Penso que foi ao Pedro Adão e Silva que ouvi em tempos a seguinte e certeira constatação: "se, na Europa, a austeridade vai varrendo do poder os partidos que a ela aderem, isso acontece de modo mais gravoso com o socialismo democrático e a social-democracia" (cito de cor). Nada de admirar, claro, se nos lembrarmos que, uma vez vencida a direita europeia democrata-cristã e substituída esta por uma espécie de versão serôdia dos "neo-cons" americanos, a política de austeridade, se pouco ou nada tem a ver com os partidos que estiveram na génese da Europa do pós-guerra, tem-no, de entre estes, ainda menos com os que se reclamam da herança reformista da Internacional Socialista. Lembrei-me disto ontem ao ver os resultados das eleições na Grécia e em França, não deixando de deitar um olho para o que se passou no Estado federado alemão de Schleswig-Holstein. É que, de facto, depois do PS português e do PSOE terem sofrido profundas e históricas derrotas nas eleições legislativas dos respectivos países e do PASOK grego ter passado a terceira força política, a Nova Democracia grega e a CDU de Fraü Merkel, apesar das perdas, conseguem mesmo assim ganhar as eleições a que concorreram ontem. Digamos que, em medidas diferentes, se aguentaram. Ah!, dir-me-ão, e Hollande? Pois... mas o facto é que, apesar de conjugar em si a austeridade, uma personalidade antipática e um seguidismo em relação ao governo de um país contra o qual a França disputou as suas últimas três guerras, nos últimos 150 anos, (franco-prussiana e WWI e II), Sarkozy consegue ainda assim o "feito" de uma derrota "à justa". Digamos que mais do que saudar a, mesmo assim importante, vitória de Hollande, é nisto que a social-democracia e o socialismo democrático - e, por maioria de razões, António José Seguro - devem pensar. Olhando para França? Sim, não direi que não, mas muito principalmente para a Grécia do Syriza e de uma tal "Aurora (muito pouco) Dourada".
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