Por questões profissionais tive de me deslocar esta semana a Coimbra e Faro, apenas com o intervalo de um dia. Penso que a Coimbra teria ido pela última vez há uns quatro ou cinco anos, num dia de Agosto em que a principal preocupação foi de como fugir aos 42º reinantes. No caso de Faro, desde que a “Via do Infante” me poupou ao sacrifício que por lá não passava, acho. Confesso nunca simpatizei com Coimbra e com o espírito coimbrão (LT, toda a gente tem defeitos, mas este não considero um dos meus – sorry – e há excepções na vida) e, para além de assistir por lá a alguns jogos do “glorioso”, só me lembro de a atravessar de passagem ou, uma ou outra vez, de por lá perder um par de horas para mostrar aos meus filhos o salazarento “Portugal dos Pequenitos”.
Pois confesso que esta visita me assustou um pouco (muito). Faro parece uma continuação, em versão urbana, da EN 125, arquitetonicamente desordenada e caótica com um estádio em adiantado estado de putrefacção plantado lá bem no meio da cidade (Christo não o pode embrulhar?). Na “baixa” de Coimbra, mal cuidada, com edifícios sujos e a caminhar para a ruína, juntam-se gente e carros a mais e um comércio entre o popular e o fora de moda, estilo “Armazéns Conde-Barão”. O resto da cidade, nada a distingue de um qualquer subúrbio de Lisboa: Amadora ou Porcalhota, Nova Oeiras ou Odivelas. Aqui, ao contrário do que acontece em Faro, salva-se o estádio onde a Académica (ou melhor, o seu presidente) quer deixar de jogar, um bom exemplo de integração urbana de um grande estádio de futebol.
São, hoje em dia, duas cidades pouco acolhedoras; dois (maus) exemplos de desordenamento e desagregação da paisagem urbana num país modificado por autarquias governadas, na sua maioria, por gente gananciosa e mal preparada, muitas vezes sem escrúpulos. Sempre de mau gosto. Enfim, um país cada vez mais feio.
Pois confesso que esta visita me assustou um pouco (muito). Faro parece uma continuação, em versão urbana, da EN 125, arquitetonicamente desordenada e caótica com um estádio em adiantado estado de putrefacção plantado lá bem no meio da cidade (Christo não o pode embrulhar?). Na “baixa” de Coimbra, mal cuidada, com edifícios sujos e a caminhar para a ruína, juntam-se gente e carros a mais e um comércio entre o popular e o fora de moda, estilo “Armazéns Conde-Barão”. O resto da cidade, nada a distingue de um qualquer subúrbio de Lisboa: Amadora ou Porcalhota, Nova Oeiras ou Odivelas. Aqui, ao contrário do que acontece em Faro, salva-se o estádio onde a Académica (ou melhor, o seu presidente) quer deixar de jogar, um bom exemplo de integração urbana de um grande estádio de futebol.
São, hoje em dia, duas cidades pouco acolhedoras; dois (maus) exemplos de desordenamento e desagregação da paisagem urbana num país modificado por autarquias governadas, na sua maioria, por gente gananciosa e mal preparada, muitas vezes sem escrúpulos. Sempre de mau gosto. Enfim, um país cada vez mais feio.
5 comentários:
Declaração de interesses: nasci em Coimbra em 1947, de lá saí em 1964. Não tenho família em Coimbra. Um dos dois meus grandes desgostos da vida é não ser licenciado pela Universidade Coimbra (o outro é ainda não ser avô). Sou fiel à Briosa (único clube que conheço!) até morrer!
Posto isto: como é bom de ver, vivi os meus primeiros anos de formação em Coimbra. Não sei o que é o "espírito coimbrão", mas cheira-me a insulto ou, para ser mais moderado, provocação.
Não contesto em absoluto a apreciação de Gato Maltês relativamente a Coimbra - eu próprio não conheço a Coimbra de hoje.
O que gostria de responder a Gato Maltês não cabe porém num "comentário", fá-lo-ei noutro forum.
Em todo o caso, e precisamente neste momento, acabo de encontrar os meus amigos de infância de Coimbra de há 40 anos. Estamos reunidos em http://cavalinhoselvagem.blogspot.com/.
Voltamos à velhissima questão do provinciano e do urbano? Espero que não!
Abraço amigo, é um prazer questionar consigo!
LT
Só mais uma "coisita": foi no "salazarento" "Portugal dos Pequenitos" que dei o primeiro beijo de adolescente à minha primeira namorada.
LT
Caro LT: Quanto ao "espírito coimbrão": insulto, nunca; provocação tb não. Urbano e provinciano? Lisboa é uma província! Apenas uma referência simplificada, mais ou menos sociológica, uma constatação de algo que posso classificar como um certo sentimento de superioridade cultural e intelectual, da mitificação de uma certa boémia estudantil e da maneira de viver a Universidade, do estatuto dominante do estudante face ao "futrica", à mistura com alguma negação de cosmopolitismo, um certo ambiente fechado sobre si mesmo, cuja explicação transcende o espaço e âmbito deste blog. Manuel Alegre é um bom exemplo do que chamo "espírito coimbrão".
Sim, eu sei que sou muito directo, mas, acima de tudo, "no hard feelings", meu caro!
Um abraço e bom convívio. Vou pôr o "cavalinho selvagem" nos meus favoritos.
Ah, e quanto ao "Portugal dos Pequenitos"... O sítio é mesmo salazarento, e v. sabe como ele nasceu e a ideologia que o moldou. Mas percebo que se presta adequadamente a "baisers volés", como são sempre os de adolescente mesmo quando consentidos. Mas não devemos deixar que a nostalgia nos tolde a racionalidade. Para isso cá estão o futebol e as paixões presentes!
Abraço
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