Não são necessários mais comentários sobre este tipo de jornalismo...
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
terça-feira, novembro 30, 2010
Péssimo jornalismo!
Não são necessários mais comentários sobre este tipo de jornalismo...
Ópera não é só música para operários (4)
W. A. Mozart - Don Giovanni: "Madamina, Il Catalogo e Questo"
Ferruccio Furlanetto (Leporello)
Samuel Ramey (Don Giovanni)
Dawn Upshaw (Zerlina)
Philip Cokorinos (Masetto)
Futebol: competitividade e receitas televisivas
A Liga Europeia, com Real Madrid, Barça, SLB, FCP, Man. United, Liverpool, O.L. Bayern, A. C. Milan, etc, etc, ou, numa primeira fase, a fusão de várias ligas europeias é, a prazo, condição para a sobrevivência da indústria e, portanto, apenas uma questão de tempo.
segunda-feira, novembro 29, 2010
José Mourinho: mesmo os grandes personagens têm os seus momentos de fraqueza
Hoje, quer-me parecer que o orgulho e a noção de grandeza de Mourinho o terão levado a tentar provar que era capaz de parar o Barça jogando "de igual para igual", algo que a sua experiência e inteligência deveriam ter evitado. Digamos que o lado emocional de Mourinho se sobrepôs a ao seu lado mais racional. O resultado foi o desastre, o que significa que até mesmo os grandes personagens , aqueles "bigger than life", não são imunes a fraquezas que por vezes lhes são fatais.
"Shindig" (3)
1. The Righteous Brothers - "KoKo Joe"
2. Jerry Lee Lewis - "High School Confidential"
3. Aretha Franklin - "Mockingbird"
4. Tina Turner - "Goodbye, So Long"
A taxa!
A propósito do jogo do dia... Raios partam o "tiki-taka", "prontos"!
domingo, novembro 28, 2010
sábado, novembro 27, 2010
Os trabalhadores da AutoEuropa e a greve
sexta-feira, novembro 26, 2010
Da continuidade de Jorge Jesus e da gestão de Luís Filipe Vieira
Deverá ser a direcção da SAD, com Luís Filipe Vieira e Rui Costa (se é que este ainda tem alguma capacidade de intervenção e decisão) em primeiro lugar, a tomar uma decisão baseada em múltiplos factores, nos quais os resultados estarão obviamente incluídos mas, independentemente de estes serem positivos ou negativos num futuro próximo, onde questões como a liderança, razões para os inúmeros erros cometidos, ambiente interno, perfil do treinador, modelo de jogo e adequação de ambos à cultura e filosofia do clube, bem como outras questões julgadas relevantes devem revestir-se de um carácter essencial. E estas apenas poderão ser avaliadas por quem as conhece de perto, nunca por qualquer de nós ou pelas chamadas “figuras de prestígio” do clube.
Devo acrescentar ainda algo mais: nas afirmações de LFV sobre terem sido dados a Jorge Jesus todos os jogadores pedidos, se me choca a afirmação com a qual o responsável máximo de uma instituição não se inibe de se desresponsabilizar em público condenando, desse modo e simultâneamente, um seu colaborador “à fogueira”, choca-me igualmente, ou ainda mais, o modelo de gestão que dessa afirmação se depreende, no qual me parece estar ausente qualquer tipo de cooperação ou parceria estratégicas com níveis de decisão e responsabilização atribuídos. Assim, o meu clube não irá a parte alguma.
"E Alegre se fez triste"...
quinta-feira, novembro 25, 2010
SLB: as razões visíveis para uma derrota. Existirão outras?
Quando as causas para os maus resultados desportivos de uma equipa não são demasiado óbvias olhando apenas questões técnico-tácticas, o jornalismo desportivo aqui da paróquia costuma atribuir as responsabilidades à “falta de empenho”, de “vontade de ganhar”, a “divisões no balneário”, “jogadores contra o treinador”, etc, etc. No caso do meu clube, como não tenho informações privilegiadas, pelo menos totalmente fidedignas, e embora não possa negar tudo o que acabei de citar (eu, pelo menos, estou farto das asneiras de Jorge Jesus desde a pré-época – das hesitações, erros na constituição da equipa, contratações questionáveis e fanfarronices ridículas - ; os jogadores não sei mas cair no ridículo não é a melhor forma de liderar), prefiro olhar para dentro de campo e, daquilo que me é dado ver, tentar perceber o que pode estar na base das derrotas. Melhor ou pior, nunca tendo sido treinador nem jogador que passasse do “muda aos cinco e acaba aos dez” ou pouco mais, tenho tentado fazê-lo aqui no “blog”, e por várias vezes foquei os problemas que podem estar na origem das más prestações do meu clube. Por isso, vamos agora apenas ao jogo de ontem.
- Como afirmei no “twitter” antes do jogo, a equipa apresentou-se de início defensivamente desequilibrada, com os equilíbrios defensivos apenas assegurados por Javi Garcia. Ok, mostrou o desenrolar do jogo que não foi por aí que o perdeu, ao contrário do que aconteceu em Lyon, porque o Hapoel é fraca equipa. Pelo menos aparentemente, claro, porque talvez não tenha sido tanto assim. Veremos mais à frente.
