sábado, abril 30, 2011

"Shindig" - Soul (3)

1. James Brown - "Papa's Got A Brand New Bag"
2. Aretha Franklin - "Rock-a-Bye Your Baby With A Dixie Melody"
3. Marvin Gaye - "Hitch Hike"

sexta-feira, abril 29, 2011

"Weaving Life" - The Story of Ecuador's "Panama Hat" (2/3)

Bogie & Bacall (4)



"The Big Sleep", de Howard Hawks (1946)

"A lot depends on who's in the saddle..."

O casamento real e as "gaffes" da RTP

  • Durante a reportagem do casamento real transmitida pela RTP ouvi um dos jornalistas que comentavam o evento, não me lembro se José Rodrigues dos Santos se João Adelino Faria, afirmar que o irmão do príncipe William se chamava Henry, e que Harry era "alcunha". Lembrar ao referido jornalista que alcunhas têm as personagens da "Crónica dos Bons Malandros" (a Adelaide "Magrinha", a Lina "Despachada" ou o Silvino "Bitoque"). Quereria dizer "diminutivo" - ou "petit nom" se quisesse usar o galicismo habitual nas circunstâncias.
  • Também D. Duarte de Bragança, comentador-convidado, salientava, como facto positivo, só ter visto automóveis de marcas britânicas. Como eu terei visto o mesmo que o Senhor D. Duarte Pio e vi Jaguares, Rolls Royce, Bentley e Range Rover, convém informar o Duque de Bragança que estas são, respectivamente, marcas dos grupos Ford (americano), BMW e VW, ambos alemães, e Tata Motors(indiano). Britânicos, pois, é um "suponhamos" (ou um "já foram").

O "Fórum para a Competitividade" e o "Mais Sociedade" terão sido atingidos por algum vírus?

Sim, eu sei que arrisco me chamem "comunista", "perigoso esquerdista" e coisas do do mesmo género. Tanto faz: também há quem, na esquerda estatista, já tenha optado por me considerar um perigoso "neo-liberal". Mas quando vejo algumas propostas como estas, vindas do "Fórum para a Competitividade" ou do grupo "Mais Sociedade" e patrocinadas por gente que considerava e continuo a considerar decente e responsável, pergunto-me se, para evitar desnecessárias maçadas, não seria melhor essas duas organizações sugerissem se procedesse á eliminação física de todos os desempregados, passassem a contratar trabalhadores à hora e se pagasse aos mesmos em espécie, assim a modos que 1/2 sardinha, uma carcaça e um copo de vinho por dia de trabalho.

O que aqui digo não é a sério? Pois não, mas também me parece muitas das propostas apresentadas por esses grupos o não podem ser, sem o perigo de considerar que porventura terão sido atingidos alguma insanidade mental.

Regimental Ties (13)

O Princípe William casou envergando o uniforme dos Irish Guards.

quinta-feira, abril 28, 2011

O Fórum da TSF de hoje: um péssimo retrato do país que somos.

O "Fórum" da TSF de hoje, no qual José Sócrates respondeu a perguntas dos ouvintes, diz muito sobre o normal comportamento dos portugueses. Quando seria de esperar, em função do que normalmente se ouve em programas semelhantes, o primeiro-ministro e secretário-geral socialista fosse confrontado com perguntas directas de opositores radicais, quiçá mesmo, aqui e ali, colocadas com alguma agressividade (sem se entrar no insulto, está bem de ver), o que tivemos foi exactamente o contrário: maioritariamente a bajulice e o lambe-botismo, com apenas uma ou outra pergunta, colocada sem qualquer agressividade ou manifestação de pouca tolerância, vinda de quem discorda de José Sócrates e /ou das suas opções políticas. E, caso curioso, nenhuma das habituais arengas mais ou menos insultuosas contra os "malandros dos políticos", dos banqueiros, dos gestores das grandes empresas públicas e outras opiniões afins.

Como estou certo a TSF não filtrou as chamadas telefónicas, posso concluir que entre o lambe-botismo e a cobardia do "dá-lhe agora que ele está de costas" parecem ir oscilando os portugueses. Um péssimo retrato do país que somos, arrisco a dizer!

Frivolidades ou "coisas de gajo" - o "royal wedding" (2)

Gieves & Hawkes - Savile Row

Frivolidades ou "coisas de gajo" - o "royal wedding"

Leio na "Sábado" que a roupa que o príncipe William vestirá no casamento é da "marca" Gieves & Hawkes. Ignorância. Gieves & Hawkes não é uma "marca", nem um "costureiro", mas sim um dos mais prestigiados "bespoke tailors" de Savile Row, situado no nº 1 da pequena rua, com secção especializada em "military outfits" já que William vestirá um uniforme (especula-se sobre qual) durante o seu casamento. Ostenta três "Royal Warrants"

Que raio!, se as "gajas" estão mortas por ver o vestido da noiva - que a mim não me interessa nada (o vestido, claro, já que a noiva é bem gira!) - será que nós, homens, também não nos poderemos preocupar com tais frivolidades?

Já agora, William, tal como seu irmão Harry, é oficial do regimento "Blues and Royals" (Royal Horse Guards and 1st Dragoons), do qual a própria rainha é "Colonel-in-Chief" (uma espécie de "patrono" do regimento). Acima estão as suas cores e da respectiva gravata regimental, e esta é a sua marcha:

Real Madrid - Barça: gosto é de futebol; para ver habilidades vou ao circo

Alguém convenceu a UEFA - vá lá saber-se porquê - de que aquele jogo da "rabia", do tipo praticado pelos Harlem Globetrotters e em que a equipa opositora, despromovida a "sparring partner", apenas lá está para abrilhantar o espectáculo, seria o ideal para promover o futebol no mundo. Por isso, quando o "sparring partner" se chateia e não parece estar lá muito na disposição de cumprir o seu papel, tal como acontece nos jogos-exibição dos basquetebolistas do bairro a norte da rua 125 arranja-se um árbitro que dê um jeito e faça cumprir o guião ao qual deveria ter obedecido o espectáculo. Foi assim contra o Chelsea de Guus Hiddink ( o maior escândalo a que assisti, ultrapassando mesmo os Guímaro de má memória!), e como na época passada qualquer coisa terá falhado, este ano preparou-se melhor a cena. Vítimas? Um tal Arsenal de Islington & Highbury, um cidadão holandês de nome Robbie Van Persie e, como se suficiente não fora, um clube do Paseo de La Castellana e os cidadãos portugueses José Mário Félix Mourinho e Képler Lima Ferreira.

O problema é que, tal como no caso dos Harlem Globetrotters, a coisa vive da novidade e depois começa a cansar: um dia destes já quase ninguém terá "pachorra" para o espectáculo, entediante de previsível, chato de monótono. Por mim, do que gosto é de futebol, "bola" mesmo, "à séria"; não gosto de animais amestrados e se quiser ver habilidades ou palhaçadas (com o maior respeito para com os "ditos", os verdadeiros) vou ao circo! 

quarta-feira, abril 27, 2011

Eleições & coligações: "back to the basics" (às vezes é preciso!)

Então é assim, para os que estão ou são mais esquecidos, ou então andam confusos .
  • Se PS ou PSD conseguirem maioria absoluta nas eleições de 5 de Junho terão todas as condições para formar um governo mono-partidário, e o Presidente da República, mesmo que prefira e recomende ao partido vencedor uma coligação que torne o governo mais abrangente, não terá qualquer razão para o não empossar. Caberá ao partido vencedor analisar da necessidade, para melhor governação, de formar uma coligação ou negociar acordos de incidência governamental. Mas, como vimos, tal não será estritamente necessário.
  • Se PS ou PSD não conseguirem a tal maioria absoluta terão que iniciar negociações com outro(s) partido(s) para a formação de um governo maioritário. Se PSD ganhar as eleições e conseguir,maioria absoluta com o CDS poderão assim formar governo, não existindo qualquer impedimento para que tal seja aprovado pelo PR. Caberá a ambos analisar da possibilidade e conveniência de agregar ao governo outros partidos (leia-se, PS), embora tal não seja necessário, e a este último da conveniência de tal passo ou de efectuar acordos de incidência governativa sobre algumas matérias.
  • Se PSD ganhar as eleições mas não conseguir maioria absoluta de deputados com o CDS terá de negociar uma coligação que integre o PS. Com José Sócrates como líder, pois claro, mesmo que este não venha a integrar o governo.
  • O mesmo se passa caso o PS ganhe as eleições sem maioria absoluta. Não sendo possível nem desejável qualquer coligação à esquerda, e sendo um governo PS/CDS um absurdo,  o PS terá de negociar uma coligação com o PSD de Passos Coelho, agregando ou não o CDS, e José Sócrates, ou quem o PS indicar, será o primeiro-ministro.
O resto - o PSD querer ou não querer José Sócrates, a tal "União Nacional" que ninguém propôs, quem é o culpado da crise, a ""primavera e os passarinhos, etc - é tudo conversa de "chacha". Que raio!, isto custa muito a perceber?

