Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
domingo, fevereiro 28, 2010
No rescaldo do SCP-FCP
Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (5)
JPP e o discurso "catastrofista"
sábado, fevereiro 27, 2010
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
A propósito de Costinha e do SCP: um relance sobre os modelos organizacionais dos clubes de futebol em Portugal
A crescente profissionalização dos clubes, com a diminuição de importância do seu ecletismo, o incremento exponencial dos meios financeiros movimentados por via do crescimento do mercado (entrada em força da TV que trouxe consigo o “merchandising”, direitos de imagem, etc e a liberdade de circulação dos jogadores permitindo vender o espectáculo globalmente e, assim, conquistar novos mercados) com a subsequente sofisticação da sua gestão, tornou obsoleta esta filosofia organizacional. Em Portugal, terá sido o FCP quem lhe deu uma resposta mais imediata com o apagamento das funções de chefe do departamento de futebol e a presidencialização do clube, concentrando nas mãos do presidente (Pinto da Costa), coadjuvado por um “adjunto” encarregue do dirty work (Reinaldo Teles), toda a gestão do clube. Será um modelo que, com maiores ou menores variações e gerando aqui e ali problemas (demissão de Fernando Gomes, por exemplo), se irá manter enquanto Pinto da Costa se mantiver em funções. No SLB esse modelo, embora com hesitações, funcionou (mal) com Manuel Damásio, foi continuado (também mal) por Vale e Azevedo e, até há bem pouco tempo, sem resultados positivos, por Luís Filipe Vieira. Nos últimos tempos, felizmente, algo parece estar a mudar no meu clube, e LFV parece querer assumir, cada vez mais, um papel de “chairman” delegando num CFO (“chief financial officer” – Domingos Soares de Oliveira ) e num “director desportivo” (Rui Costa), ambos profissionais, a efectiva gestão do clube. Parece-me ser este o modelo que, em Portugal, melhor responde aos actuais desafios da indústria, e os bons resultados parecem estar aí para o provar. Espero não estar enganado.
Tudo isto, embora possa não parecer, vem a propósito do SCP e da contratação de Costinha como “director do futebol”, uma função algo híbrida ou mal definida (não é um “director desportivo” nem me parece seja um “adjunto” do presidente ao estilo das funções de Reinaldo Teles no FCP) e que, como tal, me parece estar longe de encaixar num modelo de gestão que responda ao “estado da arte”. Aliás, depois de ter sido, talvez, com João Rocha, o primeiro clube português a viver sob regime presidencialista, o SCP tem oscilado no seu modelo organizacional sem que consiga assumir de vez uma opção consequente na gestão do futebol profissional do clube. Não me parece – longe disso – ser este o único problema que o SCP tem de enfrentar – e já neste “blogue” tenho tentado analisar os problemas dos meus amigos “lagartos”. Mas o facto de não conseguirem resolver um problema, pelo menos na aparência, bem simples quando talvez enfrentem o maior desafio na história mais recente do clube, não augura nada de positivo para o mais antigo rival do meu “glorioso”. E, caros “lagartos”, nós, “lampiões” (como vocês nos chamam), passamos bem sem aquele clube lá do norte, mas sem vocês, confesso, isto já não é bem a mesma coisa...
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
Maria Rueff em São Carlos: um fracasso!
"On Connaît la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (4)
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Duas notas sobre a catástrofe madeirense
- O luto e o respeito por todos aqueles que sofreram e sofrem as consequências da catástrofe madeirense não pode significar o silêncio sobre as razões que poderão ter contribuído para tornar as suas consequências mais gravosas. Antes pelo contrário: o respeito pelos madeirenses e pelo seu futuro exige que se enterre a hipocrisia e se critique e altere aquilo que eventualmente possa ter contribuído para tal. Sebastião de Carvalho e Melo, o exemplo do déspota iluminado, enterrou os mortos e cuidou das necessidades imediatas dos vivos; mas também tratou de transformar um burgo medieval numa cidade moderna e mais apta a enfrentar os elementos. E, já agora, estamos (acho) bem longe do despotismo, ainda mais de qualquer um que possa contribuir para nos iluminar o caminho.
- Ainda hoje se desconhece o número exacto de mortos causado pelas cheias de 1967 na região de Lisboa: vivia-se em ditadura e o regime estava bem longe de querer que os portugueses se apercebessem da dimensão do desastre. O que sabíamos era apenas o que era “visado pela censura” ou ”soprado” pelos muitos cidadãos (na altura, ainda súbditos) e organizações, muitas delas ligadas aos sectores mais progressivos da Igreja Católica, que se dispuseram a ser solidários. Hoje em dia, vivemos em democracia; mesmo na Região Autónoma da Madeira e apesar dos “percalços” locais. Gostaria muito de concluir ser isso o suficiente para que a desinformação de 1967 se não repita.
terça-feira, fevereiro 23, 2010
S. C. Braga: bilhetes gratuitos?
"Sinais de Fogo"?
