Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quinta-feira, julho 31, 2008
Ferreira Leite e a comunicação do PR
Cavaco Silva "à posteriori"
Uma nota de preocupação: mas será que a Presidência da República tem a clara noção da importância de cada tema na vida nacional, da especificidade e adequação de cada "media" ao conteúdo desses temas e da capacidade dos cidadãos para entenderem e interpretarem os diversos assuntos da governação?
Algumas considerações antes da comunicação ao país do PR
Serei pois dos que pensam que, mesmo no actual quadro constitucional, o PR apenas se deverá dirigir directa e formalmente aos portugueses (entenda-se: sem a intermediação parlamentar), e fora das suas habituais alocuções em datas como Natal, Ano Novo, curtas intervenções de oportunidade, etc (no 25 de Abril dirige-se ao Parlamento), em situações limite de grave emergência nacional (guerra, catástrofe, intervenção importante em teatro de operações estrangeiro, estado pré-insurrecional ou de grave dificuldade de manutenção da ordem pública, etc, etc) ou de vazio ou decisão de mudança no poder parlamentar (dissolução da A.R., demissão do governo e outros de cariz semelhante, não querendo ser exaustivo ou entrar em questões demasiado técnicas não sendo jurista, muito menos constitucionalista). Não querendo sequer sugerir que a actual PR caibam quaisquer intenções pouco claras no sentido de uma interpretação populista e/ou “caudillista” do poder, em abstracto, ou no seu papel enquanto Chefe de Estado, em particular, penso que sendo o PR eleito por sufrágio directo e universal poderá sempre existir algum perigo latente de fomento de algumas pulsões desse tipo na vulgarização da sua comunicação directa e mediática com os cidadãos, tão mais comum em regimes plebiscitários do que em democracias parlamentares consolidadas. Aguardo, pois, com interesse o que, de tão importante e grave, terá Cavaco Silva para nos dizer.
quarta-feira, julho 30, 2008
Perversidades da "Moderna"
terça-feira, julho 29, 2008
Willie Dixon's Blues Dixonary (8)
Os portugueses e os seus prémios Nobel
Nota: não simpatizo especialmente com as ideias políticas de Saramago e, daquilo que li, existem coisas que gosto e outras de que gosto menos. Mais: se o seu “Nobel” tem na base uma acção de lobbying eficaz, ainda bem. Melhor isso do que passarmos a vida a queixarmo-nos da nossa incapacidade para agir nessa área.
segunda-feira, julho 28, 2008
Um Benfica preocupante
Demasiadas perguntas e, até agora, nenhuma resposta. Preocupante.
Parece que o governo decidiu convocar o "Congresso da Asneira"
A resposta à argumentação racional (pode ser questionável e rebatível, mas é racional, isto é, parte da razão) de João Cravinho sobre a questão da corrupção, utilizando (essa resposta) uma argumentação(?) baseada num qualquer superioridade moral, não se sabe, neste caso, conquistada onde ou quando, peca por dois motivos básicos: não parte do racional, da razão e do raciocínio, contra-argumentando politicamente, e esquece que foi em nome de superioridades morais várias que se cometeram algumas das maiores atrocidades da História. Em democracia dispensa-se bem tal arma de arremesso. “Congresso da Asneira” nº 1, pois.
Caso idêntico se passa com a resposta às considerações de Paulo Portas sobre o “Rendimento Social de Inserção” (RSI). Começo por fazer notar que, ao contrário de PP e do PP, sou um defensor do RSI como último recurso para os que a nada mais podem recorrer. Algo assim ajuda, entre outras coisas, a distinguir a civilização da barbárie. Mas o RSI contém em si algumas perversidades que se podem tornar, perante a sociedade, no seu pior inimigo. Deve, por isso mesmo, estar continuadamente sujeito a escrutínio público e investigação governamental dos seus beneficiários, garantindo a sua genuinidade, direito de acesso e carácter transitório para os que a outra situação estão em condições de aspirar. Caso contrário gera em si mesmo o vírus da injustiça e da sua própria destruição. Pois PP e o PP, muitas vezes culpados, com razão, pela demagogia mais rasteira, têm neste caso todos os motivos para exigir que se investigue e se reduzam ao mínimo as perversidades, o que o governo não deveria deixar de fazer pelas boas razões que presidiram e presidem à criação e manutenção do RSI. Mas parece que, pela resposta, o governo preferiu o “Congresso da Asneira” nº 2. Lamentável
domingo, julho 27, 2008
Das Origens da Corrupção no Portugal Democrático
Onde se fala das "novelas" do futebol de Verão, de João Moutinho e da hipótese de um "draft" ao estilo NBA
Como fazê-lo? Francamente, tenho dúvidas, não me parecendo que a liberalização total, com os jogadores livres para se transferirem no final de cada época, deva ser considerada dado o prejuízo que isso acarretaria para o clube de origem e a indefinição que traria à formação e estabilidade dos plantéis. Mas que algo baseado ou influenciado pelo “draft” da NBA, que protegesse jogadores, clubes de origem e de destino, bem como o equilíbrio e qualidade dos espectáculos, devesse vir a ser, com maiores ou menores modificações, considerado, incluindo um tecto salarial que evitasse colocar a indústria demasiado à mercê de um qualquer Abramovich (com este ou outro nome) e valorizasse, isso sim, a qualidade da gestão desportiva e empresarial, já é algo que me oferece poucas ou nenhumas dúvidas. A UEFA e a FIFA, esta tão preocupada com a "escravatura", bem podiam, e deviam, preocupar-se com o caso.