"Weaving Life" - The Story of Ecuador's "Panama Hat" (1/3)

Gilbert & Sullivan (11)

Gilbert & Sullivan - "The Mikado"
"I've Got a Little List"

Ainda o "caso" Teixeira dos Santos

Estamos numa época em que parto do princípio que tudo o que vem nos jornais é mentira, ou pelo menos de veracidade duvidosa, até prova em contrário. Peço desculpa, mas é assim mesmo. Por isso, esta notícia, cirurgicamente publicada no "Jornal de Negócios" e citada no "União de Facto" (não está totalmente disponível na versão "on line" do jornal) no dia imediato ao da entrevista a José Sócrates onde este deu a sua explicação para a ausência de Teixeira dos Santos nas listas de candidatura do PS, carece de confirmação ou desmentido do próprio Teixeira dos Santos, conforme, aliás, bem assinala o Francisco Teixeira. Mas a minha pergunta é bem outra: caso seja verdadeira, e numa atitude de coerência política e lealdade para com os eleitores que deveria ultrapassar qualquer também legítima noção de lealdade pessoal e governamental, porque não se demitiu o Ministro das Finanças? Não acha, nesse caso, talvez tivesse prestado um bom serviço ao país? Ou será que, facto absolutamente implausível e absurdo, para ficar lhe fizeram "uma oferta que não poderia recusar"?

terça-feira, abril 26, 2011

Uma pequena nota final sobre "Conta-me Como Foi"

Devo começar por afirmar, em abono da verdade, que não terei visto, de "fio a pavio", muito mais do que uma meia-dúzia de episódios. Para além disso fui vendo sequências de alguns outros episódios e falhei, na totalidade, uma boa parte deles. Mas do que vi, confesso não consigo alinhar no quase total unanimismo laudatório sobre a série "Conta-me Como Foi". Claro que, pese embora alguns erros detectados, o trabalho de produção me pareceu ter merecido um certo cuidado. Mas o argumento é demasiado primário, um pouco "Pátio das Cantigas" criado para televisão, uns anos mais tarde, em que o bairro-aldeia assume o lugar que o pátio então ocupava no filme dos irmãos Ribeiro. No bairro social, de pobres ou "remediados", existe solidariedade, uma certa bondade natural de todos os que lá vivem, uma vida familiar e comunitária sem grandes contradições internas e o "mal", a perversão, acaba sempre por vir "de fora", dos ricos ou gananciosos, das classes altas ou dos emergentes que são quase sempre um pouco ridicularizados e apresentados como actuando exclusivamente em função dos seus interesses pessoais. Deixar o aconchego do "bairro" aparece como uma ameaça a esse equilíbrio social e emocional. Tudo demasiado primário e pouco convincente, até maniqueísta, enfim... 

Songs of the WW II (15)

"Giovinezza" - Hino fascista italiano

PSD: o perigo de deixar a terceiros o que deveria competir aos políticos

Algo que o PSD não pode, ou não deve, fazer é deixar que sejam divulgadas publicamente propostas de um grupo de reflexão ("Mais Sociedade") que todos identificam como estando ligado ao partido e depois dizer que "aceitará umas e recusará outras". É que partir do momento da sua divulgação, e quer venham ou não a ser acolhidas e aprovadas pela direcção do partido, essas propostas passam de imediato a ter o selo do PSD e se recusadas, mesmo que por boas e atendíveis razões, tal será considerado, de imediato, como oportunismo político e política de "avanços e recuos" ("atirar o barro á parede", a ver se resulta...). Pior: ausência de ideias claras e de consistentes para Portugal.

Esta atitude, para além de confirmar as acusações de enorme amadorismo e inexperiência que, com razão, têm sido dirigidas ao partido de Passos Coelho, revela ainda um perigo maior: deixar nas mãos de terceiros (executivos, gestores, académicos, etc) a gestão e direcção de assuntos que, pela sua natureza, deveriam ser deixados essencialmente aos políticos. Sei que não será muito popular dizer isto, mas a prova, se necessária fosse, aqui está. 

Jorge Sampaio e Fátima Campos Ferreira

Jorge Sampaio deu ontem uma excelente entrevista à RTP1. Tal não constitui novidade: Sampaio é um político experiente, um homem culto e inteligente e um bom conversador. Um cidadão interessado e interessante, em suma.

Mas o que me pareceu espantoso na entrevista foi Fátima Campos Ferreira - a entrevistadora - nunca ter percebido, na realidade, quem era o Jorge Sampaio que tinha á sua frente e ter tentado, a todo o custo, expor o ex-presidente ao cardápio habitual de perguntas já cansadas e cansativas, desinteressantes por repetitivas, nada capazes de potenciar, em termos comunicacionais, as grandes qualidades que todos conhecemos ao político, cidadão e ex-presidente. Sorte é que Sampaio, de modo inteligente, ignorou tal coisa e, mais do que conceder uma entrevista, lá foi dissertando sobre os problemas e questões que o e nos preocupam, estejamos completa, parcialmente ou em total (parece-me difícil...) desacordo com o seu modo de ver o país e o mundo.

Que grande lição deu à comunicação social, Dr. Jorge Sampaio!

segunda-feira, abril 25, 2011

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (6)

Viva o 25 de Abril!

Não sou dos que pensa o 25 de Abril, ou alguma das suas promessas, está por cumprir. Na sua essência, ou seja, nos 3D do MFA (descolonizar, democratizar, desenvolver), o 25 de Abril está cumprido, o resto são devaneios ou caminhos que nos compete a nós, em democracia, escolher e percorrer.

Descolonizou-se. Com problemas? Claro, como não poderia deixar de acontecer com quem o fez tarde e más horas e numa situação de grande instabilidade política, incluindo, e tal não foi de somenos, em período crítico da guerra-fria. Convém, no entanto, dizer que mesmo quem descolonizou bem mais cedo e em conjuntura política bem mais estável passou igualmente por enormes problemas. Lembro-me da Bélgica, com o assassinato de Patrice Lumumba e a secessão do Katanga, e da França, à beira de um golpe de estado militar quando da independência argelina.

Depois de passado o período do PREC, temos vivido em democracia plena, sem sobressaltos, integrados numa União Europeia democrática presidida, convém lembrar, por um português. É possível e desejável aprofundar os mecanismos da democracia representativa (repito, para não existirem dúvidas: "representativa")? Claro, mas tal depende mais do povo e dos cidadãos, do modo como se mobilizam e organizam, do que dos tais "outros" (partidos, políticos, etc) que não existem sem nós ou à nossa margem ou revelia. Depende de sermos capazes de abandonar a "má língua" e o insulto em favor da crítica (por radical que seja), da polémica e do debate de ideias.

Por último, Portugal - escusado dizê-lo - é hoje um país incomparavelmente mais desenvolvido, cosmopolita e civilizado do que o era há 37 anos. E não estou a falar apenas das elites, incomensuravelmente melhor preparadas. Estou a falar de o país ter conseguido criar uma classe média - algo apenas existente de forma embrionária há 40 anos -, aquela que, quer queiramos quer não, acaba por fazer "andar as coisas". Como costumo dizer, ainda de certo modo pouco preparada e educada, ainda demasiado ligada à ruralidade, com "muita terra ainda debaixo das unhas"? Claro que sim, como seria de esperar numa sociedade que passou de rural a urbana numa geração. Mas esse - fazer crescer em número e preparação a classe média - é, sem qualquer dúvida, o caminho certo para o desenvolvimento futuro.

