numa próxima oportunidade.
A ViniPortugal e os vinhos portugueses - resposta a Miguel Nora (1)
Pois afirma Miguel Nora, no seu primeiro ponto, o interesse em promover os vinhos portugueses no próprio país, onde a respectiva quota de mercado se deve aproximar dos 99%, já que o mercado do vinho tem vindo a encolher significativamente nos últimos 50 anos em favor da cerveja e soft drinks. Quero, em primeiro lugar, colocar em dúvida que o investimento efectuado neste mesmo mercado, maduro, não fosse susceptível de maior rentabilidade se aplicado em outros mercados, onde o vinho português ocupa ainda uma posição marginal. Isto na perspectiva de que se devem concentrar os investimentos onde o seu retorno for mais elevado em vez de os dispersar por demasiados mercados e demasiadas acções. Mas tudo bem, partamos de princípio que esse investimento é muito baixo e que pouco ou nada ajudaria se aplicado elsewhere. Vem então a segunda questão. Sabe Miguel Nora, tão bem como eu, que o mercado do vinho encolheu porque Portugal mudou: já não é um país rural e de indústria empregadora de mão de obra pouco educada, saída há pouco da ruralidade, mas, tendencialmente, um país urbano e serviços em que a ligação a essa ruralidade é cada vez mais ténue. Por isso, o consumo de vinho mudou na sua forma, quantitativa e qualitativa: já não estamos perante o litro de vinho a granel ou em garrafão, o “copo de três” bebido na tasca ou pelos trabalhadores rurais ou da indústria de construção (para “dar força”), por vezes fazendo parte, em espécie, do próprio salário, do “almoço do trolha” (para citar o quadro do Pomar), mas perante novas formas de consumo mais “sociais”, sofisticadas e de maior valor acrescentado. Mais ainda, a imigração, que se ocupa do remanescente desses trabalhos, vem de países onde o vinho não tem tradição. E não há, felizmente, caminho de retorno! Quando muito pode, com acções adequadas, diminuir o ritmo de decrescimento do mercado em quantidade e conseguir obter alguma inversão dessa tendência em valor. Hoje em dia, a maioria das pessoas come um almoço frugal, o trabalho intelectual, mesmo no meio operário, tem um peso maior e isso começou a mudar, embora mais lentamente do que seria desejável, a dieta dos portugueses, que também se foram tornando mais cosmopolitas e sofisticados, mais europeus – e você sabe que a tendência para a cerveja e soft drinks é europeia. Last but not least, as campanhas anti-alcoólicas são a cereja no cimo do bolo... Para que serve todo este arrazoado? Bom, para lhe dizer que se v. quer converter consumidores preferenciais de cerveja em consumidores de vinho só tem um caminho: valorizar o vinho naquilo que ele tem de elemento diferenciador face a produtos reconhecidos como industriais, como o são as cervejas correntes e refrigerantes. O seu momento de consumo, a sua sofisticação, o reconhecimento social que resulta de saber escolher um vinho, a sua ligação à comida, um certo cosmopolitismo que existe na tendência para se beber um copo de vinho com os amigos ou solitariamente como aperitivo ou entre dois dedos de conversa, etc, etc. Ora tudo isto não só requer vinhos adequados a quem é neófito (“frescos” e frutados, “redondos”, macios – o que nada ou pouco tem a ver com o seu preço), o que é incompatível com uma escolha feita “pelos produtores que enviam os seus vinhos de maior consumo” (estou a citá-lo), como também é incompatível com um momento e forma de consumo que acaba por copiar o dos produtos que visa combater e aos quais visa conquistar quota de mercado. Inclusivamente – e eu fiz a experiência – quando quem está a “dar o vinho a provar” pouco ou nada sabe sobre o que está a servir, o que de imediato invalida um dos factores mais importantes de diferenciação face aos refrigerantes e cerveja: a sua individualização, isto é, o facto de cada vinho, cada casta, um dado “terroir” e cada ano terem características únicas e diferenciadoras. Já vou ao resto.
