Documentário da BBC sobre a vida do rei George VI
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
"The King's Speech" - o verdadeiro
O rei George VI dirige-se aos povos do Império Britânico no dia 3 de Setembro de 1939
"Somewhere"
A menina Coppola, de quem sou seguidor atento e admirador entusiasta desde “The Suicide Virgins”, acaba de me desiludir. “Somewhere” pouco mais é do que a história, já mil vezes repetida, do pai rico, fútil e mulherengo (neste caso, estrela de cinema), ausente como é de regras nestas coisas, a quem uns dias na companhia da sua filha “preteen” revelam o absurdo e o vazio dessa sua própria existência. Claro que Coppola (Sofia) consegue filmar tal coisa com simultâneos distanciamento e sensibilidade para não se tornar lamechas, mas, que raio!, também não estamos nos estúdios da Disney! Duas notas:
- Nunca me lembraria de beber “Chateau Pétrus” (está lá a garrafa e o rótulo é como o algodão, não engana) com duas “gajas” a fazer “dança de varão” à minha frente. Aliás, com ou sem “dança de varão”, nunca bebi “Chateau Pétrus”, e disso tenho mesmo pena.
- Em tempo de Oscares, a cena da entrega de prémios em Itália, ao bom estilo super/hiper “possidónio” dos “Globos de Oiro” da SIC , é de um enorme e valentíssimo gozo.
domingo, fevereiro 27, 2011
No regresso de um jogo sofrido
Duas notas:
- Poucas vezes tenho visto um central do SLB exibir-se tão mal, perante tão pouco trabalho, como aconteceu hoje com Jardel. De uma lentidão exasperante (parecia que tinha chumbo nos pés...), hesitante, sem perceber o que tinha que fazer nos movimentos defensivos da equipa. Parafraseando o Jorge Jesus da época passada, quando se referia à equipa, terá, não que jogar o dobro, mas de multiplicar esse número várias vezes.
- Quase 55 000 pessoas num jogo com o Marítimo quando o campeonato está quase perdido. Quem, durante anos, deixou este enorme potencial adormecido não merece perdão.
"When I Woke Up This Morning" - original blues classics (29)
Soares dos Santos e Ricardo Salgado: o contraste
Estamos aqui, nestas duas intervenções públicas, claramente perante duas metodologias de afirmação de poder e de defesa dos respectivos interesses, talvez estabelecidas pelas diferentes origens de cada um dos grupos (comercial e posteriormente também industrial, no caso da JM, e financeira, no caso do GES): uma, mais burguesa, que se pretende afirmar pelo “soundbite”, confrontação e arruaça, fazendo apelo às pulsões sociais populistas; outra, de raiz aristocrática, que joga na influência discreta, na cooperação com o poder político, na rede estabelecida de relacionamentos sociais e no desenvolvimento de negócios em parceria com o Estado, tendo sabido, de modo inteligente, percorrer o longo caminho entre a prosperidade à sombra da ditadura colonial de Salazar e Caetano e a reafirmação no Estado Democrático membro de pleno direito da UE. Em função disto, não será surpresa que, dos grandes grupos económicos anteriores ao 25 de Abril, tenha sido o GES aquele que melhor se adaptou à mudança e mais influente se tornou no Portugal democrático e europeu do século XXI.
Independentemente da opinião de cada um – e elas existirão para todos os gostos, favoráveis e desfavoráveis – um verdadeiro “case study” ao cuidado dos historiadores.
sábado, fevereiro 26, 2011
"Shindig" - British Invasion (1)
1. Herman's Hermits - "Can't You Hear My Heartbeat"
2. Peter & Gordon - "I Go To Pieces"
3. Billy J. Kramer & The Dakotas - "Trains & Boats & Planes"
sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Desta vez a PSP até consegue ter razão...
Esta notícia põe, de facto, o dedo na ferida (ou nas feridas) de um dos problemas mais inexplicáveis deste país:
- O facto de uma boa parte da legislação não ser aplicada.
- O facto de não se entender muito bem (nem muito mal) como umas dezenas ou centenas destes energúmenos não são efectivamente impedidos de frequentar os estádios, o que seria uma medida (parece-me) muito fácil de aplicar.
Inglaterra teve um muito mais sério problema de “hooliganismo” nos anos 80 e 90. Resolveu-o e hoje o futebol é um espectáculo para famílias. Sendo os jogos mais importantes da Premiership transmitidos para Portugal, digam-me se já alguém assistiu a cenas como a aqui descrita.
Claro que também me parece que a PSP terá alguma responsabilidade no assunto, já que aquelas manifestações de fanfarronice e exibição gratuita de poder nas televisões na véspera dos jogos que ela própria classifica como de “alto risco” me parecem completamente despropositadas e contraproducentes. Parecem-se sempre mais com más acções de relações públicas do que com informação com qualquer intuito dissuasor. O mesmo devo dizer do modo como são permitidos os “ajuntamentos” das claques e a sua condução aos estádios, algo a que nunca assisti em Inglaterra, por exemplo, onde inclusivamente aquelas mega-bandeiras e tarjas estão proibidas. Se o sistema utilizado é este há muitos anos, sem resultados práticos, já deveria ter sido modificado, ou não será assim? Mas tem razão a PSP ao perguntar porque não é a legislação aplicada.
Por último: este é um caso paradigmático de que não é necessário inventar a roda. Basta ver como se fez em Inglaterra (e não só) e copiar, adaptando. Assim haja vontade política.