Viva o 25 de Abril!

domingo, abril 24, 2011

PSD: mais uma oportunidade perdida?

O agravamento do "déficit" de 2010, de 8.6 para 9.1%, foi talvez a única boa notícia para o PSD nas últimas semanas. Independentemente de ter sido provocado pela alteração dos critérios contabilísticos (a grande maioria dos eleitores é pouco dada a compreender essas "minudências" financeiras), depois de uma série de decisões desastrosas da direcção de Pedro Passos Coelho aqui estava finalmente algo que poderia ser utilizado como arma convincente contra a gestão do governo PS. Mais ainda: o facto de tal agravamento estar relacionado com as Parcerias Público-Privadas, olhadas de soslaio, embora por motivos diferentes, por toda a oposição e objecto de desconfiança por um conjunto significativo dos eleitores, concedia ao facto, enquanto arma política potencial, um indiscutível valor acrescentado. No entanto, parece-me estaremos na presença, mais uma vez, de uma~oportunidade quase perdida pela direcção do PSD. Porquê? Vejamos...
  1. Em primeiro lugar porque, propositadamente ou não, a notícia saiu durante um fim-de-semana prolongado, com as pessoas bem menos atentas aos "media". Pior: a umas escassas horas da final da Taça da Liga, o acontecimento mediático do dia.
  2. Em segundo lugar, quis-me parecer ter o PSD reagido, através de Miguel Macedo, um pouco em "piloto automático", sem quebra das rotinas com as quais o partido costuma reagir ao anúncio de actos falhados do governo ou do PS. Penso o potencial da notícia como arma política exigiria do PSD um outro tratamento e fazê-lo, eventualmente, após as mini-férias já não terá o mesmo impacto.
  3. Por fim, a própria notícia acaba por ver o seu impacto diluído pelo artigo de Luciano Alvarez no "Público" de hoje, quase em jeito de contra-ataque, glosando uma ridícula reportagem da imprensa cor-de-rosa sobre a vida familiar de Pedro Passos Coelho nada condizente com a imagem que o líder do PSD deveria projectar como homem de Estado em momento de grave crise. De facto, quer-me parecer que o que os portugueses menos desejariam ver no momento presente, com FMI, BCE e CE por cá, é a imagem de um possível futuro primeiro-ministro, mais a mais tido como inexperiente, ligada à futilidade da imprensa del corázon.
Parece-me, pois, que se o PSD quer ainda manter  altas as expectativas de vir a conseguir um bom resultado no próximo dia 5 de Junho terá de inverter rapidamente o amadorismo que tem vindo a demonstrar na sua política de comunicação, área onde governo e PS têm demonstrado um enorme grau de profissionalismo.

Sistema, modelo e princípios de jogo do SLB e problemas a resolver no futuro

Já tenho por aqui analisado o modo como o sistema de jogo perfilhado pelo SLB, na prática um 4x1x1x4 com Javi Garcia como "pivot" defensivo, desequilibra a equipa defensivamente. Já ninguém joga assim no mundo civilizado, da alta-competição europeia, e tal foi responsável pelo fracasso da equipa na Champions League e contra os adversários mais qualificados. Veja-se que nem na Liga da época passada nem na presente o SLB conseguiu vantagem contra os seus adversários mais directos, FCP (1-0 e 1-3; 0-5 e 1-2) e SCB (0-2 e 1-0; 1-0 e 1-2).

Mas, infelizmente, os problemas com este sistema de jogo não se esgotam aí, no equilíbrio defensivo da equipa. Ao perfilhar um sistema onde o "pivot" defensivo tem obrigatoriamente de ser um especialista, quase um exclusivista, em tarefas de recuperação de bola, sem vocação de "passe" ou para construção de jogo desde os terrenos mais recuados, a equipa cria também os seus próprios problemas nas chamadas "saídas a jogar", bem mais evidentes quando a equipa contrária joga num bloco alto pressionante, com ou sem bola, como tão bem o faz o FCP de Villas-Boas (já o de Mourinho fazia o mesmo), montando o seu "negócio" na zona entre o "pivot" defensivo e o nº 10. E como costuma resolver o SLB esse problema? Bom, em primeiro lugar privilegiando as saídas a jogar pelos flancos, um dos seus princípios básicos de jogo. Muito bem. Mas tal resulta num adiantamento quase sistemático de Maxi e Coentrão, o que não ajuda nada aos equilíbrios defensivos de uma equipa já de si pouco equilibrada. Outro dos seus princípios é fazer recuar Aimar (ou Martins) para "virem buscar jogo" a terrenos muito recuados. Muito bem, de igual modo, e demonstra Jorge Jesus não é estúpido e a equipa tem um plano de jogo bem definido. O problema é que não só continua a ser pouca gente, como nem Aimar nem Martins têm resistência para esse vai-vem constante e acabam, ao fim de algum tempo, por se esgotarem fisicamente e, até, por fazerem falta cá mais à frente, onde se decide o último passe. Por último, temos o recurso ao passe longo para Cardozo. Por vezes resulta; mas quando o paraguaio está sem forma, física, psíquica ou de vontade, temos aí também um problema. Mais ainda: obriga a ter um "ponta de lança" do tipo "poste", com pouca propensão para se envolver nos movimentos de construção ofensiva da equipa.

Que fazer, então? Bom, não me parecendo seja saudável e desejável continuar a insistir no erro, e não me parecendo tenha o 4x3x3 qualquer tradição no SLB ou seja adequado jogar na Liga portuguesa utilizando um sistema de "duplo pivot", o trabalho para a próxima época, nele tendo especial relevância a política de contratações, terá de dar resposta à seguinte questão: como construir um 4x4x2 equilibrado e suficientemente flexível para ganhar internamente e ser competitivo na Europa? Será Jorge Jesus capaz de tal tarefa? Acho ser em função deste objectivo que se deve equacionar a sua continuidade.

Boa Páscoa!

J. S. Bach: "A Paixão Segundo S. Mateus" - "Wir setzen uns mit Tränen nieder und rufen"

sábado, abril 23, 2011

"Shindig" - Soul (2)

1. Major Lance - "Monkey Time"
2. Joe Tex - "Hold What You've Got"
3. Tina Turner - "Money"
4. Marvin Gaye - " I'll Be Doggone"

sexta-feira, abril 22, 2011

O futuro do SLB e os treinadores

Uma das razões para a minha apreensão quanto ao futuro, enquanto benfiquista, tem a ver com o facto de o FCP ter sabido criar um "bolsa" de potenciais futuros treinadores do clube, aos quais irá recorrer, sem grandes problemas de adaptação para qualquer deles, quando, por qualquer razão, tal se tornar necessário. Para além de André Villas-Boas, portuense de várias gerações e portista com formação universitária e percurso com José Mourinho, Domingos Paciência e Jorge Costa são nomes que bem conhecem o clube e a sua cultura, a cidade e que me parecem ter percursos e perfis pessoais e profissionais para deixar qualquer "tripeiro" descansado quanto ao futuro.

Quando olho para o meu clube e procuro alguém conhecedor da realidade benfiquista, consistente e com provas já dadas, que possa suceder, sem grandes percalços e até com vantagem, a Jorge Jesus, vejo apenas o deserto. Será, por exemplo, que nomes como Rui Águas, Ricardo Gomes ou Michel Preud'homme não tinham perfil para poderem ter trilhado formação e percursos semelhantes?

