terça-feira, maio 01, 2012

Ainda o 1º de Maio do "Pingo Doce"

Ora vamos lá ver...

  1. Um governo eleito pelos portugueses (acho que um dos anteriores) permitiu que as grandes superfícies comerciais passassem a estar abertas no 1º de Maio, tal como acontece em todos os outros feriados e domingos com excepção do Natal e Ano Novo - onde, diga-se, não teriam quase clientes. Podemos, claro, contestar e estar em desacordo com a lei, mas as organizações dos trabalhadores, partidos que se lhe opuseram e outras organizações que advogavam em contrário, como algumas associações de pequenos comerciantes, não tiveram até agora força suficiente para se lhe opor.
  2. Em função dessa disposição legal, os supermercados "Pingo Doce" decidiram abrir hoje com uma promoção especial que atraiu milhares de clientes. Uma vez legal, é uma decisão legítima que só ao "Pingo Doce" compete, podendo qualquer de nós estar de acordo ou criticá-la. E se existiu alguma ilegalidade deve partir de quem se sentiu lesado (sindicatos, concorrência, clientes, etc) denunciá-la a às autoridades competentes (Inspecção do Trabalho, Autoridade da Concorrência, ASAE, etc), que obrigatoriamente terão de investigar.
  3. Os sindicatos do sector terão convocado uma greve, que não foi obedecida. Porque uma maioria dos trabalhadores do "Pingo Doce" está numa situação de precariedade? É provável, mas tal era um dado do problema que desaconselhava a greve fosse declarada.Também um boicote, com idêntico resultado. Felizmente, não existem notícias de piquetes terem sido impedidos de actuar e esclarecer quem quer que fosse, trabalhadores ou clientes.
  4. Há relatos de pequenos e ligeiros incidentes sem consequências que a PSP rapidamente sanou, sem queixas. Nada que não aconteça nos grandes saldos do Harrods (é só um exemplo), em que as pessoas passam a noite na rua à espera da abertura dos armazéns. Ou das "bichas" para comprar bilhetes para alguns concertos. 
  5. Para espanto meu, ouvi há pouco a jornalista São José Almeida ("Público"), acho que na TVI e a propósito deste assunto, falar em "atentado à dignidade humana". Como disse? Os consumidores foram obrigados a ir comprar ao "Pingo Doce"? Os produtos estavam fora de prazo? Eram por acaso restos de qualidade deficiente? Tinham os clientes de apresentar "atestado de pobreza", declaração de rendimentos ou passar por testes como aqueles a que se sujeitam alguns concorrentes de "reality shows"? Haja algum decoro, se fazem favor...

16 comentários:

Anónimo disse...

Cada país tem o que merece. Pelos vistos teomos autores de blogues como este. Palhadadas cada um faz a que quer. Voces como palhaços até são bons.

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo.
Gostaria de deixar as seguintes questões:
1. Os trabalhadores não recebem o dia extra, pago ainda a 100%?
2. Os clientes foram obrigados a ir às compras?
3. A comunicação social, que desta vez até foi correcta, mostrou os clientes satisfeitos com as compras efectuadas, a dispensa cheia para 1 mês ou mais, diziam alguns. Estariam todos com a TV desligada e não percebram a satisfação dos clientes?

Não há dúvida que " ser Padre desta freguesia" é muito difícil.
Se fazem descontos/promoções, é pq fazem, se não fazem são capitalistas. Bolas!!!!
Qual a diferença entre os trabalhadores dos Hiper mercados e qualquer outro trabalhador de uma qualquer profissão? Tantas há que trabalham 365 dias no ano, e ninguém se incomoda.
Imaginem encerrados os hospitais, os transportes, os reboques, as auto estradas, enfim um rol de empresas e trabalhadores que o fazem todos os dias do ano.

Anónimo disse...

