terça-feira, maio 29, 2012

Lagarde e os miserabilismos

Arriscando ser politicamente incorrecto, que me atirem ovos podres e etc e tal, devo dizer que não acho nenhum escândalo Christine Lagarde, enquanto responsável máxima de uma instituição como o FMI, ganhe 380 mil euros líquidos por ano. Confesso estar farto de miserabilismos e de tudo ser medido pelo seu custo e não em função de uma análise custo-benefício, das responsabilidades que cada um assume e lhe são pedidas, dos resultados alcançados e por aí fora. Digo mais: fiquei estarrecido quando li nos jornais, em títulos mais ou menos acusatórios, o facto do Estado português ter gasto meia-dúzia de milhões de euros para assegurar o repatriamento dos seus nacionais no caso do conflito na Guiné-Bissau ter dado ainda mais "para o torto". Se isso tivesse acontecido e os nossos concidadãos tivessem sido abandonados à sua triste sorte, gostaria de ver o que se não diria.

Mas voltando a Christine Lagarde... Escandalosas são as suas afirmações demagógicas e populistas a propósito da Grécia, dos gregos e dos seus impostos. Escandalosas, populistas e, pior, politicamente desadequadas para a resolução da crise da UE. Mas, devo também dizer, tal coisa tem a ver com o cargo que exerce e é independente do ordenado que ganha, o que significa essas afirmações seriam igualmente censuráveis e politicamente inadequadas se Lagarde ganhasse mil, cem ou trabalhasse "pro bono": com elas apenas demonstrou não estar à altura das responsabilidades do cargo para a qual foi nomeada. Portanto, se for necessário pagar um ou dois milhões para a substituir por alguém competente, façam favor. Já tarda.

7 comentários:

Tiago disse...

Concordo contigo.

O salário é mais ou menos irrelevante se desligado dos resultados e performance para os quais foi contratada (quase eleita).

E despropositadas politicamente as afirmações, claro.

Já diferente é a ausência de taxação do rendimento da senhora, questão que é uma afronta ainda para mais por quem fez as ditas afirmações.

Ab

JC disse...

Atenção: se pagasse impostos o seu salário teria que sofrer o "gross up" correspondente. Para ela seria igual.
Ab.

Tiago disse...

Sim, claro, mas o príncipio de taxar rendimentos é a questão aqui JC, independentemente do valor do dito.

Queirosiano disse...

Ainda se fosse só uma questão de miserabilismo... É também uma atitude de populismo rasca, a mesma que já fez com que saíssem informações (não sei se exactas, mas irrelevantes)sobre os rendimentos dos representantes das instituições que emprestaram dinheiro a Portugal. Do género "mandam-nos apertar o cinto, mas eles governam-se à grande e à francesa". É o tipo de jornalismo que torna profético o que escreveu Bernard Shaw em "The Apple Cart". Sinistro.

Quanto às afirmações de C. Lagarde, lamentáveis a todos os títulos. Politicamente, de uma inoportunidade exemplar, o que é ainda mais estranho vindo de alguém que foi ministro das finanças até há pouco tempo. Pior: ao fazer a amálgama que fez, mostrou falta de coragem para identificar os pontos negros da evasão fiscal, e que valeria a pena verdadeiramente apontar, com a Igreja ortodoxa (escandalosamente rica e privilegiada) à cabeça. Mas, se era para dizer isto, porque não ficar calada?

JC disse...

Tiago: ok, se é uma questão de princípio... Mas para ela era igual.
Queirosiano: Acho cada vez mais há políticos aos quais se aplica a tão conhecida história do escorpião e do sapo: é contra a sua natureza (neste caso, ficarem calados). Como é possível, p. ex., um político experiente como Miguel Relvas, independentemente do que se pense s/ ele (e eu penso mal), ameaçar uma jornalista do modo como o fez? É um erro de principiante... a 1ª coisa que um político deve fazer é aprender a contar até 10 antes de abrir a boca. Mas não resistem a um microfone.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Esta senhora nunca deveria ter sido nomeada para directora-geral do FMI.
É um enorme erro de "casting".
Especializou-se em bitaites para os media em vez de propor soluções viáveis para os graves problemas que afligem o mundo, o que pode ser explicável por a sua formação ser a de jurista, sendo provável que domine menos a macroeconomia que um qualquer vulgar aluno licenciado de Bolonha do ISCTE.

Além disto, é bom lembrar, é investigada em França por abuso de poder enquanto ministra da Economia, e mais grave ainda, desvio de fundos públicos. Tudo isto por ter ordenado o recurso a um tribunal arbitral incompetente e sem poder decisório para julgar a questão em causa, acatando bovinamente a peregrina resolução deste, o que resultou na transferência de 60 a 80 milhões dos contribuintes para o bolsos do conhecido Bernard Tapie, "Bernadette" para os benfiquistas, também ele um antigo ministro e autor de fraudes desportivas já condenado com prisão efectiva.

Eu não espero mais da senhora que as afirmações referidas e outra piores que se seguirão.

Infelizmente para a boa imagem o género feminino, quis o sortilégio que os destinos do FMI e da Europa, sejam presididos, respectivamente, por esta Lagarde e pela Merkel, esta que não sabe apontar Berlim no mapa da Europa ( antes o situa nas proximidades de Moscovo ) como se pode comprovar num vídeo de sucesso do Youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=l2pO6PFYnL4

JR

Karocha disse...

JR

"Bernadette" AHAHAHAHAHAAH!!!