- Sálvio, Saviola, Aimar e Gaitán são jogadores demasiado iguais. Todos eles de fraco poder físico-atlético, tecnicamente evoluídos (ou habilidosos), mas com pouca simplicidade de processos, pouco “rompedores”, demasiado viciados nas “tabelas” e num futebol vistoso mas nem sempre prático e muito menos directo. Por isso, ontem o SL teve bola, comandou o jogo, mas não conseguiu mais de 3 ou 4 oportunidades. O número de cantos conseguidos é sinónimo disso mesmo: muita bola no último terço do campo, mas incapacidade de romper para o golo e desacerto técnico de Kardec quando teve oportunidade de rematar. Também por isso, continuo a pensar que neste Benfica o lugar de Coentrão, alguém com um futebol mais linear, só pode ser lá na frente.
- Pelo que acima digo, incompreensível a ausência de Carlos Martins, um jogador com maior capacidade físico-atlética e de remate, maior poder de choque e maior simplicidade de processos. Exceptuando os jogadores de área (Cardozo e Kaedec),o que mais contrasta com o quarteto que citei. Aliás, um dos segredos da melhoria de prestações da selecção portuguesa foi mesmo a substituição de Deco por Martins, que contribuiu para dar ao jogo maior fluidez e aumentar a velocidade das transições e intensidade competitiva.
- Resta o modo como sofreu os golos. Descontemos o terceiro, sofrido quando a equipa já estava defensivamente descompensada procurando o ataque de qualquer maneira. Dois golos de bola parada? Bom, como não assisto aos treinos e parto do princípio estar perante gente minimamente competente, só posso admitir a causa não seja técnica mas atribuível a falta de concentração competitiva. Porquê? Independentemente da baixa de forma de David Luiz (ontem fez mais um jogo deprimente), o que me parece é que a equipa está de tal modo formatada para atacar (e aqui volto ao ponto 1), viciada nos aspectos ofensivos do jogo, que se sente mentalmente desconfortável quando é pressionada e tem de defender, quase como se isso fosse algo contra-natura. Exactamente como alguém que é obrigado a cumprir uma função de que não gosta e, por isso, a despacha o mais rapidamente possível sem grandes preocupações de rigor e qualidade.
Fico-me por aqui. Talvez não chegue para explicar como se perde por 3-0 contra uma medíocre equipa israelita, mas acho posso ter dado alguma contribuição.
quarta-feira, novembro 24, 2010
Responsáveis?
Greve e estrutura da Administração Pública
Talvez não fosse má ideia os governos começarem por aqui, mas sempre tem faltado coragem política.
"The green fields of Ireland"
O que compete agora perguntar é em que medida e até que ponto o “desvario” bancário irlandês é dissociável do modelo económico que conseguiu gerar um crescimento elevado e um “superavit” das contas públicas, isto é, se e como eles se interligam. Sem querer estabelecer paralelismos – que não existem – mas tentando mostrar que “isto anda tudo ligado”: o BPN é um caso de polícia, mas em que medida esse caso de polícia é inseparável do “caldo de cultura” cavaquista que esteve na sua génese e desenvolvimento?
Mais ainda – e voltando à Irlanda. Não tendo qualquer dúvida de que, assim visto a "voo de pássaro", o caso irlandês parece estruturalmente menos preocupante do que o português, até que ponto a Irlanda pós desvario bancário e respectiva correcção será capaz, pelo menos nos anos mais próximos, de recuperar o seu modelo e voltar a gerar taxas de crescimento económico iguais ou superiores às dos países mais dinâmicos da UE ou até mesmo às da média europeia?
Não conheço as respostas. Por isso mesmo, ficam as perguntas.
Como é óbvio!
Como é óbvio! Mas ainda acrescento: devem essas empresas ter também em conta outras questões tais como a sua própria rentabilidade, política de recursos humanos, plano estratégico, etc, etc... Significa isto, por exemplo, que não faz qualquer sentido que uma empresa de capitais públicos ou onde o Estado tenha uma participação decisiva e que apresente uma rentabilidade elevada e lucros significativos não remunere os seus trabalhadores em conformidade. Ou que sendo a política de incentivos e “fringe benefits” parte estruturante da cultura da empresa ela seja alterada em prejuízo do “ambiente” empresarial e, como consequência, dos resultados obtidos. Estes são apenas dois exemplos...
Não nos esqueçamos também que, para o bem e para o mal, justa ou injustamente, existe uma diferença entre aqueles que são remunerados via Orçamento Geral do Estado ou que exercem a sua actividade em empresas que apenas subsistem por via de indemnizações compensatórias, cuja variação salarial vai impactar directamente as contas públicas, e aqueles outros cujas empresas que geram os seus próprios recursos. É a vida...
terça-feira, novembro 23, 2010
Lixo jornalístico
"Prós & Contras": megafone e "tempo de antena"
É que estou a falar do “serviço público”, caramba!