Nota á margem: João Moutinho é indiscutivelmente um bom jogador. Pensa e executa com a rapidez suficiente, consegue manter um ritmo e intensidade de jogo elevados, sabe o que anda a fazer no campo, percebendo o que é uma equipa, um colectivo e um jogo de futebol, e preenche bastante espaço no meio-campo, participando com quase igual aproveitamento nas acções ofensivas e defensivas. Mais ainda, parece ter “cabeça”. Mas é indiscutivelmente frágil do ponto de vista físico-atlético. Jogar num campeonato mais competitivo, como a "Premiership", onde tudo acontece “mais depressa, com menos espaço e tempo e com mais vigor”, numa equipa média como o Everton, seria um bom e definitivo teste para sabermos da sua real capacidade para se impor, ou não, fora do futebol(zinho) doméstico.
sábado, julho 26, 2008
História(s) da Música Popular (96)
Bom, mas o que aqui nos traz não são os amores de adolescência (ou também são), mas sim Pomus e Shuman, antes de partirmos para outra. Pois o seu tema-sucesso para Jimmy Clanton foi este “Go Jimmy Go”, uma canção a propósito de um rapaz que era "o maior" lá do sítio a falar, a dançar e a... beijar. O resto a gente não sabe, mas não estamos a falar de ingénuas canções de adolescentes dos late fifties? Que queriam então?
quinta-feira, julho 24, 2008
Inspector Gonçalo Amaral: um exemplo de empreendorismo!
quarta-feira, julho 23, 2008
Queiroz e JVP
terça-feira, julho 22, 2008
O fim da carreira de João Vieira Pinto - um comentário contra a corrente
segunda-feira, julho 21, 2008
O Fado Republicano
Bom, vem tudo isto a propósito da série “O Dia do Regicídio”. A série, em si, é sofrível ou até um pouco menos do que isso, mas oferece a rara oportunidade de mergulharmos um pouco no ambiente fadista da época e no papel que este desempenhou na luta anti-monárquica. Numa das suas cenas, temos a rara oportunidade de ouvir, numa tasca frequentada pelos conspiradores republicanos, um cantador (personagem “Marrequinho de Alfama”) e uma cantadora (NN) interpretarem um fado com uma letra claramente anti-monárquica e satirizando a figura do rei D. CarlosI, ajudando, assim, a criar um ambiente social, um “caldo de cultura”, claramente propício ao “golpe”, um pouco como a “balada” do final dos anos sessenta muito bem o fez em relação à ditadura.
Pois é essa mesma cena que agora aqui reproduzo, pedindo desde já desculpa por o fado estar, no You Tube, dividido por dois clips. Para quem tiver mais pressa e menos paciência, digo já que basta ver os últimos dois minutos e meio do primeiro clip e o início do segundo. Divirtam-se e, se possível, acabem com as ideias feitas e os preconceitos sem razão para existirem.
António Borges hoje no "Público"
domingo, julho 20, 2008
História(s) da Música Popular (96)
Doc Pomus & Mort Shuman (VII)
Tal como aconteceu em relação a Leiber e Stoller, façamos aqui uma pequena incursão, a propósito de Pomus & Shuman, num dos grupos “muito cá de casa”, que só não era assim a modos como uma “British Invasion” in reverse porque os grupos britânicos tiveram sucesso dos dois lados do Atlântico, ao contrário do grupo de que agora falamos, os Walker Brothers, americanos apenas com sucesso relevante no UK. Sobre eles já tenho por aqui falado e como “o que é demais cheira mal” (em muitos casos nunca dei por isso, mas dizem os católicos que “o que é bom ou faz mal ou é pecado”, coisa que também não posso subscrever), não vale a pena tornar-me repetitivo. Vamos antes ao que interessa, sem demora porque se faz tarde.