quinta-feira, agosto 28, 2008
Summer Songs (13)
Em defesa do direito ao disparate
Cavaco Silva e as liberdades
quarta-feira, agosto 27, 2008
Georgia on my mind...
terça-feira, agosto 26, 2008
O governo, o "sentimento geral de insegurança" e os "media" - nota adicional
Summer Songs (12)
Portugal e os Jogos Olímpicos (11) - avaliação de resultados
Temos vindo a assistir nos últimos dias a uma tentativa de lançar cortinas de fumo que impeçam ou pelo menos dificultem uma análise objectiva e rigorosa dos resultados da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Pequim, mormente querendo fazer crer que terá sido a melhor performance de sempre por via da conquista de uma medalha de ouro e outra de prata ou por se considerar que o problema foram objectivos demasiado ambiciosos. Ora vamos lá tentar afastar o fumo e a palha e tentar ir ao âmago da questão, isto é, analisar o que realmente importa e fazer as comparações da maneira correcta.
Em primeiro lugar, o quê e como se deve comparar? Em qualquer empresa, organização ou instituição é ponto assente que essa análise se deve efectuar comparando os resultados efectivos, reais, com os objectivos traçados e superiormente aprovados, bem como com o verificado em anos ou realizações anteriores. Assim sendo o que temos?
- Comparação com anos anteriores:
Partindo do princípio que uma medalha de ouro e outra de prata (conquista inédita) valem mais do que uma de ouro e duas de bronze (o que é contestável mas se aceita), e comparando os resultados obtidos com os conseguidos em anos anteriores, conclui-se que, de facto e a nível medalhístico, Pequim terá sido a melhor Olimpíada de sempre para as cores portuguesas. Já quanto a pontuação, análise extremamente importante, mesmo decisiva, para se avaliar o trabalho em profundidade, eles são os piores desde Barcelona 92, principalmente se também considerarmos o ratio “número de pontos obtidos por cada atleta participante” (nº pontos/nº atletas). Algo sobre o qual o COP se deve debruçar pois este ratio reflecte de modo bem claro a rentabilidade do investimento realizado.
- Comparação com os objectivos traçados:
Tendo como ponto assente que 2 medalhas não são 4 e 28 pontos não são 60, o que significa que se ficou bem longe dos objectivos, em primeiro lugar há que desmistificar a questão, ultimamente tão propalada e, salvo erro, veiculada com origem na Comissão de Atletas, de os objectivos traçados terem sido demasiado ambiciosos. Esses objectivos foram traçados a aprovados pelo COP em conjunto com as federações, ou seja, quem melhor conhece os atletas, os Jogos, as condições de disputa das diversas provas, etc. Quem estaria em melhor situação para os definir? A comissão de Atletas manifestou-se em devido tempo pedindo a sua revisão? Se foram mal definidos, por demasiado ambiciosos, está aí o primeiro erro de quem os traçou: o COP, as federações respectivas e a Comissão de Atletas que não fez ouvir a sua opinião, devendo o trabalho de todas elas começar por ser avaliado em função disso mesmo, do erro de cálculo respectivo. Até porque foi em função dos objectivos traçados pelo COP (“administração”) que se estabeleceu o valor do financiamento disponibilizado pelo Estado, isto é, por todos nós cidadãos (“accionistas”) que devemos pedir satisfações perante um investimento que se revelou menos rentável do que o esperado.
Segunda questão: os atletas, tendo em atenção as suas características físicas (performances) e psicológicas, foram seleccionados em função dos objectivos definidos? Isto é, os planos de acção foram seleccionados e traçados em função desses objectivos? Parece-me claro que, em alguns casos, isso não terá acontecido, tendo em conta as declarações de alguns atletas sobre a sua inadaptação a algumas das condições de disputa das suas provas. É que ao seleccionar os atletas apenas em função dos “mínimos”, mais a mais independentemente da frequência e condições da sua obtenção, o COP e as federações estão, pura e simplesmente, a desresponzabilizar-se daquela que deveria ser uma das suas funções essenciais: a escolha da equipa olímpica.