História(s) da Música Popular (176)
The Ivy League - "Running Round In Circles"
Carter & Lewis (VII)
Último “single” da Ivy League do qual vale a pena falar é este “Running Round In Circles”/ “Rain Rain Go Away”, aparecido em 1966 e antes de Carter & Lewis se terem dedicado a outras vidas. De qualquer modo, falo em termos de gosto pessoal já que o sucesso do disco foi muito relativo, para não dizer quase inexistente. E sim, concordo com Perry Ford (o terceiro membro da Ivy League e co-autor de ambos os temas do “single”) quando afirmou: “To this day I can’t work out why that one wasn’t a hit... it had everything”. E como quando o povo não vota em nós não se pode mudar o povo...
A "atitude"
É isso que acontece com agora com o SLB. Depois de um início de época em que a equipa parecia, como por aqui fui afirmando, um pouco “lost in translation” (foi a expressão que usei), perdida entre dois modelos, por inadaptação de jogadores como Gaitán e Jara a princípios e modelo “importados” da época passada, por “desconfiança” simultânea em a equipa assumir sem medo as transições ofensivas rápidas por via da insegurança demonstrada, nas suas costas, por Roberto, individualmente e na sua relação com os jogadores à sua frente, parecendo com isso revelar pouca “atitude”, a adaptação destes jogadores e a consistência acrescida trazida por Salvio a estes princípios e modelo permitiram que a equipa se sinta hoje muito mais confortável na sua pele, fazendo crer que a sua “atitude”, colectiva e individualmente considerada, terá mudado. Nada disso: ao sentir-se finalmente confortável no modo como joga, tudo se torna mais fluído, o que se reflecte no acréscimo dos valores de confiança demonstrados. Não foram, portanto, a “garra”, o “querer” ou a “vontade de ganhar” que mudaram; mas, se virmos bem e com “olhos de ver”, algo que tem muito mais a ver com questões de carácter técnico, resultantes do trabalho efectuado nos treinos ao longo da época.
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
VFB - SLB (2)
O resto foi um jogo sem história, mas acrescento que finalmente Jorge Jesus justificou o epíteto de "mestre da táctica"
VFB - SLB (1)
"Shutter Island", de Martin Scorsese, amanhã no TVCine 1 pelas 21.00h
"Shutter Island" - trailer
Fica aqui o que escrevi quando da estreia do filme em Portugal.
O voluntarismo de Daniel Oliveira e um dos dramas da sociedade portuguesa
Estou a falar do Bloco de Esquerda, do PCP e dos muitos eleitores e militantes do PS que ainda acreditam que o poder pode ser mais do que gestor da desgraça. Estou a falar dos sindicatos, dos movimentos sociais, de quem tem espaço na comunicação social.”
Este pensamento de Daniel Oliveira, que embora sendo militante do “Bloco de Esquerda” (digamos em seu abono que pouco "ortodoxo"), tenho como democrata sincero e empenhado, constitui, de facto, um dos dramas da sociedade portuguesa: a existência, à esquerda, de um grupo significativo de defensores das instituições democráticas que, honestamente, ainda pensam qualquer acordo alargado (a velha “frente”...) que inclua o PCP, o BE e o actual sindicalismo conservador pode constituir uma alternativa democrática, não radical, solidária e modernizadora da sociedade portuguesa. Mais ainda, que é estrategicamente possível, para além de iniciativas tácticas localizadas, qualquer aliança entre o PCP, “vanguarda da classe operária”, e o BE ou quaisquer outras “forças” sem a hegemonia de quem se assume como “vanguarda” da classe a quem cabe um um papel histórico no derrube do capitalismo. Pior, que tal coisa é possível no quadro da UE ou não implicando o abandono desta, com todas as suas consequências.
Na realidade, as propostas voluntaristas de Daniel Oliveira, pela sua inexequibilidade já por várias vezes provada, muitas delas de forma trágica, acabam por demonstrar exactamente o contrário do que ele pretende: não existe qualquer alternativa democrática não radical e, portanto, não anti-capitalista (e o capitalismo é condição sine qua non da democracia política, note-se), modernizadora da sociedade portuguesa, geradora a prazo de maior justiça social (mesmo que com o dramático sacrifício actual de uma geração) que possa ser protagonizada pelo PCP, BE e o actual sindicalismo. Trazer quem neles se revê e acredita em soluções por si protagonizadas para o campo da democracia liberal e da economia baseada na livre iniciativa, lutando, neste campo gerador de desigualdades, por uma sociedade mais justa e solidária, mais aberta e tolerante, mais igual apesar das desigualdades que necessariamente gera, é uma tarefa de todos os que se revêm na democracia e no progresso social. Assim sendo, espero um dia seja possível dar as boas-vindas ao Daniel Oliveira. Digamos que já estivemos mais longe...
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
"Parole, parole"...
terça-feira, fevereiro 22, 2011
"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (5)
The Callahan Brothers - "Rounder's Luck" (Rising Sun Blues) - 1935
Uma das primeiras gravações conhecidas do tema "The House Of The Rising Sun"
A versão de Doc Watson e Clarence Ashley
(Esta gravação é dos anos 60, mas Watson e Ashley gravaram o tema pela 1ª vez em 1934)
A versão de referência dos Animals (ainda com Alan Price no orgão) - 1964
As revoltas árabes e a disparatada comparação com queda das ditaduras ibéricas e do "Muro de Berlim"
Acho não vou dizer nada de novo, mas nunca é demais repetir...
Vejo por aí escrito e falado que o que se passa em alguns países árabes tem semelhanças com a queda do “Muro de Berlim” ou das ditaduras ibéricas e grega. Um disparate!