Pois John Mause, Scott Engel e Gary Leeds também se meteram pelos terrenos de Pomus & Shuman e se “Lonely Winds” não cai necessariamente no “cesto” dos temas mais característicos dos Walker Brothers e dos meus favoritos do grupo, já com “Here Comes The Night”, onde a influência, aliás sempre afirmada por Scott, do “wall of sound” de Spector é notória, o caso muda bem de figura. Pois aqui os deixo, ambos do 1º álbum do grupo "Take It Is With The Walker Brothers".
Ferreira Leite e o novo aeroporto
sábado, julho 19, 2008
sexta-feira, julho 18, 2008
Três pequenas notas s/ o dia de ontem
- Alguém explica ao PCP que se a taxa de IVA baixa um ponto percentual os comerciantes não são obrigados a fazer reflectir isso no preço final de um produto e podem, pura e simplesmente, optar por manter ou aumentar o preço, melhorando as suas margens? É que não estamos nos "Planos Quinquenais", não é assim?
- Luís Filipe Vieira afirma que o facto da UEFA manter o FCP na "Champions League" não constitui uma derrota para o Benfica, uma vez que se o FCP fosse afastado LFV preferiria que o seu (e meu) clube não participasse . Ok, tudo bem, embora seja fácil fazer esse tipo de afirmações à posteriori - que, assim, valem o que valem. Mas se recorreu era pelo menos por achar que o FCP não deveria participar, independentemente da decisão de participação Benfica, não é assim? Não há derrota?
- O PSD acha que o papel da oposição é apenas fiscalizar o governo e não apresentar alternativas. Duvido os portugueses pensem assim, mas também como é possível apresentar alternativas credíveis às políticas do governo sem ter, ou assumir, uma estratégia e um modelo de desenvolvimento alternativo? Sem isso, de facto, quaisquer medidas soariam oco e sem sentido, e o que parece é que o PSD de Ferreira Leite, mais do que não ter, teme apresentar uma estratégia que, necessariamente, o faça baixar nas sondagens e perder votos futuros. Rabo escondido (Ferreira Leite) com gato (António Borges) todo de fora, pois claro.
"Conta-me Como Foi", Carlos Mendes e o "Verão" (2)
Bom, mas vamos lá ao “Festival da Canção”.
Não me vou referir, de um ponto de vista mais ou menos sociológico, à importância da televisão nos anos sessenta: haverá que conheça muito melhor o assunto para sobre ele se pronunciar, mas era algo que em Portugal tinha apenas nascido em 1957 e constituía o entretenimento familiar preferencial. Quanto ao Festival, acontecimento único no ano televisivo, que faz de 1968 um ano tão único? Pois é a primeira vez que alguém quebra, a esse nível, a hegemonia daquilo a que João Paulo Guerra chamou de “nacional-cançonetismo” (que em Portugal se consubstanciava predominantemente no “Centro de Preparação de Artistas da Rádio, da Emissora Nacional), que não mais era do que a música ligeira do “passado”, com a qual a nova música popular, a nova geração, veio estabelecer uma ruptura. Mais, essa ruptura é feita através da vitória de alguém claramente oriundo do movimento Ié-Ié, com um tema que, embora “suave” e “melódico”, também com ele podia ser claramente identificado nas suas origens, até na imagem e modo de interpretar do então jovem Carlos Mendes. Mesmo na orquestração, com ao destaque dado ao orgão e à bateria. Se formos analisar os festivais anteriores, em todos eles excepto no ano de 1967 com a vitória de Eduardo Nascimento (que considero, com alguma liberdade, algo de híbrido – Nuno Nazareth Fernandes vem da Revista) os vencedores são temas e intérpretes ligados ao tal “nacional-cançonetismo”: “Oração”, com António Calvário (João Nobre-Francisco Nicholson-Rogério Bracinha, nomes do teatro de Revista); “Sol de Inverno”, com Simone de Oliveira (Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança); “Ele e Ela”, com Madalena Iglésias (Carlos Canelhas). Esta a razão da importância que o Festival assume neste ano e faz dividir a família Lopes (acho que é este o nome; se não é peço desculpa) em “Conta-me como Foi”. É o conflito entre o futuro e o passado em directo e “ao vivo” na TV, o que era algo nunca visto até então. Qualquer coisa que fazia mesmo extremar posições e assumia alguma dose de radicalismo e de conflito geracional – o que hoje nos faria rir, claro. Curioso é verificar que esta terá sido a única verdadeira incursão vencedora do movimento Ié-Ié no Festival da RTP. Os anos seguintes, com excepção de 1970 com a vitória de Sérgio Borges com “Onde Vais Rio Que Eu Canto” (Nóbrega e Sousa), irão assistir àquilo que não se sabia na altura ser um certo domínio dos interesses conjunturais (e culturais) do PCP, na sua versão “frentista” do MDP e com a colaboração de alguns compagnons de route de ocasião, que se torna responsável pela renovação da música ligeira (repito: ligeira, não disse popular) portuguesa muito por via da influência de Ary dos Santos e da conjugação da sua muito razoável qualidade poética com a experiência de publicitário capaz de fazer os destinatários memorizar facilmente uma frase certeira. As suas “letras” reflectem isso mesmo e constituem, na altura, uma pedrada no charco. Aliás, a mesma estratégia de “apropriação” é usada pelo PCP em outras instituições mais ou menos ligadas e nascidas com o beneplácito e sob a égide do regime, desde sindicatos corporativos a associações recreativas e culturais. Esta apropriação “por dentro” de elementos do aparelho político e cultural da ditadura virá a ser-lhe de grande utilidade no pós 25 de Abril.
