terça-feira, fevereiro 09, 2010

O 1º ministro e o governo estão fragilizados? Sim, mas, infelizmente, muito por coisas bem mais importantes do que escutas ilegais

José Sócrates e o governo estão fragilizados por via da sucessão de casos em que aquele tem vindo a ser envolvido? É uma evidência, e como tal desnecessário enfatizá-lo: por muito que se possa reconhecer serem os meios ilícitos, ilegais e atentatórios do Estado de Direito (e são-no) ou, do ponto de vista criminal (estou a referir-me ao Freeport), nem sequer ter sido constituído arguido, de facto, isso acontece e o primeiro-ministro, com a sua “fúria” contra determinados “opinadores” e outros tantos “media”, bem como com um seu passado pouco cuidado, tem para tal dado a sua contribuição. De qualquer modo, e para quem esteja de boa fé, só um alienígena pouco atento pode concluir que existe em Portugal um problema de “asfixia democrática”, de tentativa organizada e sistemática de controle dos “media” à boa (má) maneira Chavista (é a oposição que domina claramente a agenda mediática) e aceitar que o país já só apenas formalmente é um Estado de Direito. Pelo contrário: se existe alguma ameaça significativa ao normal funcionamento das instituições e ao Estado de Direito ela vem, muito mais, dos que violam sistematicamente os direitos liberdades e garantias, publicando ou aceitando discutir questões políticas baseando-se em escutas ilegais, dos que apelam, cada vez menos veladamente, ao golpe de estado conduzido por Belém e têm da liberdade de informação uma concepção puramente instrumental: usa quando dá jeito e deita fora quando já não serve. Não é verdade, “Insurgente”, “31 da Armada”, “Blasfémias” e “5 Dias”?

Voltemos ao princípio... José Sócrates e o governo estão fragilizados? Sim, mas no que, egoisticamente, a mim diz respeito, muito mais por um governo demasiado ausente, que parece não ter uma linha de rumo definida, por uma cedência em toda a linha às reivindicações dos professores e da Fenprof com as respectivas implicações no agravamento da despesa, um orçamento (pois, eu sei que talvez seja o possível) que mais parece “uma coisa em forma de assim” e um acordo com a oposição que acabamos por perceber é pouco consistente para não dizer pior. Por aquela estranha maneira de comemorar os 100 dias de um governo que mais parece ter já 100 anos (não há, entre os assessores do primeiro-ministro, ninguém que pense?) , por um ministro da tropa que gosta de dar o corpo às balas que lhe não são dirigidas, por, por... Enfim... se quisermos também ser justos, por ausência de uma alternativa credível no principal partido da oposição que, pelos métodos, mais parece um grupelho marxista-leninista dirigido pela jornalista Felícia Cabrita do que um grande partido da direita democrática e constitucional. Convenhamos, entre responsabilidades próprias e ausências alheias, é um peso demasiado grande para tão grave conjuntura.

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