No seu artigo no “Público” de ontem (“Buraco Negro”), José Pacheco Pereira tenta separar o discurso “catastrofista” (não confundir com “rigor”), com o qual se diz identificar apenas do ponto de vista “analítico”, do seu conteúdo anti-regime, anti-partidos e anti-democracia, no qual se não revê. Trata-se apenas de um desabafo de má consciência, um malabarismo inconsistente, e como tal destinado ao insucesso, de quem tenta com o dedo tapar a fenda no dique, já que JPP sabe, e a História nos ensina, que na actual conjuntura, e em outras semelhantes no passado, eles não são separáveis por qualquer atitude voluntarista de alguém, mesmo que esse alguém (ou “alguéns”) tenha o peso político e mediático de JPP. Muito antes pelo contrário: é exactamente esse discurso catastrofista, pelo clima apocalíptico que gera, que cria na sociedade a convicção de que o regime e as estruturas democráticas existentes são incapazes, por demasiado fracos, de se reformarem e responderem aos desafios que têm de enfrentar, criando o clima necessário à inevitabilidade da sua substituição. Curiosamente, não me lembro de alguma vez a democracia ter ficado a ganhar...
Sem comentários:
Enviar um comentário