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (5)

O sacrifício pascal de Teixeira dos Santos

Ingratidão? Não me parece: a política pouco tem a ver com sentimentos... O afastamento de Teixeira dos Santos das listas do PS parece-me, isso sim, ter mais a ver com a combinação dos seguintes dois factores, ambos políticos.
  1. Em primeiro lugar a necessidade do PS, com muitos nomes nas listas ligados aos dois últimos governos, criar perante os eleitores alguma imagem de ruptura com esses mesmos governos. Não o podendo nem querendo fazer através de José Sócrates, o nome mais lógico seria, e foi, o de Teixeira dos Santos, que nos últimos meses, como Ministro das Finanças, viu a sua imagem colar-se à dos fracassos do governo.
  2. Depois das afirmações muito negativas de António Costa sobre a conferência de imprensa da manhã de 11 de Março (foi esta a data, não foi?), não custa a crer que Teixeira dos Santos tenha sido sacrificado em nome do equilíbrio de nomes e tendências no seio do Partido Socialista.   
Sabendo como funcionam estas coisas, não me custa a crer que Teixeira dos Santos venha a ser recompensado mais tarde com algum cargo de prestígio a nível internacional. Gratidão? Nada disso: uma vez mais uma decisão política: o partido sabe proteger os seus, e protegendo os seus resguarda-se a si próprio.

Hymns (8)

"And Did Those Feet In Ancient Times" (aka "Jerusalem")
(Last Night of the Proms 2009)

quinta-feira, abril 21, 2011

"Les haricots sont pas salés" - old time cajun music (14)

Cleoma Breaux & Joe Falcon - "Osson" (gravação de 1925)

O SLB é grande demais para que os benfiquistas se resignem

Uma das coisas que mais me entristeceu no final do jogo de ontem (para além da derrota, evidentemente) foi a aparente resignação e apatia com que muitos benfiquistas, sócios e adeptos, aceitaram a derrota, como se perder três títulos e quatro jogos em cinco com o FCP, um deles por 5-0 e dois deles em "casa" (tendo concluído que a única vitória se revelou afinal inútil), pudesse ser considerado como algo de normal, que estivesse inscrito nos genes do clube. Não está, e essa ausência de quaisquer sinais de revolta e contestação, como se o título da época passada tivesse apagado o chorrilho de asneiras cometido nos últimos meses e transformado Jorge Jesus num treinador de excelência (nunca o foi: é um treinador apenas razoável sem dimensão para o SLB) e o consulado de Luís Filipe Vieira num tempo de grandes sucessos, deixa-me apreensivo quanto ao que poderá aí vir no futuro. 

SLB: o erro-base

Qual o erro base, aquele que determina todos os outros, que está na base do fracasso desportivo do SLB nesta época? Muito simples, e disse-o neste "blog" no devido tempo: o objectivo estratégico de conseguir reconquistar a hegemonia no futebol português (e deve ser esse o do SLB) apenas pode ser conseguido através de um projecto sustentado, num prazo de 3 a 5 anos, e nunca investindo tudo no objectivo de ser "campeão já", o que tem apenas como objectivo salvar a face e o lugar do seu presidente, no curto-prazo, face à contestação pela ausência de resultados desportivos condizentes com a grandeza do clube..

quarta-feira, abril 20, 2011

Estou farto de sofrer humilhações: RUA!



Não gosto de me repetir, por isso mesmo nada acrescento ao que sempre tenho dito.

Monarquias burguesas?

Durante séculos, os casamentos entre monarcas eram assuntos de Estado, de estratégia e alianças políticas, e entre as grandes famílias da aristocracia principalmente questões patrimoniais e de poder. A existência tolerada de amantes preenchia o vazio afectivo e sexual criado por essas uniões de interesses. O casamento romântico e burguês, por amor, esse data do XIX e não ficou também imune às mesmas vicissitudes, inclusivamente ligando alguma aristocracia em declínio aos primeiros descendentes da burguesia endinheirada.

No século XXI, quando as monarquias e o que resta do poder aristocrático podem começar a parecer aos olhos de muitos como anacrónicos, as alianças tendem a realizar-se através do casamento entre futuros monarcas e plebeus (ou plebeias), tendo como objecto inconfesso o reforço da legitimidade popular monárquica. Resta saber se tal estratégia, certamente destinada a ser bem sucedida no imediato, não levará a alguma perda de identidade das monarquias no longo-prazo, como me parece já acontecer nas "monarquias burguesas" do norte da Europa, e, logo, ao seu lento declínio.

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (9)

Elvis Presley - "My Baby Left Me" (Arthur "Big Boy" Crudup")

Este é o segudo tema de Crudup gravado por Elvis Presley, agora já para a RCA (30 de Janeiro 1956). O primeiro foi, como é sabido, "That's All Right", a sua primeira gravação (SUN 209, Julho de 1954) e tema responsável pelo seu lançamento.

O original de Arthur Crudup (final dos anos 40 do século XX)

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (4)

Bogie & Bacall (3)

"I've Never Could Fool You"
"Dark Passage", de Delmer Daves (1947)

terça-feira, abril 19, 2011

PCP e BE nunca sequer saíram do PREC

Mário Soares escreveu no seu habitual artigo de opinião no DN que PCP e Bloco de Esquerda "parece que querem voltar a um novo PREC". Com a devida vénia e ainda maior respeito por Mário Soares, acho que PCP e BE nunca verdadeiramente de lá (do PREC) saíram. Como partidos, na sua essência, marxistas-leninistas, que actualmente e na sua acção prática quase parecem Dupont e Dupond, limitaram-se a dar o passo atrás na perspectiva que novos tempos lhes venham a permitir dar os dois passos em frente, aplicando o velho e bem conhecido conceito "toda a flexibilidade táctica e nenhuma flexibilidade estratégica".

E se o PCP pode contar para as suas acções com um número de votantes fiel e uma base autárquica e sindical consistente, quer-me parecer que, na conjuntura, o mimetismo táctico e de imagem para que tende o BE arrisca a saldar-se por um considerável desastre partidário.

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (3)

Fernando Nobre: e se mudássemos de assunto?

Para já, pelo menos enquanto mais nenhuma sua acção, omissão ou declaração o volte a justificar, penso a entrevista à RTP1 do passado domingo deveria encerrar o "caso" Nobre como matéria de discussão política relevante. Pelo menos nos termos em que tem sido até aqui colocada, isto é, nas suas opções contraditórias, na sua impreparação para o lugar que pretende ocupar, na sua ânsia de protagonismo, no conteúdo populista do seu discurso, etc, etc. Nesse campo, penso terem os portugueses ficado esclarecidos, ou pelo menos terem matéria para tal, e tudo o que seja continuar a "chover no molhado" poderá ter o condão de actuar no sentido inverso, transformando o "pecador" em mártir ou cordeiro pascal (é da época...).

Como aqui afirmei a propósito da entrevista a Fátima Campos Ferreira, ocupando Fernando Nobre o lugar mais importante nas listas de candidatos do PSD e tratando-se de uma eleição para a Assembleia da República, de onde sairá o futuro executivo, e não de uma eleição presidencial, seria agora tempo de confrontar Fernando Nobre e os restantes candidatos mais relevantes de todos os partidos concorrentes com questões do foro político stricto sensu. Isto não significa que todas as dúvidas levantadas e críticas surgidas a propósito da candidatura de Fernando Nobre não tivessem, em si mesmo, relevância política. Nada disso: a sua relevância política é e foi inquestionável. Mas uma vez esgotadas - e acho, pelo menos para já, o estão - é importante que o candidato (e os candidatos: lembro que o "cabeça de lista" do PS por Lisboa é alguém com a relevância e densidade política de Ferro Rodrigues) seja também confrontado com a política "pura e dura", com as opções sobre as quais irá(?) ter que se pronunciar na futura Assembleia da República. E, convém lembrar, foi a eleição de Passos Coelho como sucessor de Ferreira Leite que repôs a política, em vez dos "escândalos", dos "casos" e da "moral", no lugar de onde nunca deveria ter saído.

segunda-feira, abril 18, 2011

Les Belles Anglaises (53)




MG F-Magna (1932)

Finlândia

Jean Sibelius (1865-1957) - Finlandia (poema sinfónico)

História(s) da Música Popular (179)

The Association - "Windy"

"Sunshine Pop" (III)

Será já em 1967, curiosamente depois de Jules Alexander, o fundador do grupo, ter abandonado para ir "meditar" para a Índia (era o que estava a dar...) sendo substituído por Larry (Hilário) Ramos, que os Association irão alcançar o seu segundo #1 com este "Windy", um tema composto pelo "folk singer" Ruthann Friedman.

