Se, como aqui afirmei, a possibilidade de existirem coligações, desde que haja convergência em termos de regime, tem mais ver com questões de interesse conjuntural do que com proximidades programáticas, quem mais ganharia ou perderia com a emergência do “bloco central”? Claramente, o PSD sairia bem menos penalizado. Em primeiro lugar porque é mais “partido de poder” do que o PS, só nesse poder se expressando completamente: em boa parte oriundo das cinzas da ANP caetanista, dele e para ele (poder) nasceu. De seguida porque o CDS, à sua direita, com um programa e propostas populistas, cada vez mais “Le Peninanas”, já demonstrou bem a sua incapacidade de crescimento, mesmo nos piores momentos do PSD, não conseguindo mais do que “rasar” os dois dígitos eleitorais. Por último, o “bloco central” representaria trazer um Presidente da República muito mais identificado, política e pessoalmente, com o PSD para o fulcro da actividade governativa, assim reforçando a presença deste partido.
Ora nada disto convém ao PS. Em primeiro lugar porque, embora partido vocacionado para governar, se “aguenta” um pouco melhor - talvez graças a um corpo doutrinário e ideológico ab initio mais sólido - fora do poder do que o PSD, necessitando menos dele a qualquer preço. Em segundo lugar porque os partidos à sua esquerda são bem mais fortes eleitoral e socialmente (influência no mundo do trabalho e capacidade mobilizadora) do que o CDS, revelando e o “Bloco de Esquerda” um grande dinamismo e capacidade de aglutinação quer dos mais jovens e “desalinhados” quer de algum eleitorado tradicional do PS. Em terceiro lugar porque essa eventual partilha de governo com o PSD iria gerar enormes tensões dentro das estruturas do partido, a começar no “soarismo”, ameaçando a sua solidez no apoio a essa solução e ao secretário - geral José Sócratres. Por fim, a presença de Cavaco Silva como elemento aglutinador e estabilizador, mas também catalizador dessa solução, traria consigo uma enorme perda da importância do PS no seio dessa eventual coligação, mesmo que, se vencedor das eleições, guardasse para si o cargo de chefe do governo: uma partilha insuportável e que também iria causar enorme incomodidade na possível apresentação de um candidato “federador” da esquerda nas próximas eleições presidenciais.
Será pois ao PS que a solução “bloco central” menos interessa, o que poderá trazer consigo a solução, caso vença as eleições, de governo homógeneo com acordos à esquerda e à direita. Tarefa que me parece inglória, pois a mais ninguém convirá. A começar pelo próprio Presidente da República. Novas eleições legislativas após as presidenciais? Em função do panorama, parece-me uma hipótese a ter em conta...
Ora nada disto convém ao PS. Em primeiro lugar porque, embora partido vocacionado para governar, se “aguenta” um pouco melhor - talvez graças a um corpo doutrinário e ideológico ab initio mais sólido - fora do poder do que o PSD, necessitando menos dele a qualquer preço. Em segundo lugar porque os partidos à sua esquerda são bem mais fortes eleitoral e socialmente (influência no mundo do trabalho e capacidade mobilizadora) do que o CDS, revelando e o “Bloco de Esquerda” um grande dinamismo e capacidade de aglutinação quer dos mais jovens e “desalinhados” quer de algum eleitorado tradicional do PS. Em terceiro lugar porque essa eventual partilha de governo com o PSD iria gerar enormes tensões dentro das estruturas do partido, a começar no “soarismo”, ameaçando a sua solidez no apoio a essa solução e ao secretário - geral José Sócratres. Por fim, a presença de Cavaco Silva como elemento aglutinador e estabilizador, mas também catalizador dessa solução, traria consigo uma enorme perda da importância do PS no seio dessa eventual coligação, mesmo que, se vencedor das eleições, guardasse para si o cargo de chefe do governo: uma partilha insuportável e que também iria causar enorme incomodidade na possível apresentação de um candidato “federador” da esquerda nas próximas eleições presidenciais.
Será pois ao PS que a solução “bloco central” menos interessa, o que poderá trazer consigo a solução, caso vença as eleições, de governo homógeneo com acordos à esquerda e à direita. Tarefa que me parece inglória, pois a mais ninguém convirá. A começar pelo próprio Presidente da República. Novas eleições legislativas após as presidenciais? Em função do panorama, parece-me uma hipótese a ter em conta...
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