Isto foi uma operaçao de marketing, que eu chamaria de "operaçao a tuga", muito mal gerida...
Os pequenos comerciantes compraram grandes quantidaes de artigos, sem limites, impedidndo que pessoas como eu, pudessem usufruir desta promoção. Ninguem geriu esta situação. Eu vi, pessoas a pagarem 10 e 20 € para terem direito ao chamado "carrinho". Estou a falar apenas na utilização!!!
Isto é mesmo a tuga....

JC disse...

Havia limites para a quantidade de artigos de cada tipo ou secção.

Anónimo disse...

JC, por acaso o J é de Jerónimo?
Em país vive?

Anónimo disse...

Ao Anónimo das 11:29
Agora sim, tenho dito todo o dia, e agora tenho a confirmação, eu tinha razão.
O problemas das pessoas que fazem estes comentários " os chamados contra", estão ressabiados pq não conseguiram entrar.
Mas não seja invejoso/a, tivesse feito comos os outros, que, segundo dizem, foram para lá às 4h da manhã... Assim já tinha feito compras. Era barato mas dava trabalho... Ora aí está - TRABALHO.

Anónimo disse...

Palavras dos noticiários:
- Cenário de estado de catástrofe ou de guerra!
- Falta de civismo e ausencia de dignidade humana!
- Dumping económico.
- Onde é que o grupo JM paga os impostos? Certamente não é em Portugal...

Nao estou ressabiado! E não estou contra o TRABALHO!!!!
Apenas quero concluir que era escusado ter escolhido precisamente o dia 1º de Maio para esta palhaçada pq tenho a certeza que nenhum destes comentadores trabalha nesta area e tambem não tem ninguem de familia que foi escravatizado no dia de hoje, dia do trabalhador.

Anónimo disse...

Palavras dos noticiários:
- Cenário de estado de catástrofe ou de guerra!
- Falta de civismo e ausencia de dignidade humana!
- Dumping económico.
- Onde é que o grupo JM paga os impostos? Certamente não é em Portugal...

Nao estou ressabiado! E não estou contra o TRABALHO!!!!
Apenas quero concluir que era escusado ter escolhido precisamente o dia 1º de Maio para esta palhaçada pq tenho a certeza que nenhum destes comentadores trabalha nesta area e tambem não tem ninguem de familia que foi escravatizado no dia de hoje, dia do trabalhador.

Anónimo disse...

Podia ser, mas eu estive e ainda estou a trabalhar.
E sabe que mais, muito feliz por ter trabalho.
Tenha uma boa noite

Anónimo disse...

Revoltarem-se por estes estarem a trabalhar hoje é de uma idiotice atroz. Os médicos hoje não trabalharam? os policias? os milhares dos apoio ao cliente? Será que esses não trabalham?
Então pare-se tudo e deixemos-nos de falsos moralismos!

Dia do trabalhador é todos os dias. Todos os dias o Trabalhador deveria ser respeitado e não escravizado. Mas nesses dias poucos são os que se insurgem com a revolta, não é? Só hoje é que tudo se ofendeu. hipocrisia!

Anónimo disse...

ainda bem que estamos num país demacrata (pouco) onde todos podemos exprimir a nossa opinião.
Eu não retiro uma vírgula daquilo que disse.
Só acho uma verdadeira estupidez aquilo que aconteceu hoje (ontem).
Boa noite para todos e bom TRABALHO!

JC disse...

Só um esclarecimento final: os trabalhadores do Pingo Doce receberam ontem o dia a 200% e têm direito a um dia de folga extra. Confirmei-o hoje. E mtº obrigado pelos v/ comentários.

gin-tonic disse...

Meu caro JC.
Um post como este necessita de comentários serenos e, certamente, acabaria por os não ter.
Neste acontecimento patético, há mais valores do que os do marketing, dos trabalhadores receberem o dia a triplicar, terem folga extra etc. etc.
Deixo-te as palavras do cronista e poeta Manuel António Pina, hoje, no Jornal de Notícias:

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2454341&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina

JC disse...