E pronto, mais não digo. Deixo-os com Carlos Mendes e o “Verão” de José Alberto Diogo (emérito benfiquista) e Pedro Osório.
"Conta-me Como Foi", Carlos Mendes e o "Verão" (1)
Que se estava, no final dos anos 50 e nos anos 60, em período de grandes mudanças sociais, culturais e comportamentais, quando a geração dos baby boomers chega à adolescência em pleno período de enorme prosperidade económica e depois de passado o trauma da WWII, embora no período mais gélido da guerra fria, não é nada de novo afirmar. Importante, isso sim, constatar que grande parte da afirmação desses novos valores culturais e sociais, de “viver a vida”, passa indiscutivelmente pela música popular, pelas formas e sons que assume e pela imagem e valores assumidos pelos seus intérpretes. Também será essa música popular que irá por sua vez agir sobre a sociedade, a política e os seus valores vivênciais e aspirações, ajudando a modificá-los. A nova música popular, opondo-se à chamada “música ligeira” herdada do período anterior à guerra, é sinal premonitório de uma sociedade nova que assume o seu lugar expulsando a antiga. Desnecessário falar do papel que as novas formas de música popular irão assumir em acontecimentos tão importantes como o relacionamento entre os sexos, a luta contra a segregação racial e a estanquicidade classista, as manifestações contra a guerra do Vietnam e pela paz, a afirmação dos direitos cívicos, etc, etc. De igual modo, não valerá a pena afirmar que é pela música que a “moda” se afirma enquanto ruptura com o passado (mods, rockers, glam rock, etc). Idem, no que se refere à droga, que dela é indissociável neste período, principalmente o LSD que dá origem a um movimento cultural (o psicadelismo) que tem talvez a sua maior afirmação na música popular. Mesmo outras formas de arte em ruptura com o passado, como éo caso da "Pop Art", não deixam de aparecer também ligadas à música popular.
O que se passa no seio da música ligeira e popular é também interessante e só isso possibilita que ela assuma o papel social e de inovação musical que vem a ser o seu. Pela primeira o seu domínio deixa de ser património dos “músicos”, de quem tem alguma formação específica (sabe ler uma pauta, recebeu lições de canto ou, pura e simplesmente, foi ensinado a aperfeiçoar o seu modo de cantar) e passa a ser património de todos os que querem aprender uns acordes ou exprimir o que lhe vai na alma. Isso deve-o ao "rock and roll", que vai beber a sua inspiração aos blues dos negros, um género musical com uma estruturação muito simples e um canto “sentido” e não trabalhado, próprios de uma cultura que nasce no duro trabalho dos campos e de quem não tem possibilidades de ter qualquer formação musical. De quem também não pode comprar instrumentos caros e que não sejam portáteis (os bluesmen iam cantando de terra em terra e os instrumentos originais eram improvisados), mas que necessita de algo que acompanhe a sua voz: uma guitarra, mesmo que de construção barata, já que ela tem apenas como função, com uns acordes simples, acompanhar e sublinhar a sua voz. O ideal para os adolescentes, com pouco dinheiro e sem paciência para as formas musicais dos pais, que não consideravam como suas, exprimirem as suas aspirações e afirmarem os seus valores pelo contraste. Mesmo quando falamos na dança, principalmente naquele período entre 1958 e 1962 que ficou conhecido como da “dance craze”, assistimos à afirmação uma ruptura igualitária: os pares deixam de dançar entrelaçados, o homem conduzindo a mulher, mas cada um é livre de dançar “como lhe apetecer”. Mais ainda, a música deixa de ter um papel de entretenimento, de “música de fundo” que torna o ambiente agradável enquanto se “fazem outras coisas”, mas ouve-se alto, assumindo um papel claramente dominante no ambiente. No palco as atitudes tornam-se provocatórias, sexualmente explícitas exprimindo uma das lutas do momento.