Subscrevo e aplaudo! Mais uma grande lição de José Mourinho!
segunda-feira, novembro 22, 2010
Por uma Liga Europeia de Futebol
Nogueira Leite e a ajuda à Irlanda
E tanto que assim é que Nogueira Leite resolveu hoje dar de tal coisa prova cabal e evidente. Ao manifestar publicamente as suas sérias dúvidas – aliás, legítimas e fundamentadas em face da história recente – sobre a capacidade do governo para executar o orçamento do próximo ano, Nogueira Leite está a agir de modo totalmente contrário àquele que se esperaria de alguém que, na sua posição, quisesse enviar um sinal positivo aos mercados. Muito pelo contrário: com tais afirmações, o conselheiro económico da Passos Coelho tem apenas um (um e só um) objectivo: criar dificuldades políticas ao governo, tentando, para isso, fomentar uma situação de incerteza generalizada nos agentes económicos e financeiros, a nível nacional e internacional.
Digamos que talvez não lhe fique muito bem em termos "patrióticos", mas é assim mesmo a luta política.
domingo, novembro 21, 2010
Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (15)
"Just Because" - O original dos Shelton Brothers (1933?)
Elvis Presley - "Just Because"
Gravação de 10 de Setembro de 1954
Rui Tavares e as bolsas de estudo
Tendo dito isto, o que não podemos esquecer é que Rui Tavares é deputado europeu, cargo que exerce em nome de um partido (neste caso o “BE” mas poderia ser qualquer outro) e por isso mesmo o seu gesto tem obrigatoriamente uma leitura e significado políticos, estando longe de ser inocente. Muito pelo contrário, neste tempo de enorme afastamento entre os cidadãos e os políticos, em que estes e executivos de empresas são vistos (demasiado frequentemente, com razão) como privilegiados e beneficiários de regalias e sinecuras consideradas inadequadas e imerecidas, situação exacerbada por uma comunicação social populista, a atitude de Rui Tavares irá sem qualquer dúvida funcionar em benefício da sua imagem enquanto político, mas também da do partido que representa e do alastramento de uma ideia populista que tende a entranhar-se na sociedade. Uma atitude, em si própria, com todas as características de um gesto altruísta, transforma-se assim numa decisão com um óbvio significado político e cujo altruísmo pode mesmo, por essa via, ser questionado. Para além disso, funcionando como exemplo, assume também um evidente significado moral, e se nada ou muito pouco me afectam os benefícios que o próprio e o “BE” podem retirar do gesto de Rui Tavares, já confesso o meu desconforto perante “exemplos morais” apontados à nação quais setas envenenadas, uma vez que na base de qualquer totalitarismo existe quase sempre uma ou outra ideia de superioridade moral.
Bom, dir-me-ão, assim sendo não teria sido bem melhor Rui Tavares não ter dado publicidade ao seu gesto, anulando assim qualquer potencial perversidade nele contida e evitando leituras políticas? Pessoalmente, acho teria sido preferível, em nome do altruísmo de uma ideia que considero positiva. No entanto, ao dar publicidade ao seu gesto Rui Tavares também potencia a possibilidade de o ver multiplicado a muitos níveis na sociedade, o que não deixa de ser benéfico para os que podem vir a necessitar de apoios desse ou de outro tipo.
Conclusão? Pois... Felizmente o mundo não é a “preto e branco” e entrincheirarmo-nos em ideias pré-concebidas nem sempre constitui a melhor opção para o compreender.
sábado, novembro 20, 2010
"Shindig!" (2)
1. The Toys - "Lover's Concerto"
2. Jackie DeShannon - "What The World Needs Now"
3. The Supremes - "Baby Love"
4. Fontella Bass - "Rescue Me"
sexta-feira, novembro 19, 2010
Dividendos: "malagueta no cu dos outros não arde!"
Tendo dito isto, acho muito interessante a hipocrisia de muitos os que se manifestam contra a atitude das empresas em causa, como se não reagissem de modo semelhante quando entopem, com “bichas” intermináveis, as bombas de gasolina antes do próximo aumento de preço dos combustíveis – ou vão “meter gasolina” a Badajoz - ou correm a adquirir serviços ou açambarcar produtos antes do próximo aumento do IVA.
Pois... “malagueta no cu dos outros não arde”.
História(s) da Música Popular (170)
Tony Sheridan & The Beatles - "Skinny Minnie"
Carter Lewis & The Southerners - "Skinny Minnie"
Carter & Lewis (I)
Ora vamos lá ver... Qual é coisa qual é ela que une nomes tão diferentes como Jimmy Page, The Ivy League, The Rockin’Berries, Herman’s Hermits, The Flowerpot Men, The New Vaudville Band, Brenda Lee, The Who, Jet Harris (dos Shadows), Peter & Gordon, Manfred Mann e assim sucessivamente? Se esta não é a “million dollar question”, temos de concluir não terá resposta fácil, muito menos dos concorrentes a um concurso da TV que afirmam “A Portuguesa” ter sido composta por José Afonso (eu ouvi!). É que, convenhamos, unir esta gente toda é obra digna de monta!