Thanks, caro gin-tonic. Já li.
1. Claro que A. Soares dos Santos tem uma agenda política e ideológica e comecei por dizer no outro "post" que, na maioria dos casos, não gosto das suas intervenções públicas. E tb disse que esta operação tem fins ideológicos. Mas temos de reconhecer que, em função dessa agenda ideológica, é brilhante, até pq é legal. Mais ainda, conheço razoavelmente (embora por fora) o grupo JM e não acho que tenham insensibilidade social, nem tão pouco os seus trabalhadores ganham menos de €500 brutos/mês.E, repito, não gosto das intervenções públicas de ASS.
2. A maioria dos consumidores não eram pobres. Esse não têm mais de €100 euros para gastar de repente em stock para 3 ou 4 meses (andei a ver). Pelo que vi, uma boa parte eram até pequenos retalhistas (leitarias, restaurantes, tascas, etc) que aproveitaram a promoção.
3."Terem cedido à chantagem da empresa furando a greve?". Mas o problema não está no lado dos sindicatos que sabem que em certas áreas uma greve não têm qualquer hipótese de ser bem sucedida? - e não é só nem principalmente pela chantagem das empresas... Se sabem os trabalhadores não estão para aí virados, pq insistem? Porque insistem numa forma de luta condenada ao fracasso? Pq não conseguiram qualquer tipo de solidariedade dos outros cidadãos?Pq nunca conseguiram manter o fecho aos domingos? (e até tinham aliados). O problema é que a questão é política, e não moral, e na contestação que vejo à esquerda detecto quase exclusivamente argumentos de ordem moral. E desculpa lá, meu caro, em que se baseia MAP para afirmar que os trabalhadores do PD se sentiram "humilhados e ofendidos"? Falei c/ alguns e senti que para eles era uma oportunidade, até pq além do pagamtº extra tinham descanso compensatório. Como digo no outro "post" é altura do movimento sindical perceber o mundo em que vive e adaptar as suas formas de luta. Assim conduz o movimento sindical a um beco s/ saída, ao isolamento e depois culpa terceiros pelo desastre, tal como alguns culpam os árbitros pelas derrotas...
Grande abraço

gin-tonic disse...

Há demasiados pontos nebulosos nesta história e compete às entidades governamentais clarificarem o que sucedeu.
Compreensilmente estarás mais dentro da compomonente económica/marketing do que eu.
Mas não deixo de me espantar - melhor: inquietar - quando ouço um responsável da empresa dizer que com esta campnaha, de redução de preços, não perderam dinheiro.
Face a isto sou forçado a concluir que as margens de lucro desta gente roçam o obsceno.
Como não há milagres admito que os fornecedorse estão a custear parte da operação.
Que diz a concorrência?
Penso que a procissão ainda não saíu do adro.

Um abraço

JC disse...

Ah!, ora aqui está um comentário sensato e interessante, gin-tonic.
1. Compete às entidades competentes fiscalizar. Espero que o façam, mas digo-te que tenho séria dúvidas a JM se metesse nisto sem totais garantias de legalidade. Compete a sindicatos do sector tb garantir que essa fiscalização é feita c/ rigor e seriedade.
2. É natural que os fornecedores estejam a colaborar. Ou melhor, conhecendo eu o sector, de certeza que o estão a fazer.E, acrescento mesmo, muitos devem estar a ser bem "esmifrados", de maneiras diversas.
3. As margens, genericamente, não não mtº altas (depende do tipo de produtos), mas existe um claro problema de concorrência no sector, praticamente um oligopólio (JM, Sonae e pouco mais, se descontarmos as lojas "discount" - Lidl, Intermarché - que formam uma categoria à parte). Os governos deveriam ter isto em consideração e penso até a sacrossanta Troika já levantou o problema.
4. Se a concorrência tb fizer promoções semelhantes, melhor para nós, consumidores.
Abraço