Confesso não ter entendido bem a introdução da, quanto a mim desnecessária, rábula revisteira de Maria Rueff na encenação de Katharina Thalbach para a opereta de Johann Strauss “Die Fledermaus” (“O Morcego”), que ontem estreou no São Carlos. Com “Face Oculta”, Benfica e Pinto da Costa metidos a martelo, algumas pessoas até conseguiram rir e, no final, aplaudir com algum entusiasmo. Por mim, incomodou-me, depois envergonhou-me, para além de achar ter quebrado o ritmo de um espectáculo já de si, nesse aspecto, um pouco desigual. O que é interessante verificar é que foi exactamente a presença de Maria Rueff a ser sublinhada na pré-informação vinda a lume nos “media”. Entende-se, como promoção; mas estou curioso por ler e ouvir as críticas.
8 comentários:
Um verdadeiro fracasso! não tenho palavras para descrever aquele triste espactáculo... senti-me mal-tratada e muito ofendida com os tristes espectáculos que insistem em passar no São Carlos.
O ano passado foi um desastre e este ano Idem, podem crer que enquanto se mantiver aquela direcção não serei mais enganada.
O Morcego de Strauss foi transformado numa espécie de revista à portuguesa de mau gosto...Foi um triste espectáculo! e os Portugueses ainda aplaudem, que triste fado o nosso... sempre pela mediocridade.
Saudades do Pinamonti, Paula!
Fui ver hoje e achei extraordinária a opera e a participação da grande Maria Rueff. Infelizmente ainda vivemos num país em que os preconceitos se sobrepõe.
Em todo o mundo as participações dos actores cómicos tem actualidade, o que é diferente de revisteiro.
É triste ler opiniões destas, há 30 anos que vou à ópera e há 30 anos que oiço comentários de pessoas que se julgam iluminadas.
Enfim, nada de novo.
O que está em causa não é a participação de Maria Rueff ou de qualquer outro actor de teatro de comédia. Não existe qualquer preconceito da minha parte. Numa opereta com as características de "O Morcego" e em função do perfil do personagem (carcereiro) ela faz todo o sentido. Está a analisar mal o problema, caro anónimo.O que está em causa é o texto deprimente e o género revisteiro da participação de Rueff. Quanto a esta versão da opereta, achei mediana, com uma encenação, no geral, bem conseguida e um ritmo um pouco desigual. Mas deixo isso para os críticos, já que conhecia mal esta obra de Strauss.
O Morcego, desde a sua estreia, inclui a participação de um comediante, há 15 anos esteve no São Carlos e foi Raul Solnado que fez o papel de Carcereiro, faz parte da própria opereta. O registo "revisteiro" faz sentido numa opereta que é uma comédia de portas e enganos. Os que ficaram ofendidos, ainda bem, acho que era isso que o Strauss queria. Beijos ao três tenores , mas cuidado com as formigas
João Quadros
Caro João Quadros: penso foi v. o autor do texto (ou um dos), daí o melindre. Tb sei que o personagem agora interpretado por Rueff o foi, "in illo tempore", por Raúl Solnado. Não vi nem conheço o texto entregue a Solnado; apenas ecos do que me dizem ter sido uma notável "performance". Independentemente das conclusões a que a comparação entre os dois actores nos possa conduzir (tenho a minha opinião - "à bon entendeur"...), o que está em causa, fundamentalmente, não é a participação de um actor de comédia e/ou de revista numa opereta - que é, neste caso,tb ela, uma comédia de "boulevard". O que está efectivamente em causa é a péssima qualidade do texto entregue a Rueff (não sei distinguir o que era apenas texto ou "buchas" da actriz, nem acho isso mtº relevante), que me pareceu metido a martelo, apela ao gosto mais rasteiro, ao lugar comum e não contém em si o mínimo apelo a um humor e um riso inteligente. Falar da "Face Oculta", do Benfica (é o meu querido clube), de Pinto da Costa, de Cavaco Silva, do modo como foi feito, c/ apelo a lugares comuns,faz rir alguns? Devo dizer que não achei, na estreia, a reacção mtº entusiástica, mas houve quem risse. Tanto pior para eles.Desculpe, mas é mesmo assim. Espero faça(m) melhor numa próxima oportunidade.
Cumprimentos
Não há melindre. Nem discuto o gosto, o que escrevi foi apenas que o texto "deve" ser popular, revisteiro e cheio de lugares comuns porque se enquadra no género. Foi isso que me foi pedido a mim e à Maria. O humor popular não é o meu estilo e raramente me é pedido mas, neste caso, foi. A própria encenadora pediu à Maria que fizesse o Zé Manel Benfiquista que ela tinha visto num sketch na TV. A ideia era - colocar um "galo de barcelos" no meio do palco do São Carlos. E, aqui para nós que já estamos quase intímos, acho a ideia boa, e penso que resultou; mas estou certo que mais facilmente levava um rochedo comigo ao circo do que via vossa excelência mudar de opinião. Beijos.
João Quadros
"All the best", caro João Quadros. Melhor sorte e menos equívocos para a próxima!
Cumprimentos
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