O que é um facto é que, independentemente da qualidade, conhecimentos e preparação do entrevistador (e já tenho assistido a excelentes entrevistas coordenadas por MST), o êxito de uma boa entrevista depende muito da escolha oportuna do entrevistado e, neste momento, José Sócrates, apesar da sua condição de “homem do momento”, talvez não tivesse sido a melhor escolha: já disse o que tinha a dizer (até, acho, já falou demais), não disse o que nunca poderia dizer e, para além das questões de actualidade política cujo interesse estaria sempre limitado pelo que afirmo no início desta frase (ou alguém pensa que o político experiente que é José Sócrates iria escorregar numa casca de banana?), José Sócrates não é, nem tem obrigatoriamente de ser, uma personalidade fascinante que valha por si só uma boa e fluente conversa. Assim, “Sinais de Fogo” (título um pouco pretensioso) não foi mais do que um “remake” de uma qualquer “Grande Entrevista” de Judite Sousa, sem a solenidade que a RTP1 lhe concede, com um entrevistador pior preparado e, como naqueles concertos "rock" com uma das maiores vedetas do espectáculo, uma primeira parte que não guardaremos na memória e da qual nos queremos ver livres rapidamente para assistir ao que realmente interessa.
Deixo um recado para o próximo programa e para MST. Importam-se, efectivamente, de nos surpreender?
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Então? Pensavam que me "ficava"?
Eu era para estar calado, mas já que nos andam a encher os ouvidos com túneis e Conselhos de Disciplina...
domingo, fevereiro 21, 2010
Portugal candidato à organização da Ryder Cup 2018
Tendo a felicidade de ter assistido pessoalmente à edição de 1991, em Kiawah Island, South Carolina (vitória dos USA por um escasso ponto), penso este seria um evento que poucos investimentos iria requerer e que se enquadra perfeitamente na promoção de Portugal como destino de golfe. Por outro lado, iria contribuir bastante para a divulgação no país de um desporto ainda considerado de “elite” entre os portugueses.
O “Gato Maltês” irá estar atento e será um apoiante entusiástico da candidatura, apesar do peso da concorrência: França, Alemanha, Holanda, Espanha e Suécia.
sábado, fevereiro 20, 2010
Os senhores jornalistas e o "caso" Taguspark
Bom, se acham trata-se de um puro e simples caso de incompetência jornalística, pois talvez não tivesse sido má ideia informarem-se previamente sobre o modo de funcionamento da empresa. Se não acham e, mesmo assim, publicam a notícia sem ter isso em conta, estão, pura e simplesmente, a ser desonestos. Resta uma terceira hipótese: a Taguspark funciona mesmo assim como os senhores jornalistas acham que funciona, isto é, sem níveis de informação, responsabilização e decisão definidos e, como empresa na órbita do Estado, deve ser então denunciada por esses mesmos senhores jornalistas como empresa muito mal gerida. Vale?
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
De entre três, escolha o leitor deste "blogue" uma hipótese para o modo como se efectuou o negócio entre o Taguspark e Luís Figo
- Hipótese nº 1: “mais em jeito do que em força”. Luís Figo terá sido contactado para ser o endorsee (ou seja e em português corrente: “para dar a cara”) do Taguspark numa campanha promocional do “dito cujo”, para isso lhe pagando o anunciante uma determinada verba. Durante as negociações, “palavra puxa palavra” e, em conversa, até porque lhe ficava bem, o ex-jogador terá manifestado o seu apreço por José Sócrates e pelo seu governo, tendo isso motivado o pedido de um dos administradores da empresa, também ligado ao primeiro-ministro e ao governo do Partido Socialista, para que colaborasse na campanha eleitoral, ao que Luís Figo anuiu. É a hipótese “benigna” ou “angelical”, digamos assim.
- Hipótese nº 2: “jogada de envolvimento descaída sobre a esquerda”. Tendo Luís Figo sido contactado sobre a possibilidade de ser o endorsee na tal campanha promocional do Taguspark, mediante pagamento adequado, foi-lhe dito, simultaneamente e constituindo forte recomendação (não exactamente uma “oferta que ele não pudesse recusar”, mas, mesmo assim, algo a ter em conta dadas as ambições futuras do ex-internacional) que o negócio teria bem mais sérias possibilidades de chegar a bom termo se, incluído no “pacote” em causa, Luís Figo pudesse protagonizar apoio público a José Sócrates. Não existindo qualquer incompatibilidade política ou pessoal de fundo entre José Sócrates e Luís Figo, e como nunca se sabe o dia de amanhã, este decidiu-se pela positiva. Conhecendo o mundo empresarial e o dos homens, é aquilo que posso considerar como sendo a hipótese “profissional”, comum ao mundo dos negócios.
- Hipótese nº 3: “tudo ao molho e fé em Deus”. Pretendendo conseguir o apoio de uma personalidade pública de relevo para a campanha eleitoral de José Sócrates, o PS, através do tal administrador Rui Pedro Soares, terá contactado Luís Figo indagando da sua disponibilidade para o efeito. O ex-jogador, que em Espanha era considerado como gostando bastante de dinheiro e, para além disso, tem também ambições futuras (a FPF, por exemplo?), não disse que não mas sugeriu o pagamento de uma determinada verba em favor da sua Fundação. Como os partidos políticos não nadam assim em dinheiro e, por muitas outras e variegadas razões, seria complicado ser o PS a efectuar o pagamento directo, ficou combinado que o negócio seria camuflado através da contratação de Luís Figo como endorsee da Taguspark em futura campanha promocional. Seria a contribuição da empresa para o financiamento partidário, deste modo se justificando a “saída” de dinheiro sem ser através dos bem conhecidos recibos passados em nome de Jacinto Leite Capelo Rego e assim se evitando as também bem conhecidas pastas cheias de notas. Para além disso, o negócio permitia ainda à Taguspark receber de imediato ou quando julgasse conveniente uma retribuição consubstanciada na campanha protagonizada pela personalidade em causa, e não apenas a promessa de eventuais facilidades futuras por parte de um governo PS. Digamos que é a hipótese “suja”, o “esquema”.
