domingo, setembro 20, 2009

José Pacheco Pereira e a estratégia pós-eleitoral do PSD

Não sei se no período pós-eleitoral se irão ou não conhecer alguns factos que possam comprometer o primeiro-ministro em actividades ilícitas ou ilegais em que ele ou a sua governação tenham estado envolvidos. Se esses ilícitos existem, apenas posso pretender, ao contrário do acontecido até aqui, sejam deles dadas provas inequívocas e o país saiba disso tirar todas as devidas consequências. Mas entretanto, este “post” José Pacheco Pereira, limitando-se, à boa maneira totalitária e estalinista, a lançar suspeições sobre uma série acontecimentos passados, parece constituir todo ele, para além de um desejo inequívoco, um programa de acção do PSD para esse período pós-eleitoral, quer José Sócrates continue primeiro-ministro, quer Ferreira Leite não consiga governar com maioria absoluta mesmo que em coligação com o CDS: continuar a fazer sair para os “media” notícias que possam ir “cozinhando” um PS, fragilizado por uma maioria apenas relativa ou por uma derrota eleitoral, em lume mais ou menos brando e com isso criar as condições necessárias para levar um Cavaco Silva conivente a dissolver a Assembleia da República e convocar um novo acto eleitoral que poderia, em conjuntura de escândalo político envolvendo o PS, dar a vitória ou a desejada maioria absoluta ao PSD (som ou sem CDS).

Já agora acrescento... Ao contrário do que afirma JPP, não é por não querer perturbar o período eleitoral que Cavaco Silva não se pronuncia sobre o caso Fernando Lima. Tal acontece apenas porque, dissesse o PR o que dissesse, isso apenas o poderia prejudicar, e por extensão ao PSD, neste momento. Que pode dizer Cavaco Silva? Que suspeitava de escutas e que, em vez de utilizar, legitimamente, os poderes que o cargo lhe confere, resolveu entrar numa conspiração contra o primeiro-ministro utilizando para tal os serviços de um assessor de imprensa e de um jornal simpatizante? Demitir Fernando Lima - desde sempre um dos seus - transformando-o em “bode expiatório” e saindo, no mínimo, chamuscado? Apresentar agora, dezassete meses depois, queixa na Procuradoria Geral da República? É em função disto mesmo que Cavaco Silva opta pelo quase-silêncio, lançando para a comunicação social meias-frases que vão alimentando a suspeição e ganhando tempo para que possa actuar de modo diverso em função de resultados eleitorais favoráveis ou desfavoráveis. É que nenhum de nós é ingénuo, Senhor Presidente. Nem burro, ao contrário do que JPP, um homem inteligente mas que parece querer actuar apenas como o esperto de serviço, possa pensar!

4 comentários:

Rui disse...

Caro JC;

A pouco e pouco, você vai-me dando razão... O seu professor não é tão ingénuo como muita gente julga.O seu comentário, que é muito bem visto, põe a nu alguem que gosta de passar por aquilo que na realidade não é...Sem surpresa para mim. Quanto a PP, estou farto e já não dou para esse peditório. Irrita-me!

JC disse...

Pois olhe, apesar de nunca ter sido "cavaquista" (mas apenas por discordância política: que reformas essenciais fez ele para além de algumas privatizações? Abriu a TV aos privados, devemos-lhe isso de positivo), tinha dele opinião de pessoa honesta e íntegra. Era mau professor (didacticamente falando), embora fosse um economista competente. Mas sempre aparentou, enquanto professor, essa integridade. Eu e os meus colegas tinhamos por ele respeito, embora discordasse dele. Mas tive 12 a Finanças Públicas, uma nota bem "honesta" para o forretice habitual nele.
Cumprimentos

Rui disse...

Afinal lá se optou pelo skape goat...Se calhar o seu professor leu a prosa do aluno e resolveu contrariar-lhe a análise. Será que o Sr. David Cornwell (John le Carré)vai-se inspirar neste episódio, para escrever um novo romance? Acho que não porque isto cheira mais a telenovela, com tiques mexicanos...

P.S. Há alguem que por acaso me saiba dizer se o PR estava a ser espiado ou se tudo não passou de uma invenção do Sr. Lima? Não é que eu esteja muito interessado neste episódio carnavalesco, mas já agora ficava a saber...

JC disse...

Tudo isto é triste e demasiado grave, caro Rui. Por favor, leia o meu "post" seguinte.