Devo dizer que fico estarrecido com a facilidade com que jornalistas e comentadores lançam os nomes mais díspares para o cargo de seleccionador nacional de futebol sem que baseiem esse seu raciocínio, o que parece provar nestes anos nada aprenderam. Mais ainda, como discutem, nesta época de globalização, se deve ser português ou estrangeiro, marciano ou selenita. Porque não do “Triângulo das Bermudas”, para nele fazer desaparecer os adversários? Sejamos razoáveis e pensemos, em primeiro lugar, o que se pretende de um seleccionador e o que pode a FPF oferecer.
Em primeiro lugar, e face àquela característica de Scolari que é unanimemente reconhecida como positiva e estando na base do sucesso obtido – a sua capacidade de criar e “blindar” um grupo e não deixar os clubes interferirem no trabalho da selecção –, penso seria uma enorme estupidez e representaria a perda de um trabalho de anos, não contratar alguém capaz de dar continuidade a este modelo de gestão do grupo. Tendo dito isto, e a contestação que um modelo de gestão deste tipo necessariamente origina tal como aconteceu com alguma imprensa e comentadores em relação a LFS, manda a experiência anterior concluir que alguém com um curriculum indiscutível será, com certeza, capaz de gerar muito mais respeito e menor contestação. Portanto, temos aqui já duas exigência que podemos considerar indispensáveis. Continuando. A maioria dos jogadores portugueses “seleccionáveis” joga em grandes equipas estrangeiras e, alguns, nas 3 melhores equipas portuguesas, aquelas que disputam as competições da UEFA. Estão habituados a treinadores e organizações de topo, de primeira linha, e adquiriram com essa sua vivência ou contacto com o estrangeiro uma mentalidade já mais cosmopolita. Isto conduz-nos directamente a uma terceira exigência: alguém com experiência em clubes e/ou selecções da elite europeia, sendo que, em função do que atrás se disse, isto será bem mais importante do que o conhecimento do futebol português, já que o escolhido não irá treinar uma equipa de clube no campeonato interno, mas a selecção nacional em competições internacionais com um campo de recrutamento externo ou restrito aos 3 clubes portugueses que competem internacionalmente. Sendo que a questão da língua tem alguma importância, não me parece ser fundamental: a maioria dos jogadores já se faz entender razoavelmente em castelhano, inglês ou italiano e um treinador que domine o castelhano ou o italiano (por exemplo) rapidamente se fará entender em português ou algo parecido. Uma última questão. A selecção portuguesa irá, caso apurada, jogar a fase final do Mundial de 2010 e do Europeu de 2012. Por isso, seria também interessante que a pessoa admitida para o cargo reunisse alguma experiência anterior em fases finais de competições desse tipo, muito específicas. Em troca, claro, a FPF pode oferecer a oportunidade de treinar uma das melhores selecções europeias, mediática, com alguns jogadores de classe mundial, infra estruturas de bom nível, um país seguro e do primeiro mundo, um salário não de topo mas, digamos, ainda dentro do primeiro terço do mercado europeu e um clima ameno com peixe, marisco e vinho a condizer. Digamos que são condições bem razoáveis para atrair alguns nomes já com prestígio feito, na maturidade das suas carreiras. Caberá ainda à FPF definir um outro aspecto do "modelo": um seleccionador para a primeira equipa ou o topo de uma pirâmide que abarque toda a estrutura do futebol juvenil. Não sabendo qual a opção da FPF e isso não influenciando os outros requisitos, que se devem manter, passemos adiante.
E posto isto perguntar-me-ão, com esse irresistível impulso lusitano para a fulanização: “então e agora? E nomes”? Parece-me que este perfil exclui qualquer treinador português, excepto, claro, José Mourinho ou Carlos Queiroz. Mas aquele ainda não tem idade e este está “de esperanças” de Alex Ferguson. Estrangeiros? Digamos que domino mal o mercado, mas um nome me ocorre de imediato: Marcello Lippi. Que nem uma luva!
