quarta-feira, maio 16, 2012

A crise da UE e algumas questões geo-estratégicas fora de moda

Estou muito longe de ser um especialista em questões geo-estratégicas; por isso não deixo respostas. Mas como cidadão interessado nestas coisas da política e - permitam-me - com alguns conhecimentos da História europeia, não deixo de me questionar sobre este assunto e de me permitir levantar algumas questões desta ordem num tempo em que os economistas parecem monopolizar a política e secar tudo à sua volta. Pois aí vão, "politique d'abord" (sim, sei que o autor da frase não é "flor que se cheire", mas a expressão dá jeito):

  1. A queda do Muro de Berlim como que empurrou a centralidade europeia para leste, tornando os países do sul/sudoeste mais periféricos. De que modo, em termos também ele geo-estratégicos mas também económicos, pensam esses países, entre eles Portugal e Espanha, responder a esse desafio? Uma resposta, no caso de Portugal e Espanha, privilegiando o "eixo atlântico", numa aproximação à América do Sul e África Ocidental, poderia minimizar o problema ou arriscar-se-ia a aprofundar essa condição periférica? E o fortalecimento do chamado "Bloco Ibérico", caminhando no sentido de uma federalização da Península? Assistiremos a uma certa centrifugação europeia com Itália e França sugestionadas pelo Magreb?
  2. Se a Grécia sair do Euro e da UE, enfraquecendo a sua posição face ao tradicional inimigo turco, qual a sua futura relação com a Rússia, em certa medida derrotada na guerra civil grega de 1946/49? E poderíamos assistir à constituição de um bloco balcânico Grécia/Sérvia sob a influência russa? E o frágil equilíbrio de Chipre no meio de tudo isto?
  3. Será que esta nova Alemanha reunificada a leste estará mesmo interessada na UE ou a sua prioridade não estará antes  na reedificação da sua tradicional esfera de influência, uma nova versão do Lebensraum englobando Polónia, Áustria, República Checa, Hungria, Eslováquia, Croácia e Eslovénia?
  4. E os USA, tradicionais aliados de UK e França em duas guerras contra a Alemanha, que pensarão sobre tudo isto e como irão agir? De que modo a presidência ser ocupada por democratas ou republicanos, com pensamentos estratégicos eventualmente diferentes sobre as questões internacionais e europeias,  influenciará as suas decisões neste campo?
Pois, tendo dito isto, apetece-me dizer que há muito mais vida antes e depois da economia. E era bom que quem de direito pensasse um pouco sobre este tipo de assuntos antes de se decidir a abrir a caixa da tal Pandora... 
 

4 comentários:

Karocha disse...

Penso que já foi aberta JC!

JC disse...

Pode ser que ainda não, Karocha. Pelo menos a ponto de saírem de lá todos os males do mundo...

Karocha disse...

Todos os males do mundo não JC, mas mais confusão para Portugal?
Não sei, não...

Karocha disse...

Foi mesmo aberta JC, ouviu os noticiários?