E agora perguntar-me-ão: mas que tem isso tudo a ver com a Festival RTP da Canção, com o Carlos Mendes e o “Verão”? Pois vem já de seguida... no próximo post.
quinta-feira, julho 17, 2008
O "Gato Maltês" andou hoje por aí
quarta-feira, julho 16, 2008
Um sintoma da perda de competitividade do futebol português
terça-feira, julho 15, 2008
Táxis partilhados: uma boa ideia
Há pouco, no Telejornal, percebi que já existem em Portugal algumas pessoas que se dispõem a partilhar um táxi como método de combate ao aumento do custo dos combustíveis. É uma boa, uma óptima ideia para os utentes e para a cidade, apesar do individualismo tradicional dos portugueses. Nada como uma crise grave para gerar soluções inventivas e mudar os hábitos no bom sentido... Recordo que há já alguns anos, talvez vinte, em Atenas isso era não só comum como algo institucionalizado, e um táxi podia parar, quando não viajasse com a sua lotação completa, para “meter” mais um ou vários passageiros. Lembro-me pelo menos uma vez isso aconteceu comigo, numa corrida relativamente longa, de Atenas para o Pireu. Sobrevivi sem problemas.
Também me lembro que em Londres, na companhia para a qual eu então trabalhava, nos early nineties, durante uma greve dos transportes de imediato os meus colegas ingleses, da administração ao porteiro, montaram uma organização ad hoc, com inscrições em paineis devidamente criados para o efeito, para transporte nos carros de cada um de e para o escritório, evitando a sub-lotação e o desperdício. Outras mentalidades...
Autarquias...
Hoje em dia, queixamo-nos frequentemente, e com razão, do esbanjamento dos dinheiros autárquicos em obras inúteis, pavilhões e rotundas, repuxos e “novas centralidades”. Mas tudo isso são consequências de um país que já foi pobre e carenciado, e de uma lógica autárquica moldada nos anos oitenta quando, por via dos fundos estruturais, se conseguiram finalmente edificar as obras básicas que a muitas autarquias faltavam, frequentemente de saneamento, de acessos, de novas casas que substituíram aquelas que os seus moradores associavam à pobreza endémica. Foi tudo isso que conduziu ao conceito de “obra feita” e definiu um arquétipo do autarca “fazedor” de obra tangível, moldando uma filosofia e uma cultura que permaneceram muito para além desse período e dessas necessidades. Que custa a ser alterado quando as necessidades são já bem outras.
Ingrid Betancourt "Pop Star"
segunda-feira, julho 14, 2008
Bairros sociais...
As Capas de Cândido Costa Pinto (45)
Alegre e Carvalho da Silva
Confesso achar curioso o fascínio que Manuel Carvalho da Silva exerce sobre a ala conservadora do PS, a ponto de ser personalidade de destaque no primeiro número da revista on-line “OPS" (a propósito, porquê o modelo “estático”, com periodicidade definida, de uma revista em algo como a net que possibilita uma muito maior flexibilidade e dinamismo? Saudades das revistas de debate de ideias no formato do século passado?). Compreende-se: Manuel Alegre vive na saudade de um futuro com uma “frente unida de esquerda” e, portanto, agarra com ambas as mãos tudo o que, vindo dos lados do PCP, tiver um ar de alguma heterodoxia, mesmo que para assim achar seja necessária alguma dose de benevolência. Esquece, contudo, Alegre que, independentemente da competência sindical de Carvalho da Silva, que constitui um facto incontroverso, essa sua heterodoxia, constituindo-se como um valor acrescentado necessário, é muito mais fruto das circustâncias de ocupar o lugar de dirigente máximo de uma central sindical onde coexistem “comunistas, socialistas e outros democratas” (a expressão é do PCP) e da necessidade do PCP assim hegemonizar “amplas camadas democráticas” (idem), do que propriamente por uma linha de pensamento autónoma e consequente, que me parece, a existir, ser desconhecida para além de uma ou outra divergência pontual ditada pelos objectivos acima enunciados. Claro que Carvalho da Silva e o PCP vão continuando a cultivar essa imagem e a potenciar a graça assim recebida. Entretanto, Alegre esquece-se que no "post -modernismo" dos dias de hoje a contradição principal já não é entre o capital e o trabalho, entre o proletariado e a burguesia, mas entre o estado de direito democrático e a economia de mercado (com as suas várias nuances) a ele umbelicalmente ligado, por um lado, e o centralismo estatista que arrasta necessariamente consigo os genes da ditadura, por outro. Também esquece que tanto Carvalho da Silva como a CGTP têm apenas o valor que lhes é conferido pelo PCP. Por “este” PCP, não um outro qualquer imaginado.
domingo, julho 13, 2008
Ainda a propósito da passagem de Bob Dylan por Lisboa...