E pronto, já chega de Jogos Olímpicos...
segunda-feira, agosto 25, 2008
domingo, agosto 24, 2008
Summer Songs (11)
Curiosidades? Para mim, o facto de existir um cover de B. B. King, contrariando o modelo habitual de ser o "rock/pop" a adaptar composições oriundas da área dos "blues". Mas também, vá lá saber-se porquê já que o tema nem sequer faz parte da banda sonora do filme, o facto dele me fazer sempre lembrar “Summer of Sam”, o meu filme favorito de Spike Lee. Enfim... cada um faz as associações a que a sua mente o obriga.
O PR e o casamento
sábado, agosto 23, 2008
O governo, o "sentimento geral de insegurança" e os "media"
sexta-feira, agosto 22, 2008
Os polícias e o estado de direito
Segundo o Rádio Clube, “os polícias estão frustrados com as novas leis penais e lamentam que haja cada vez mais suspeitos de crimes que são detidos, vão a tribunal, mas voltam para a rua”.
Dois comentários:
- Para os polícias, o estado de direito democrático – a separação de poderes, o primado e a proporcionalidade das leis, a independência dos tribunais, a presunção de inocência, etc - são um incómodo. Por eles, investigavam, julgavam, prendiam e ninguém pensava mais no assunto. Nada de que já não suspeitássemos pelo que "vemos, ouvimos e lemos" dos últimos processos mediáticos e do livro do Inspector Amaral, mas assim, preto no branco, tudo fica bem mais claro. Estamos conversados... É que até mesmo a PIDE não abdicava de um arremedo de tribunal.
- Se isso acontece, isto é, se os suspeitos são libertados, será que os nossos polícias já alguma vez pensaram se terão investigado correctamente e produzido as provas adequadas a serem aceites como válidas em tribunal? Vá lá, pensem lá nisso um pouco no intervalo dos tais "safanões dados a tempo"... Depois de se habituarem a pensar... vão ver que não custa nada e até pode ser que se habituem!
Summer Songs (10)
Não me lembro se alguma vez a ouvi – é bem provável que sim – mas existe uma versão portuguesa, não sei se com a mesma letra da de Celly Campelo, interpretada por Pedro Osório, para além de outras mais recentes das Docemania e Onda Choque. É melhor ignorá-las... Mas também, que me lembre, ignoro se alguma vez conheci alguém capaz de usar um “biquini pequenino ás bolinhas amarelas”... Imaginem o que ela não teria de ouvir...
Portugal e os Jogos Olímpicos (10)
Portugal e os Jogos Olímpicos (9)
Pois é exactamente o mesmo que Portugal deve fazer, em vez de se queixar: aproveitar os desportos e disciplinas onde possa obter vantagens competitivas - o que não é muito diferente do que acontece, por exemplo, na economia. Nada disto é novo e foi exactamente isto que o atletismo fez, primeiro nas provas de fundo, depois em provas intermédias (1.500 metros) e em disciplinas mais técnicas aproveitando as melhores condições proporcionadas pelo progresso do país aos seus cidadãos autóctones e pelo valor acrescentado trazido pelos recursos humanos da imigração. Como se sabe, dos melhores atletas portugueses dos últimos anos, três (Naide, Francis e Nelson) não nasceram em Portugal, e já começamos a ver imigrantes de leste a representar este seu país de acolhimento em provas internacionais. Veremos, com certeza, alguns dos seus filhos, um dia, serem campeões por Portugal.