Mas como aqui o “Gato Maltês” gosta muito dos Ivy League e dos Rockin’ Berries, fácil foi, por aí, chegar a uma conclusão: os senhores John Carter e Ken Lewis (mais aquele do que este), ambos nascidos em plena capital das Midlands, Birmingham. E é por aqui que “História(s) da Música Popular se vai entreter durante os seus próximos capítulos.
Pois Carter e Lewis começaram por ter uma banda a que deram o seu nome (Carter Lewis - ainda sem o hífen que adoptariam mais tarde - & The Southerners), isto nos idos do início da década prodigiosa - escusado dizer qual foi! E quem eram esses tais Southerners? Bom, um deles era um tal Perry Ford (ouviremos falar dele mais tarde) e o outro... tan, tan, tan, tan... nada mais nada menos do que... Jimmy Page, esse mesmo.
E foi com Jimmy Page como parte do grupo que Carter Lewis & The Southerners gravaram os seus dois primeiros “singles”, em Junho de 63 e Março de 1964. Lamentavelmente, não tenho nem encontrei os dois temas que fazem parte do primeiro deles ("Sweet and Tender Romance"/"Who Told You?"), mas aqui está o “A” side do segundo, “Skinny Minnie”, gravado – tanto quanto sei – originalmente em 1958 por Bill Haley e do qual Tony Sheridan e os Beatles fizeram também um “cover”. E, para verem que Carter, Lewis, Ford e Page já se safavam muito bem, junto também a versão do Beatles com Tony Sheridan, salientando que a minha preferência não vai nada para esta última! Escusado dizer, claro, será para fazerem o favor de dar atenção à guitarra de Page.
Roberto Jimenez e Anders Lindegaard
Talvez lembrar que o SLB pagou um pouco mais do dobro (€8.5M, segundo consta) por Roberto Jimenez, de 24 anos e 19 vezes internacional pelas camadas jovens de Espanha.
O futuro dirá quem tem razão, mas, para já, convém ter em conta o modo como, ao contrário do SLB, o United soube baixar os riscos da operação: o passe tem um valor muito baixo (especialmente se comparado com os valores envolvidos nas transferências na e para a Premiership) e Lindgaard, enquanto Van der Saar se mantiver, terá tempo suficiente para se ir integrando e adaptando ao futebol inglês e ao seu novo clube.
quinta-feira, novembro 18, 2010
Gestores públicos e salários
"Shindig!" (1)
1. Shangri-Las - "Give Him A Great Big Kiss"
2. Aretha Franklin - "Shoop Shoop Song"
3. Leslie Gore - "Judy's Turn To Cry"
4. Ketty Lester - "Love Letters"
Os cortes salariais são "para sempre"? Ou são como os amores: "para sempre" enquanto duram?
Tudo este arrazoado vem a propósito de ter ouvido esta manhã na TSF uma citação do ministro Teixeira dos Santos sobre a medida ser excepcional – penso que adoptada apenas para o tempo de “crise” - ou “para sempre” (o ministro afirmou ser “para sempre”), bem como um comentário de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a constitucionalidade de cada uma das opções: "sim", como medida temporária; "não" se for para sempre. Bom, descontando o facto de “para sempre” serem apenas os amores quando começam (são como os referendos: nunca se sabe como acabam!), confesso, enquanto leigo, não entender lá muito bem, sendo os salários e outras regalias da Administração Pública negociados anualmente, como se pode determinar se tal medida é “para sempre” ou apenas temporária, nem como o ministro Teixeira dos Santos e o actual governo, por definição, numa democracia, exercendo funções temporariamente, podem definir tal coisa per omnia saeculum saeculorum.
Claro que ouvirei argumentar: pois se se tratar de medida temporária a base de negociação do próximo ano, ou de qualquer dos seguintes a partir do momento se decida terminou a crise (quem tem autoridade para tal?), será a dos vencimentos antes da actual redução. rubbish: tratando-se de uma negociação entre governo e sindicatos, estes últimos, tal como sempre têm feito até aqui, irão basear as suas reivindicações, não no ano anterior, mas tendo por base o “poder de compra” que consideram ter perdido (ou ganho) num conjunto de anos. Mais ainda, tratando-se de uma negociação, será o poder, a relação de forças entre as partes (governo e sindicatos), a definir o seu desfecho, e o actual (e também futuro?) corte nos salários irá sempre pesar no confronto.
Estas são pois as dúvidas que me permito colocar às afirmações de ambos, ministro Teixeira dos Santos e Marcelo Rebelo de Sousa . Por mim, talvez tenha chegado o tempo para, de modo livre, citar alguém que, apesar de não ser lá muito das minhas simpatias, aqui e ali até consegue falar com algum a propósito: Cavaco Silva, ele mesmo, quando afirma que se anda a falar de mais.
quarta-feira, novembro 17, 2010
Candidatura ibérica e anti-castelhanismo
Por mim, as preocupações são bem outras e centram-se nos investimentos eventualmente necessários e no seu retorno. Mas os estádios estão construídos e espero o Euro 2004 tenha constituído lição suficiente.
