quarta-feira, abril 06, 2011

Apresentará o programa eleitoral do PSD medidas muito concretas? Não me parece...

Posso estar enganado - e admito-o - mas não me parece o tão propalado e aguardado programa eleitoral do PSD, prometido lá para o início de Maio, venha a explicitar medidas muito concretas e detalhadas. Pelo menos tanto quanto se pensa.

Para além de um vago tom mais ou menos liberal, dado por alguns chavões importados do léxico ultra-liberal mas sem grande conteúdo concreto, destinados a satisfazer a sua vanguarda ideológica dominante na opinião publicada, talvez apenas em áreas relativamente secundárias da governação, com pouco impacto mediático, tal venha acontecer. Porquê? Assim de repente, cinco ordens de razões (podem existir mais):
  1. A necessidade de recorrer a "ajuda externa", com todo o conjunto de medidas a que o governo se vai obrigar, recomenda, à cautela, alguma contenção programática para que não exista contradição demasiado evidente (ou dramática...) entre intenção e realidade.
  2. O PSD terá necessidade de "angariar" o voto de um conjunto significativo e heterogéneo de portugueses, muitos deles agindo apenas em torno de um único denominador comum chamado "ódio a José Sócrates". Medidas demasiado ideológicas arriscam-se a alienar, talvez para o voto de protesto do BE, muitos desses votantes. 
  3. Um futuro governo liderado pelo PSD irá querer justificar algumas das suas medidas mais penalizadoras com "o estado calamitoso em que encontrou o país" - que obviamente desconhecia, dirão... Como é óbvio, tal exige que essas medidas não constem de qualquer programa eleitoral. Pelo menos de modo explícito.
  4. O PS já demonstrou que, estrategicamente, vai marcar o PSD "homem a homem", ou seja, "medida a medida" e proposta a proposta". Por isso mesmo, talvez seja preferível para o PSD "esvaziar" um pouco essa estratégia.
  5. Por último, e talvez mais importante e entroncando no ponto 3, num contexto de grave crise, que gera demasiada insegurança entre os cidadãos, mudanças demasiado radicais, neste caso num sentido ultra-liberal relativamente desconhecido para uma sociedade civil fraca e tradicionalmente dependente do Estado, arriscam-se a gerar ainda mais insegurança, gerando medo e alienando votos.
Bom, como disse posso estar enganado, já que não tenho dons de pitonisa... Mas é o que se me oferece.

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