quinta-feira, agosto 21, 2008
quarta-feira, agosto 20, 2008
Summer Songs (10)
Portugal e os Jogos Olímpicos (8)
Exemplo do que digo o programa de ontem sobre os JO emitido na RTPN a partir das 23h. Conduzido por um pouco à vontade e medíocre (algo que sempre foi) Paulo Catarro, foi um exemplo do que acima se diz, sem ninguém que se mostrasse capaz de agitar as águas, que não fosse apenas expressão dos interesses da sua corporação. Um péssimo serviço prestado pelo Serviço Público de Televisão, seja lá o que isso for, num canal que nos habitou aos dois mais interessantes programas sobre futebol produzidos pelas televisões: um ás 5ªas feiras, que nos revelou a capacidade de comentaristas e os conhecimentos de futebol de Luís Freitas Lobo e Paulo Sousa, outro às 3ªs, o divertido “Trio d’Ataque”, em que Rui Moreira, Rui Oliveira Costa e António Pedro Vasconcelos nos revelam que um grupo de amigos pode discutir futebol com educação e sem se levar demasiado a sério.
terça-feira, agosto 19, 2008
Ligeirinho, como a estação... (II)
Estou para aqui com uma terrível dúvida existencial: não sei se o “call center” de Santo Tirso se escreve assim, em inglês da América, ou “call centre”, em inglês de Inglaterra. De qualquer forma, com a minha proverbial incompetência para entender estranhas pronúncias, espero nunca ter de para lá falar e obter como resposta: “é da Pêêê Têêêa, está a falar cum a Bánessa!”
Summer Songs (9)
Bom, mas o que vem ao caso agora é este V-A-C-A-T-I-O-N (por favor, soletrar em inglês), uma daquelas canções ingénuas e sparkling tão bem a calhar para este tempo como um "rosé" a acompanhar uma salada de “pasta” fria com o que cada um se lembrar de lhe juntar, desde queijo “feta” a vegetais, pinhões e salmão fumado. Neste caso o tema não é de Sedaka, mas da própria Francis em parceria com uns tais Gary Weston e Hank Hunter, o que me leva a perguntar o porquê de tanta gente para escrever tão simples e despretensiosa coisa. Vidas... Ah, e o tema é de 1962 e chegou a #9 na tabela do Billboard!
Portugal e os Jogos Olímpicos (7): que fazer?
Como pode isso vir a ser feito? Bom, já em posts anteriores lançei algumas pistas, mas tentemos aqui condensar algumas das propostas dispersas em outros posts, sempre baseando o nosso raciocínio no facto de a participação nos Jogos Olímpicos não dever funcionar como um prémio mas como uma ferramenta para o “crescimento” desportivo e o progresso dos resultados.
- Como disse, não me parece fazer qualquer sentido seleccionar para os JO quem apenas conseguiu obter o mínimo com demasiada dificuldade e em provas realizadas em condições muito específicas, “desenhadas” especificamente para o efeito. Claro que depois de ultrapassado esse “pico” de forma, que deveria ser programado para acontecer durante os Jogos e não para alcançar o “mínimo”, e em condições longe das ideais, mesmo em termos de “pressão” competitiva, o atleta, sabendo que se irá arrastar pelos últimos lugares e sem qualquer possibilidade de lhes fugir, não terá qualquer incentivo a continuar a sua preparação e concentração, preferindo o “turismo” e o “convívio”.
- A selecção deveria, para além dos mínimos, basear-se também em outros parâmetros, tais como a evolução recente e frequência dos resultados dos atletas, as classificações e marcas obtidos anteriormente em grandes competições, a margem de progressão existente, capacidade psicológica demostrada, etc. Por exemplo, não faz qualquer sentido seleccionar para uma grande competição quem, já ultrapassado o auge da sua carreira e sem margem de progressão evidente, nunca tenha alcançado qualquer lugar ou resultado, no mínimo, dentro da média de uma grande competição.
- Também não me parece ser defensável continuar a investir em Federações desportivas cuja evolução de resultados o não justifica, sem que estas apresentem um plano estratégico coerente que prove a sua capacidade para inverter essa tendência, sempre tendo em atenção que, em condições idênticas, acções semelhantes geram necessariamente os mesmos resultados. Será este o caso da Federação Portuguesa de Natação. Os investimentos devem, isso sim, ser canalizados para onde mostrem ser rentáveis. O mesmo se passa em relação a atletas e treinadores.
