Ora vamos lá ver... Contrariamente ao que tenho visto por aí afirmado, a questão não é David Luiz, um central de origem, não poder ser um bom defesa-esquerdo, ou Sidney não ter categoria para ocupar uma vaga de central no SLB: com as suas características, David Luiz pode mesmo ser um bom defesa-esquerdo (a Europa está cheia de centrais de origem que se transformaram em excelentes laterais - de Sérgio Ramos a Paolo Maldini passando por Ivanovic, etc - ou que jogam invariavelmente numa ou noutra posição) e Sidney já provou a sua, pelo menos razoável, competência. A questão é que não é indiferente para a estrutura e princípios de jogo da equipa jogar com um flanco composto por Coentrão e Gaitán, Coentrão e César Peixoto ou Coentrão e David Luiz. É mesmo muito diferente e mexe não só com o modo como funciona o flanco, como com a sua articulação com o “pivot” defensivo e central desse lado. Exemplos? Todos sabemos que um dos princípios básicos do futebol do SLB é o modo como David Luiz “sai” a jogar (umas vez bem, outras menos bem – não vem agora ao caso), contribuindo para que a equipa ganhe superioridade a meio-campo. Também o modo eficaz como “dobra” defensivamente o flanco esquerdo e articula ao meio com Javi, permitindo a existência, nesse flanco, de uma dupla com maior vocação ofensiva. Ora são todos estes princípios de jogo, toda esta articulação e movimentação colectiva que é posta em causa quando David Luiz passa, assim sem mais nem menos e logo num jogo de alta rotação, a jogar na esquerda, entrando Sidney, um jogador muito diferente e sem as rotinas de David Luiz, para o meio sem que isso seja ensaiado de forma consistente e permanente, e não apenas na semana anterior, nos treinos da equipa. Um treinador que não entende isto não pode ser considerado um bom treinador.
E não me venham dizer que David Luiz tem experiência de lateral e, por isso, pode bem fazer o lugar. A questão não é essa. O jogador até pode ter – e tem – capacidade para fazer o lugar e até já ter experiência da função. A questão é, como vimos, há quanto tempo não faz essa posição e, quando a fez, quem eram os seus companheiros de equipa, quais os princípios e modelo de jogo então perfilhados e que semelhança estes têm ou não com os actuais.
Estamos entendidos?
E não me venham dizer que David Luiz tem experiência de lateral e, por isso, pode bem fazer o lugar. A questão não é essa. O jogador até pode ter – e tem – capacidade para fazer o lugar e até já ter experiência da função. A questão é, como vimos, há quanto tempo não faz essa posição e, quando a fez, quem eram os seus companheiros de equipa, quais os princípios e modelo de jogo então perfilhados e que semelhança estes têm ou não com os actuais.
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