Portugal-Espanha: Ribeiro Cristovão e o célebre "ponga los dos"...
Beatriz Costa e Nascimento Fernandes - "Canção do Futebol"
Do filme "O Trevo de 4 Folhas, de Chianca de Garcia (1936)
O inefável Ribeiro Cristovão consegue hoje escrever todo um texto sobre os encontros Portugal-Espanha (e vice-versa) em futebol baseado numa mentira. O célebre jogo do “ponga los dos”, quando Portugal se encontrava já a perder por 3-0 e o seleccionador resolveu trocar de guarda-redes simulando uma lesão (“ponga los dos” refere-se a uma sugestão gritada por um espectador), não se realizou nem em 1929, nem em Sevilha, nem o resultado foi de 5-0. O jogo realizou-se em 1934 (eliminatória para o Mundial de Itália), em Madrid, e o resultado foi 9-0, o tal que deu origem à célebre “Canção do Futebol” interpretada por Beatriz Costa e Nascimento Fernandes no filme “O Trevo de 4 Folhas” (1936). Também me parece o seleccionador de então não era Salvador do Carmo mas Ribeiro dos Reis, mas disto já não tenho inteira certeza.
Eu, filho de pai madrileno grande entusiasta do futebol ibérico, conheço a história quase desde que nasci. Que tal os jornalistas informarem-se?
"Velvet Goldmine" (6)
Shudder To Think - "Ballad Of Maxwell Demon"
Banda sonora de "Velvet Goldmine", de Todd Haynes (1998)
terça-feira, novembro 16, 2010
O "Gato Maltês" também gosta de vinhos
Mas a maré parece estar a mudar. Dos antípodas neo-zelandezes começam a chegar alguns Sauvignon Blancs que merecem bem a nossa atenção. Eles andam por aí, a preços muito razoáveis e já tenho tido a oportunidade de provar um ou outro que, se não me fazem abandonar a devoção pela Loire( assim mesmo, os rios em francês são feminino) , pelo menos dão para umas “escapadelas” sem demasiados remorsos. Ontem lá abri mais um (Ribbonwood), para o jantar, daqueles que aderiram à cápsula de enroscar e, apesar de estar longe do topo e de a combinação com um lombo de pescada no forno não ser a mais adequada, não deixou de me dar algum do prazer esperado.
Pois ainda bem que a Nova Zelândia já não são apenas os All Black, a Kiri Te Kanawa e Sir Edmund Hillary, o tal que venceu o Everest.
Coligações e cristãos-novos
Razões várias, com responsabilidades, para quem não tem a memória curta, de PS, PSD (principalmente o de Ferreira Leite/Pacheco Pereira) e Presidência da República (sim!, ou já se esqueceram do episódio das escutas e do alinhamento com Ferreira Leite?), não tornaram possível que tal acontecesse e todos nós, cidadãos, somos por isso credores de quem politicamente não soube estar à altura das circunstâncias.
Agora, com eleições presidenciais à porta e legislativas no horizonte, de onde, muito provavelmente, sairá uma maioria PSD/CDS que dividirá o país ao meio com todas as suas nefastas consequências, parece-me ser demasiado tarde e também acho curioso que muitas propostas, “desabafos” ou “estados de alma” nesse sentido venham do interior do PS, na iminência da perda de um poder que nem sempre souberam exercer.
Demasiados arrependimentos perante a visão do cadafalso?
segunda-feira, novembro 15, 2010
"Estados de alma", senhor ministro Amado?
Mas já posso, devo e tenho mesmo o direito de lhe exigir a si, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros do meu país e a quem pago uma parte do ordenado, que guarde lá esses desabafos sobre os seus “estados de alma” para a intimidade dos mais próximos, e não os partilhe com o primeiro jornalista que lhe apareça pela frente. É que - não sei se já reparou - nesse caso esses seus “estados de alma” deixarão imediatamente de o ser, passando a opinião política com o peso que lhe é atribuído pelo cargo que ocupa, e eu espero muito, mas mesmo muito (tenho mesmo o direito de lhe exigir – isso mesmo, exigir), que o meu país, onde por azar nasci fruto de circunstâncias fortuitas, não seja governado por “estados de alma”, mas sim por uma estratégia política tanto quanto possível correcta, definida pelo governo de que faz parte, e por acções que consequentemente a ponham em prática. Isso mesmo, senhor ministro Luís Amado, não quero partilhar consigo os seus “estados de alma” – aliás, não sendo seu amigo estou-me “nas tintas” para eles -, mas sim ter confiança na solidez dos governantes e reconhecer-me nas políticas que v. e o seu governo prosseguem.
