sábado, fevereiro 13, 2010

Totalitarismo...

Primeiro foram as cassetes íntimas de um conhecido arquitecto, que, ao que dizem, envolviam ainda outras figuras públicas. O povo, então ainda sem SIC, salivou qual lobo mau perante a perspectiva dos três porquinhos como repasto temperado. Estávamos na era pré-"internet" e os “media” ainda não tinham que enfrentar concorrência feroz. Assim, a coisa ficou por pouco, pelo salivar e apenas alguns provaram. Depois... Bem, depois veio o “Big Brother” e oficializou-se a devassa, embora ainda voluntária e reduzida à ganância de uns tantos “zés-ninguéns” em busca de uns minutos de fama e uns cêntimos (ainda eram tostões) de proveito. Os “media” concederam-lhes honra de “famosos” e ao povo, agora já da SIC, o poder de os expulsar apenas porque sim: porque eram arrogantes ou antipáticos; porque eram feios ou porcos; maus ou até asquerosos. Era como uma telenovela em que o tal “povo da SIC”, acicatado por quem queria circo e sangue para vender o espectáculo, poderia construir o enredo; e foi então que esse mesmo povo começou mesmo a acreditar tinha poder e o mundo, que desconhecia, era todo ele uma televisão. Nada de novo: na Idade Média também se pensava o quase desconhecido Atlântico fosse apenas um Mediterrâneo maior: é tão fácil a tentação de avaliar o desconhecido em função do que já bem se conhece...

E entre TV e revistas se deu continuidade a uma devassa consentida em que, alarvemente, alguns não hesitaram em escarrapachar o que deveriam ser os seus sentimentos mais íntimos: como se de facto os tivessem e a promiscuidade não fosse o seu modo de vida. Foi este o exemplo apontado, e quem queria ser como os “ricos e famosos” que lhes copiasse o promíscuo e talvez pudesse ser como eles. Vieram, finalmente, os “fóruns” de opinião, maneira barata de preencher tempo de antena à custa de quem está disposto a tudo para os cinco minutos de fama. Poderiam lá ficar-se pelas caixas de comentários e pelos “Braganza Mothers” da “bloga”...? Lá na rua, no café do bairro, são já famosos como líderes de opinião consagrados, agora que as suas arengas, entre cafés e bagaços, já se não limitam aos “roubos de igreja” do clube que defendem. E há lá alguma coisa que chegue a um insulto a ministro, em “directo e ao vivo” em antena de grande audição?

Alastrou como uma mancha, alcatrão pastoso que tudo tenta prender, alimentado por gente sem escrúpulos querendo renegar o passado; capturando gente julgada insuspeita; desactivando cérebros e esvaziando corpos. Tomou conta de Estado. De governos e oposições, sendo apontado a dedo quem lhes ouse escapar. Alguém já ouviu falar em totalitarismo?

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