Hal Blaine, talvez o mais famoso baterista de estúdio da História da "pop/rock", ou pelo menos um dos mais famosos (gravou com Presley, Beach Boys, Ronettes, Simon & Garfunkel e por aí fora), faz uma "perninha" na gravação.

A entrevista a Fernando Nobre: então e a política?

Sim, eu sei que a actualidade era o facto de Fernando Nobre ter aceite a candidatura a deputado em função da possibilidade de vir a ser eleito Presidente da Assembleia da República e de ter declarado que renunciaria ao mandato se não conseguisse tal objectivo. Também, claro, a sua (não) preparação para tal lugar, o seu ziguezaguear ideológico e o facto de ter sido convidado por mais de um partido. Sim, eu sei que isso é que era notícia e era a essas questões que os portugueses esperavam ouvir respostas. Mas, caramba!, o homem é "cabeça de lista" por Lisboa (o círculo eleitoral mais importante) e concorre pelo partido que lidera as sondagens! Por esse motivo, talvez tivesse sido importante que Fátima Campos Ferreira tivesse guardado algum do seu  tempo de entrevista para alguma perguntas de carácter mais político, como, por exemplo, que pensa Nobre da crise da UE e do Euro, da situação económica e financeira, do serviço nacional de saúde e da educação, que estratégias acha adequadas para o futuro do país, etc, etc. É que o cidadão Fernando Nobre propõe-se assumir o segundo lugar na hierarquia do Estado, um lugar eminentemente político, caramba! Assim, na ausência dessas perguntas, gorou-se a oportunidade de conhecer um pouco do pensamento de Fernando Nobre sobre esse tipo de assuntos. Talvez o seu lugar vazio!  

domingo, abril 17, 2011

"Vox populi"

Comentário de um leitor do "Record" na caixa de comentários do jornal:

"Não sei como é que há gente que gosta deste tipo de futebol. Se há equipa que não gosto de ver jogos é o Barcelona, é a maior seca que já vi, passinho po lado, passinho pa trás, para isso filmava uma rabia no meu quintal."

Ora nem mais! Nunca estive tanto de acordo com a tal vox populi. A mim, o "tiki taka" dá-me um sono "do caraças", acho uma chatice e se jogasse na equipa contrária "arriava logo uma sarrafada" no primeiro gajo do Barça que me "rabiasse". E para os mais esquecidos - e costumam ser muitos - convém lembrar que o Barça só ganhou a CL por via da arbitragem mais escandalosa, na 1/2 final contra o Chelsea, que me lembro de ver num campo de futebol (faria o Guímaro e o Pratas corar de vergonha), e já esta época teve mãozinha amiga num dos jogos com o Arsenal. Fiquem pois com uma bola só para eles e joguem lá no quintal! Hala Madrid! 

"Shindig" - Soul (1)

1. James Brown - "Please Please Please"
2. Tina Turner - "A Fool In Love"
3. Booker T. & The MG's - "Green Onions"

sábado, abril 16, 2011

Voando sobre um ninho de cucos

  • Fernando Nobre, cabeça de lista do PSD por Lisboa para as próximas legislativas, declara que isso de ser deputado, lugar para o qual concorre, não lhe interessa nada e que se não for eleito pelos seus pares (que em função das suas declarações serão mais ímpares) Presidente da Assembleia da República renuncia de imediato ao mandato. Como exemplo de desapego ao poder e culto dos tais valores e ética, e estas declarações do tipo "só jogo se for a avançado-centro", nem a citação de Gandhi o salva. Pelo meio diz que não conhece o programa eleitoral do PSD mas confia em Passos Coelho. Pois... Como, pelos vistos, parece ser tudo uma questão de fé, melhor seria ter citado Madre Teresa de Calcutá.
  • Entretanto, o bastonário da Ordem dos Advogados advoga (na circunstância, é mesmo o termo adequado) que os portugueses façam greve de um dia à democracia e não vão votar no dia 5 de Junho. "Ganda" exemplo de adesão e prática dos valores democráticos - fazer greve contra eles -  não é assim? É claro que Marinho Pinto, que há anos vejo ter intervenção política na sociedade (e ainda bem que o faz), não se considera nem "medíocre", nem "oportunista" nem "incompetente". Boa! precisamos é de gente com este ego e auto-confiança. Fico à espera ganhe também algum juízo e noção das realidades. Nunca se sabe...
  • O Presidente da República congratulou-se no Facebook (estamos a caminho de ter um presidente virtual ou apenas um avatar da função) pelos partidos e o governo terem feito umas reuniões, algo que faz - ou deveria fazer - parte do "bê á bá" de qualquer democracia. E fizeram-no sem a sua intervenção, o que é fantástico! Mas pronto, lá deu sinal de vida. Ainda bem. Eu, que fui seu aluno de Economia Pública e estudei pelo seu livro "Política Orçamental e Estabilização Económica" (ainda o guardo para aí), gosto sempre de saber como vão passando os meus venerandos ex-"profs".
  • Ah, e parece que também se discute para aí um sms, uma reunião que houve e ninguém disse ou só disse quando era suposto não dizer porque também era suposto não ter dito e se pediu para não dizerem mas houve alguém que disse quando já não o devia dizer (estou baralhado e já me perdi, desculpem!).
No meio de tudo isto, andam aí uns senhores que parece nos querem emprestar dinheiro, não é assim? Problema deles, os malandros!, a meterem-se onde não são chamados!

sexta-feira, abril 15, 2011

Songs of the WW II (14)

Vera Lynn - "When The Lights Go On Again"

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (2)

Frivolidades - ou, como diria a "Rua Inclinada"*, coisas de gajo

Tive uma colega de trabalho que dizia estivesse frio ou calor, nevasse ou ou se esturricasse, só passava a usar meias a partir do 5 de Outubro e as deixava depois do 10 de Junho. Exageros, está bem de ver, mas que reflectem que isto do modo como nos vestimos não tem só que ver com o tempo (weather) mas também com o calendário.

Porque me lembrei agora de tal coisa? Bom, porque, confesso, lido mal com o facto de, neste Abril de calor extemporâneo, me cruzar na rua com gente vestida como se estivéssemos em Agosto, Julho ou coisa do género. Estão trinta graus? Claro, de ananases; mas ver gajos de "bermudas", "polos" de manga curta e "chinela no pé,  nãã, não compro. Claro que já pus os "tweeds", os "blazers" de Inverno, os fatos de flanela, as gravatas de lã, as "tattersall shirts" e, até, as calças de bombazina fora de cogitação. Mas, se já não existem os fatos de "meia-estação" do tempo do meu pai (acho ainda cheguei a ter um ou outro), ir mais além do que "fatiotas" mais ligeiras, "chinos", polos" de manga comprida, trocar, aqui e ali, os "monkstraps" de camurça por uns "loafers" mais ligeiros e as meias de lã por igual coisa de algodão é tudo aquilo a que chego. E para andar aqui na cidade não faço concessões, está bem?

Candidaturas independentes? Por norma um mau negócio.

Que tem de novo a apresentação de independentes pelas listas do PSD para as eleições legislativas? A resposta é simples, já que a apresentação de candidatos independentes por parte de PS e PSD (e não só) tem acontecido com frequência em anteriores eleições para o parlamento: apenas o facto de Carlos Abreu Amorim, Francisco José Viegas e Manuel Meirinhos (Fernando Nobre é um caso muito diferente, já aqui analisado) surgirem como "cabeças de lista", o que reforça a sua notoriedade e, logo, a sua função de angariar votos fora do habitual leque de votantes no partido. Nada de ilegítimo, portanto: a sua estatura intelectual, coerência e  preparação políticas são conhecidas e em democracia o governo decide-se pelo voto popular, que é necessário conquistar por via do combate político e ideológico.

