segunda-feira, julho 14, 2008

Bairros sociais...

Claro que as migrações dos anos 40 e 50, da província para a cidade de gente que, apesar de tudo, partilhava valores e religião, língua e alguns hábitos, mais pequena-burguesia de funcionários do que qualquer outra coisa, nada tem a ver, até em número, com a actual imigração de gente de etnias, línguas e religiões diferentes, hábitos e valores antagónicos, mas apetece-me dizer que Salazar bem percebia de integração, pelo menos enquanto o regime pôde controlar esses movimentos migratórios nos estreitos limites da não massificação e da sua não disseminação em bairros de lata: bairros sociais com casas individuais, geminadas, quintal, igreja ao fundo... Tudo o que reproduzia a vida da aldeia de origem, da vizinhança, do Portugal rural que o regime importava para pequenas aldeias dentro da própria cidade, assim reproduzindo a sua própria ideologia e contribuindo para a sua perpetuação. A industrialização acelerada, a “malfadada industrialização” geradora do grande crescimento económico dos anos 60, tudo isso levou à sua frente.

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