- Hipótese nº 1: “mais em jeito do que em força”. Luís Figo terá sido contactado para ser o endorsee (ou seja e em português corrente: “para dar a cara”) do Taguspark numa campanha promocional do “dito cujo”, para isso lhe pagando o anunciante uma determinada verba. Durante as negociações, “palavra puxa palavra” e, em conversa, até porque lhe ficava bem, o ex-jogador terá manifestado o seu apreço por José Sócrates e pelo seu governo, tendo isso motivado o pedido de um dos administradores da empresa, também ligado ao primeiro-ministro e ao governo do Partido Socialista, para que colaborasse na campanha eleitoral, ao que Luís Figo anuiu. É a hipótese “benigna” ou “angelical”, digamos assim.
- Hipótese nº 2: “jogada de envolvimento descaída sobre a esquerda”. Tendo Luís Figo sido contactado sobre a possibilidade de ser o endorsee na tal campanha promocional do Taguspark, mediante pagamento adequado, foi-lhe dito, simultaneamente e constituindo forte recomendação (não exactamente uma “oferta que ele não pudesse recusar”, mas, mesmo assim, algo a ter em conta dadas as ambições futuras do ex-internacional) que o negócio teria bem mais sérias possibilidades de chegar a bom termo se, incluído no “pacote” em causa, Luís Figo pudesse protagonizar apoio público a José Sócrates. Não existindo qualquer incompatibilidade política ou pessoal de fundo entre José Sócrates e Luís Figo, e como nunca se sabe o dia de amanhã, este decidiu-se pela positiva. Conhecendo o mundo empresarial e o dos homens, é aquilo que posso considerar como sendo a hipótese “profissional”, comum ao mundo dos negócios.
- Hipótese nº 3: “tudo ao molho e fé em Deus”. Pretendendo conseguir o apoio de uma personalidade pública de relevo para a campanha eleitoral de José Sócrates, o PS, através do tal administrador Rui Pedro Soares, terá contactado Luís Figo indagando da sua disponibilidade para o efeito. O ex-jogador, que em Espanha era considerado como gostando bastante de dinheiro e, para além disso, tem também ambições futuras (a FPF, por exemplo?), não disse que não mas sugeriu o pagamento de uma determinada verba em favor da sua Fundação. Como os partidos políticos não nadam assim em dinheiro e, por muitas outras e variegadas razões, seria complicado ser o PS a efectuar o pagamento directo, ficou combinado que o negócio seria camuflado através da contratação de Luís Figo como endorsee da Taguspark em futura campanha promocional. Seria a contribuição da empresa para o financiamento partidário, deste modo se justificando a “saída” de dinheiro sem ser através dos bem conhecidos recibos passados em nome de Jacinto Leite Capelo Rego e assim se evitando as também bem conhecidas pastas cheias de notas. Para além disso, o negócio permitia ainda à Taguspark receber de imediato ou quando julgasse conveniente uma retribuição consubstanciada na campanha protagonizada pela personalidade em causa, e não apenas a promessa de eventuais facilidades futuras por parte de um governo PS. Digamos que é a hipótese “suja”, o “esquema”.
Em função do acima exposto, escolha agora o leitor a que quiser, tendo em atenção que é possível a hipótese verdadeira colha elementos retirados de entre estas três "hipóteses-tipo". De qualquer modo, um aviso, embora não seja jurista: o contrato terá sido efectuado entre a Taguspark e Luís Figo tendo por objecto a promoção da empresa, nada existindo de material que ligue o ex-internacional a qualquer alegado recebimento de dinheiro em troca do seu apoio a José Sócrates. Mesmo que tenha sido esse o caso (o que não sabemos), ninguém é assim tão estúpido. Significa isto que, na sua essência, qualquer que tenha sido o fundamento principal do negócio ele nada tem de ilegal, e da eventual ou alegada presunção da utilização de bens públicos para fins de natureza partidária restará apenas, e mais uma vez, a dúvida. Sendo assim, what’s next?
2 comentários:
Vou pela 3 "Tudo ao molho e fé em Deus" JC!
É indiferente. O caos é caos anyway.
Cump.
A.F.
Enviar um comentário