- Deve ser seleccionado um conjunto de modalidades (poucas) nas quais, historicamente, o país tenha demonstrado capacidade para obter resultados consistentes (vela, atletismo, judo), ou algumas outras, emergentes, nas quais as potencialidades sejam evidentes, tanto pelo facto de terem atletas ganhadores já com provas dadas, como é o caso de Vanessa Fernandes, como por estarem em franco desenvolvimento (v. g. triatlo, canoagem). Nessas modalidades e atletas deve ser concentrado o investimento.
E fiquemo-nos por aqui, pelo menos por agora... Talvez volte ao assunto.
segunda-feira, agosto 18, 2008
domingo, agosto 17, 2008
100 metros...
"mas vocemecê acha que se sobem os Alpes e os Pirinéus de bicicleta só a comer bifes com batatas fritas?"
- Será que alguém corre os 100 metros em nove segundos e oitenta ou noventa e tal centésimos sem recurso ao consumo de substâncias dopantes?
- E se esses mesmos atletas fizessem tempos na ordem dos dez segundos e qualquer coisa alguém perderia o seu tempo a ver, com todas as consequências que daí adviriam?
Enfim, para as federações e instituições que legislam sobre o assunto tratar-se-á sempre de manter o equilíbrio aceitável, desejável e possível entre o espectáculo e a credibilidade da indústria enquanto desporto, isto é, de manter o negócio. Não será de mim com certeza que vão esperar a censura ou o voto piedoso..."
Portugal e os Jogos Olímpicos (6): contas
sábado, agosto 16, 2008
Portugal e os Jogos Olímpicos (5)
Parece-me fazer pouco sentido que atletas que apenas conseguiram realizar os mínimos exigíveis para participação olímpica uma única vez e em provas realizadas em condições ideais de “pressão e temperatura” (organizadas expressamente para esse efeito, sem pressão, em situações de "pico de forma" para os atletas que se prepararam expressa e unicamente para o efeito, etc, etc) sejam seleccionados para a equipa olímpica, sabendo-se de antemão que essas condições estarão longe de se verificar durante os Jogos e que a sua forma já então será bem diferente daquela que deu origem à obtenção desse mesmo mínimo. Mas isso é resultado de uma mentalidade distorcida, em que a participação olímpica é vista como um prémio ao que o atleta realizou e não uma ferramenta para obtenção de resultados de nível internacional concedida aos que têm verdadeira capacidade para o fazer. Idêntico raciocínio se aplica àqueles que conseguindo sistematicamente obter resultados que lhe permitem a participação nas grandes provas internacionais (europeus, mundiais, J. O), nunca nelas terão obtido marcas ou classificações com qualquer relevância internacional, quedando-se por classificações modestas ou não passando das 1ªas eliminatórias.
Summer Songs (8)
Este (2008) não será propriamente o “Verão do Amor”, mas o tema perpetuará algo que não se apaga da memória e ajudou a moldar o mundo tal como hoje o conhecemos.
Portugal e os Jogos Olímpicos (4) - "natacinha"
sexta-feira, agosto 15, 2008
Portugal e os Jogos Olímpicos (3)
Um pedido. Percam, fiquem em último, no limite desistam, mas, de uma vez por todas, poupem-nos à vergonha destas desculpas indignas de um qualquer Burkina Faso.
quinta-feira, agosto 14, 2008
Economia...
