segunda-feira, junho 02, 2008

A Suíça, o Euro 2008 e os portugueses...

Sim, eu sei que me vão dizer que os suíços são a infelicidade em pessoa, embora eu nunca tenha dado por isso (também não é dos países que melhor conheço, confesso) e com aquele nível de vida, no centro da Europa e paisagem a condizer me pareça pouco crível tamanha infelicidade. Também sei que em Portugal, onde parece que toda a gente é feliz, assim como se aqui a parvalheira fosse a terra do leite e do mel, iriam logo chover as acusações de atentado à liberdade dos cidadãos, à democracia, às conquistas de Abril (Maio e Junho e mais o 25 de Novembro, porque não?) cruzes credo que vem aí o “fascismo”, morra o Sócrates, pim, pam, pum! Mas a Suíça, uma das mais antigas e consolidadas democracias do mundo (si, eu sei, tem esse pecado do “dinheirinho”), onde se vota por tudo e por nada e também por mais alguma coisa, todos ou quase todos os fins de semana, não tem, claro está, esses pruridos, e percebeu há muito tempo que democracia e liberdade não significam a recusa de uma certa “organização, método e disciplina”, respeito pela liberdade de cada um e de todos os outros (sim, eu sei, tem esse pecado do “dinheirinho”). Percebeu mesmo, apesar de governada por suíços, essa gente estranha e parece que infeliz que combatia por dinheiro (pois é, esse pecado do “dinheirinho”), que democracia e liberdade são mesmo incompatíveis com a ausência de alguma “organização, método e disciplina”, parâmetros que, ainda por cima (como não percebem nada de turismo e de arte de bem receber), pretendem impor a quem os visita ou lá trabalha: uns chatos, esses suíços! Vai daí resolveram que não há bandeiras nas janelas dos carros, com gente pendurada, e que quem quiser andar com bandeiras nos carros tem que comprar um suporte adequado (haverá na Suíça lojas chinesas?). Comemorações com gritos e buzinadelas só até 30’ depois dos jogos, sendo proibidas em certos locais (os portugueses, gente muito feliz, como todos sabemos, vão dizer que este é apenas um pretexto para vender relógios, uma indústria local – uns malandros de negociantes, estes suíços). Mais ainda, televisor na varanda, garagem ou jardim pode dar origem a visita da polícia, com eventual multa, e se o écran tiver uma diagonal superior a 3 metros a multa é agravada, pois a ASAE lá do sítio considera - e bem - que se pode estar perante difusão pública.

Pois é, uns chatos, são o que são estes suíços, gente que não percebe nada de democracia e liberdade e só pensa no “dinheirinho” e em queijo com buracos para poupar na massa do dito e enganar o “pagode”. Gente infeliz, claro, uns “bimbos”. Mas nós, os portuguesinhos, um país civilizado e desenvolvido, democracia irrepreensível e de longa data, vamos ou não vamos lá dar-lhes uma lição, a esses malandros dos suíços que só pensam no “dinheirinho” e por ele combatiam? É que até os comemos, não é assim? Ah, portuguesinhos de uma cana!!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem, gostei muito, parabéns Gato Maltês que diz bem e em português.

JC disse...

Tenho cá a impressão de que conheço este anónimo...

Anónimo disse...

Não estando em Portugal no último ano, não consigo perceber essa alergia dos Portugueses à ASAE. Até no público de hoje vem uma noticia sobre a ilegalidade da ASAE. A minha dúvida é se isto é tudo do lobby pro-tabaco ou são mesmo os Portugueses que não gostam de ordem e civismo?

JC disse...

São os portugueses que não gostam de ordem e civismo...