Sobre as alegadas escutas denunciadas por seus assessores, que a acontecerem seriam de extrema gravidade para o Estado de Direito, Cavaco Silva não se pronuncia para não distrair os portugueses. Sobre as pressões sobre Alexandre Relvas, anunciadas por um militante de sempre do PSD, Jorge Bleck, idem. Em relação a Manuel Dias Loureiro, por si nomeado para o Conselho de Estado, manteve a confiança política muito para além dos limites do sustentável (e suportável). Na sua visita à Região Autónoma da Madeira não se lhe ouviu uma palavra sobre o papel que Alberto João Jardim reservou para a oposição, atentatório dos mais elementares princípios democráticos. No meio de tudo isto, há ainda uma ridícula história de um enfermeiro despeitado por quem o Presidente resolve intervir ao arrepio do bom senso, exorbitando das suas funções e atropelando as de outros.
Contudo, agora, no caso do Jornal Nacional da TVI, quando teria sido bem mais sensato e prudente informar-se previamente junto do primeiro-ministro e da Media Capital, mover discretamente as influências que eventualmente houvesse para mover na salvaguarda de uma liberdade de informação hipoteticamente ameaçada, não resistiu a pronunciar-se publicamente exprimindo o desejo de que essa mesma liberdade de informação não estivesse em causa, esquecendo-se de que, como garante da constituição da República que a consagra, lhe compete a ele, em última análise, zelar pelo seu cumprimento e não interrogar-se publicamente sobre hipóteses, aumentando o ruído e a especulação mediática, neste caso parecendo já não se importar com a distracção dos portugueses.
Contudo, agora, no caso do Jornal Nacional da TVI, quando teria sido bem mais sensato e prudente informar-se previamente junto do primeiro-ministro e da Media Capital, mover discretamente as influências que eventualmente houvesse para mover na salvaguarda de uma liberdade de informação hipoteticamente ameaçada, não resistiu a pronunciar-se publicamente exprimindo o desejo de que essa mesma liberdade de informação não estivesse em causa, esquecendo-se de que, como garante da constituição da República que a consagra, lhe compete a ele, em última análise, zelar pelo seu cumprimento e não interrogar-se publicamente sobre hipóteses, aumentando o ruído e a especulação mediática, neste caso parecendo já não se importar com a distracção dos portugueses.
Mas, apetece-me agora perguntar, será que ainda existe um português, um cidadão, um eleitor, que não tivesse percebido qual o papel que Cavaco Silva quis assumir para si de há uns largos meses a esta parte? Sejamos claros: qual presidente de empresa descontente com a prestação do seu director-geral, Cavaco Silva resolveu há muito despedi-lo. Pois claro, mas existe, a nível das funções políticas do Estado, esse “pequeno” pormenor chamado democracia. Muito bem: tendo já contratado um sucessor para a função, Cavaco Silva precisa que o voto dos portugueses legitimize essa sua escolha. Digamos que, no mínimo, o seu papel tem sido dar uma boa ajuda para que isso aconteça: fritando o actual titular do cargo em lume mais ou menos brando; lançando-lhe cascas de banana; fazendo-lhe, mesmo que através de terceiros, a vida num inferno; expondo sem pudor algumas fragilidades mais ou menos conhecidas. Dog eat dog, pois claro. Baixa política pura e dura.
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