"Que floresçam mil flores" (21)
Aljubarrota: 14 de agosto de 1385
"Confesso que estou curioso sobre o primeiro (?) programa da série “As Grandes Batalhas de Portugal” que hoje, na 2: (21.15h), se debruça sobre a batalha de Aljubarrota, cuja descrição e enquadramento nos livros de História de Portugal do ensino secundário tem constituído fraude digna de candidatura ao “Guiness Book Of Records”, tão do agrado dos portugueses que preferem o fogo fátuo ao trabalho organizado de longo prazo. Vá lá que nos últimos anos alguns artigos de divulgação, publicados em jornais e revistas, se têm encarregue de colocar as coisas nos seus devidos lugares. De qualquer modo, e antecipando-me um pouco, não quero deixar desde já de acentuar algumas questões:
- Não existia, na época, um sentimento “nacional” tal como o conhecemos hoje, não estando, por isso, o assunto na primeira linha do conflito. O levantamento do “povo” (leia-se “burgueses”) de Lisboa tem como objectivo fundamental não a “independência” mas a tentativa de evitar o seu domínio por parte da aliança entre grande aristocracia portuguesa e castelhana, o que constituiria um travão às suas aspirações de fortalecimento e poder. Forçaram mesmo aquilo a que se chamaria hoje um “parecer jurídico”, por parte de D. João das Regras, para justificar a entrega do trono a um bastardo que, ainda por cima, estaria relutante em aceitá-lo.
- Estávamos, na Europa, em plena “Guerra dos Cem Anos”, e o que aconteceu em Aljubarrota (onde parece que os dois exércitos nunca estiveram realmente face a face o que, a acontecer, tornaria qualquer eventual heroísmo ou bravura inglórios), em certa medida, não foi mais do que um dos seus episódios, não substancialmente diferente do que aconteceu em Crécy e Poitiers e, mais tarde, em Azincourt. Aliás, havia ingleses do lado português, que foram decisivos, e franceses, além de portugueses (uma boa parte da grande aristocracia portuguesa combateu por D. João de Castela, que defendia os seus interesses), do lado de Castela que foram também decisivos, neste caso para derrota.
- John of Gaunt, 1º Duke of Lancaster e filho de Edward III de Inglaterra, pai da futura rainha Filipa de Portugal (Philippa of Lancaster), era pretendente ao trono de Castela por via do seu casamento com D. Constança, filha de D. Pedro de Castela, e o seu envolvimento, para além de questões de Estado relacionadas com a “Guerra dos Cem Anos”, deve-se também a este facto. Invadirá, sem sucesso, Castela no ano seguinte (1386) ao da batalha de Aljubarrota.
- Este é o início da chamada “aliança inglesa” (entre Portugal e a Inglaterra), episódio da luta de Inglaterra contra as duas grandes potências continentais (Castela/Espanha e França), que garantirá a independência de Portugal nos séculos seguintes mas tornará o país uma sub-potência marítima sob protecção britânica, afastando-o das grandes decisões que se jogarão no espaço europeu continental. Talvez a referência inicial do nosso subdesenvolvimento."
Summer Songs (7)
Portugal e os Jogos Olímpicos (2)
Bom, para além do atestado de menoridade comportamental que está a passar a atletas já habituados aos grandes eventos internacionais, capazes de serem desviados da atitude competitiva adequada “por estarem perto dos grandes campeões” e por “haver diversões 24 horas por dia”, e da descarada tentativa de arranjar um emprego para si e para alguns dos milhares de psicólogos sem ocupação profissional, fica no ar uma pergunta: porque só fala agora, depois de alguns resultados medíocres, e não falou antes quando, a ter razão, iria bem mais a tempo de resolver o eventual problema?
Também o treinador dos atletas portugueses de trampolins se vem agora queixar da “falta de condições” e da ausência de uma carreira nacional de treinador (como disse?). Para além da mesma pergunta (porque não falou a tempo de corrigir algo que pensava estar mal) uma outra ideia ainda: se achava que não tinha condições, porque foi a Pequim esbanjar os recursos que poderiam, eventualmente, ser investidos de outro modo com melhores resultados?
quarta-feira, agosto 13, 2008
Traduções: "barrister" e "solicitor"
Vanessa Fernandes e a avó
Nada que António Barreto não nos tivesse já dito no seu “Portugal: Um Retrato Social”. Mas é sempre bom ter oportunidade de olhar o caminho percorrido. Com um ror de asneiras e disparates pelo meio, pois claro; sabendo que tudo poderia estar bem melhor; mas, ainda assim, uma imagem no mínimo reconfortante. Ainda bem!