Em primeiro lugar porque, no caso da queda das ditaduras europeias ,estamos na presença de sociedades industriais ou, até, no limiar do pós-industrialismo, com sectores de serviços já importantes. De sociedades burguesas, com classes médias, mesmo que empobrecidas como acontecia em algumas ditaduras do leste europeu, dominantes e influentes. De países onde o “iluminismo” e os ideais da Revolução Francesa tinham feito o seu caminho e a separação entre a igreja e o Estado era uma questão pacificamente aceite. Que, alguma vez na sua História, já tinham vivido (pelo menos a sua grande maioria) sob regimes de parlamentarismo liberal e constitucional. Onde existiam partidos e organizações políticas oposicionistas (mesmo que embrionárias), algumas delas relativamente toleradas (em Portugal, para além do PCP, um embrionário PS, a chamada “ala liberal” e, tal como em Espanha, um influente movimento católico e “tecnocrático” adepto da “abertura”). De países que nunca tinham vivido sob o domínio colonial e onde as estruturas do Estado eram desde há muito sólidas. De Estados que integravam algumas organizações internacionais onde o ocidente e as democracias eram dominantes (EFTA, NATO, OCDE). De sociedades cristianizadas e, de um modo geral, onde a influência romana se fez sentir. Mesmo no caso da oriental Turquia, maioritariamente muçulmana e onde a democracia e a laicidade do Estado estão longe de ser dados adquiridos, não poderemos esquecer que o Império Otomano foi, durante séculos, um potência europeia. Não valerá a pena continuar – acho – neste jogo de “descubra as diferenças”.
Significa isto que os países árabes agora em convulsão não poderão aspirar a viver sob regimes menos autocráticos, mais liberais e onde os direitos humanos sejam tratados com outro respeito? Claro que sim, poderão fazê-lo e espero que o façam. Mas, em função do que acima escrevi, já me parece bem mais complicado que, no curto ou médio prazo, democracias plenas ou, no mínimo, “à turca” consigam fazer o seu caminho. De qualquer modo, comparar o que se passa no Egipto, Tunísia, Líbia, Iémen e o que se possa seguir com a queda das ditaduras ibéricas ou do “Muro de Berlim” parece-me um enorme disparate histórico e político. Por muito que tal me, e nos, custe.
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Depois do "derby" - breves notas despretensiosas
- Diferença demasiado grande de orçamentos, logo de jogadores. O vencedor do campeonato será cada vez mais uma questão a dois. Em Espanha é igual.
- Pelo seu modelo de jogo, privilegiando as transições muito rápidas, o SLB tem, nestes jogos contra equipas mais perto do seu nível, dificuldade em ter bola. Isso sobrecarrega a sua defesa, obrigando-a a cometer muitas faltas com os subsequentes cartões. Tal como no Porto, acabou a jogar com dez.
- Boa arbitragem, se descontarmos o habitual excesso de cartões mostrados nos jogos aqui do "rectângulo". Mas, mesmo aí, o árbitro foi coerente.
- Luisão é um jogador muito diferente de Humberto Coelho. Mas tal com acontecia com este último, ao seu lado qualquer "perna de pau" joga bem. E nem David Luiz, nem Sidnei nem Jardel são tal coisa: são todos bons jogadores.
- Estava com medo do espaço atrás da última linha defensiva do SLB, contra jogadores rápidos como Yannick ou Matias, ou móveis como Postiga. A solução foi o "fora de jogo". Muito bem.
- SLB foi sempre melhor equipa. Mas acabou por ter a sorte do jogo. "Audaces fortuna juvat".
- Com estes maus resultados em período eleitoral, espero os sócios do SCP resistam à tentação do populismo. Se considerarmos o seu orçamento, a equipa está no lugar que lhe compete e a distância compatível. Não há milagres.
"Só Dylan é Dylan" - homenagem a "Em Órbita" (´4)
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Bob Dylan - "Boots Of Spanish Leather"
Antes do "derby" - onde se fala de "brand equity" de SCP e SLB
Bom, várias pessoas me têm afirmado que, estando os dois primeiros lugares praticamente atribuídos, e pela ordem actual (não é crível que o SLB, mesmo ganhando daqui a pouco, possa recuperar oito pontos de atraso em relação ao FCP, como também não parece possível que o SCP faça o mesmo aos 12 pontos de atraso do SLB), deveria o meu “glorioso” concentrar esforços na Liga Europa, refrescando hoje a equipa, já que o jogo com o VFB é já na próxima 5ª feira, joga-se “fora” e o resultado da 1ª mão não deixa ninguém descansado. Mandaria alguma lógica que assim fosse, mas, para os tais valores não tangíveis que a marca SLB projecta (a referida “brand equity”), tal teria como consequência uma sua tremenda desvalorização, com todas as implicações previsíveis na capacidade do clube e da equipa para gerar valor no futuro próximo (desvalorização dos seus activos, diminuição da assistência aos próximos jogos da Liga, receitas de “merchandising”, etc.). E isso, claro, sem qualquer garantia sólida de que um bom resultado na Liga Europa, que nunca poderia ser menos do que jogar a respectiva final, pudesse inverter a situação.
Admito tal poderia ser aceitável, por exemplo, em vésperas de uma final ou 2ª mão de uma ½ final da CL ou da Liga Europa. Não o é quando estamos apenas nos 1/16 avos de final e matematicamente o campeonato ainda é possível.
