Penso, repenso, torno a pensar e, sendo um cidadão comum dotado, ao que também penso, de mediana inteligência, não percebo o que pretende Cavaco Silva. Forçar uma solução governativa que não passe pelo PS e entregue o poder a uma coligação PSD/CDS? Não vejo como: no seu conjunto, terão apenas mais três ou quatro lugares do que o PS e não têm a capacidade de, ao contrário deste último, agir como partido-charneira, procurando apoios ora à esquerda, ora à direita. Um governo de iniciativa presidencial com um primeiro-ministro da sua confiança e com o apoio de PS e PSD? Com a declaração de guerra de ontem só torna tal coisa ainda mais remota, até porque não será nos críticos internos de José Sócrates – a chamada "esquerda do PS" – que encontrará apoios para concretizar tal objectivo. Mas ainda, com a declaração de ontem, transformou um derrotado de domingo (Manuel Alegre) em vencedor dois dias depois. Pode ser que algo me escape, mas também não estou a ver o simpático general Carlos Reis (conheci-o nos meus tempos do serviço militar obrigatório, era eu alferes miliciano e ele tenente do “quadro”) a marchar sobre o Terreiro do Paço à frente de um punhado de generais reformados, hipoteticamente comandados pelo meu prezado consócio benfiquista Almeida Bruno. Então o que moverá Cavaco Silva?
Pura e simplesmente, nada! Ou melhor, uma total inépcia e incapacidade políticas, já bem demonstradas no tempo em que foi, mais do que primeiro-ministro, CEO de um governo/empresa de construção distribuidores (demasiadas vezes mal) de fundos estruturais e em que a maioria das reformas ficaram, já não digo por fazer, mas até por pensar; pelas más companhias que demasiadas vezes escolhe e pelo modo como resolve tais assuntos (e saber-se “rodear” é das primeiras qualidades de um político, sempre ouvi dizer); pelo modo, no mínimo estranho e desajustado, como geriu um caso em que lhe assistia razão (o estatuto dos Açores); pelo seu comportamento enviesado na visita à Madeira e pelo modo totalmente canhestro, indigno, como geriu o actual caso das alegadas escutas, deixando a um partido político (PS) a possibilidade de se assumir como garante da estabilidade e do normal funcionamento das instituições - benesse que, diga-se desde já, o PS, logo na comunicação de Silva Pereira, fez questão de aproveitar. Apenas incapacidade política de alguém que sempre se quis afirmar como um não-político.
Aliás, se este caso algo vem também demonstrar isso será por certo o desajustamento aos tempos actuais - da democracia mediática, de sociedades cada vez mais abertas e devassáveis, da internet 2.0, etc - daqueles que chegam à vida política pelo lado da tecnocracia, de um certo distanciamento e “nojo” para com essa política, pelo lado do “sacrifício”, como sempre foi, desde o início, desde a “rodagem do Citroën”, o caso de Aníbal Cavaco Silva, alguém a quem a política “pura e dura” sempre incomodou, nunca a tendo sabido gerir e sempre com ela tendo tido dificuldade em lidar. Todo este conceito de fazer política também terá levado ontem enorme machadada (felizmente, acrescento).
Resumindo: a inépcia de Cavaco Silva meteu-o num imbróglio e meteu-nos também num sarilho. Entregou a José Sócrates o bastão da defesa da estabilidade e do normal funcionamento das instituições. Fez os eleitores e fazedores de opinião (com excepção de Nuno Rogeiro, Maria João Avillez e respectivos reflexos no “povo da SIC”) perderem-lhe o respeito. Agora, provavelmente, não saberá o que fazer, como nunca soube o que fazer com o cargo que ocupa. Não sei que adjectivo usar; e se for "nada"?!...
Pura e simplesmente, nada! Ou melhor, uma total inépcia e incapacidade políticas, já bem demonstradas no tempo em que foi, mais do que primeiro-ministro, CEO de um governo/empresa de construção distribuidores (demasiadas vezes mal) de fundos estruturais e em que a maioria das reformas ficaram, já não digo por fazer, mas até por pensar; pelas más companhias que demasiadas vezes escolhe e pelo modo como resolve tais assuntos (e saber-se “rodear” é das primeiras qualidades de um político, sempre ouvi dizer); pelo modo, no mínimo estranho e desajustado, como geriu um caso em que lhe assistia razão (o estatuto dos Açores); pelo seu comportamento enviesado na visita à Madeira e pelo modo totalmente canhestro, indigno, como geriu o actual caso das alegadas escutas, deixando a um partido político (PS) a possibilidade de se assumir como garante da estabilidade e do normal funcionamento das instituições - benesse que, diga-se desde já, o PS, logo na comunicação de Silva Pereira, fez questão de aproveitar. Apenas incapacidade política de alguém que sempre se quis afirmar como um não-político.
Aliás, se este caso algo vem também demonstrar isso será por certo o desajustamento aos tempos actuais - da democracia mediática, de sociedades cada vez mais abertas e devassáveis, da internet 2.0, etc - daqueles que chegam à vida política pelo lado da tecnocracia, de um certo distanciamento e “nojo” para com essa política, pelo lado do “sacrifício”, como sempre foi, desde o início, desde a “rodagem do Citroën”, o caso de Aníbal Cavaco Silva, alguém a quem a política “pura e dura” sempre incomodou, nunca a tendo sabido gerir e sempre com ela tendo tido dificuldade em lidar. Todo este conceito de fazer política também terá levado ontem enorme machadada (felizmente, acrescento).
Resumindo: a inépcia de Cavaco Silva meteu-o num imbróglio e meteu-nos também num sarilho. Entregou a José Sócrates o bastão da defesa da estabilidade e do normal funcionamento das instituições. Fez os eleitores e fazedores de opinião (com excepção de Nuno Rogeiro, Maria João Avillez e respectivos reflexos no “povo da SIC”) perderem-lhe o respeito. Agora, provavelmente, não saberá o que fazer, como nunca soube o que fazer com o cargo que ocupa. Não sei que adjectivo usar; e se for "nada"?!...