Pensava eu - que gosto de pensar coisas - que o melhor e mais produtivo trabalho a favor da comunidade que se poderia pedir um jovem do ensino obrigatório prestasse era tornar-se melhor aluno, melhorar os seus conhecimentos, progredir no sua carreira de estudante, melhorar o seu aproveitamento e chegar mais longe no seu percurso académico. Enfim, ensiná-lo a ser mais solidário, mas também mais competitivo, uma vez que ambas as características não é necessário se anulem mutuamente. Para tal, quando as coisas não corressem tão bem quanto seria de desejar, os alunos com problemas de aprendizagem ou de integração contariam com o apoio da sua escola, de professores, colegas e dos respectivos "stakeholders" (permitam-me designá-los assim), pais, autarquias, empresas e instituições da região e por aí fora. Assim funcionam as sociedades mais desenvolvidas e civilizadas, o que não exclui se não fomentem a disciplina, o rigor e a criação de um indispensável ambiente favorável à aprendizagem, sendo que pelo termo não se designam apenas a capacidade para saber demonstrar o teorema de Cauchy, conhecer a curva de Gauss ou, para ser mais prosaico, ler o Frei Luís de Sousa de fio a pavio - uma chatice. Tudo isso é importante, direi mesmo fundamental, mas acho uma das coisas a crise actual prova é que está longe de ser exclusivo para que se possa entender o mundo.
Mas parece que para o ministro Nuno Crato as coisas poderão não ser bem assim, e tremo só de pensar que a sua concepção de trabalho em favor da comunidade se possa vir a assemelhar demasiado a castigo penitenciário e contribuir assim para segregar e afastar ainda mais o jovem da escola e da comunidade na qual ele já manifesta dificuldade em se inserir. Quero acreditar não seja esse o caso, e por isso aguardo serenamente explicações adicionais vindas do Ministério da Educação.