Uma história de violência (VIII)
Ligeirinho, como a estação...
Parece que a Michael Phelps, por questões de saúde, lhe terá sido receitado Ritalina em criança, a mesma droga que eliminou Joaquim Agostinho numa Volta a Portugal em Bicicleta por se encontrar incluída nas listas de substâncias proibidas. Caso para dizer que, qual Obélix, Phelps terá caído no caldeirão da poção mágica quando era pequeno...
terça-feira, agosto 12, 2008
Uma história de violência (VII) - o silêncio dos partidos
Sendo a questão da criminalidade e segurança, bem como o crescente sentimento de largos sectores população no sentido de aceitação de uma deriva securitária crescente que possa mesmo pôr em causa certos elementos definidores do estado de direito, uma questão sem dúvida importante na sociedade portuguesa actual, pouco interessando para o caso que esse sentimento seja claramente desproporcional face à efectiva dimensão do problema, estranho, mesmo tendo em conta a desculpa da silly season, o silêncio dos partidos sobre o assunto.
Parece que finalmente o BE se pronunciou, pela voz de Fernando Rosas e isso é de saudar, bem como a sua posição que reputo de maioritariamente correcta, mas o BE é um partido minoritário no Parlamento e na sociedade portuguesa não estando eu certo que as suas convicções democráticas e em favor do estado de direito sejam assim tão enérgicas em outras áreas da política e da governação. Não tendo grandes dúvidas sobre qual será a posição de princípio do CDS/PP, gostava de ouvir a opinião dos dois principais partidos sobre o assunto – e não apenas a do governo pela voz do ministro das polícias -, para não me ver obrigado a interpretar este silêncio ensurdecedor como mais um acto de cobardia política.
Summer Songs (6)
Uma história de violência (VI)
Obrigar um pré-adolescente de onze ou doze anos a participar num acto criminoso, como um assalto, é um acto ignóbil e deve, por si só, merecer punição legal, para além da que é devida ao acto criminoso em si. Mas atenção: a responsabilidade pela sua integridade física não se esgota em quem o integrou nesse acto criminoso. Para ser mais concreto, e no caso de Loures, não se pode afirmar “a responsabilidade pelo acontecido é dos pais” e... ponto final! Polícia e criminosos não são face e verso de uma mesma realidade. Estes agem à margem da legalidade, àquela compete-lhe fazer cumprir a lei de um estado democrático e direito, estando também a ela sujeitos. Por isso mesmo, não podem fazer justiça pelas próprias mãos e devem ter como objectivo último levar os alegados criminosos a responder pelos seus actos perante os tribunais competentes e as leis da república, com todas as garantias de defesa previstas mormente aquela que afirma que até prova em contrário todos os cidadãos são inocentes e que todos são iguais perante a lei e têm direito a uma defesa justa. Mais ainda, essa pena deve, também ela, ser proporcional ao crime em causa. Em função desse seu estatuto e desse objectivo último, devem as polícias usar da força com parcimónia e apenas com a proporcionalidade necessária ao cumprimento desse seu desiderato, pelo que - e o que vou dizer será politicamente incorrecto – será mesmo preferível deixar escapar meia-dúzia de criminosos de 2ª ou 3ª extracção com igual meia-dúzia de milhares de euros a pôr em risco a vida de uma criança ou de outros cidadãos inocentes. Mesmo em relação a eventuais criminosos, constitui uma clara desproporção de forças e desrespeito pela lei atirar a matar num caso como o do assalto de Loures. É tudo isto que distingue a civilização da barbárie, uma polícia competente e profissional de um bando de malfeitores.
