- Nunca a Itália (4 vezes campeã do mundo absoluta) ganhou a prova. Nem sequer esteve presente em qualquer final.
- A Alemanha (tri campeã do mundo absoluta) venceu apenas uma vez: no longínquo ano de 1981 venceu por 4-0 o Qatar(!) na final. Participou em apenas mais uma final, em 1987 no Chile, tendo perdido com a Jugoslávia 5-4 (gp).
- Para além de Portugal (vitórias citadas) e da Alemanha, apenas a URSS, em 1977, a Jugoslávia, 1987 e a Espanha, já em tempos “históricos” - 1999, foram campeãs, esta vencendo na final o Japão(!) por 4-0.
- Potências do futebol europeu como a França, a Holanda (ambas com pergaminhos na formação) ou a Inglaterra nunca estiveram sequer presentes numa final. Já não falando de médias potências como a Suécia, Dinamarca, Roménia, etc.
- Os grandes vencedores são países não europeus: Brasil e Argentina somam 9 vitórias, contra 6 dos europeus.
- Por fim, dos jogadores portugueses mais votados para eleger o melhor do torneio, nenhum deles fez uma carreira de sucesso: Emílio Peixe foi considerado o melhor em 1991, Paulo Torres o 3º no mesmo ano e Dani o 2º em 1995."
Hoje, posso acrescentar o seguinte:
Acresce que muitos dos jogadores responsáveis por alguns dos melhores resultados das selecções nacionais não são sequer oriundos da chamada (impropriamente) "geração de ouro" (isto é, não pertenceram às selecções sub-20 de Riad ou Lisboa) e, de cor e só para citar alguns, lembro Costinha, Nuno Gomes, Pauleta, Cristiano Ronaldo, Miguel, Dimas, Paulo Bento, Maniche, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Deco e Sérgio Conceição.
Tendo dito isto, falemos então de Carlos Queiroz e da sua contratação como seleccionador nacional. Em primeiro lugar, convém lembrar o modo deselegante como deixou o cargo: ao falar “de limpar a porcaria que existia na FPF”, C.Q. poderia estar cheio de razão, mas a afirmação feita a quente no final de um jogo que ditava a eliminação de Portugal da fase final de um Mundial é não só sintoma de algum descontrole emocional, inadmissível nas funções, como de uma de duas coisas: ou que não soube agir “politicamente” para conseguir o poder necessário para “limpar essa porcaria” ou que, não o tendo conseguido por questões que transcendiam o seu campo de actuação, se deveria ter demitido de imediato perante essa mesma inexistência. Imaturidade, talvez. Verdade, também, que nunca conseguiu algo de relevante nas suas experiências enquanto treinador principal e que, portanto, o seu crédito nasce apenas das já referidas conquistas enquanto responsável das selecções jovens e de uma bem sucedida experiência como adjunto do Manchester United (o que é razoavelmente diferente de ser “manager”). Diga-se também, em abono da verdade, que o selecção sul-africana e o Real Madrid eram presentes razoavelmente envenenados.
Bom, em função do que acima afirmei a escolha de C. Q. é uma má escolha? Apesar disso, não o será tanto assim. De acordo com o perfil que aqui tracei como necessário (e é assim que o assunto deve ser analisado) C. Q. tem, hoje em dia, uma maior maturidade e uma personalidade forte. Tem ideias e duvido se vergue aos poderes mesquinhos do futebol português. Conhece bastante bem o futebol internacional, do 1º mundo futebolístico e não do Egipto ou do Burkina Faso, incluindo, por dentro, aqueles que são, talvez, os dois maiores clubes do mundo. Embora nunca tendo conquistado nenhum título de relevo no futebol sénior como treinador principal (algo em seu desfavor) e não se lhe reconheçam ideias claras em relação a princípios e modelo de jogo, vem com o poder que lhe é concedido pelo reconhecimento de uma personalidade como Alex Ferguson, de um salário excepcional (também conta), e de uma quase unanimidade nacional em torno do seu nome. Tem experiência da Premiership, da Champions League e o reconhecimento dos principais jogadores, já que tem uma vivência cosmopolita semelhante. Tem formação escolar adequada, o que não constando do perfil que tracei será factor preferencial. Único ponto fraco: não tem experiência de comando de uma selecção sénior em fases finais de Europeus e Mundiais, embora isso possa ser parcialmente (repito: parcialmente) corrigido pela sua experiência nas fases finais da Arábia Saudita e de Portugal com as selecções jovens. Nas circunstâncias actuais, seria muito difícil fugir à sua indigitação, mas é bom que tenhamos uma noção clara da realidade: não é um treinador de renome internacional e com títulos conquistados que o coloquem acima de qualquer suspeita, e se os resultados não aparecerem já em Setembro... Da minha parte, tem o benefício da dúvida.
Nota final: sendo Rui Santos reconhecidamente um membro do lobby Queiroz e gastando 90% do seu tempo a "dizer mal" (é mesmo o termo adequado) da FPF e de Madaíl, o patrão de C. Q., será que vai ficar desempregado ou apenas mudar de registo?
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