"The Lost Prince" (1)
O “Gato Maltês” inicia hoje a reposição da da série da BBC, dirigida por Stephen Poliakoff, “The Lost Prince”, que narra a curta e trágica vida (sofria de epilepsia e, ao que tudo indica, de autismo) do príncipe John (1905-1919), filho mais novo de George V e da rainha Mary, irmão de Eduardo VIII e George VI e, portanto, tio da actual rainha Elizabeth (uma curiosidade: o rei D. Carlos de Portugal foi um dos seus padrinhos de baptismo). Duas excelentes razões para o fazer, neste momento, para além da sua excelente qualidade:
- Em primeiro lugar porque existe agora disponível uma versão com legendas em inglês, o que torna bem mais fácil o seu acompanhamento por quem tem dificuldades em perceber o inglês falado (mesmo o chamado “received english”).
- Em segundo lugar, e mais importante, a exibição nos cinemas de “The King’s Speech”, com a provável conquista de alguns oscares, torna quase obrigatório o visionamento da série de Poliakoff para que seja possível uma comparação entre os dois “modelos” de abordagem - o de série de TV e o cinematográfico – já que ambos decorrem no mesmo ambiente, com uma mesma família (a família real britânica), apenas com o intervalo de uma geração (final do reinado de Eduardo VII e início do de George V, na série, e final do reinado de George V e início dos de Eduardo VIII – curtíssimo – e George VI) e abordando situações de disfuncionalidade e adaptação ao mundo e meio onde nasceram de dois dos seus membros (embora num dos casos, o do príncipe John, bem mais grave do que no outro).
Não perca!
Ainda as afirmações de Alexandre Soares dos Santos: uma reflexão política
Mas é ainda algo mais: tal como aconteceu no já longínquo episódio da ida de Belmiro de Azevedo à Assembleia da República, aberta de propósito para que pudesse estar presente, estamos perante mais um episódio de ataque aos políticos e à política, neste caso, curiosamente, protagonizado por quem, independentemente dos méritos demonstrados e da sua capacidade empreendedora, que certamente terá, viu o seu “core business” beneficiado por um modelo de desenvolvimento que privilegiou a grande distribuição e o mercado interno em prejuízo dos (agora tão em voga) bens transacionáveis e da exportação.
Não será portanto estranho o entusiasmo e louvor, explícito ou implícito, com que o episódio foi recebido pelos arautos do ultra-liberalismo – através de “blogues” e “media” respectivos, principalmente os dedicados às questões de carácter económico -, partidários de um estado minimalista - reduzido às suas funções essenciais - da desregulação dos mercados e de uma diluição do Estado Social, substituídas grande parte das suas funções por um modelo assistencialista fundamentalmente assegurado por instituições de carácter privado. Mais: deste modo defensores, “à outrance”, do domínio quase absoluto de um poder empresarial não eleito em detrimento de um poder político democrático regulador da livre iniciativa e com um papel activo na igualdade de oportunidades e na correcção das desigualdades sociais.
Mais difícil de entender será o silencio conivente de muitos outros, que na esquerda radical ou no centro-direita democrata-cristão, bem como no primado do político e do Estado-Social, se reconhecem. Desse silêncio apenas se deve tirar uma conclusão: o que para eles é, acima de tudo, fundamental é “bater no Sócrates”, mesmo que para tal seja necessário recorrer ao mais profundo desrespeito pelos princípios orientadores da democracia, pelos valores ideológicos que defendem, pela ética e pelo debate político civilizado (já agora, pela boa educação). Assim sendo, depois, quando lhes tocar pela porta, espero não venham por aí queixar-se.
domingo, fevereiro 20, 2011
"Portugal vai ter um gabinete dedicado exclusivamente a apoiar, dinamizar e criar redes que permitam exportar a música portuguesa" (2)
Sugestão nº 2: João Domingos Bomtempo - Sinfonia nº 2 em Ré Maior.
3º andamento (Minuetto-Allegro)
Orquestra Sinfónica de Bamberg dirigida por Claudio Scimone
sábado, fevereiro 19, 2011
Dos salários dos gestores públicos
Já agora: como se pretendia limitar o salário dos gestores públicos ao do Presidente da República, aproveito para esclarecer que os titulares de orgãos de soberania são mal pagos, e não apenas em Portugal. Porquê? Porque tradicionalmente tais lugares eram ocupados por pessoas oriundas das classes mais abastadas – as que se dedicavam à política – que, por essa razão, não eram atraídas para as funções de Estado pelo salário oferecido nem esperavam dele vir a viver. Talvez não fosse má ideia rever o assunto.
Do cidadão Armando Vara
A moção" do "Bloco" e o seu texto
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
A Alexandre Soares dos Santos recomenda-se contenção na linguagem.
O que me parece é que este comportamento de Soares dos Santos, enquadrando as já habituais queixas ouvidas sobre a falta de apoio do governo português aos empresários, em contraste com o que – segundo ele – se passa na Polónia, onde o grupo JM tem actividade relevante, só demonstra, uma vez mais, a razão dos que assinalam a falta de preparação e profissionalismo tantas vezes atribuída aos empresários portugueses, bem como a sua tradicional dependência estatal. Também uma enorme ausência de cultura democrática. Melhor serviço prestado a PCP e BE seria difícil imaginar.
Tudo isto é lamentável e, de facto, retrato, não de uma geração "rasca", mas de um país demasiado rasca.
Pensamentos do dia (e nem sequer muito profundos...)
- O posicionamento central do Partido Socialista, com dois partidos colocados à sua direita e dois à sua (vamos lá...) esquerda, coloca o PS sob o chamado “efeito de tenaz” – fatal na estratégia militar, por exemplo. Mas disso pouco mais pode resultar do que uma acção de desgaste, já que o radicalismo destes últimos, se impossibilita qualquer hipótese de governo de coligação à esquerda, também torna quase praticamente inviável a queda de um governo minoritário do PS por efeito conjugado da votação de uma moção de censura. Resta apenas “bomba atómica” da dissolução, que um Presidente da República, qualquer que seja, apenas utilizará em circunstâncias extremas e seguras.