Nota: muitos daqueles que agora glorificam as acções das polícias nos casos do BES e de Loures, que estão muito longe de serem casos de grande criminalidade organizada ou terrorismo, incentivando-as à justiça por conta própria, serão os mesmos que espumam de raiva nos diversos fóruns de “opinião pública” contra os “ricos e poderosos”, os “grandes tubarões” e “grandes criminosos e corruptos” que nunca são presos ou condenados preocupando-se a polícia apenas em “apanhar” o “peixe miúdo”. O problema não é deles, que não sabem o que dizem. o problema é de quem, com responsabilidades governativas, cede a este tipo de comportamentos e atitudes demagógicas.
segunda-feira, agosto 11, 2008
Uma história de violência (V)
Só quem não conheça o triste registo das polícias neste país bem expresso nos sucessivos relatórios da Amnistia Internacional, a sua tradicional falta de profissionalismo e preparação que tem como resultado a facilidade com que carregam no gatilho acertando em tudo o que mexe, ou então, como foi o caso, quem perfilha a demagogia mais rasteira, poderia pensar que a forma como foi gerida e inconscientemente louvada a participação da PSP no assalto à dependência do BES não traria, mais dia menos dia, maus resultados e desastrosas consequências. Infelizmente, mais cedo do que esperava quando escrevi este post sobre o modo como um dos piores e mais desastrados ministros deste governo, Rui Pereira (um autêntico “chega-me isso” do PS) geriu o acontecimento. Aguardo com interesse o que dirá agora e qual a sua autoridade para tomar as decisões que, neste caso, se justificam. Escancarou a caixa de Pandora; agora que a feche, se for capaz.
A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (35)
"Issued by the government of the Republic through its Ministry of Public Instruction, this image calls for an increase in the productivity of the land and the factories, which will result in an increased military capacity. The weathered peasant-fighter in the center of the scene is the target of the message expounded by the government, and may also be seen as an example of someone who is responsive to it. During the early part of the war, approximately from the summer of 1936 to the summer of 1937, the areas of Spain where popular resistance to the military rebellion had succeeded were largely controlled by workers' committees. The agrarian and industrial collectivization which these committees often imposed eventually proved unworkable and led to reduced productivity in most areas of the economy (among them grain, fruits and vegetables, all of which are represented in this image). To combat this situation, the central government and other institutions gradually began to call for a more centralized and ordered economy, which was seen as essential for winning the war.
The Ministry of Public Instruction and its agency, the Dirección General de Bellas Artes, were among the most active institutions in the production of propaganda during the war, especially after Jesús Hernández was named to head the ministry on September 4, 1936. Like most of the posters issued by that Ministry, this one can probably be dated between the start of Hernández' tenure in early September, and the time when the government fled the capital for Valencia on November 6 of the same year.
The author of this poster is Antonio Rodríguez Luna (1910-1985). Rodríguez Luna studied in the Escuela de Bellas Artes in Seville before moving to Madrid in 1927, where he became an active participant in avant-garde circles. In 1932, he exhibited his work in the Museum of Modern Art in Madrid. In that year, and again in 1933, he was included in a traveling exhibition organized by one of the leading associations of artists in Spain, the Sociedad de Artistas Ibéricos, which was shown in Copenhagen and Berlin. He was also a part of other important groups of artists formed in Spain at the time, including the Grupo de Arte Constructivo, founded by the Uruguayan painter Joaquín Torres García in 1933. From 1933 to the outbreak of the war in 1936, Rodríguez Luna resided in Barcelona. In the fall of 1934, after the frustrated social revolution that took place in many areas of Spain, he begun to make public statements in favor of a socially conscious and revolutionary art.That same year, he participated in the first Exhibition of Revolutionary Art, which was held in Madrid. He also published drawings and prints in important left-wing periodicals such as El Mono Azul (The Blue Overalls), published a book of drawings, Dieciseis dibujos de guerra (1937), and exhibited his work in the Spanish Pavilion in the International Exhibition in Paris in 1937. After the war, he moved to Mexico and he continued his work as an artist, collaborating with the mural painter Siqueiros and with Renau, who was also in exile there. He exhibited his work in prominent museums and galleries throughout Mexico and the U.S., including an exhibition in the San Diego Museum of Art in 1967. After Franco's death in 1975, Luna returned to Spain. "