História(s) da Música Popular (95)
Cristiano Ronaldo o "melhor do mundo"?
Até há uma semanas, cinco ou seis, se fosse um dos votantes para o “melhor jogador do ano” não hesitaria em votar em Cristiano Ronaldo, mesmo apesar do Europeu relativamente sobre o fraco que realizou. Hoje, em idênticas circunstâncias por certo o não faria, depois da interminável novela que ele, o seu empresário e o Real Madrid têm vindo a protagonizar. Sim, eu sei que o dinheiro vale muito e Cristiano pensa que se protagonizasse a mais cara transferência de sempre isso seria um marco na sua carreira e no caminho para ser considerado “o melhor do mundo”. Que Madrid não é Manchester. Que uns milhões de euros e o protagonismo assumido dariam muito jeito à “vidinha” de Jorge Mendes, que está a prestar um mau serviço ao seu cliente Cristiano. Que, que e também mais que... Mas também sei que para eleger o “melhor do mundo” não chega o comportamento em campo; estamos a estabelecer um padrão, a dar um exemplo e para isso torna-se absolutamente necessário entrar também em consideração com valores éticos, comportamentais e sociais, principalmente os assumidos no exercício da sua profissão e com ela relacionados, e aí Cristiano tem vindo a perder em toda a linha. Por isso, não merece mais a eleição e acho (espero) os votantes tenham também isso em conta.
sábado, julho 12, 2008
A propósito da passagem de Bob Dylan por Lisboa...
Carlos Queiroz
- Nunca a Itália (4 vezes campeã do mundo absoluta) ganhou a prova. Nem sequer esteve presente em qualquer final.
- A Alemanha (tri campeã do mundo absoluta) venceu apenas uma vez: no longínquo ano de 1981 venceu por 4-0 o Qatar(!) na final. Participou em apenas mais uma final, em 1987 no Chile, tendo perdido com a Jugoslávia 5-4 (gp).
- Para além de Portugal (vitórias citadas) e da Alemanha, apenas a URSS, em 1977, a Jugoslávia, 1987 e a Espanha, já em tempos “históricos” - 1999, foram campeãs, esta vencendo na final o Japão(!) por 4-0.
- Potências do futebol europeu como a França, a Holanda (ambas com pergaminhos na formação) ou a Inglaterra nunca estiveram sequer presentes numa final. Já não falando de médias potências como a Suécia, Dinamarca, Roménia, etc.
- Os grandes vencedores são países não europeus: Brasil e Argentina somam 9 vitórias, contra 6 dos europeus.
- Por fim, dos jogadores portugueses mais votados para eleger o melhor do torneio, nenhum deles fez uma carreira de sucesso: Emílio Peixe foi considerado o melhor em 1991, Paulo Torres o 3º no mesmo ano e Dani o 2º em 1995."
Hoje, posso acrescentar o seguinte:
Acresce que muitos dos jogadores responsáveis por alguns dos melhores resultados das selecções nacionais não são sequer oriundos da chamada (impropriamente) "geração de ouro" (isto é, não pertenceram às selecções sub-20 de Riad ou Lisboa) e, de cor e só para citar alguns, lembro Costinha, Nuno Gomes, Pauleta, Cristiano Ronaldo, Miguel, Dimas, Paulo Bento, Maniche, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Deco e Sérgio Conceição.
Tendo dito isto, falemos então de Carlos Queiroz e da sua contratação como seleccionador nacional. Em primeiro lugar, convém lembrar o modo deselegante como deixou o cargo: ao falar “de limpar a porcaria que existia na FPF”, C.Q. poderia estar cheio de razão, mas a afirmação feita a quente no final de um jogo que ditava a eliminação de Portugal da fase final de um Mundial é não só sintoma de algum descontrole emocional, inadmissível nas funções, como de uma de duas coisas: ou que não soube agir “politicamente” para conseguir o poder necessário para “limpar essa porcaria” ou que, não o tendo conseguido por questões que transcendiam o seu campo de actuação, se deveria ter demitido de imediato perante essa mesma inexistência. Imaturidade, talvez. Verdade, também, que nunca conseguiu algo de relevante nas suas experiências enquanto treinador principal e que, portanto, o seu crédito nasce apenas das já referidas conquistas enquanto responsável das selecções jovens e de uma bem sucedida experiência como adjunto do Manchester United (o que é razoavelmente diferente de ser “manager”). Diga-se também, em abono da verdade, que o selecção sul-africana e o Real Madrid eram presentes razoavelmente envenenados.
