quarta-feira, fevereiro 10, 2010

O que podem alguns princípios básicos de gestão ensinar à crise com que se debate o Sporting Clube de Portugal? A contribuição de um benfiquista...

A crise do Sporting Clube de Portugal é um excelente exemplo demonstrativo de como problemas estruturais, estratégicos, nunca poderão ser resolvidos com recurso apenas a soluções conjunturais, meramente tácticas. Podem soluções deste tipo ajudar a mascarar evidências, por vezes, mesmo, embora mais raramente, até a minimizar problemas, aqui e ali, mas nunca a resolver esses problemas de base. Pior ainda, é frequente que essas soluções de curto prazo tenham ainda como efeito acrescido esgotarem recursos, financeiros, humanos e outros, que deveriam ser antes aplicados na procura de soluções estruturais, deste modo inviabilizando-as ou retirando-lhes músculo.

Como por aqui tenho repetidamente afirmado, o problema do SCP é estrutural: a adopção de uma estratégia, no curto-prazo, inteligente (baixo investimento, aproveitando as migalhas deixadas pela hegemonia portista), mas que só poderia resultar enquanto a péssima gestão desportiva do SLB e os largos critérios de qualificação para a Champions League o permitissem. Independentemente de tudo o resto, uma estratégia de alto risco, já que dependia mais de terceiros do que de recursos e acções próprios. Entretanto, o SLB parece ter acordado da letargia, o 2º classificado da Liga portuguesa deixou de ter garantido o acesso à C.L. e a época do SC Braga veio ainda mais agravar uma estratégia pensada para outro cenário. As bases em que assentava a estratégia sportinguista ruíram assim estrondosamente.

Perante o cenário acima descrito, que fez a administração do SCP? Mudou de estratégia, adaptando-se a um novo cenário, definindo novos planos de acção que servissem essa estratégia o que só poderia ser preparado consistentemente para o final da época? Não: actuou apenas tacticamente, cedendo à rua”, contratando um treinador a prazo e três novos jogadores sem curar de garantir que, sendo o actual treinador de recurso, esses novos jogadores se adaptariam aos princípios e modelo de jogo futuros e de que estas seriam as escolhas certas e não apenas as disponíveis (apenas uma pergunta: com Pedro Mendes onde vai jogar Miguel Veloso? A interior esquerdo, quando um dos problemas da equipa é a lentidão nas transições?). Mais ainda, obrigou os novos jogadores a uma integração rápida numa equipa em perda. Resultado: esbanjou recursos, que poderiam ser melhor e mais racionalmente aplicados se obedecessem a uma estratégia repensada, sem resultados evidentes. O que é estranho é que tudo isto venha de um gestor da Banca... Mas ele não começou por dizer que era um sportinguista de bancada? Em minha opinião, desculpem lá os meus amigos “lagartos, parece ser a única coisa em que acertou!

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