O que demonstrou, senhor ministro Luís Amado, com a divulgação dos seu “estado de alma” (foi v. que afirmou tratar-se de tal coisa), tem um nome muito simples: incompetência para o cargo que ocupa e deslealdade para com o governo do qual faz parte - independentemente da qualidade do mesmo, que sabemos já viu melhores dias. É que, depois desse desabafo sobre “estados de alma”, senhor ministro, só espero não ter de assistir a vê-lo de seguida declarar, qual criança apanhada no rescaldo de um grande asneira, “desculpem, foi sem querer!”.
domingo, novembro 14, 2010
SLB: 4x1x5?
Já agora: gostava de ver Gaitán jogar na posição de Aimar, a sua de origem.
Fórmula Um
sábado, novembro 13, 2010
A entrevista de Luís Amado e a resposta de José Sócrates
Gostava, no entanto, de ter ouvido uma resposta firme do primeiro-ministro à eventualidade, colocada por Luís Amado, de um abandono futuro da moeda única. Sair do euro é fundamentalmente uma questão política - muito longe, portanto, de se tratar de uma decisão ditada apenas por questões de ordem económica – e significa não só a derrota do projecto político de integração europeia iniciado com o 25 de Abril e com a democracia, de um Portugal moderno e progressivo, como a condenação do país a uma condição periférica e ao seu empobrecimento relativo. Que, dentro do governo, a ideia venha do seu ministro que se tem mostrado mais “atlantista”, não deixa de ser sintomático.
"Gainsbourg - Vie Heroïque" (2)
Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot (Eric Elmosnino e Laetitia Casta) - "Bonnie & Clyde"
sexta-feira, novembro 12, 2010
O novo fôlego de Ana Gomes
Remodelação governamental para ganhar um novo fôlego? Será que a saída de Correia de Campos e Mª de Lurdes Rodrigues trouxe para o governo algum novo fôlego? Ou não terá sido mesmo por aí que começou a perder o dito?
A história faz-me lembrar um meu velho treinador de rugby... Numa época que nos correu particularmente mal, quando na 2ª parte já estávamos a levar 30 e nada poderia evitar uma derrota ainda mais pesada, em desespero de causa gritava para dentro de campo chamando alguns de nós pelo nome: "oh fulano, faz coisas!
Pois, senhor primeiro-ministro José Sócrates: a pedido da euro-deputada Ana Gomes, faça o favor de fazer coisas! O resto? Isso logo se verá!
Remodelar?
Existirão actualmente algumas vantagens reais numa remodelação governamental, leia-se, na substituição do Ministro das Finanças?
Vejamos as perguntas que temos de fazer e ás quais é obrigatório dar resposta:
- Pese embora as más execuções orçamentais de 2009 e 2010 tenham um responsável bem definido na pessoa de Teixeira dos Santos (é o ministro, para todos os efeitos), em que medida e até que ponto o seu desempenho foi determinante nessa má prestação? Assim sendo, isto é, uma vez as conclusões tiradas, até que ponto uma sua substituição poderia resolver o problema nos próximos anos?
- Foram determinadas com rigor as causas dessas más prestações e implementadas as medidas para as corrigir no futuro, isto é, em 2011? Que papel desempenhou nesse processo (a ter existido) a actual equipa do Ministério das Finanças?
- Nas circunstâncias actuais, é possível substituir Teixeira dos Santos por alguém com experiência e credibilidade suficientes, dando garantias a mercados, investidores, cidadãos e UE? Que impactos, positivos e negativos, trariam a sua substituição e o nome do seu substituto?
Poderão existir outras, mas pelo menos estas três necessitarão de uma avaliação ponderada e de uma resposta inequívoca antes de José Sócrates tomar qualquer decisão. Remodelar apenas para se mostrar que se está activo (não está, como já se percebeu) e se mantém a liderança de um governo que quase se parece reduzir ao Ministro das Finanças e a Pedro Silva Pereira, dando simultaneamente resposta a algum ruído e a algumas vozes internas do PS como a “Pasionaria” Ana Gomes,só poderá trazer resultados desastrosos e acelerar a decrepitude do actual governo.
"Boca a boca"?
quinta-feira, novembro 11, 2010
Frivolidades: as saladas do "Pingo Doce"
"Gainsbourg - Vie Heroïque" (1)
Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot (Eric Elmosnino e Laetitia Casta)
História(s) da Música Popular (169)
Sam the Sham & The Pharaohs - "Little Red Riding Hood"
Tex-Mex (IV)
A história do Capuchinho Vermelho (pronto, encarnado...) sempre se prestou a versões menos canónicas: isto de o “Lobo Mau” querer comer o Capuchinho e esta ser uma jovem ninfeta tem muito que se lhe diga... Enfim... digamos que nem será precisa muita imaginação.
Pois foi com algo do género que Sam the Sham reincidiu (é como quem diz...) um ano depois de “Wooly Bully”, mais precisamente no Verão de 1966 que isto da estação quente também tem que se lhe diga! E, tal como tinha acontecido com “Wooly Bully” o tema lá chegou a #2, tendo vendido mais de um milhão de cópias.