Bom, em função do que acima afirmei a escolha de C. Q. é uma má escolha? Apesar disso, não o será tanto assim. De acordo com o perfil que aqui tracei como necessário (e é assim que o assunto deve ser analisado) C. Q. tem, hoje em dia, uma maior maturidade e uma personalidade forte. Tem ideias e duvido se vergue aos poderes mesquinhos do futebol português. Conhece bastante bem o futebol internacional, do 1º mundo futebolístico e não do Egipto ou do Burkina Faso, incluindo, por dentro, aqueles que são, talvez, os dois maiores clubes do mundo. Embora nunca tendo conquistado nenhum título de relevo no futebol sénior como treinador principal (algo em seu desfavor) e não se lhe reconheçam ideias claras em relação a princípios e modelo de jogo, vem com o poder que lhe é concedido pelo reconhecimento de uma personalidade como Alex Ferguson, de um salário excepcional (também conta), e de uma quase unanimidade nacional em torno do seu nome. Tem experiência da Premiership, da Champions League e o reconhecimento dos principais jogadores, já que tem uma vivência cosmopolita semelhante. Tem formação escolar adequada, o que não constando do perfil que tracei será factor preferencial. Único ponto fraco: não tem experiência de comando de uma selecção sénior em fases finais de Europeus e Mundiais, embora isso possa ser parcialmente (repito: parcialmente) corrigido pela sua experiência nas fases finais da Arábia Saudita e de Portugal com as selecções jovens. Nas circunstâncias actuais, seria muito difícil fugir à sua indigitação, mas é bom que tenhamos uma noção clara da realidade: não é um treinador de renome internacional e com títulos conquistados que o coloquem acima de qualquer suspeita, e se os resultados não aparecerem já em Setembro... Da minha parte, tem o benefício da dúvida.
Nota final: sendo Rui Santos reconhecidamente um membro do lobby Queiroz e gastando 90% do seu tempo a "dizer mal" (é mesmo o termo adequado) da FPF e de Madaíl, o patrão de C. Q., será que vai ficar desempregado ou apenas mudar de registo?
Onde se fala de Robin dos Bosques, do Sheriff de Nottingham, de Guy de Gisbourne, de Lady Marianne e de uma tal "taxa"
Bom, quando acontece um agravamento em alguma das rubricas daquilo que se designa no calão da vida empresarial por “overhead expenses” (custos fixos, em termos bem mais corriqueiros se bem que talvez não tão rigorosos), a tendência será semelhante, levando a empresa a reduzir esse custo, de forma mais ou menos proporcional, em outras rubricas (muitas vezes recorrendo a contenção salarial do pessoal administrativo ou até procedendo a despedimentos, cortando nas viagens e em outras despesas correntes, publicidade e promoção, etc) ou a tentar aumentar a “margem” dos produtos produzidos no sentido de “melhor” absorver esse agravamento ocorrido nas tais “overhead expenses”, quer através do aumento de preços quer através de processos de inovação no sentido de reduzir os custos do processo produtivo.
Tendo dito isto, a taxa “Robin dos Bosques”, sendo à partida uma boa ideia (faz pagar a quem lucra com a alta dos preços do petróleo, prejudicial para o país no seu todo, uma taxa acrescida no sentido de beneficiar quem com esse aumento mais sofre – fácil e justo lembrarmo-nos das últimas afirmações de Fernando Ulrich sobre a necessidade de fazer recair sobre quem pode um agravamento fiscal por questões de coesão social), funciona para as empresas sobre as quais incide (petrolíferas) como um custo acrescido, que, à partida, irá “pesar” sobre os seus lucros antes de impostos. Sendo as ditas “overhead expenses” (custos fixos, pronto!) algo que, por definição, oferece muito poucas hipóteses de flexibilidade e adaptabilidade conjuntural, muito de semelhante se passando com eventuais processos de redução de custos, poderemos estar certos que a pressão para fazer reflectir o agravamento provocado pela nova taxa nos preços dos combustíveis pagos pelo consumidor será tremenda. Mais ainda, sabendo todos, e as empresas petrolíferas e o Estado cobrador de impostos mais do que quaisquer outros, que a gasolina e o gasóleo serão dos bens com uma menor elasticidade na relação procura/preço, isto é, cuja procura, pelo menos no curto-prazo, menos reage, no sentido negativo, a um agravamento dos preços.