- Se o PSD se decidir pelo voto contra no orçamento de Estado para 2012, que farão PCP e Bloco?
- Devia o governo apresentar uma “moção de confiança”? Então o que foi a aprovação do orçamento de Estado?
- Não sei se são os programas do tipo “Trio de Ataque” e “Dia Seguinte” que influenciam o modo como se discute futebol em Portugal se são eles próprios efeito e não causa. Recorrendo a Marx diria que existe uma relação dialética. Como o resultado é deprimente, maldita dialética!
- Dos candidatos aos Oscares, já vi “A Rede Social” e “O Discurso do Rei”. Tenho hesitado em ver “O Cisne Negro”. Tendo em atenção o relativo desinteresse dos dois filmes já vistos, a autêntica chatice que é o primeiro deles e o facto de não gostar de bailado clássico, que querem? Que seja masoquista? Pode ser que no fim de semana me decida pelo dos irmãos Coen (“Indomável”). Ou então ao diabo os Oscares e fico mas é à espera do último da menina Coppola (“Somewhere”).
Tango aus Berlin (12)
Marek Weber Orchester c/ o vocalista John Hendrik - "Jüdischer Tango: Ich hab' kein Heimatland"
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Porque é Jorge Jesus tão teimoso?
"Portugal vai ter um gabinete dedicado exclusivamente a apoiar, dinamizar e criar redes que permitam exportar a música portuguesa"
Sugestão nº1: Carlos Seixas - Sinfonia p/ instrumentos de corda e baixo contínuo em Si bemol Maior.
The Norwegian Baroque Orchestra
Direction - Ketil Haugsand
1. Allegro 2. Adagio 3. Minuet: Allegro
Portugal: "ranking" da UEFA e dinheiro movimentado em transferências
Conclusões? Existem, de facto, alguns bons resultados (mesmo, aqui e ali, excelentes)de equipas portuguesas nas competições europeias, mas, de um modo global e em termos médios, e se considerarmos o médio/longo prazo, as suas prestações pouco ou nada diferem do valor global dos fluxos financeiros gerados pela indústria em compras e vendas de jogadores. Embora não estejamos aqui a considerar o valor total das receitas geradas (embora esteja em crer tal não modificaria demasiado este quadro), o que temos é indicador suficiente para aconselhar alguma cautela e mais rigor aos senhores jornalistas da “bola” com os entusiasmos excessivos pelos êxitos ou com a cultura dos “pobrezinhos mas valentes”. Certo?
quarta-feira, fevereiro 16, 2011
Paulo Futre: o "trunfo" de Dias Ferreira
Veremos se depois de Santana Lopes e José Sócrates terem chegado ao lugar de primeiro-ministro, teremos pela primeira vez um presidente de clube eleito pela televisão...
O Governador e as bruxas
terça-feira, fevereiro 15, 2011
"The King's Speech": algumas das incorreções históricas mais notórias
- George VI (“Bertie”) não era tão anti-hitleriano como o filme deixa supor. Teria mesmo preferido que fosse Lord Halifax, um dos principais arautos do “apaziguamento”, a suceder a Neville Chamberlain como primeiro-ministro, e não Winston Churchill. De notar que grande parte da aristocracia britânica era pelo “apaziguamento” e nutria maiores ou menores simpatias por Hitler, visto como um inimigo do bolchevismo. Era esse o caso de dois dos irmãos do rei, David (Eduardo VIII) e “Georgie” (Duque de Kent), este morto num desastre de aviação, com um avião da RAF, durante a WWII. Razões para tal? Muitos dos “melhores filhos” da aristocracia tinham morrido ou ficado incapacitados na Grande Guerra; os comunistas tinham assassinado a família imperial russa (Nicolau II era primo direito de George V); e a greve geral de 1926 tinha constituído duro golpe e rude aviso para as “classes dominantes” da Grã-Bretanha.
- Churchill nunca forçou a abdicação de Eduardo VIII. Quem sempre o fez foi, isso sim, Stanley Baldwin. Compreende-se: era já um primeiro-ministro experiente quando a guerra com a Alemanha parecia inevitável e as notórias simpatias de Eduardo VIII e Wallis Simpson pelos nazis constituiam um séio embaraço.
- Baldwin não se demitiu por ser partidário do “apaziguamento”, mas por, digamos, cansaço depois de ter chefiado três gabinetes todos eles em ocasiões muito difíceis. Aliás, foi substituído por Neville Chamberlain, esse sim, o signatário dos acordos de Munique.
- As princesas Elizabeth (actual rainha) e Margaret seriam em 1939 bem mais crescidas do que o filme deixa supor. Elizabeth nasceu em 1926 e teria, portanto, 13 anos no início da WWII. Aliás, acabaria por servir como motorista e mecânico no WATS a partir de 1943.
Um agradecimento ao "Bloco de Esquerda" - ou, para ser mais exacto, ao papel que assumiu em defesa do regime e da democracia liberal
De facto, o BE veio ocupar um espaço político (o seu crescimento comprova-o) deixado vago pelo PCP com a dissolução do “proletariado urbano”, com a substituição das cinturas industriais por uma pequena burguesia suburbana e culturalmente autónoma e por aquilo que se pode chamar, embora de modo demasiado redutor, de deriva centrista do PS: um eleitorado mais jovem (mas nem sempre), pós-moderno e radical, relativamente marginal face ao “status quo”, demasiado liberal e individualista, desalinhado, para se reconhecer no conservadorismo tradicional, no monolitismo e ortodoxia comunistas ou na disciplina e cinzentismo dos grandes partidos de poder.