Aqui chegados, convém, no entanto, notar algo de interessante: não me lembro de, uma vez eleitos, a actuação da maioria dos independentes (os tais oriundos da "sociedade civil") ter sido real e inteiramente bem sucedida - ou sequer perto disso. Por exemplo, nas últimas legislaturas o PS (e para que não digam só falo do PSD) elegeu Vicente Jorge Silva, Inês Medeiros, Mª do Rosário Carneiro, Teresa Venda, Matilde Sousa Franco e Miguel Vale de Almeida (e já não vou ao tempo de Sophia Mello Breyner Andresen pelo PS ou de Pulido Valente pelo PSD...). Por certo, estarei ainda a esquecer alguns outros. De todos estes, parece-me que talvez apenas no caso de Vale de Almeida, eleito com base numa agenda política muito específica (o casamento entre pessoas do mesmo sexo) se pode falar de alguém com um papel, de certo modo, melhor conseguido no trabalho parlamentar. Mesmo assim, esgotada essa agenda tratou, de imediato, de renunciar.

Que quero pois dizer com isto? Enfim, que nem tudo o que luz é oiro e que neste "trade-off" entre candidaturas partidárias e a tal "sociedade civil" talvez se percam bons comentadores, razoáveis comunicadores, activistas empenhados e agentes culturais reconhecidos em favor de parlamentares apenas medíocres. Um mau negócio, portanto.

Ora vamos lá já ensaiando uns cânticos para as 1/2 finais

The Beatles - "Yellow Submarine"

quinta-feira, abril 14, 2011

SLB e FCP: dois modelos contrastantes

Quem conseguiu ver hoje, de seguida, os jogos de FCP e SLB teve uma rara oportunidade de comparar, de perto, dois modelos de jogo quase antagónicos, pelo menos bastante contrastantes. Do lado do FCP uma equipa com os sectores e os jogadores muitos juntos, num bloco pressionante médio-alto, fazendo circular a bola e, como costuma dizer Freitas Lobo (e bem), saindo "em posse" para as transições ofensivas. Do lado do SLB uma equipa com os sectores e os jogadores mais distantes, mais estendida no terreno e em que o meio-campo é lugar por onde se passa depressa, saindo em transições muito rápidas e utilizando mais as jogadas individuais e os passes longos.

Como tenho dito, é um modelo de maior risco, menos seguro e que hoje quase ia causando um pesadelo. Mais espectacular, certamente; mas que se tem estado na base de goleadas também tem sido responsável por alguns desaires difíceis de aceitar.

Prince William & Catherine Middleton Wedding memorabilia (1)

Uma sugestão ao Senhor Presidente da República e aos que reclamam um seu maior protagonismo

Acho espantoso como tanta gente ainda reclama do Presidente da República uma maior intervenção para um necessário entendimento partidário que permita negociar a "ajuda externa" a uma só voz. Eu, que sou parlamentarista convicto e defendo um governo de coligação desde o momento em que o PS não conseguiu maioria absoluta nas últimas eleições legislativas, parece-me bem melhor que Cavaco Silva se abstenha de qualquer intervenção e o necessário entendimento seja conseguido com recurso exclusivo ao diálogo interpartidário. É que se formos bem a ver, sempre que o actual Presidente da República decide deixar episodicamente o seu "anonimato" e assumir algum protagonismo, é certo e sabido que nada de muito positivo se pode esperar. Querem provas? Pois foi o que aconteceu com o Estatuto dos Açores (onde até conseguiu desbaratar alguma razão que lhe assistia), o triste caso das "escutas", a audiência aos representantes da oposição madeirense numa sala de hotel, as críticas a Mª de Lurdes Rodrigues e Correia de Campos, os discursos de vitória e de posse, as "fantasias" (ou serão rapsódias?) húngaras e assim sucessivamente. Difícil, difícil mesmo é descobrir quando a sua intervenção se terá saldado por um qualquer sucesso e não por um fracasso rotundo. Por isso mesmo, e bem vistas as coisas, é melhor que o senhor Presidente se deixe ficar lá quietinho, no "rimanço" do lar, e não se arrisque ainda a contribuir mais para a asneira que já por aí vai que chegue. Olhe, tire férias e apareça lá para Julho para dar posse ao nove governo! Mas em silêncio! Entretanto nós, os cidadãos, iremos passando lá pela sua página do Facebook ou pelo "site" da Presidência para sabermos se continua a gozar de boa saúde. Vale?

"Só Dylan é Dylan" - homenagem a "Em Órbita" (6)

 
Bob Dylan - "Mr. Tambourine Man" (1965)

quarta-feira, abril 13, 2011

"Two Fat Ladies" (8)

"Breakfast"

Portugal e as coligações: heranças do PREC e clientelas partidárias

A existência, à esquerda, de dois partidos radicais anti-sistema, que valem cerca de 18% do eleitorado, dificulta a constituição, nessa área, de governos de coligação liderados pelo PS? Bom, claro que sim, mas não me parece ser esse o problema essencial para colocar o PS em desvantagem face ao seu rival de direita PSD: assim de repente, não me lembro, na Europa actual, mesmo em países onde existam partidos à esquerda da social-democracia talvez menos anti-sistema do que PCP e BE (Die Linke, por exemplo), de coligações nessa área lideradas por partidos que se reclamam da tradição e prática da social-democracia europeia. Acrescento que em Portugal tal não me pareceria também possível, ou mesmo desejável em função do quadro macro-económico vigente nos últimos vinte anos. O problema encontra-se, isso sim, ao centro, onde a inexistência de pequenos partidos como o Lib-Dem ou o FDP, aliando-se alternadamente à sua esquerda ou à sua direita, quase impede, na prática, o PS de formar governos de coligação. Tal inexistência terá origem no facto de, ao contrário dos seus partidos irmãos socialistas, sociais-democratas e trabalhistas, o PS ter crescido "ao centro", de forma demasiado rápida e um pouco artificialmente, fruto de circunstâncias conjunturais durante o PREC e por via da sua luta anti-comunista, sem inserção no mundo operário e do trabalho. Ocupou assim o lugar de pequenos partidos centristas liberais, de raiz e tradição burguesas e urbana, alguns deles pouco mais do que partidos "de quadros". Aquilo que poderia ter sido o CDS de Freitas do Amaral e Amaro da Costa, por exemplo, e cuja melhor expressão talvez esteja, fora do espectro partidário, na SEDES dos anos 70.

Certo, mas apesar disso o PS esteve, nos anos 70 e 80, presente em dois governos de coligação, com o CDS e com o PSD. E, se considerarmos também os governos AD, até meados dos anos 80 a norma em Portugal será a existência de governos de coligação. O que torna isso mais difícil no Portugal dos dias de hoje? Tenho, para mim, que duas coisas essenciais, no fundo reduzidas a uma só: os governos de maioria absoluta de Cavaco Silva. Em primeiro lugar porque se prova, pela primeira vez, que um partido concorrendo sozinho pode alcançar uma maioria absoluta. Em segundo lugar, porque com as grandes obras públicas e os fundos estruturais é nos governos de maioria absoluta (e com maioria absoluta de um só partido) liderados pelo actual Presidente da República que se fortalecem e organizam definitivamente as clientelas partidárias e se sedimenta e cresce  a promiscuidade entre partidos e negócios do Estado, passando a competir essas clientelas rivais, distribuídas essencialmente pelos dois maiores partidos, PS e PSD, por um "bolo" que, por definição, é sempre escasso, o que dificulta as possibilidades de entendimento entre esses dois blocos mesmo quando, como agora, essa parece ser uma necessidade quase incontornável.

Existirão, por certo, outras condicionantes, mas não só não me parece questões de personalidade sejam assim tão essenciais, como estas duas razões de fundo me parecem andar bem mais próximas da raiz do problema. Será assim?

