Devo começar por afirmar, em abono da verdade, que não terei visto, de "fio a pavio", muito mais do que uma meia-dúzia de episódios. Para além disso fui vendo sequências de alguns outros episódios e falhei, na totalidade, uma boa parte deles. Mas do que vi, confesso não consigo alinhar no quase total unanimismo laudatório sobre a série "Conta-me Como Foi". Claro que, pese embora alguns erros detectados, o trabalho de produção me pareceu ter merecido um certo cuidado. Mas o argumento é demasiado primário, um pouco "Pátio das Cantigas" criado para televisão, uns anos mais tarde, em que o bairro-aldeia assume o lugar que o pátio então ocupava no filme dos irmãos Ribeiro. No bairro social, de pobres ou "remediados", existe solidariedade, uma certa bondade natural de todos os que lá vivem, uma vida familiar e comunitária sem grandes contradições internas e o "mal", a perversão, acaba sempre por vir "de fora", dos ricos ou gananciosos, das classes altas ou dos emergentes que são quase sempre um pouco ridicularizados e apresentados como actuando exclusivamente em função dos seus interesses pessoais. Deixar o aconchego do "bairro" aparece como uma ameaça a esse equilíbrio social e emocional. Tudo demasiado primário e pouco convincente, até maniqueísta, enfim...
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