Nota prévia: nada do que vou dizer de seguida serve para ilibar José Sócrates e o seu governo dos muitos erros cometidos. Mais ainda, também não significa que a necessidade de recorrer a "ajuda externa" fosse eliminada ou, até, que não devesse ter acontecido mais cedo; francamente, sem estar bem por dentro dos "dossiers", não sei. Também não significa que, no momento presente, eleições não fossem necessárias e desejáveis para clarificação da situação política. Muito menos pode ser interpretado como qualquer apoio da minha parte ao primeiro-ministro e ao seu partido.
Mas tendo dito isto, se fica conhecido o papel do Presidente da República naquilo que pode ser definido como uma intriga política, metódicamente construída e de longa data, tendo como objectivo enfraquecer e derrubar o governo, desde o célebre caso das escutas (demasiado esquecido) e das críticas a Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues até ao golpe final da sua não intervenção para um acordo partidário sobre o PEC IV, passando pelo facto de não ter insistido na necessidade de um governo maioritário na actual legislatura e pelo conteúdo dos seus discursos de vitória e de posse, fica por conhecer o papel efectivo do Governador do Banco de Portugal no último capítulo dessa intriga, mormente depois da sua reunião com Cavaco Silva imediatamente após a posse deste e na mudança de opinião da Banca portuguesa nos dias que antecederam o actual "pedido de ajuda".
Significa isto que quem poupa os seus inimigos às mãos lhes morre. Resta saber se, fruto de uma combinação fatal de demasiados erros, fraquezas suas e forças alheias, e enredado ou tendo-se o governo deixado enredar numa teia que não teve força e/ou inteligência para combater, a história, após a eleição da Cavaco Silva, alguma vez poderia ter tido um final diferente.
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