Songs of the WW II (13)

"La Marche des FFI" (Valentin Tarault - Camille Robert) - 1944

A propósito ou a despropósito do aeroporto de Beja

  • Aquela "bimbalhice" do presidente da Câmara Municipal de Beja organizar uma excursão para "ir ver o avião" no aeroporto de Beja é bem o retrato de algum país autárquico. Não há quem lhe chame a atenção para o ridículo?
  • Tanto quanto sei, quando foram iniciadas as obras (ou tomada a decisão da sua construção, não me lembro) do aeroporto de Beja, o novo aeroporto de Lisboa estava planeado para a Ota. De que modo a sua transferência para Alcochete e, agora, o adiamento da sua construção alteram o que estava previsto para Beja em termos de tráfego, rentabilidade, etc? De que modo o aeroporto de Beja se passou a enquadrar na estratégia do governo (se ainda existe uma) para o sector de transportes? 
  • Já agora: seria interessante que o próximo governo apresentasse um plano estratégico credível para o sector dos transportes e logística, nele incluindo ferrovia (com o projecto de alta-velocidade e linhas de bitola europeia), estruturas aeroportuárias, plataformas logísticas, portos e tudo o mais. E, embora eu não seja adepto de demasiados unanimismos, que esse plano fosse um daqueles objecto de consenso alargado. A ver se nos entendemos, definitivamente, neste ponto e uma decisão tão estruturante deixa de servir objectivos eleitorais ou populistas, de um ou outro lado. 

terça-feira, abril 12, 2011

O "povo da SIC" e a democracia

Nada mais revelador do desprezo que o "povo da SIC", sempre tão cioso dos "direitos adquiridos" e tão pronto a tentar enganar a lei, nutre pela democracia e pelas leis e regras do Estado de Direito Democrático do que a leitura das caixas de comentários de notícias que têm a ver com a actuação das forças de segurança, direitos dos arguidos e condenados, investigações e processos judiciais, e por aí fora. É um fartar de ódio, vilanagem!, e um apelo despudorado à justiça sumária e ao "disparem primeiro e perguntem depois".

No fundo, para os portugueses parece que a democracia se restringe demasiadas vezes à possibilidade de poderem insultar em público os orgãos de soberania que elegeram. Convenhamos que, ao contrário do que pensam, estão bem longe de darem boa imagem de si próprios. 

Catch the Wave (7)

Dick Dale and His Del-Tones - "Let's Go Trippin'"

Sobre o PSD

  1. Ferreira Leite, Marques Mendes e, agora, António Capucho, todos eles recusaram integrar as listas de candidatura do PSD. Convenhamos que perante a manifestação de unidade, kimilsunguiana ou não, vinda dos lados do PS, alguns dos militantes mais prestigiados do PSD não estão a dar um bom exemplo de dedicação partidária; do tal patriotismo e de apoio ao seu líder. Com "amigos" destes, não será só com os já muitos erros próprios que Passos Coelho terá de se preocupar.
  2. Apesar de tudo isto, penso eu e muito mais gente que só um cataclismo evitará a vitória do PSD nas próximas legislativas. O mesmo já não se poderá dizer da hipótese de PSD e CDS conseguirem uma maioria absoluta. Por isso mesmo, compreende-se mal a insistência de Passos Coelho, ainda mais após o congresso do PS, em declarar loud and clear que qualquer participação do PS em futuro governo excluirá José Sócrates. A pergunta que deixo é a seguinte: que fará Passos Coelho se PSD e CDS não conseguirem maioria absoluta? Engolirá o "sapo" Sócrates enfraquecendo a sua posição negocial e a sua credibilidade perante o país?

segunda-feira, abril 11, 2011

"Road To Nowhere"

"Road To Nowhere", de Monte Hellman (2010)

Saí de "Road To Nowhere a pensar em Lynch e tal não me saiu da cabeça até chegar a casa. Peguei no Ípsilon e lá fui encontrando umas referências, que não achei muito a propósito, a Hitchcock e a "Vertigo". Demasiado óbvio. Por fim, quando já desesperava, acabei a ler a pequena crítica de Luís Miguel Oliveira e lá vinha finalmente Lynch. Suspirei de alívio e concluí não estava assim tão perturbado. "Lost Highway"? "Inland Empire"? "Blue Velvet"? Sim, por aí, mas também por uma Shannyn Sossamon que, aqui e ali, me fez lembrar Keira Knightley. Tudo por junto, querem maior elogio?

E andava eu há meses, com Oscares pelo meio e tudo, para conseguir ver um filme de jeito!!!

Tango aus Berlin (13)

Paul Godwin Tanz Orchester - "Fräulein pardon" (1928)

domingo, abril 10, 2011

Nobre

Bom, para o PSD a candidatura de Fernando Nobre teve para já uma virtude: preencher algum espaço mediático num dia em que ele tenderia a ser preenchido quase a 100% pelo congresso do PS e discurso final do seu líder. Ficar-se-á por aqui?

Vejamos: a fraca campanha e inexperiência política revelada por Nobre nas presidenciais não augura de facto nada de muito brilhante, principalmente porque agora estamos perante eleições legislativas onde a política "pura e dura" estará no posto de comando. Mais ainda quando como adversário estará um político experimentado e com capital de simpatia pessoal como Ferro Rodrigues, capaz de captar votos à esquerda do PS e não só. Por outro lado, a "conversão" de Fernando Nobre a candidato partidário e algum oportunismo que a apresentação desta sua candidatura nas listas do PSD pode revelar parecem estar a gerar algum desconforto junto de alguns sectores da direita. Também os seus zigue-zagues políticos não deixarão de fornecer armas de arremesso ao PS e principalmente ao BE, de quem Nobre foi mandatário nas Europeias de 2009. No mínimo, é uma jogada bem arriscada de Passos Coelho, que pode tender a mostrar algum desespero mas também eventualmente a colher alguns benefícios. Veremos o que nos dirão as próximas sondagens, mas o problema é que me parece o actual avanço do PSD nunca recomendaria estas jogadas de risco (nem o partido delas necessitaria).

Já agora: uma coisa eu, como cidadão, critico abertamente: a possibilidade do PSD entregar o segundo lugar na hierarquia do Estado a alguém sem qualquer experiência política e que tem demonstrado um percurso errático nessas suas convicções. Se a apresentação da sua candidatura a deputado pode constituir um risco político, tal é coisa que só ao PSD diz respeito. Mas a perspectiva de Fernando Nobre ascender a Presidente da Assembleia da República já é uma questão que envolve todos os portugueses e revela algum menosprezo pelas instituições democráticas. Espero bem Passos Coelho pondere tal intenção. 

A guerra aqui (mesmo) ao lado (45)

Mañana el mundo, hoy España

Tierra y Libertad -  Lithograph, 3 colors; 32 x 25 cm.

"In this poster, Hitler and a squadron of Nazi plans serve as the icons of fascism and its threat to Europe. The message seeks to place the conflict in Spain on a larger scale in which a fascist victory in Spain becomes a gateway to the spread of fascism across Europe and the "world." Note that the outline of France, with Paris marked, represents the "world" that Hitler hopes to conquer next. In addition to motivating Spaniards in Republican Spain to unify their efforts against fascism, this poster may have also hoped to rouse France and its government, which like Britain and the United States had assumed a policy of non-intervention even after Germany and Italy committed their resources in support of General Franco and his Nationalist army. Also, photographs of dead Spanish children surround a German document. These are juxtaposed with the picture of a smiling child in the center of the outline of France - the next target of the fascists.

The letter in the lower left corner recounts the interactions between its author and a Colonel Souza, possibly a nationalist, who has been in contact with Germans regarding their commitment to help the insurgency in Spain. The letter seems to have been written before the Nationalist uprising of July 1936. It reads:

Offices of the Front of German Work

Madrid

Confidential

Yesterday I casually met with Colonel Souza who told me that it had been a few days since he had been in communication with Berlin (aviation) or was with the delegate in question, who was introduced to him by Steffin.

Souza thinks that the situation here is getting worse every day and that he has heard from Germany of help for the national[ist] circles in the event of an uprising, but however, he is quite angry about the delay in Berlin. Perhaps it is advisable to report the matter to the A[uslands] O[rganization] Berlin, since, it is close by and would be able to accelerate the resolution of the affair through its intervention in aviation.