A pergunta que fica por fazer é portanto a seguinte: está o governo a prever todas as implicações desta sua decisão (insisto: em teoria, uma boa ideia) e tem instrumentos para assegurar aos cidadãos consumidores que não está a brincar de aprendiz de feiticeiro e que as petrolíferas não vão arrecadar com uma mão o que entregaram com a outra? Ou seja: que o pobre do “Robin dos Bosques” não vai acabar por ficar prisioneiro do Sheriff de Nottingham, de Guy de Gisbourne e perder as boas graças de Lady Marianne? Espero bem que isso não aconteça... pois sempre gostei de romances de aventuras em que os "bons" ganhem e obtenham a devida recompensa. Que não seja o governo a retirar-me esse prazer!
sexta-feira, julho 11, 2008
A propósito dos disparates de Joseph Blatter
quinta-feira, julho 10, 2008
quarta-feira, julho 09, 2008
Cinema e Rock n' Roll (19)
Viva o "carro-eléctrico"!
Também sabemos, pelo menos todos aqueles que minimamente se interessam pelo modo como funciona um automóvel, que o motor de explosão, de êmbolos alternativos, é, com mais ou menos aperfeiçoamentos, uma tecnologia herdada do século XIX e que todas as tentativas de fazer mover automóveis de outro modo (turbina – a Rover fez em tempos uma experiência - , êmbolo rotativo – existiu um NSU e um Mazda, não me lembro se mais algum), mesmo que utilizando combustíveis fósseis, por uma ou outra razão, que desconheço, foram votadas ao fracasso. Mas confesso, confesso mesmo, que esta história dos automóveis eléctricos em Portugal, anunciada assim do “pé para a mão” pelo primeiro-ministro sem qualquer explicação sobre as questões técnicas que, até aqui, se levantavam aos projectos de automóvel movido a electricidade (não sou “esperto” no assunto, mas o peso e o carregamento das baterias, o espaço ocupado por estas, a autonomia, as “performances” e a praticidade eram questões ainda não resolvidas), sem qualquer ideia sobre preço, manutenção, mercado e por aí fora, mesmo que pela sua reduzida dimensão geográfica Portugal se preste bem a “país-teste”, parecem-me incluir uma boa dose de propaganda, bem a jeito do “choque tecnológico” ou, para ser mais simpático, apenas mais um exemplo para ilustrar o conceito “wishfull thinking”. Bom... mas longe de mim acusar por isso o governo... É que bem Portugal precisa de algum optimismo... Oxalá não morra é de overdose. E como, neste caso, estamos a falar de algo para daqui a poucos anos... espero cá estar para ver, sem precisar de repetir a conhecida história de Salazar pretender assistir à morte da tartaruga.
terça-feira, julho 08, 2008
O relatório da SEDES
A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (34)
"This poster is an advertisement for a serial novel, Tempestad Sobre Un Trono, published in Spain shortly before the war (circa 1931) when the government of the Second Republic was established. The tri-color flag held by the women and her red cap are all symbols of Republican Spain. The novel may have been an attempt to rouse support for the Republican cause by harkening back to the early 1930s. It may have also been part of the variety of propaganda campaigns encouraging reading, in general, and the reading of communist or anarchist literature, in particular.
Although little information could be found on the novel itself, there exists some information on its authors. First, Cristobal de Castro (b. 1878) is most remembered as a journalist who published articles in several of Madrid's most important periodicals of the late nineteenth and early twentieth centuries. However, he did publish two books of poetry in 1903, Cancionero galante and El amor que pasa, as well as a third dramatic poem in collaboration with López de Alarcón in 1908, Gerineldo. Castro also published a few novels of which his 1921 La interina is most remembered. Pedro de Répide (1882-1947) was a madrileño and worked both as an historian and a novelist in his lifetime. He received some training at the Sorbonne in Paris and worked at the Library of Isabel II there. In the 1930s, he published two historical works one, not surprisingly, on Isabel II (1932) and another on Alfonso XII (1936). In addition, he wrote several novels reflecting on life in Madrid. Diego San José (b. 1885) served as the editor or a collaborator on several periodicals and magazines throughout his lifetime. He also wrote poetry and published a number of historical novels in the 1920s including La carte del rey embrujo (1923), Una pica de Flandes (1925), and De capellán a guerrillero (1929). Information on the other two authors of Tempestad Sobre un Trono Dionisio Pérez and Luis de Oteyza (1883-1964) was not found.
Little information is available on the artist Antonio Hernandez Palacios except that he continued his artistic career after the war in designing film posters and comics."
segunda-feira, julho 07, 2008
História(s) da Música Popular (94)
Doc Pomus & Mort Shuman (V)