Durante séculos, os casamentos entre monarcas eram assuntos de Estado, de estratégia e alianças políticas, e entre as grandes famílias da aristocracia principalmente questões patrimoniais e de poder. A existência tolerada de amantes preenchia o vazio afectivo e sexual criado por essas uniões de interesses. O casamento romântico e burguês, por amor, esse data do XIX e não ficou também imune às mesmas vicissitudes, inclusivamente ligando alguma aristocracia em declínio aos primeiros descendentes da burguesia endinheirada.
No século XXI, quando as monarquias e o que resta do poder aristocrático podem começar a parecer aos olhos de muitos como anacrónicos, as alianças tendem a realizar-se através do casamento entre futuros monarcas e plebeus (ou plebeias), tendo como objecto inconfesso o reforço da legitimidade popular monárquica. Resta saber se tal estratégia, certamente destinada a ser bem sucedida no imediato, não levará a alguma perda de identidade das monarquias no longo-prazo, como me parece já acontecer nas "monarquias burguesas" do norte da Europa, e, logo, ao seu lento declínio.
2 comentários:
Bingo JC!
E mais não digo...
Obrigado pelo elogio, mas hoje nem isso me dá boa disposição. Boa Páscoa.
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