Em função do acima exposto, escolha agora o leitor a que quiser, tendo em atenção que é possível a hipótese verdadeira colha elementos retirados de entre estas três "hipóteses-tipo". De qualquer modo, um aviso, embora não seja jurista: o contrato terá sido efectuado entre a Taguspark e Luís Figo tendo por objecto a promoção da empresa, nada existindo de material que ligue o ex-internacional a qualquer alegado recebimento de dinheiro em troca do seu apoio a José Sócrates. Mesmo que tenha sido esse o caso (o que não sabemos), ninguém é assim tão estúpido. Significa isto que, na sua essência, qualquer que tenha sido o fundamento principal do negócio ele nada tem de ilegal, e da eventual ou alegada presunção da utilização de bens públicos para fins de natureza partidária restará apenas, e mais uma vez, a dúvida. Sendo assim, what’s next?
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
História(s) da Música Popular (154)
Mas se regressarmos às origens chegamos à conclusão que a paternidade do tema se deve a duas figuras incontornáveis do Brill Building, Jeff Barry e Ellie Greenwich, que o gravaram e editaram em 1963 com o seu grupo “Raindrops” - na realidade, constituído apenas por ambos mais a colaboração para fazer número de uma irmã de Ellie, assim “a modos” como se dizia (não sei se com ou sem razão) da Laura Diogo das “Doce”: não cantava mas era algo decorativa. Escusado dizer que Barry e Greenwich o achavam algo de menor, gravado à última hora como “B side” de um outro tema do grupo, “That Boy John”.
Quanto a Tommy James & The Shondells tiveram ainda um outro grande êxito, “Crimson and Clover”, em 1969, mas isso já não vem ao caso aqui para a “bubblegum music”.
Porque jogou Hulk contra o Arsenal
Praticamente desde a sua chegada a Portugal, a imprensa desportiva tem dedicado uma boa parte do seu tempo a sobrevalorizar o jogador Hulk, numa demonstração clara da sua ignorância sobre o que é o futebol moderno ou da sua permanente disposição para fazer “fretes” a quem deles necessitar, neste caso, dispondo-se a tentar valorizar um activo de um clube com vista a inflacionar o seu valor de mercado. Mas, na realidade, podendo Hulk ser, por vezes, um jogador espectacular, a sua eficácia está muito longe de corresponder a essa espectacularidade: Hulk é um jogador sem escola e isso é facilmente perceptível no modo como tem dificuldade em entender os movimentos colectivos, o jogo da equipa, e a integrar-se neles. Tem deficiência técnicas evidentes, escolhe quase sempre a pior opção e, frequentemente, parece ser como que um corpo estranho ao colectivo. Acresce que nos jogos de maior exigência, aqueles que definem a categoria de um jogador e o seu verdadeiro valor de mercado, Hulk nunca até agora se destacou ou foi um jogador decisivo, fazendo a diferença. Penso que Jesualdo Ferreira e o FCP têm consciência destas suas limitações e, assim sendo, sabem que o clube só conseguirá realizar mais-valias significativas com a venda do seu passe na base de uma ou outra exibição eventualmente mais conseguida ou de um ou outro lance mais espectacular. Nunca da consistência. Acresce que Hulk arrisca também uma suspensão prolongada nas provas nacionais, o que, a acontecer, corresponderá necessariamente a uma sua desvalorização acelerada enquanto activo do clube.
É nestas circunstâncias que os jogos com o Arsenal, os únicos onde o jogador se pode exibir esta época caso o FCP seja eliminado e tendo a Champions League visibilidade internacional garantida, funcionam como uma janela de oportunidade perfeita para os desígnios da administração do clube. Ficou, no entanto, evidente o ponto fraco desta estratégia, embora ela seja talvez a única possível: a exibição do jogador, tal como em outras ocasiões semelhantes, não passou do sofrível e nem num ou noutro lance mais espectacular Hulk se fez notar. Era o esperado, mas a probabilidade, mesmo que muito baixa, de ter sido diferente terá, face aos valores em jogo, valido a assunção do risco.
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
Porque não funciona a estratégia do PSD? (2)
De cada vez que se interrogam os portugueses sobre as questões que mais os preocupam e mobilizam, invariavelmente e se a memória me não atraiçoa, as respostas andam à volta de “desemprego” (ou “emprego”, o que é a mesma coisa), “saúde”, “segurança” (com o duplo significado de estabilidade – reforma, garantia salarial, etc - e segurança da sua vida e dos seus bens), “custo de vida”, etc. Com razão ou sem ela, são estas as respostas dos eleitores, do “mercado”. Ora a primeira questão a colocar ao PSD será pois: que resposta dá a sua actual estratégia da “asfixia democrática” e da “verdade” a estas questões, ao mercado eleitoral? De que modo elas são, nesta estratégia, visivelmente abordadas e quais as soluções credíveis apresentadas? Vai o actual “produto” PSD ao encontro das necessidades dos consumidores/eleitores? A conclusão não poderá deixar de ser que, de modo claro e visível, as respostas a estas questões são claramente subalternizadas nesta sua actual estratégia. Isto não significa, claro está, que estejam ausentes do manifesto eleitoral do partido, mas que, quando se pergunta, actualmente, a um eleitor informado qual o posicionamento do PSD, qual a plataforma pela qual o partido responde (stands for), muito provavelmente a resposta expontânea arrisca-se a ser, demasiadas vezes, “verdade” e “liberdade de informação”, algo que está longe de constituir (embora eu possa acrescentar, infelizmente - mas isso não vem ao caso) preocupação fundamental dos portugueses. Esta é – penso – a questão-chave, da qual derivam todas as outras, como tal a merecer, portanto, atenção redobrada por parte de militantes e dirigentes do partido. No entanto, dela derivam algumas outras, secundárias mas igualmente relevantes e que analisarei de seguida:
- A manutenção dos níveis de popularidade do primeiro-ministro mostra que questões de carácter não são assim tão importantes na decisão dos eleitores, principalmente se não tiver sido constituído arguido ou formalmente indiciado ou acusado. Aparentemente (repito: aparentemente), a proliferação de títulos, opiniões expressas por líderes de opinião em debates e pelos eleitores em fóruns e caixas de comentários não se reflecte significativamente em termos de intenções de voto. Diferentemente parece acontecer com o Presidente da República, visto quase como um pater familiae, alguém acima das questiúnculas terrenas e cuja actuação, honestidade e ética devem estar ao abrigo de qualquer suspeita: quando do “caso” das alegadas escutas a Belém, a sua “popularidade” e o número de apreciações positivas decresceu significativamente.
