Interessante constatar que a argumentação de comentadores, jornalistas e políticos ligados ao PSD e à Presidência da República no caso da demissão do assessor Fernando Lima não difere muito daquela que estávamos habituados a escutar a militantes e simpatizantes do PCP sobre a URSS e países da sua órbita: "não conhecemos todos os factos, haverá certamente razões ponderosas que ignoramos e que serão esclarecidas a devido tempo, é inoportuno falar para já sobre o assunto, a estatura das pessoas em questão leva a crer não teriam este tipo de actuação se algo de muito grave não estivesse em causa", etc, etc. Sabemos como tudo acabou...
Já agora: para essas mesmas pessoas Cavaco Silva é personalidade acima de toda e qualquer suspeita, pessoa de elevada estatura moral, político exemplar, presidente isento na sua actuação, cidadão de excepção. Poderá ser isso tudo (e já vimos que, no mínimo, algumas fragilidades políticas terá), mas este tipo de elogios e culto da personalidade remete-nos bem mais para um passado já distante, para regimes e regiões do mundo que queremos nos sejam estranhos e não para os que se reconhecem na democracia e liberdade.
Já agora: para essas mesmas pessoas Cavaco Silva é personalidade acima de toda e qualquer suspeita, pessoa de elevada estatura moral, político exemplar, presidente isento na sua actuação, cidadão de excepção. Poderá ser isso tudo (e já vimos que, no mínimo, algumas fragilidades políticas terá), mas este tipo de elogios e culto da personalidade remete-nos bem mais para um passado já distante, para regimes e regiões do mundo que queremos nos sejam estranhos e não para os que se reconhecem na democracia e liberdade.
3 comentários:
Meu caro JC,
Apesar de me ter demitido há muito da vida política, deste pobre país à beira mar plantado (de que todos somos responsáveis pelo seu futuro sempre adiado), compartilho consigo a angustia que este caso provoca. Realmente, fomos levados para uma zona perigosa, a roçar uma Twilight Zone, muito caseira e de contornos pacóvios e provincianos. É que para se ser maquiavélico na política, é preciso como em tudo, ter os skills indispensáveis, sendo fundamental ter uma cultura palaciana e não essencialmente rural.... Isto de ser artista é para quem pode e não para quem quer...Por isso, é que esta opereta a que penosamente estamos a assistir daria assim, vontade de rir a artistas da arte de intrigar, vindo-me à memória a elegância do primeiro ministro de Luis XIII, Armand Jean du Plessis, Cardeal de Richelieu...
Por isso e no momento em que se está prestes a gritar que o rei vai nu, não vejo outra solução a não ser a da saída pelos bafonds do Palácio. A ver vamos.
Já agora: Como você é um homem frontal e sem medos, "bote" aqui os nomes dos "comentadores, jornalistas e políticos ligados ao PSD e à Presidência da República".
Para que fique tudo bem claro e não suceptivel de especulações.
E já agora, ainda:
Porque é que o Sr. Lima só agora foi demitido? Porque é que o PR não o despediu em Agosto? Eu desconfio que a resposta pode estar relacionada com o facto de ter havido uma má percepção da dimesão que o caso podia tomar e erradamente optou-se por varrer para debaixo do tapete...
Será legitimo concluir, mesmo que o Sr. Lima venha agora dizer que todo o embroglio foi da sua exclusiva responsabilidade, que ninguem vai acreditar?
Já citei as irmãs Avillez em "post" seguinte. Acrescento o advogado Jorge Neto, que vislumbrei ontem na TV. Outros a memória não reteve: não merecem!
Já agora. A sua opinião de que terá havido uma incorrecta percepção da dimensão que o caso viria a tomar, não sei se é correcta, mas faz algum sentido. Olhe, é como quando fazemos a apresentação nas empresas de business plans, mktg plans, PLs, etc. Os números podem por vezes não ser totalmente rigorosos; mas desde que façam sentido talvez ninguém dê por isso...
Enviar um comentário