Em primeiro lugar, e face àquela característica de Scolari que é unanimemente reconhecida como positiva e estando na base do sucesso obtido – a sua capacidade de criar e “blindar” um grupo e não deixar os clubes interferirem no trabalho da selecção –, penso seria uma enorme estupidez e representaria a perda de um trabalho de anos, não contratar alguém capaz de dar continuidade a este modelo de gestão do grupo. Tendo dito isto, e a contestação que um modelo de gestão deste tipo necessariamente origina tal como aconteceu com alguma imprensa e comentadores em relação a LFS, manda a experiência anterior concluir que alguém com um curriculum indiscutível será, com certeza, capaz de gerar muito mais respeito e menor contestação. Portanto, temos aqui já duas exigência que podemos considerar indispensáveis. Continuando. A maioria dos jogadores portugueses “seleccionáveis” joga em grandes equipas estrangeiras e, alguns, nas 3 melhores equipas portuguesas, aquelas que disputam as competições da UEFA. Estão habituados a treinadores e organizações de topo, de primeira linha, e adquiriram com essa sua vivência ou contacto com o estrangeiro uma mentalidade já mais cosmopolita. Isto conduz-nos directamente a uma terceira exigência: alguém com experiência em clubes e/ou selecções da elite europeia, sendo que, em função do que atrás se disse, isto será bem mais importante do que o conhecimento do futebol português, já que o escolhido não irá treinar uma equipa de clube no campeonato interno, mas a selecção nacional em competições internacionais com um campo de recrutamento externo ou restrito aos 3 clubes portugueses que competem internacionalmente. Sendo que a questão da língua tem alguma importância, não me parece ser fundamental: a maioria dos jogadores já se faz entender razoavelmente em castelhano, inglês ou italiano e um treinador que domine o castelhano ou o italiano (por exemplo) rapidamente se fará entender em português ou algo parecido. Uma última questão. A selecção portuguesa irá, caso apurada, jogar a fase final do Mundial de 2010 e do Europeu de 2012. Por isso, seria também interessante que a pessoa admitida para o cargo reunisse alguma experiência anterior em fases finais de competições desse tipo, muito específicas. Em troca, claro, a FPF pode oferecer a oportunidade de treinar uma das melhores selecções europeias, mediática, com alguns jogadores de classe mundial, infra estruturas de bom nível, um país seguro e do primeiro mundo, um salário não de topo mas, digamos, ainda dentro do primeiro terço do mercado europeu e um clima ameno com peixe, marisco e vinho a condizer. Digamos que são condições bem razoáveis para atrair alguns nomes já com prestígio feito, na maturidade das suas carreiras. Caberá ainda à FPF definir um outro aspecto do "modelo": um seleccionador para a primeira equipa ou o topo de uma pirâmide que abarque toda a estrutura do futebol juvenil. Não sabendo qual a opção da FPF e isso não influenciando os outros requisitos, que se devem manter, passemos adiante.
E posto isto perguntar-me-ão, com esse irresistível impulso lusitano para a fulanização: “então e agora? E nomes”? Parece-me que este perfil exclui qualquer treinador português, excepto, claro, José Mourinho ou Carlos Queiroz. Mas aquele ainda não tem idade e este está “de esperanças” de Alex Ferguson. Estrangeiros? Digamos que domino mal o mercado, mas um nome me ocorre de imediato: Marcello Lippi. Que nem uma luva!
4 comentários:
Concordado no essencial, creio, no entanto, que neste mon«mento, Carloz Queiroz não estará agora, assim tanto de esperanças de Ferguson como há uns meses.
A afirmação deste último de que faria mais 3 anos e se retiraria, é de molde a fazer perder a paciência ao mais paciente, e eu duvido que Queiroz esteja na disposição de permanecer mais 3 anos na sombra e correndo o risco de subir a treinador principal do Manchester numa altura em que, ele também, já terá idade para começar a pensar na reforma. E neste momento, sabe-se, só a confirmação da saída de C. Ronaldo para o Real Madrid (um aparte para dizer que, a suceder, será um disparate de custos inimagináveis na carreira de Ronaldo)poderia, eventualmente, mudar o presente cenário.
Portanto, e como Carloz Queiroz é de há muito o meu preferido para seleccionador, esta será, fora de dúvidas, a sua melhor oportunidade.
Até porque estamos em presença de alguém quue, além da capacidade acima de qualquer suspeita, é senhor de uma personalidade forte e imune a interferências e compadrios
Abraço
Concordo com o Lippi. O Queiroz já lá esteve e não deu resultado. Falhou o apuramento para o França 98 (último apuramento falhado por portugal)e acabou como tipico Português: "Há que limpar a porcaria na Federação..." Só não disse como nem com quem!!
Apenas uma nota em relação aos comentários: de acordo com ambos, mesmo com a opinião de VA s/ a ida de CR para o Madrid, apenas com a ressalva, JCf, de que quando Queiroz proferiu a tal frase assassina não tinha a maturidade e o poder de intervenção que terá hoje, o que pode fazer toda a diferença.
Será que agora tem mais poder? como teria reagido o Queiroz se tivesse de ter suportado as pressões a que o Scolari foi sujeito? Quanto tempo duraria? É por essa razão que um estrangeiro,sem noção da balança de poderes do futebol nacional, seria bem mesnos arriscado!
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