Foi portanto esta, e de modo muito genérico, a base de crescimento do BE, e cuja contestação ao regime ou puro e simples afastamento da política institucional o partido ajudou a enquadrar e institucionalizar, conduzindo-a ao “redil” do sistema (lembram-se da “ovelha negra” do PSR?) e forçando mesmo o PS a cedências em muitas das emergentes questões de “costumes”. Sem o enquadramento desses cidadãos, que o BE em “boa hora” levou a cabo, sem a institucionalização, que realizou, desse potencial de contestação, convenhamos que algumas das manifestações populares da crise poderiam (sabe-se lá?!...) assumir expressões e formas bem mais violentas e de difícil controle. O regime e todos nós, os que nos revemos numa democracia liberal e numa sociedade aberta e progressiva, não conservadora e cosmopolita, devemos ao “Bloco” este agradecimento; e o anúncio de apresentação da sua "moção de censura" nada mais representa do que mais um passo no cumprimento desta sua tarefa histórica. Malgré lui, provavelmente!
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
"The King's Speech"
Bom, mas acabarei sempre por dizer que entre a “maçadoria” de “A Rede Social” e um “The King’s Speech” que até acaba por nos emocionar um pouco, talvez porque todos conheçamos demasiado bem as personagens e o seu enquadramento histórico, apesar de tudo este ajuda-nos a passar o tempo sem enfado. Pouco para o tio Oscar? Sim, pero es lo que hay!
Nota final: deixo de lado as demasiadas, e infelizmente habituais, imprecisões históricas...
domingo, fevereiro 13, 2011
"Velvet Goldmine" (8)
Venus In Furs - "Ladytron"
Banda sonora de "Velvet Goldmine", de Todd Haynes (1998)
Deve este governo continuar a governar? Em que condições? (ou onde se fala também em coerência...)
- Quantos daqueles que agora criticam - com razão - o governo por não governar, por não efectuar as reformas necessárias, não juntaram a sua voz às reivindicações corporativas e à demagogia populista da “rua” quando Correia de Campos e Mª de Lurdes Rodrigues tentavam efectivamente governar e efectuar algumas das reformas necessárias contra os interesses instalados? Ou já se esqueceram da demagogia dos partos em Badajoz, dos bebés nascidos em ambulâncias, das pseudo-urgências à porta de casa, da gritaria contra as “aulas de substituição” e as “avaliações”?
- Quantos dos que agora criticam o “apego ao poder” de José Sócrates, o “governar apenas com o intuito de se manter no poder”, não criticaram asperamente António Guterres por ter abandonado o “pântano” e Durão Barroso por “ter arranjado um emprego melhor”? Manter-se no poder ou dele decidir abdicar, desde que cumpridas as leis e as regras da democracia, não será opção legítima de quem é poder? Não estão tais situações constitucionalmente previstas em todos os Estados democráticos? Mudar para um emprego melhor (ainda para mais, e neste caso, de prestígio internacional para o país) não é aquilo que normalmente fazem aqueles que têm essa opção? Ou em vez de bramarem contra o “árbitro”, não teria sido bem melhor o PSD ter eleito em congresso um número dois bem mais competente?
- Quantos daqueles que hoje odeiam Jorge Sampaio por ter demitido um governo (mais correctamente, dissolvido a Assembleia da República) de um primeiro-ministro não eleito e que nem no partido a que pertencia gerava apoios significativos gritam hoje histericamente contra Cavaco Silva por este não demitir um governo (bom ou mau, foi escolhido por quem o pode fazer) clara e democraticamente sufragado há cerca de ano e meio pelos cidadãos? (Isto mesmo que este, e quanto a mim mal, não se tenha mostrado capaz de formar uma coligação maioritária).
Conclusão? Embora eu sempre ache e sempre diga que demasiada coerência torna as pessoas previsíveis e mesmo umas grandes “chatas”, que raio!, mesmo assim há “serviços mínimos” a cumprir. O que acho eu? Que salvo circunstâncias excepcionais e por isso mesmo pouco ou nada previsíveis - dois exemplos: incapacidade do país se continuar a financiar em condições aceitáveis ou existência de uma onda de contestação e distúrbios nas ruas (sérios, não estou a falar das habituais greves da CGTP ou das manifs. da FENPROF daquele senhor de bigode) que torne o país ingovernável -, e na impossibilidade de aprovação de uma moção de censura na Assembleia da República (a “direita” e a “esquerda radical” muito dificilmente se unirão com esse propósito), o Presidente da República terá toda a legitimidade para dissolver a AR no caso do governo se revelar incapaz de cumprir aquilo com que se comprometeu perante os portugueses e para o qual contou com a aquiescência do principal partido da oposição: o orçamento para este ano. Ou seja incapaz de apresentar e fazer aprovar igual documento para 2012.
Vale? Estamos conversados?
sábado, fevereiro 12, 2011
Depois disto ainda há por aí quem ouse não gostar de "bola"?
12. 02.11 - Manchester United 2 - Manchester City 1 (2º golo do United, da autoria de Wayne Rooney)
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Zarzuela (2)
"La Verbena de la Paloma" (Tomás Bretón-Ricardo de la Vega)
"Donde vás con mantón de Manila?"
O SLB, a "Deloitte Football Money League" e as receitas de TV
Razões? Em primeiro lugar um contrato que é altamente lesivo dos interesses do clube e que muito pouco ou nada tem que ver com o real valor e importância deste em termos de audiências televisivas. Em segundo lugar, e muito, mas muito importante, com o facto de disputar um Liga com pouca ou nenhuma expressão internacional, o que condiciona muitíssimo a venda internacional das suas transmissões televisivas. Uma Liga que constitui, portanto, fato demasiado apertado para o potencial demonstrado pelo meu clube em gerar receitas que o tornem ainda mais competitivo em termos internacionais.
