O congresso do Partido Socialista, realizado num momento potencialmente deprimente para o partido, tinha um e só um objectivo bem claro - e só podia ser mesmo esse: levantar o moral dos militantes e mobilizar e unir o partido em torno de José Sócrates para a campanha eleitoral que aí vem, realizada em condições extremamente difíceis, talvez mesmo penosas para os socialistas. E, claro, transmitir ao país, através das televisões, essa mesma manifestação de força e confiança, bem como as principais linhas políticas nas quais se irá basear a campanha, fazendo delas partilhar o eleitorado. Honestamente, devo dizer que, pelo que vi, organizado com extremo profissionalismo, não descurando qualquer pormenor e encenado com grande rigor, haverá que reconhecer tal objectivo me parece ter sido plenamente atingido.
Houve demasiado unanimismo, falta de discussão política, etc, etc? Sim, claro. Mas quem, principalmente no contexto actual, estando de boa fé e não sendo mentalmente retardado, pensa que os actuais congressos partidários, em que as televisões ocupam o centro da acção, possam ser fóruns de discussão política, momentos de autocrítica e de acesa luta partidária e não gigantescas encenações destinadas a servir um objectivo bem definido?
Haverá algo nestes actuais congressos que, mesmo de modo longínquo, ressoe demasiado a Leni Riefenstahl, Reichsparteitag ou Congressos do Povo? Bom, salvaguardadas as devidas dimensões e distâncias (não exageremos...), horroriza-me pensar que sim, mesmo que de modo distante e apenas um pouco. Mas sejamos também suficientemente honestos para entender as razões e saber reconhecer as enormes diferenças.
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