- Os portugueses não sentem que a liberdade de informação esteja seriamente ameaçada ou, eventualmente, são de opinião que o PSD não tem total credibilidade para ser o seu defensor por excelência. Neste campo, a questão da Madeira poderá ter algum peso, bem com o perfil público de alguns das personalidades que mais se têm vindo a manifestar e o modo demasiado ostensivo como o têm feito: Manuela Moura Guedes e Mário Crespo, por exemplo, estarão muito longe de ser consensuais. José Manuel Fernandes é o exemplo contrário: mais inteligente, tem mantido um low profile bem mais adequado. Por outro lado, uma personalidade ubíqua como José Pacheco Pereira dificilmente pode alegar falta de liberdade de informação, protagonizando uma estratégia deste tipo.
- Não excluindo parcialmente nenhum dos pontos acima, os portugueses interpretam a estratégia actual do PSD e o perfil de alguns dos líderes de opinião que lhe dão substância (os já citados e ainda Medina Carreira, Villaverde Cabral e outros), fundamentalmente, como uma estratégia de protesto (contra o “sistema” e os “políticos”) e não de poder, conduzida por personalidades com um perfil contestatário, e, por isso, preferem dar o seu voto a partidos que estão fora do “arco da governação” (PCP e BE) ou, no seu exercício, têm tido menores responsabilidades não integrando o chamado “bloco central de interesses” (CDS).
- A contínuo aparecimento e proliferação nos “media” de alegados escândalos, de natureza muito diversa entre si, envolvendo José Sócrates, e o modo como são apresentados e perfil de algumas das personalidades envolvidas, acabam, qual história dos lobos, por ter um efeito contrário ao pretendido, perdendo os factos credibilidade perante muitos dos portugueses e acabando o réu por se transformar em vítima. Mesmo em casos em que o crime foi provado, o mundo está cheio de histórias, personagens e casos semelhantes.
- Por último, uma interrogação: pode uma estratégia deste tipo, um pouco anti-sistema, de combate, de contestação mais do que de alternativa de poder, ser protagonizado por alguém com imagem e ideologia demasiado conservadoras e antiquadas? Note-se que reaccionarismo e conservadorismo, podendo por vezes aliar-se ou coligar-se, são coisas bem distintas... Pode ser que Rangel, com uma imagem que me parece bem mais reaccionária do que apenas conservadora, mais próxima de Pacheco Pereira do que de Ferreira Leite, possa tornar esta estratégia um pouco mais plausível. Mas atenção: o que fundamentalmente está errado não é a forma, mas o conteúdo.
Conclusão: muito trabalho de casa para a próxima direcção, portanto.
Porque não funciona a estratégia do PSD? (1)
Em primeiro lugar, um ponto prévio que condiciona tudo o que vou escrever em seguida: quando afirmo que a estratégia da direcção actual do PSD não tem sido bem sucedida, estou a referir-me a resultados concretos em termos eleitorais e, posteriormente, valores expressos pelas últimas sondagens realizadas. Não só o PSD obteve um dos resultados eleitorais mais baixos de sempre nas eleições legislativas, numa conjuntura que parecia ser-lhe extremamente favorável, como, nas sondagens realizadas posteriormente, não consegue inflectir significativamente esses resultados, mostrando, inclusivamente, essas sondagens a manutenção dos valores do PS e um crescimento não negligenciável do CDS/PP. Tendo dito isto, vamos pois ao que importa.