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
A moção
Duas coisas serão curiosas de analisar na moção de censura ao governo que o “Bloco de Esquerda” irá apresentar na Assembleia da República:
- Em primeiro lugar se a sua redacção será de molde a “piscar o olho” à direita parlamentar, única hipótese de a moção ter alguma eficácia e de deixar esta em maus lençóis face a uma sua mais do que provável abstenção, pelo menos da parte do PSD. Caso não o seja, optando o BE por uma formulação mais radical “à esquerda”, isso significa que o partido não tem qualquer intenção de derrubar o governo e apenas pretende “marcar a agenda política” e, assim, capitalizar o descontentamento popular face às medidas de austeridade. Passaria a ser uma questão apenas a dois, entre BE e PCP.
- Em segundo lugar ver qual a opção do PCP, que ou irá atrás do BE ou terá que se explicar muito bem aos seus militantes. E atenção: o PCP não costuma brincar em serviço. Mas, de facto, perdeu aqui a iniciativa política, embora o partido, pela sua própria natureza, costume recuperar bem destas situações de algum desconforto parlamentar.
Mas, para já, parece-me que será o PSD o partido mais incomodado com esta iniciativa “bloquista. Se optar pela mais do que provável abstenção desagrada ao anti-sócratismo mais populista e radical, que, quer queiram quer não, constitui, neste momento, uma boa parte da sua base eleitoral e, principalmente, da “vanguarda” da opinião publicada; e a não aprovação de uma moção de censura será sempre assinalada como uma vitória do governo e do primeiro-ministro. Se votar a favor tal será recebido com desconforto por uma boa parte do mundo empresarial e dos negócios, e o PSD não escapará à acusação, pelo PS, de actuação “aventureirista”, “anti-patriótica”, “causadora de instabilidade” e por aí fora, sendo obrigado a enfrentar eleições sob o peso deste anátema . Mas penso que, entre estas duas opções, o PSD optará pela “responsabilidade”.
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Um bom jogo
A selecção portuguesa perdeu 1-2 com a Argentina. Porquê? Fundamentalmente porque não tem um bom "ponta de lança" e porque a Argentina tem bons jogadores em muito maior quantidade, particularmente no meio-campo (para além de Meireles, Moutinho e Martins, quem mais?) Três notas :
- Patrício é bem melhor guarda-redes do que Eduardo e Paulo Bento já percebeu isso. Está apenas a preparar a mudança com inteligência e bom-senso.
- Hoje, a selecção portuguesa perdeu; mas apesar disso todos ficamos com a sensação que cumpriu o seu dever e que pode ganhar a qualquer adversário. Joga bem melhor futebol do que no tempo de Scolari. A comparação com Queiroz, essa, é mesmo desnecessária.
- Além disso, quando olhamos para Paulo Bento sentimos confiança. Digam-me em relação a que outra figura pública tal acontece.
Costinha e o SCP
terça-feira, fevereiro 08, 2011
O veto
"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (4)
"Unchained Melody" (Alex North-Hy Zaret) - a versão original de Al Hibbler (1955)
A versão mais conhecida e "de referência", pelos Righteous Brothers (Bill Medley e Bobby Hatfield) - 1965
Algumas notas:
- Alex North foi um notável compositor para cinema, autor das bandas sonoras de "Spartacus" e "Cleópatra", entre outras. A Antena 2 passou recentemente uma excelente colectânea comentada da sua música para filmes.
- A interpretação dos Righteous Brothers é, de facto, um "solo" de Bobby Hatfield e o seu "falsetto" tornou a versão inesquecível. Curiosamente, Al Hibbler era um barítono...
- Pode ver mais completa informação sobre o tema no excelente "blog" "O Rato Cinéfilo".
O "Prós & Contras" e o Egipto
O problema é que não percebo a razão pela qual a RTP não dedicou o seu “P&C” de ontem ao 4 de Fevereiro e ao início da guerra colonial. Trata-se de algo que nos toca de perto e faz parte da nossa História recente, condicionou a vida de uma geração (em muitos casos destruiu) e do regime político, existem muitos estudos (alguns recentes), obras publicadas e documentação sobre o assunto, muitos dos actores e fautores estão ainda vivos, etc, etc. Ou será que o “serviço público de televisão” achou que com o excelente “A Guerra”, de Joaquim Furtado, teria feito a sua obrigação e o tema estava esgotado? Ou que ao tratar o tema do Egipto ia “dar uma de cosmopolitismo”? Uma tristeza...
É que cerca de hora e ½ antes, Mário Crespo (por vezes faz coisas bem feitas) tinha optado por uma pequena mas excelente e interessante entrevista a Carlos Matos Gomes (conheci-o na tropa, era eu alferes miliciano e ele capitão ou major dos comandos, não me lembro bem), autor de algumas obras de cariz histórico e outras de ficção (sob o pseudónimo da Carlos Vale Ferraz) sobre essa mesma guerra colonial. De pé (muito) atrás, fico agora à espera de Dezembro e do modo como a RTP assinalará a data da invasão do chamado “Estado Português da Índia”. "Que parvo que sou"...
"Parva Que Sou" ou o desemprego dos jovens licenciados
Para que não restem dúvidas (se as havia).