We have all interest in helping Sr. Souza. The situation here is that we cannot wait any longer [due] to the progressively increasing power of the Marxists.

I request that you respond to me straightaway.

With German regards,

The commander of the local group

Such texts and posters proved a powerful weapon in the Republican arsenal of propaganda. At the outbreak of the civil war, Republican Spain was composed of several factions, which disagreed about how to govern Spanish society. Some groups like the Confederación Nacional del Trabajo (CNT) became more conciliatory and moderate during the course of the war; while other groups, like the Federación Anarquista Ibérica (FAI) pushed for more radical reforms of Spanish society as they viewed the civil war as an opportunity for a proletariat revolution. In the effort to unify such groups against Franco and the Nationalist, much propaganda of the Republican government focused on creating a unified front of anti-fascism. In fact, the slogan "first win the war, and then we can talk about revolution" became a popular rallying cry, which introduced the notion of prioritizing the stopping fascism over the revolutionizing Spanish society."

O Congresso

O congresso do Partido Socialista, realizado num momento potencialmente deprimente para o partido, tinha um e só um objectivo bem claro - e só podia ser mesmo esse: levantar o moral dos militantes e mobilizar e unir o partido em torno de José Sócrates para a campanha eleitoral que aí vem, realizada em condições extremamente difíceis, talvez mesmo penosas para os socialistas. E, claro, transmitir ao país, através das televisões, essa mesma manifestação de força e confiança, bem como as principais linhas políticas nas quais se irá basear a campanha, fazendo delas partilhar o eleitorado. Honestamente, devo dizer que, pelo que vi, organizado com extremo profissionalismo, não descurando qualquer pormenor e encenado com grande rigor, haverá que reconhecer tal objectivo me parece ter sido plenamente atingido.

Houve demasiado unanimismo, falta de discussão política, etc, etc? Sim, claro. Mas quem, principalmente no contexto actual, estando de boa fé e não sendo mentalmente retardado, pensa que os actuais congressos partidários, em que as televisões ocupam o centro da acção, possam ser fóruns de discussão política, momentos de autocrítica e de acesa luta partidária e não gigantescas encenações destinadas a servir um objectivo bem definido?

Haverá algo nestes actuais congressos que, mesmo de modo longínquo, ressoe demasiado a Leni Riefenstahl, Reichsparteitag ou Congressos do Povo? Bom, salvaguardadas as devidas dimensões e distâncias (não exageremos...), horroriza-me pensar que sim, mesmo que de modo distante e apenas um pouco. Mas sejamos também suficientemente honestos para entender as razões e saber reconhecer as enormes diferenças.

sábado, abril 09, 2011

Ópera não é só música para operários (7)


Finalmente tive hoje oportunidade de ver uma das récitas do ciclo "Metropolitan Opera Live em HD", organizado pela Gulbenkian. Uma oportunidade única de ver excelente ópera a preços módicos. Desta vez "Le Comte Ory", uma muito engraçada "comédia de enganos" de Gioachino Rossini encenada por Bartlett Sher. Recomendo. 

"Shindig" - British Invasion (6)

1. The Searchers - "Needles And Pins"
2. Freddy & The Dreamers - "I'm Telling You Now"
3. Peter & Gordon - "World Without Love"
4. Ian Whitcom - "You Turn Me On"

sexta-feira, abril 08, 2011

Salvio e o dilema do SLB

Salvio tem sido um jogador tremendamente importante nesta época do SLB: não só dá profundidade ao flanco como tem marcado golos, alguns deles decisivos. Certo: mas custa 15 milhões. Muito bem, mas esse será, digamos assim, o menor dos problemas, já que parece ser um valor seguro e já integrado na equipa. Valeria o investimento, até porque com Maxi faz uma ala direita demolidora. O problema, o verdadeiro problema é que com Aimar, Gaitán ou o tal Bruno César no vértice atacante do meio-campo, a equipa precisa de ter num dos flancos um jogador que a equilibre defensivamente, não perdendo demasiado em termos de "rompimento" e profundidade atacante. Na época passada, tal era protagonizado por Ramires, como todos nos lembramos.

Ora acontece que tal pode ser feito à esquerda ou à direita, e para manter Salvio será na "canhota" que o SLB terá que encontrar uma solução. Com Coentrão, alguma falta de características de rompedor em Gaitán é muito bem disfarçada: Coentrão faz tudo e sobra-lhe tempo. Mas para a próxima época dificilmente haverá Coentrão, pelo que, para não alterar ambos os flancos, o que me parece seriam "mexidas" a mais, será deste lado que Jorge Jesus irá ter que encontrar soluções, justificando-se assim o investimento em Salvio.

Quase me apetece dizer que se não se tivessem pago 8.5M por Roberto mais de metade da verba para o investimento necessário já estaria encontrada. Pois é, mas na vida, como no futebol, não se pode fazer "rewind".

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (8)

"The Sun Ain't Gonna Shine (Anymore)" (Bob Crew - Bob Gaudio")
O original de Frankie Valli, aqui a solo sem os Four Seasons (1965)


"The Sun Ain't Gonna Shine Anymore": a bem conhecida versão de referência dos Walker Brothers (1966)
#1 no UK e #13 nos USA

"Ninguém pede ajuda para ficar pior"...

Esta frase, na aparência um pouco lapalissiana, de Pedro Passos Coelho, se lida junto com as suas restantes afirmações no mesmo discurso ("a situação de Portugal não é a mesma da Grécia quando pediu ajuda externa, porque Portugal já teve de tomar muitas medidas da austeridade”), parece ser bem mais do que um momento pouco feliz na vida de um candidato, pretendendo condensar em si, embora de uma forma desajeitada, todo um pensamento e estratégia eleitorais. No fundo, o que PPC nos pretende dizer com esta afirmação um pouco atabalhoada é que uma significativa maioria das medidas de austeridade já estão tomadas e são da responsabilidade do governo do Partido Socialista, pelo que não só o PSD sai incólume dessa situação (até se opôs ao PEC IV...) como não terá que pôr em prática, pelo menos em larga escala, uma política semelhante, ficando com alguma liberdade e flexibilidade de governação para adoptar medidas menos "austeras".

Sabemos que não será assim, mas não estou certo que uma estratégia deste tipo não resulte junto de muitos indecisos. Pelo menos se até às eleições não forem conhecidas muitas das duras contrapartidas à intervenção do FEEF e do FMI - do que duvido.

"The Savage Innocents"

Quando, a propósito da "ajuda externa", oiço o "povo da SIC" espumar raiva e ódio contra os "políticos que nos desgovernam", nos "fóruns de opinião", sob a capa de "dar a voz ao povo" o pior serviço prestado ao país e à democracia pela comunicação social, pergunto-me quantos deles não estiveram na rua, numa autêntica Maria da Fonte do século XXI, a protestar contra as reformas de Correia de Campos na saúde, quantos não bateram palmas ao aumento de 2.9% nos salários da Função Pública em 2009, quantos não blasfemaram contra Mª de Lurdes Rodrigues, a avaliação de professores e as aulas de substituição, quantos não julgaram na praça pública dezenas de arguidos em processos mais ou menos mediáticos, quantos não defendem que a polícia deve disparar primeiro e perguntar depois tornando o país num autêntico faroeste, quantos não se endividaram sem olhar para trás para comprar um carro novo, uma casa acima das suas posses, um "plasma" e ir de férias para a "república", quantos aceitariam votar em quem não lhes prometesse o pote de oiro do fim do arco-íris e, por fim, quantos não endeusam e continuam a a venerar o Senhor Professor, em cujo governo o regabofe começou e que não consegue ver mais longe do que a sua própria sombra? Quantos destes não devem também explicações aos que agora não têm ou vão ficar sem emprego ou estão na iminência de ver as suas prestações sociais reduzidas? 

Pois, o bom e sábio povo, ingénuo e inocente, que tem sempre razão e onde prevalece o bom-senso dos primitivos.    

Estou, se calhar, a ser demagógico? Se calhar um pouco e peço desculpa por tal. Mas acho tenho também direito ao meu dia de raiva!