As já célebres afirmações de Pedro Passos Coelho sobre a oportunidade que pode significar uma situação de desemprego, algo que parece retirado da prelecção de um gestor de recursos humanos, de uma acção de formação de uma empresa de "outplacement" ou, pior, de um daqueles manuais do tipo "50 dicas para se você ficar desempregado", demonstram ainda uma outra coisa: a colonização a que têm sido sujeitas a linguagem e prática políticas, nos últimos anos, por conceitos e um "way of thinking" oriundos da área empresarial, dos negócios e da gestão, algo que não está desligado do próprio domínio crescente da política por esse mundo dos negócios. Claro que não nego a importância positiva que a experiência, metodologias e pensamentos típicos da gestão empresarial poderão ter na actividade política, antes pelo contrário: penso que elas fazem falta a muitos dos seus actuais protagonistas. Mas uma coisa é "influência", outra, bem diferente, é "colonização"; e política e negócios são áreas bem diferentes de actividade, como tal devendo adoptar lógicas de funcionamento e linguagens diferenciadas. Caso isso não aconteça, e não sendo, nem podendo ser, as empresas terreno de eleição da actividade democrática, é a própria democracia que pode começar a estar em perigo.
2 comentários:
Sem entrar nesse tipo de análise - cuja pertinência reconheço - eu chamar-lhe-ia antes ligeireza, impreparação, insensibilidade, falta de sentido da oportunidade... Tudo coisas comezinhas cujo oposto se deveria ter por adquirido num Primeiro-Ministro
De acordo, mas essa impreparação política tem tb mtº a ver com a tal "colonização" de estilo, actuação e linguagem de que falo no "post".
Cumprimentos
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