Começo por afirmar que a estratégia contida na tese da “asfixia democrática” e na “verdade”, de onde derivam os ataques à credibilidade e honestidade do primeiro-ministro e onde se insere a questão da “liberdade de informação”, não são destituídas de inteligência e delas não está ausente um qualquer racional afastado da realidade. Fruto da impossibilidade de afirmação de uma clara política alternativa que a maioria dos portugueses não avaliasse, no curto/médio-prazo, como correspondendo a um agravamento das suas condições de vida, consubstanciada num ritmo mais acelerado de redução da despesa pública e do endividamento o que se reflectiria necessariamente num aumento do desemprego, eventual perda de algumas regalias salariais e sociais e traria consigo o risco de um menor crescimento económico (atenção: não estou a assumir preferências, a avaliar a correcção de cada uma ou as suas repercussões no longo-prazo, mas apenas a constatar as suas implicações imediatas), o PSD focou a sua estratégia naquelas que seriam, vox populi e não só, as “fraquezas” reconhecidas de José Sócrates: um passado não isento de algumas sombras em termos éticos, uma imagem de “arrogância” e “autoritarismo” que os portugueses atribuem a quem tem ideias, expressa opiniões e toma medidas, certas ou erradas (Cavaco Silva foi em tempo vítima disso mesmo), e uma clara incomodidade perante uma nova cena mediática onde, por razões que não cabe aqui e agora analisar mas não andarão longe da formação de grandes grupos de comunicação, de uma maior concorrência e do aparecimento da internet, a figura tradicional do jornalista e da sua ética e, também, a esquerda, na sequência da derrota da URSS na guerra-fria e de um certo anquilosamento no campo das suas ideias e propostas, nos últimos quinze ou vinte anos, perderam indiscutivelmente domínio e poder. Conseguindo, deste modo, dominar a cena mediática com uma sucessão de escândalos envolvendo José Sócrates, colocar o primeiro-ministro em sérias dificuldades para se justificar e justificar algumas das suas atitudes, levando-o, até, a desferir alguns tiros no pé, o que correu então mal? Bom, seria talvez ocasião para o PSD efectuar um estudo de opinião estruturado junto dos portugueses, mas tentemos no próximo “post” uma primeira abordagem e avaliação.
terça-feira, fevereiro 16, 2010
A. C. Milan-Man. United: um bom exemplo para as TVs
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
Jornalismo de sarjeta...
Repare-se bem no título: “Manuel Godinho terá pago 72 mil euros a Santana Lopes”. De seguida: “Uma investigação às contas bancárias do empresário e arguido no caso Face Oculta Manuel José Godinho terá descoberto alguns movimentos suspeitos, nomeadamente a entrega de quatro cheques: três endereçados a Pedro Santana Lopes e um ao irmão do ex-líder do PSD, Paulo Santana Lopes”.
“Terá”? “Movimentos suspeitos”? Tudo no condicional ou na interrogativa. A investigação foi efectuada por quem? Descobriu ou não os tais cheques? Existe alguma justificação para eles se, de facto, existem? Porque são esses movimentos suspeitos? Nada disso esclarece a notícia do “Público”, citando o “Correio da Manhã”. Entretanto, emporcalha-se e lança-se lama por sobre o nome das pessoas, julgando-as na praça pública. É este o jornalismo de um jornal que já foi de referência. Agora é de sarjeta.
domingo, fevereiro 14, 2010
Onde está Alegre?
Uma oposição "allumeuse" e uma democracia doente
Pois é mesmo isto que me parece a oposição, uma oposição “allumeuse”. Vão congeminando os seus ataques, minando a actuação do governo, anunciando que “não há condições”, que o apocalipse é já amanhã, de preferência à hora dos telejornais ou anunciado em semanários, e, depois, quando se espera o momento da “sorte suprema”, quando há que demonstrar que “os tem no sítio”... “agora não que o meu pai não quer”...
Vamos lá ser claros e levar a coisa mais para o sério... Independentemente do que se pense do governo, do primeiro-ministro e do modo como ambos actuaram no negócio “PT/Media Capital, uma sua demissão com base em escutas ilegais, fugas ao segredo de justiça e em função de elementos obtidos através atropelos sistemáticos por parte de quem quer que seja a princípios fundadores do Estado de Direito constituiria um precedente gravíssimo para a nossa vida democrática e para o normal funcionamento das instituições. Algo de que todos nós – repito: todos – poderíamos vir sofrer no futuro sérias consequências. Aliás, só por puro oportunismo político se percebe que a Assembleia da República, quando surgiu a notícia (em Abril de 2009, salvo erro) e tendo então toda a legitimidade para o fazer, não tenha investigado devidamente o assunto e tomado as medidas julgadas adequadas para esclarecer politicamente os cidadãos. Mas adiante... do particular para o geral.
O que este ataque ao primeiro-ministro baseado em elementos recolhidos e publicados em clara violação da lei, esta “demissão” da AR em discutir o assunto em tempo oportuno, este apelo à demissão do primeiro-ministro em vez de se usarem os mecanismos constitucionais previstos para a sua substituição (moção de censura ou dissolução da Assembleia de República pelo PR nos prazos e termos em que a lei o permite) e, sejamos justos, aquilo que se passou no negócio PT/TVI permitem vislumbrar é uma total subalternização dos instrumentos e instituições democráticos na luta política e no funcionamento do Estado, substituídos pelo sistema judicial, pelos “media” e pelas estruturas empresariais onde esse mesmo Estado, de algum modo, é parceiro decisivo. É tudo isto que fica bem à vista nesta sucessão de casos com os quais o país tem sido confrontado ou, sejamos mais rigorosos, com os quais o país se confronta: um sintoma insofismável de uma democracia doente. E é exactamente isso que me preocupa e contra o qual me bato, chame-se o primeiro-ministro José Sócrates, Zé dos Anzóis ou Manel da Burra.
sábado, fevereiro 13, 2010
"Merrill's Marauders" na RTP Memória
Totalitarismo...
E entre TV e revistas se deu continuidade a uma devassa consentida em que, alarvemente, alguns não hesitaram em escarrapachar o que deveriam ser os seus sentimentos mais íntimos: como se de facto os tivessem e a promiscuidade não fosse o seu modo de vida. Foi este o exemplo apontado, e quem queria ser como os “ricos e famosos” que lhes copiasse o promíscuo e talvez pudesse ser como eles. Vieram, finalmente, os “fóruns” de opinião, maneira barata de preencher tempo de antena à custa de quem está disposto a tudo para os cinco minutos de fama. Poderiam lá ficar-se pelas caixas de comentários e pelos “Braganza Mothers” da “bloga”...? Lá na rua, no café do bairro, são já famosos como líderes de opinião consagrados, agora que as suas arengas, entre cafés e bagaços, já se não limitam aos “roubos de igreja” do clube que defendem. E há lá alguma coisa que chegue a um insulto a ministro, em “directo e ao vivo” em antena de grande audição?