E pronto, foi o ultimo grande êxito de Sam, tendo ou não conseguido levar por diante os seus intentos de Lobo Mau face a tão apetecida presa. Cá por mim...
Nota: J P Richardson, mais conhecido por The Big Bopper e que morreu em 1959 no mesmo desastre de avião que vitimou Buddy Holly e Ritchie Valens, tem uma composição com o mesmo nome. No relation.
quarta-feira, novembro 10, 2010
A guerra aqui (mesmo) ao lado (44)
"In this poster, a hand holding a laurel wreath - a symbol of victory - rises above symbols of war and industry that overlap it. The image of the laurel wreath may have a dual meaning here. On the one hand, it may be a reference to the victors in the "work contests" mentioned on the poster. On the other hand, it may also be a reference to the overall victory of Republican Spain over the Nationalists. Visually, the poster communicates a common theme among many of the Republican posters that the work done in industries in the rearguard will contribute to victory in the war against the Nationalists. A hand holding a hammer reflects the revolutionary character of the poster and represents the workers movement. This would have been a particularly important symbol to the Unión General de Trabajadores (UGT), which produced the poster. The outline of a factory, in red, and an airplane also figure prominently in the image.
Industrial production was particularly important to sustaining the war effort in Republican Spain during the Civil War. At the onset of the war, Spain had a population of 24 million people with 14 million in Republican territories and 10 million Nationalist territories. However, only 8% of the Spanish population worked in industry - 220,000 in war related industries. With the steady stream of aid that the Nationalists received from Germany and Italy particularly in terms of material and technological support, it was incumbent upon Republican Spain to ramp up its own industrial production. Thus, posters like this one were geared towards motivating those workers serving a vital function for the war effort. It is no wonder that many posters made a direct connection between worker production and victory. Finally, it is no surprise that the text on the poster is Catalan since Cataluña was the most important industrialized region in Republican Spain.
The UGT is mentioned on the poster and is probably the organization that oversaw the production of the poster. Also, Art Graphiques Thomas is the organization that designed and printed the poster. The artist is unknown."
SLB: para Angola, rapidamente e em força
Acrescento que, para o sucesso da acção e não nutrindo eu qualquer tipo de simpatia pelo regime angolano, a deslocação ser efectuada a propósito das comemorações dos 35 anos de independência de Angola é também ela perfeita. O resto? O resto é colocar as duas opções no prato da balança e tirar as devidas conclusões, sabendo que vê apenas metade quem ignora a outra face das coisas.
terça-feira, novembro 09, 2010
7%?
Luís Filipe Vieira: solução ou parte do problema?
Entretanto, alguma calma, silêncio e bom-senso talvez viessem a calhar, durante os tempos mais próximos, quando a equipa joga o apuramento para os 1/8 de final da CL e uma eliminatória crucial da Taça de Portugal.
PSD e os eventuais acordos excluindo José Sócrates
segunda-feira, novembro 08, 2010
SLB: duplo "pivot"?
Jogando apenas com um único “pivot”, restam duas alternativas: as compensações e o “fechar ao meio” serem feitos por um dos alas (ou ambos), que era o que acontecia o ano passado com Ramires e pode ser repetido (em certa medida, claro) este ano com Maxi e Amorim na direita ou na esquerda com Coentrão e Peixoto (pois, é o que há...!) ; ou então através de um nº10 com características para tal e que também não existe no plantel, isto é, que seja capaz de pressionar alto e tenha alguma capacidade defensiva e de se movimentar em todo o campo, imprimindo intensidade ao jogo (Steven Gerrard é um bom exemplo, mas João Moutinho, ao seu nível, também o consegue fazer). O SLB já jogou assim, com Meira e Calado.
David Luiz a lateral
E não me venham dizer que David Luiz tem experiência de lateral e, por isso, pode bem fazer o lugar. A questão não é essa. O jogador até pode ter – e tem – capacidade para fazer o lugar e até já ter experiência da função. A questão é, como vimos, há quanto tempo não faz essa posição e, quando a fez, quem eram os seus companheiros de equipa, quais os princípios e modelo de jogo então perfilhados e que semelhança estes têm ou não com os actuais.
Estamos entendidos?
domingo, novembro 07, 2010
FCP-SLB: um desastre
O Benfica precisa no futuro de um treinador com estatura e dimensão europeias, que não trema nos jogos de alto nível quando a equipa joga longe do Estádio da Luz, seja ele português, chinês ou bielorrusso. Jorge Jesus já provou não o é.
FCP-SLB (ao intervalo)
Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (14)
"I'll Never Let You Go (Little Darlin')" - um original de Jimmy Wakely (1943)
Gravação de 10 de Setembro de 1954
Prece a Jesus...
Obrigado pela graça concedida.
sábado, novembro 06, 2010
Um recado a Pedro Passos Coelho
Nessas mesmas democracias compete aos tribunais, também em nome do povo, julgar da conformidade da actuação de todos os cidadãos - políticos, governantes ou quaisquer outros – face à lei, que se obrigam a cumprir, e aplicar as sanções nela previstas em caso de infracção.