Não me incluo no grupo dos catastrofistas e “plano inclinadistas” que acham quem sai da escola, mesmo de muitas universidades,quase não sabe assinar o nome. Mais, concordo com os que dizem nunca em Portugal houve tanta gente qualificada e tão qualificada. Reportando-me à área que tem sido ao longo da vida a da minha actividade, basta ver, na geração anterior à minha, quantos directores e executivos de grandes empresas (Bancos, Seguros, multinacionais) possuíam sequer uma licenciatura: muito poucos; excepto nos casos técnicos em que era preciso ser-se engenheiro ou advogado, a maioria teria os antigos 5º ou 7º ano dos liceus, o curso comercial, e os mais inteligente e trabalhadores, os que tinham “mais mundo”, lá iam subindo nas suas carreiras, alguns até posições de topo. Já na minha geração, a que começou a sua vida profissional na segunda metade dos anos 70 do século passado, quantos tinham ou foram frequentar MBAs no estrangeiro? Que me lembre, e reportando-me aos que comigo se cruzaram – e foram, digamos, muitas dezenas - , conto, com algum esforço, um ou dois, se tantos. Hoje, olhando para a geração que tem menos de quarenta anos, e entre os meus filhos e amigos dos meus filhos, agora nos "early 30s", e meus amigos ou pessoas das minhas relações com perto dos 40 anos, raros (raríssimos) são os que não frequentaram universidades estrangeiras, cursos de pós-graduação intramuros ou, no mínimo dos mínimos, não tiveram a oportunidade de estudar um ano "lá fora" ao abrigo do programa Erasmus.
Tendo dito isto - e apesar disto -, a propósito da recente polémica gerada pela canção dos Deolinda “Parva Que Sou” (by the way: gosto muito dos Deolinda e terá sido este o ou um dos primeiros “blogs” em Portugal a divulgar o grupo, no dia 9 de Maio de 2007, já lá vão quase quatro anos), deixo algumas perguntas.
- Qual será o país obrigado a criar postos de trabalho suficientes para serem preenchidos pelos milhares de psicólogos, sociólogos, licenciados em “comunicação social”, “marketing e imagem”, “publicidade”, “relações internacionais”, “turismo”, “direito” em universidades ignotas, etc, etc, lançados anualmente no mercado de trabalho?~
- Quando optaram por esses mesmos cursos não sabiam o que os esperava, tal como na minha geração quem ia para “letras” sabia quase de certeza acabaria professor?
- Serão a grande maioria destes jovens efectivamente qualificados, tanto nas suas áreas de especialização como na sua capacidade para ver, analisar e compreender o mundo e a vida, algo indispensável nas áreas sociais e/ou de “humanidades”, a que pertencem? Eu, que entrevistei muitas dezenas e falei com outros tantos ao longo destes últimos anos, acho que não, e a pouco mais do que o “call centre”, a caixa do supermercado, o estágio pouco ou nada remunerado ou o recibo verde no Estado podem aspirar.
- Pese toda a frustração que isso possa gerar e os problemas políticos para o país que daí possam advir (não os nego), não será preferível, para se conseguir aproveitar uma eventual oportunidade futura, estar no “call centre” mas ser possuidor de uma licenciatura?
- Por último, vejamos agora as coisas pelo seu lado positivo: não constituirá também esta situação um incentivo à excelência, sabendo que só os melhores conseguirão trabalho e remuneração de acordo com as suas expectativas?
Pois... ficam as perguntas.
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
"Love In A Cold Climate" (6)
História(s) da Música Popular (175)
The Ivy League - "Tossing And Turning" (Carter-Lewis)
Carter & Lewis (VI)
Se “Funny How Love Can Be” atingiu o “top ten” conseguindo um muito meritório e justo #8, o “single” seguinte, ainda em 1965 e tendo como “A” side “That’s Why I’m Crying”, não passaria do #22. Sol de pouca dura... “Tossing and Turning”, o quarto “single” do trio, com “Graduation Day” como lado “B”, chegou a #3 e foi o mais bem sucedido tema da “Ivy League”. O seu “riff” inicial é inesquecível e ficará para sempre na história da música popular.
Duas notas para os mais incautos: 1. “Tossing” não significa o acto de “tossir” (diz-se “coughing”) mas define um sentimento de “agitação” por algo que nos preocupa (“I can’t sleep at night tossing and turning”). 2. Existe uma outra canção com o mesmo nome (tenho-a para ali numa colectânea) tornada conhecida na interpretação de Bobby Lewis (1961). A confusão é por vezes bastante, e até na Wikipedia o “link” do tema na página da Ivy League nos leva, erradamente, à página da canção de Bobby Lewis. Como pode ouvir aqui, não existe qualquer relação entre as duas.
domingo, fevereiro 06, 2011
Fernando Torres e o Chelsea F.C.
O que me parece é que não era de um jogador como Torres que o clube de Fulham Road precisava, mas sim de um criativo ao estilo e sucessor de Joe Cole, quando fosse preciso um "abre-latas". Pois... manda quem pode e obedece quem deve!
sábado, fevereiro 05, 2011
sexta-feira, fevereiro 04, 2011
"Livre escolha"?
Pois...
"Empty Bed Blues" - Best of good time mommas (6)
Rosa Henderson & The Kansas City Five - "Don't Advertise Your Man" (1924)
O glorioso mês de Janeiro de José Sócrates
E agora? Agora, depois de ter mais uma vez demonstrado que é mesmo osso duro de se roer, querem apostar que a execução orçamental do 1º trimestre deste ano vai mesmo aparecer aí antes do congresso do PS e brilhante que nem um “brinquinho”? Pois, goste-se ou não do homem (e não me parece o estilo de pessoa que escolheria como amigo), é desta estirpe que se fazem os grandes políticos. Mandaram-no vir? Agora aturem-no!