domingo, abril 10, 2011

Nobre

Bom, para o PSD a candidatura de Fernando Nobre teve para já uma virtude: preencher algum espaço mediático num dia em que ele tenderia a ser preenchido quase a 100% pelo congresso do PS e discurso final do seu líder. Ficar-se-á por aqui?

Vejamos: a fraca campanha e inexperiência política revelada por Nobre nas presidenciais não augura de facto nada de muito brilhante, principalmente porque agora estamos perante eleições legislativas onde a política "pura e dura" estará no posto de comando. Mais ainda quando como adversário estará um político experimentado e com capital de simpatia pessoal como Ferro Rodrigues, capaz de captar votos à esquerda do PS e não só. Por outro lado, a "conversão" de Fernando Nobre a candidato partidário e algum oportunismo que a apresentação desta sua candidatura nas listas do PSD pode revelar parecem estar a gerar algum desconforto junto de alguns sectores da direita. Também os seus zigue-zagues políticos não deixarão de fornecer armas de arremesso ao PS e principalmente ao BE, de quem Nobre foi mandatário nas Europeias de 2009. No mínimo, é uma jogada bem arriscada de Passos Coelho, que pode tender a mostrar algum desespero mas também eventualmente a colher alguns benefícios. Veremos o que nos dirão as próximas sondagens, mas o problema é que me parece o actual avanço do PSD nunca recomendaria estas jogadas de risco (nem o partido delas necessitaria).

Já agora: uma coisa eu, como cidadão, critico abertamente: a possibilidade do PSD entregar o segundo lugar na hierarquia do Estado a alguém sem qualquer experiência política e que tem demonstrado um percurso errático nessas suas convicções. Se a apresentação da sua candidatura a deputado pode constituir um risco político, tal é coisa que só ao PSD diz respeito. Mas a perspectiva de Fernando Nobre ascender a Presidente da Assembleia da República já é uma questão que envolve todos os portugueses e revela algum menosprezo pelas instituições democráticas. Espero bem Passos Coelho pondere tal intenção. 

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