Quando tudo isto se confunde e esta separação de poderes se não verifica, como parece querer agora propor Pedro Passos Coelho ao pretender criminalizar a má governação, mesmo que sem infracção às leis da República, estamos na presença de um Estado totalitário. Não quero acreditar PPC o defenda.
sexta-feira, novembro 05, 2010
Da perda de hegemonia da esquerda na cena mediática
- No campo das ideias políticas, da luta e afirmação ideológicas, o que de novo surgiu (de positivo ou negativo, não interessa aqui discutir a questão), nos últimos tempos, principalmente após a queda do “muro de Berlim e da derrota do comunismo enquanto ideologia e prática política, veio da direita neo e ultraliberal e do movimento-conservador. Exceptuando nas questões de “sociedade”, ou impropriamente chamadas “fracturantes”, das quais alguns dos novos partidos da esquerda pós-moderna se fizeram vanguarda, as ideias à esquerda estiolam e a sua ideologia e práticas políticas passaram, aos olhos das novas gerações, a ser consideradas como demasiado conservadoras. Se a geração que tem hoje 60 anos era maoista por contestação, a geração que tem hoje 30 ou 40 anos é liberal por idênticas razões. Ora são essas novas gerações que ocupam hoje em dia, maioritariamente, as redacções dos principais “media”.
- Nada de novo se disser que com as novas tecnologias de informação e as plataformas e suportes diversos que geraram, com a globalização de difusão de conteúdos a que também deram origem e com o subsequente nascimento do “infotainment”, o mundo da comunicação social assumiu uma lógica claramente empresarial, ligando-se ao mundo dos negócios e afastando-se da concepção tradicional do jornalismo, o que também não favorece qualquer seu posicionamento “à esquerda”.
- Por último, a prevalência da vertente “negócio” e a lógica de luta pelas audiências que dela decorre “forçou” à opção pelo espectáculo e pelo imediato e superficial em detrimento de qualquer aprofundamento das ideias ou, muito menos, dos aspectos formativos; fez alastrar o antes restrito tablóidismo e tornar algumas das suas características dominantes na chamada “imprensa de referência”, esbatendo fronteiras ainda há pouco bem definidas. Ora estes aspectos, tal como seria de prever, bem como os “media” interactivos dos fóruns de opinião, das caixas de comentários e das “sondagens” a €0,60 + IVA, abriram caminho aos mais desbragados populismo e demagogia, que tenderam a tornar-se dominantes e impregnar toda e qualquer discussão ideológica mais séria. Um caldo de cultura, claro, que não só não me parece ser nada favorável a uma esquerda – aquela a que Vital Moreira pertence - que não se limite a afirmar-se e agir como contestatária do “sistema”, como também tende a promover a contestação sistemática a alguns dos aspectos mais evidentes e menos populares da actividade governamental e da política em geral. Ora, no caso específico de Portugal, convém lembrar que o PS foi governo durante cerca de doze dos últimos quinze anos, o que expôs demasiado o partido a esta infeliz lógica mediática.
O perfil de Ferreira Leite
Os clubes secundários de Lisboa e Porto
quinta-feira, novembro 04, 2010
A "martelada"
Parece que foi ao neo-deputado do BE José Gusmão que ouvi uma referência no debate sobre o Orçamento de Estado às “marteladas” a que o documento teria sido sujeito por Teixeira dos Santos para manter o “déficit” nos valores previstos, depois deste ter apresentado a tal errata onde se inscreve um agravamento da despesa na ordem de 830 milhões de euros. Bom, sobre tal “errata” já muita gente se pronunciou... Deixem-me apenas sublinhar, com ironia, o facto de o deputado do BE ter utilizado nas suas críticas um termo (“martelada”) claramente retirado do jargão do “management” empresarial, onde é utilizado em circunstâncias semelhantes.
Duas notas:
- Do modo como se apresentou, não estou a ver alguém numa empresa organizada tivesse sequer coragem de sugerir tal “martelada”, muito menos a pudesse propor a quem quer que fosse como um exercício de gestão normal e aceitável. Por não existirem? Nada disso: como afirmei, o termo até é de utilização corrente nas empresas, e em circunstâncias semelhantes, e até passei por uma onde, numa manifestação bom humor, o objecto inspirador (martelo) tinha mesmo existência física dentro de uma daquelas vitrines “partir em caso de necessidade”. Mas, claro, requere-se uma bem maior dose de subtileza nas propostas e de segurança nos resultados.
- Seguindo o exemplo do deputado Gusmão, estou bem a ver um dia destes os deputados do CDS socorrerem-se, em pleno debate parlamentar, daquelas coloridas frases maoístas que nos habituámos a ler (assim o[a]s senhores[a] da minha idade, claro) nos cartazes do MRPP do pós-25 de Abril, do tipo “o povo elevará bem alto a bandeira da luta contra o governo “vende-pátrias”. Ou será que o Presidente da República, em tal caso, viria a terreiro, no “Facebook”, manifestar a sua repulsa pelo tom tão pouco elevado do debate?