Manuela Ferreira Leite gastou uma boa parte do tempo da sua entrevista à TVI (Constança Cunha e Sá) a tentar questionar de um ponto de vista estritamente financeiro, contabilístico, mesmo (modalidades de financiamento, tesouraria, endividamento, prazos de pagamento, cash flow, etc), o conjunto de investimentos do governo em obras públicas. Enquanto líder do principal partido da oposição e candidata à chefia do governo, fez mal; isso como que a “castrou” dessa sua qualidade. Percebe-se porque apenas assim o fez: o seu partido e respectivos apoiantes e financiadores encontram-se demasiado envolvidos nesses projectos para que pudesse arriscar uma posição mais clara. Mas, se quisesse ter assumido uma inequívoca posição de coragem política, devia, isso sim, tê-lo feito de um ponto de vista também ele político, da estratégia e do modelo de desenvolvimento propostos para o país, e isso é independente e ultrapassa em muito o tipo das questões nas quais se embrenhou. Tem, no entanto, razão num ponto: o governo tem a estrita obrigação de disponibilizar publicamente, e não só à oposição, todos os elementos necessários à análise de cada um dos projectos que propõe.
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