O agravamento do "déficit" de 2010, de 8.6 para 9.1%, foi talvez a única boa notícia para o PSD nas últimas semanas. Independentemente de ter sido provocado pela alteração dos critérios contabilísticos (a grande maioria dos eleitores é pouco dada a compreender essas "minudências" financeiras), depois de uma série de decisões desastrosas da direcção de Pedro Passos Coelho aqui estava finalmente algo que poderia ser utilizado como arma convincente contra a gestão do governo PS. Mais ainda: o facto de tal agravamento estar relacionado com as Parcerias Público-Privadas, olhadas de soslaio, embora por motivos diferentes, por toda a oposição e objecto de desconfiança por um conjunto significativo dos eleitores, concedia ao facto, enquanto arma política potencial, um indiscutível valor acrescentado. No entanto, parece-me estaremos na presença, mais uma vez, de uma~oportunidade quase perdida pela direcção do PSD. Porquê? Vejamos...
- Em primeiro lugar porque, propositadamente ou não, a notícia saiu durante um fim-de-semana prolongado, com as pessoas bem menos atentas aos "media". Pior: a umas escassas horas da final da Taça da Liga, o acontecimento mediático do dia.
- Em segundo lugar, quis-me parecer ter o PSD reagido, através de Miguel Macedo, um pouco em "piloto automático", sem quebra das rotinas com as quais o partido costuma reagir ao anúncio de actos falhados do governo ou do PS. Penso o potencial da notícia como arma política exigiria do PSD um outro tratamento e fazê-lo, eventualmente, após as mini-férias já não terá o mesmo impacto.
- Por fim, a própria notícia acaba por ver o seu impacto diluído pelo artigo de Luciano Alvarez no "Público" de hoje, quase em jeito de contra-ataque, glosando uma ridícula reportagem da imprensa cor-de-rosa sobre a vida familiar de Pedro Passos Coelho nada condizente com a imagem que o líder do PSD deveria projectar como homem de Estado em momento de grave crise. De facto, quer-me parecer que o que os portugueses menos desejariam ver no momento presente, com FMI, BCE e CE por cá, é a imagem de um possível futuro primeiro-ministro, mais a mais tido como inexperiente, ligada à futilidade da imprensa del corázon.
Parece-me, pois, que se o PSD quer ainda manter altas as expectativas de vir a conseguir um bom resultado no próximo dia 5 de Junho terá de inverter rapidamente o amadorismo que tem vindo a demonstrar na sua política de comunicação, área onde governo e PS têm demonstrado um enorme grau de profissionalismo.
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