domingo, junho 29, 2008

Rui Costa, "so far"

Segundo julgo saber – corrijam-me se estou enganado –, uma das vantagens que justificam a existência de um director desportivo num clube de futebol é autorizar uma maior autonomia da respectiva política desportiva (princípios e modelo de jogo, contratações, etc) face à sempre, pelo menos nos clubes continentais - i.e, de fora das ilhas britânicas –, alta rotatividade dos treinadores, com as suas diferentes concepções e modelos de gestão das equipas. Também um maior conhecimento do futebol, se comparado com os respectivos presidentes - e, por isso, o lugar é normalmente preenchido por antigos jogadores - mas essa não é razão final mas apenas um meio necessário para a execução dessa política desportiva própria e autónoma. Por alguma razão, nos clubes britânicos essa figura não existe e é ao treinador respectivo, tradicionalmente mantendo-se no clube durante alguns anos e com as alargadas funções de “manager” (gestor de todo o futebol do clube), que competem essas funções.

Ora se bem interpreto, não é isso que parece estar a acontecer no meu “Benfica”, onde a autonomia de Rui Costa para definir uma política, um “modelo” e efectuar contratações de acordo com ele, incluindo a do treinador, parece estar a defrontar-se com dois problemas sérios: em primeiro lugar, a pouca atractividade do campeonato português, em geral, e do SLB, em particular (não vai jogar a "Champions League"), para possibilitar a contratação do treinador com o perfil indicado e dos jogadores desejados, independentemente de questões financeiras; em segundo lugar, esta situação inverte um pouco a relação “director desportivo/treinador” e deixa a este maior poder para impor as suas ideias e os “seus” jogadores, já que, assim, o seu nome passa a ser, por vezes, o argumento definitivo para atrair os jogadores A, B ou C. Isto, claro está, é independente da capacidade manifestada por Rui Costa para lidar com os "media" e da fluência e racionalidade do seu discurso, que são inquestionáveis e podem ser apontados como exemplo raro no mundo da “bola”.

Mas fica, desde já, prometida uma análise mais fundamentada para quando o ruído das manchetes (a propósito: 15 milhões e mais Tiago por Miguel Veloso? Meus caros amigos sportinguistas, se for verdade é o negócio do século: ficam a ganhar com a troca de jogadores e ainda recebem muito dinheiro! Go for it!) der lugar a algo de mais concreto na formação dos plantéis.

2 comentários:

Vic disse...

Meu caro JC

Vamos por partes:
- a maior expectativa que tinha para esta época de transferêncoas era saber o que se ia passar com a reestruturação do plantel do Sporting e,(apesar de ser adepto e sócio do Sporting)para a postura de Rui Costa nas suas novas funções.
Em relação à primeira expectativa, tem sido uma agradável surpresa o acerto com que têm sido colmatadas as deficiências da equipa - embora no caso de Grimi lamente que o negócio se arraste - e, contrariando o que refere, não me agradaria nada ver partir Veloso, ao mesmo tempo que veria ingressar no clube, um jogador - Tiago - que nunca me convenceu, pelo menos em termos de regularidade. Aliás, creio que a dificuldade em se impor fora de portas é demonstrativa da sua pouca consistência. Poderá argumentar que Veloso também não fez uma boa época. Verdade. Mas acredito que, a ficar no Sporting - desde que não contrariado (o tal negócio com o Milan, envolvendo Grimi e deixando Veloso mais uma época em Alvalade, seria, para mim, o ideal) - a próxima época seria a da plena afirmação, salvo algum inopinado precalço.
Já quanto a Rui Costa, a sua actuação tem sido para mim, uma enorme desilusão. Já aqui referi o grande respeito e admiração que nutro pelo Rui, e é por isso, redobrada a minha decepção. Porque a primeira coisa que se exigia era que blindasse as entranhas daquele clube. Ora o que se tem verificado é uma hemorragia de notícias sobre jogadores que interessariam ao Benfica. É o
Pongolle, que afinal já não vem, o Carlos Martins que está em dúvida, o Katsouranis que se quer ir embora, o Aimar a quem é oferecida a camisola 10, é o Nuno Gomes que interessa ao Bétis, mais o guarda-redes do Real Madrid, e ainda mais uns quantos que todos os dias fazem as primeiras páginas dos jornais desportivos. Isto é, o Benfica continua a ser um festim para os jornalistas e, obviamente, para os jornais - destaque para A Bola - que vêem as suas vendas crescerem à custa de um clube com paredes de vidro.
Ora se nem esta tarefa de blindagem - primordial num clube que se quer credível - o Rui consegue levar a cabo, como poderá ele enfrentar desafios muito mais difíceis e que terá daqui para a frente?
Meu caro, eu acho é que o Rui era um excelente 10 e "um gajo porreiro". Mas não é o "porreirismo" que faz um bom director desportivo.
Abraço

JC disse...

Meu caro: (respondo-lhe agora no intervalo da final)
1. De acordo quanto à restruturação do plantel do Sporting, excepto no que diz respeito ao Veloso: é lento, defende mal, é pouco agressivo e joga mal sob pressão do adversário. Por vezes, tb se desconcentra. Não lhe auguro grande futuro, mas vamos a ver. Cá estarei para dar a mão á palmatória. Já Tiago teve algum sucesso no Chelsea e foi titular do OL, uma excelente equipa. A questão Juve pode dever-se a outros problemas, mas como não acompanho a série A não me pronuncio. É um jogador de futebol rectilíneo, muito contra-natura no futebol português. Sempre o achei um bom jogador.
2. Quanto a "A Bola" e à blindagem das notícias, pelo menos o RC não manda "bocas" despropositadas, o que no estado actual do clube já é um progresso. veremos, e voltarei ao assunto.
Abraço