Alastrou como uma mancha, alcatrão pastoso que tudo tenta prender, alimentado por gente sem escrúpulos querendo renegar o passado; capturando gente julgada insuspeita; desactivando cérebros e esvaziando corpos. Tomou conta de Estado. De governos e oposições, sendo apontado a dedo quem lhes ouse escapar. Alguém já ouviu falar em totalitarismo?
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Portugal visto de "fora"
PSD: estratégia e sondagens
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
"On Connait la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (3)
Rangel candidata-se. Porquê agora?
Um conselho aos promotores da "manif." "Pela Liberdade"
quarta-feira, fevereiro 10, 2010
Ele disse mesmo isto?
Um comentário: e quem define o “tal” interesse público? João Palma? Eu? O gato da vizinha? A “jornalista” Felícia Cabrita? As “sturmabteilung” do presidente do FCP? Talvez o “povo da SIC”...
Ou será que o “interesse público” será algo como “os superiores interesses da nação” ou “a moral e os bons costumes”? Será que teremos de voltar a declarar que "não professamos ideias contrárias à existência de Portugal como estado independente”?
Não são estas afirmações, ainda para mais vindas de quem veem, um verdadeiro atentado ao Estado de Direito?
Confesso que gente desta me mete medo. Muito medo.
O que podem alguns princípios básicos de gestão ensinar à crise com que se debate o Sporting Clube de Portugal? A contribuição de um benfiquista...
Como por aqui tenho repetidamente afirmado, o problema do SCP é estrutural: a adopção de uma estratégia, no curto-prazo, inteligente (baixo investimento, aproveitando as migalhas deixadas pela hegemonia portista), mas que só poderia resultar enquanto a péssima gestão desportiva do SLB e os largos critérios de qualificação para a Champions League o permitissem. Independentemente de tudo o resto, uma estratégia de alto risco, já que dependia mais de terceiros do que de recursos e acções próprios. Entretanto, o SLB parece ter acordado da letargia, o 2º classificado da Liga portuguesa deixou de ter garantido o acesso à C.L. e a época do SC Braga veio ainda mais agravar uma estratégia pensada para outro cenário. As bases em que assentava a estratégia sportinguista ruíram assim estrondosamente.
Perante o cenário acima descrito, que fez a administração do SCP? Mudou de estratégia, adaptando-se a um novo cenário, definindo novos planos de acção que servissem essa estratégia o que só poderia ser preparado consistentemente para o final da época? Não: actuou apenas tacticamente, cedendo à rua”, contratando um treinador a prazo e três novos jogadores sem curar de garantir que, sendo o actual treinador de recurso, esses novos jogadores se adaptariam aos princípios e modelo de jogo futuros e de que estas seriam as escolhas certas e não apenas as disponíveis (apenas uma pergunta: com Pedro Mendes onde vai jogar Miguel Veloso? A interior esquerdo, quando um dos problemas da equipa é a lentidão nas transições?). Mais ainda, obrigou os novos jogadores a uma integração rápida numa equipa em perda. Resultado: esbanjou recursos, que poderiam ser melhor e mais racionalmente aplicados se obedecessem a uma estratégia repensada, sem resultados evidentes. O que é estranho é que tudo isto venha de um gestor da Banca... Mas ele não começou por dizer que era um sportinguista de bancada? Em minha opinião, desculpem lá os meus amigos “lagartos, parece ser a única coisa em que acertou!
Liberdade de expressão (2)
terça-feira, fevereiro 09, 2010
O 1º ministro e o governo estão fragilizados? Sim, mas, infelizmente, muito por coisas bem mais importantes do que escutas ilegais
Voltemos ao princípio... José Sócrates e o governo estão fragilizados? Sim, mas no que, egoisticamente, a mim diz respeito, muito mais por um governo demasiado ausente, que parece não ter uma linha de rumo definida, por uma cedência em toda a linha às reivindicações dos professores e da Fenprof com as respectivas implicações no agravamento da despesa, um orçamento (pois, eu sei que talvez seja o possível) que mais parece “uma coisa em forma de assim” e um acordo com a oposição que acabamos por perceber é pouco consistente para não dizer pior. Por aquela estranha maneira de comemorar os 100 dias de um governo que mais parece ter já 100 anos (não há, entre os assessores do primeiro-ministro, ninguém que pense?) , por um ministro da tropa que gosta de dar o corpo às balas que lhe não são dirigidas, por, por... Enfim... se quisermos também ser justos, por ausência de uma alternativa credível no principal partido da oposição que, pelos métodos, mais parece um grupelho marxista-leninista dirigido pela jornalista Felícia Cabrita do que um grande partido da direita democrática e constitucional. Convenhamos, entre responsabilidades próprias e ausências alheias, é um peso demasiado grande para tão grave conjuntura.
Lembram-se do caso McCann?
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
O que a Assembleia da República não pode, nem deve, agora fazer
domingo, fevereiro 07, 2010
Os apelos já mal disfarçados ao "golpe de estado"
Porque não ganhámos ontem
Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (4)
A versão de Patti Page (1950)
O PSD, o Estado de Direito e o 28 de Maio
sábado, fevereiro 06, 2010
O que o PR deveria dizer
Depois, se achar necessário e no exercício das suas funções (e admito e aceito perfeitamente que o deva fazer), poderá falar discreta e privadamente com o primeiro-ministro, com o presidente da Assembleia da República, com o presidente do Tribunal Constitucional, com os seus assessores, etc, etc. Pois é, mas daqui a menos de um ano haverá eleições presidenciais e perfila-se um adversário de respeito...
Mais uma vez, esta questão vem demonstrar a alguma irracionalidade de um sistema que atribui ao PR funções de garante das instituições e, de certo modo, suprapartidárias, mas, simultaneamente, o faz eleger por sufrágio directo e universal, só possível com o apoio dos partidos políticos, obrigando-o assim a uma participação mais ou menos directa nas disputas partidárias. Um sistema puramente parlamentar, à semelhança do que acontece na maior parte das democracia da UE, seria com certeza bem mais claro.
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
Anglophilia (71)
"Futebol Finance"
História(s) da Música Popular (153)
“Em toda a história da música popular, existe apenas um (um e só um) tema que tem direito a parágrafo específico no prefácio do Tracks Catalogue do “Music Master”, um “calhamaço” de mais de mil e quinhentas páginas escrito em letra quase ilegível e que condensa todos os temas e respectivos intérpretes. É também o único tema com direito a chamada especial, “em caixa”, no lugar que lhe é destinado na ordem alfabética do catálogo. E não, não é nenhum desses temas mais conhecidos, frequentemente passados nas rádios de todo o mundo ou incluídos em tudo o que é colectânea que se preze, de grupos como os Beatles ou Rolling Stones. Não são as “lamechices” de Paul McCartney, género “Yesterday” ou “Eleanor Rigby”, ou o excelente “Satisfaction” de Jagger e Richard. É, isso sim, um quase obscuro tema de banda de garagem, de seu nome “Louie Louie”, cuja versão mais popular se deve aos Kingsmen, uma banda de Portland, Oregon. A canção é um original de Richard Berry, escrita em 1955, e foi gravada por várias bandas da costa oeste, incluindo Paul Revere and the Raiders, antes de chegar “às mãos” dos Kingsmen que a gravaram em 1963. Basicamente é algo de primitivo, com uma “letra” original em que um cliente diz a um barman que vai para a Jamaica em busca do seu grande amor, mas tornou-se um ícone das festas de garagem, os célebres teenage parties. Para isso muito terá contribuído uma "batida” fortemente sincopada e um "riff" simples e que fica no ouvido, mas também o facto de, na versão dos Kingsmen, ser suposto a “letra” poder ser considerada obscena, apesar da “Federal Communications Commission” ter concluído que a canção era inintelígivel a qualquer velocidade a que fosse escutada. O riff foi retomado, com maiores ou menores adaptações, em muitos temas célebres da música popular, tais como “You Really Got Me”, dos Kinks, “Wild Thing”, dos Troggs, e “Get Off My Cloud”, dos Rolling Stones, e “Louie Louie” terá tido mais de mil e quinhentas cover versions, sendo as mais conhecidas a dos Motorhead e dos próprios Kinks. A Rhino Records editou mesmo uma compilação (dois volumes em CD) com o nome “The Best of Louie Louie”, nela integrando algumas das mais conhecidas versões do tema, que é considerado o #1 de toda a história do rock & roll. É a versão que tornou “Louie Louie” famosa, a dos Kingsmen, que aqui fica.”
E agora, vá lá... Toca a “abanar o capacete”... Ah!, e não liguem muito à "letra": não interessa nada!
As concepções democráticas de JPP m-l
quinta-feira, fevereiro 04, 2010
SLB 2009/2010: até agora, um percurso sem mancha
Esta época, o SLB tem jogado consistentemente o futebol mais atractivo do campeonato (não sei se o mais eficiente para ganhar títulos, mas sem dúvida mais brilhante) e tem boas hipóteses de chegar ao título sem que me pareça alguma sombra de legitimidade possa ser lançada sobre a justiça da actual classificação. Pelo menos por quem não tem do futebol uma visão doentia dedicando-se diariamente a analisar foras-de-jogo milimétricos, "penalties" difíceis de decidir ao fim de uma dúzia de visionamentos em câmara lenta ou teorias da conspiração de túneis, conselhos de disciplina e assim sucessivamente. Gostaria de estar enganado, mas parece-me que, perante o cenário traçado, os aliados tradicionais (S.C. Braga) ou circunstanciais (SCP) do FCP, começam já a tentar lançar por aí suspeitas sobre a legitimidade de um hipotético título a ser conquistado pelo meu “glorioso”. Espero que o meu clube, com uma qualquer atitude menos própria ou irreflectida, não venha a ceder a facilidades e a cair na “esparrela”.
Desabafo...
As capas de Cândido Costa Pinto (63)
"Oh Boy"! (3)
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
Função pública e modelos de avaliação
Um sistema de avaliação rigoroso e coerente, que minimize questões demasiado subjectivas, é sempre algo complexo, cuja implementação requer, ao nível dos recursos humanos, gente preparada e com alguma qualificação para a entender e compreender os seus mecanismos e benefícios. Mais ainda, com vontade de a aplicar, isto significando que reconhece nessa avaliação um procedimento justo e sabe ela o irá beneficiar, e ao colectivo, na melhoria do desempenho das suas funções profissionais. Isto significa que quem avalia e é avaliado percebe que está inserido numa estrutura onde, predominantemente, se valoriza e premeia o mérito, a iniciativa, o rigor, a competência e o interesse da empresa ou instituição, muito mais do que as chamadas lealdades, amizades, ou confianças e desconfianças pessoais. A nível da instituição onde avaliadores e avaliados se integram, uma avaliação deste tipo muito dificilmente consegue coabitar com estruturas demasiado pesadas e hierarquizadas, normalmente demasiado centralizadas e sem autonomia a nível daquilo que deveriam ser os diversos níveis de decisão, o que implica também um razoável desconhecimento do modo como cada um executa as suas funções. Significa que também deve estar bem definido aquilo que é realmente estratégico e importante, isso não variando em função dos “humores” das hierarquias, quantificados e aceites por todos os objectivos e definidos e oficializados os procedimentos para os alterar. Poderíamos continuar por aí fora, mas penso não valerá a pena com o risco de me tornar maçador...
A pergunta que faço, tentando provar a razão do que afirmo no primeiro parágrafo, é pois a seguinte: alguém reconhece que o quadro que descrevo no parágrafo anterior se possa aplicar à maioria dos organismos da função pública portuguesa? Por aquilo que conheço, penso que a resposta, salvo raras excepções, só poderá ser negativa, o que é confirmado pelo fracasso de aplicação do modelo inicial de avaliação dos professores. Independentemente da sua justeza e para além da reacção corporativa, estou convencido que, num número significativo de casos, não foi o modelo em si sequer compreendido, muito menos julgada positivamente a sua utilidade ou os benefícios que com ele poderia trazer. Para a “cultura” prevalecente nas escolas, em função do modo como estão organizadas e do excessivo papel centralizador do ministério, tratava-se apenas de “mais trabalho”. Work load inútil.
Conclusões a tirar ou moral da história? - como preferirem... Baixar os braços? Nada disso; mas sim reafirmar, doa a quem doer, a necessidade de reformas no modelo de funcionamento do funcionalismo público de modo a permitir a implementação de sistemas de avaliação coerentes que premeiem, de facto, o mérito e permitam a melhoria do seu funcionamento e dos serviços prestados aos cidadãos. Ah!, e já agora eliminem o desperdício! Sem isso, arriscamo-nos a continuar a bater contra uma parede. Inamovível.
"On Connaît la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (2)
Parece-me que o "caso" Crespo vai mesmo a caminho da coscuvilhice...
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Óscares...
Em contrapartida, “Strange Days” (1995), de Kathryn Bigelow (a "ex" de Cameron), tornou-se rapidamente um dos meus filmes de culto e já na idade adulta, quando custa muito mais conquistarem-nos o coração. Também “The Hurt Locker”, agora concorrente aos óscares contra “Avatar”, estando longe de ser um grande filme, vale bem uma ida ao cinema. Escusado dizer, portanto, por quem vou torcer, sem ter que apresentar como argumento final o facto de Bigelow ser também uma mulher bonita (porque raio isto não pode também valer?). Mas, deixem-me que lhes diga, já há uns anos largos que os melhores filmes que vi raramente tiveram algo que ver com a Academia de Hollywood. Também sem lamentos.
Ainda o "caso" Mário Crespo ou o que, acho, mudou desde ontem
Perante a existência desses factos - e não estando em causa, frise-se, nada que possa ter contornos de ilícito criminal - o que eu e todos os cidadãos deste país temos o direito de saber é o seguinte:
- É verdade que o primeiro-ministro e outros ministros do seu governo se acharam no direito de, publicamente, interromperem um almoço privado de terceiros quebrando o direito a essa sua privacidade?
- É verdade que o fizeram num tom de voz e com modos inadequados para um sítio público, incomodando o direito à privacidade de terceiros que partilhavam o mesmo espaço, denotando aquilo que poderia ser classificado como falta de educação?
- É verdade que se referiram em público (o restaurante em causa – que conheço - é um sítio público e se é verdade que terceiros não puderam deixar de escutar os termos da conversa esta deixou, a partir daí, de ser privada) a uma terceira pessoa (o jornalista Mário Crespo, colega dos interpelados) em termos (citados) que demonstram falta de respeito, facto este agravado por se tratar do primeiro-ministro e membros do seu governo, que deveriam dar o exemplo?
- É verdade que manifestaram em público (novamente: se terceiros não puderam deixar de ouvir deixou de ser uma conversa privada) querer interferir no conteúdo da programação de um canal de televisão privado (a ser verdade que Mário Crespo foi referido como “um problema que tem que ser resolvido”, o primeiro-ministro não estava apenas a exercer o seu direito, legítimo, de crítica)?
Eu, cidadão e eleitor deste país e que até votei no partido que apoia o actual governo, tenho o direito de obter respostas a estas perguntas sobre questões que têm a ver com o carácter e comportamento público dos ministros e a sua actuação em algo tão sensível como a comunicação social, direito este que, pelo que aqui tentei demonstrar, nada belisca, no mínimo que seja, os princípios fundamentais do estado de direito. Mais ainda, se as alegações de Mário Crespo e do “Expresso” corresponderem à verdade, terão sido os membros do governo a desrespeitar a privacidade da conversa. Para isso, nada mais adequado que os deputados eleitos chamarem à Assembleia da República, para depoimento, as pessoas em causa (todas, incluindo, claro está, os governantes) para que assim os portugueses possam concluir sobre as questões que acima me permito levantar. Para isso os elegemos e a democracia assim o exige.
Nota: tudo isto me parece bem mais importante do que a não-publicação do texto de Mário Crespo no JN, algo cuja análise e comentário deixo aos jornalistas, juristas e outros "istas" da área.