Fui ensinado que na II Guerra Mundial teria havido dois vencedores (URSS e USA), dois derrotados (França e Império Britânico) e dois países que se tinham limitado a perder a guerra (Alemanha e Japão). Parece que nas eleições do PSD terá havido um vencedor (Pedro Passos Coelho), um candidato que se limitou a ganhar (Manuela Ferreira Leite) e um outro (Santana Lopes) que é como a Itália: nunca se sabe o que vai fazer e só serve para atrapalhar.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
sábado, maio 31, 2008
sexta-feira, maio 30, 2008
A campanha de Ferreira Leite
Durante a campanha para a liderança do PSD, Ferreira Leite confirmou aquilo que dela se esperava: é uma pessoas séria, honesta, credível, mas falta-lhe dimensão política, o que só confirma as suas insuficientes prestações enquanto governante responsável pelas Finanças e Educação. Mas, infelizmente, embora afirmando sempre nada prometer por não saber se poderia cumprir, também não conseguiu resistir à tentação, ao afirmar ser o principal problema do país de índole social. Por muito que isso possa doer e parecer ferido de insensibilidade, não é, e Ferreira Leite bem o sabe: é político, isto é, tem que ver com a opção por um modelo de desenvolvimento que, embora possa ter consequências sociais negativas no curto prazo (certamente as teria), consiga minimizar e até eliminar os problemas da pobreza e desigualdade no futuro. Isso passa, a nível financeiro e económico, pela rápida correcção do déficit e por uma política de desenvolvimento que rompa com o ciclo do betão e obras públicas, pela minimização do desperdício, pela reformulação da Justiça e da Administração, pela reconversão empresarial e pelo combate ás ideias conservadoras e retrógradas dos sindicatos e das corporações, em boa parte responsáveis pelos níveis actuais de desigualdade e de pobreza. Passa, também, por um modelo de integração ibérica fundamentalmente baseado na complementaridade e não numa hipotética e condenada ao insucesso concorrência entre iguais. Também, no campo ideológico, por um combate contra o conservadorismo da esquerda tradicional e o aventureirismo ultra-liberal dos diversos choques fiscais e das miríficas flat taxes. Repetir as mesmas receitas, o que parece depreender-se tanto das afirmações de Ferreira Leite como da esquerda conservadora de Manuel Alegre, apenas dará origem aos mesmos trágicos resultados que ambos afirmam agora querer combater. Valeu a Ferreira Leite a falta de credibilidade de Santana Lopes e a incongruência de Passos Coelho. É pouco.
quinta-feira, maio 29, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (20)
quarta-feira, maio 28, 2008
História(s) da Música Popular (89)
Bom, mas para começar digamos que Jerome “Doc” Pomus (1925) e Mort Shuman (1936) são ambos nova-iorquinos, o que não interessa lá muito para a sua música, como não será igualmente demasiado relevante o facto de Pomus ter começado a sua carreira com cantor de blues. Mais relevante será o facto de não ter tido grande êxito como cantor, o que o levou a associar-se a Shuman como compositor de canções onde o êxito sorriu mais um pouco. E sorriu com Dion & The Belmonts, já depois de ter sorrido a Dion quando este resolveu não aceitar uma boleia no avião em cuja última viagem morreram Buddy Holly e Ritchie Valens. Dion, também ele um nova-iorquino com um clean cut look mas com sérios problemas com a droga, teve vários êxitos, tais como “The Wanderer” e Runaround Sue”, mas foi “A Teenager In Love” (muito, muito Doo Wop), de Pomus e Shuman (1959), que o catapultou para o êxito. Nem mais...
O "Público" e os combustíveis
O “Público” até poderá ter razão e as estatísticas oficiais virem a confirmar esta análise. Mas, até agora ela é, apenas, digamos que um “suponhamos”. Jornalismo ou mera propaganda?
terça-feira, maio 27, 2008
Pollack...
Prefiro pois lembrar-me do Pollack de um dos seus primeiros filmes, injustamente esquecido nesta hora de homenagens póstumas: “This Property Is Condemned” (1966), que em Portugal tomou o nome de “A Flor À Beira do Pântano”. Talvez também de “They Shoot Horses”, embora à distância me possa parecer marcado pelo tempo (não o revejo há uns bons trinta anos). Talvez ainda, um pouco, de “Jeremiah Johnson”. Boa oportunidade para os rever, como homenagem a Pollack.
A "novela" Mourinho e a imprensa portuguesa
Nota: sou um admirador de José Mourinho, o que não impede, claro está, o exercício do meu sentido crítico.
Quatro (boas) razões para o Estado não baixar o ISP
- Baixar o ISP (Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos) seria, numa conjuntura em que a consolidação das contas públicas é ainda insuficiente - e agora mais ameaçada pelo menor crescimento económico - e a situação deficitária se mantém, transmitir ao país um sinal inadequado. Mais ainda, ele não deixaria de ser invariavelmente seguido de uma série de reivindicações do mesmo sinal vindas de outros sectores da sociedade. Como se tem provado – por exemplo, Luís Campos e Cunha escreveu não há muito tempo sobre o assunto no “Público” - em Portugal a carga fiscal está longe de ser um elemento essencial na competitividade do país, suplantado por questões como a justiça, burocracia etc. Acresce que uma boa parte do investimento estrangeiro negoceia as suas condições fiscais, e outras, digamos que “caso a caso”. Quer se queira quer não, a consolidação das contas públicas é um elemento essencial e condição sine qua non para o desenvolvimento sustentado do país e, portanto, este deve ser o seu objectivo principal sem recuos, hesitações ou dúvidas injustificadas.
- Os combustíveis são um exemplo típico de um produto com elevada rigidez da procura, isto é, cuja procura pouco ou nada reage, dentro de limites relativamente amplos, às alterações do preço. Isto significa que não só a diminuição da receita fiscal gerada pelos recentes aumentos não será tão elevada como se diz por aí, como é duvidoso que uma diminuição da ISP, em valores necessariamente não muito elevados e num contexto em que essa variação negativa seria rapidamente “comida” pelo aumento dos preços-base, trouxesse consigo um proporcional (ou quase-proporcional) aumento da procura, com os seus reflexos na respectiva receita fiscal. Mas... façam-se as contas, e veremos a que conclusões se chega. Nada como comparar números, mas não me parece que a conclusão pudesse ser muito favorável aos arautos da baixa do ISP.
- Por outro lado, nem tudo o que é negativo neste contexto. Um aumento significativo dos custos com a energia obriga necessariamente a melhores eficiências, tanto no consumo desses mesmos combustíveis como em outras áreas em que a racionalização de custos o permita compensar. Isto tanto a nível das famílias (menos carro, mais transporte público; menos desperdício em casa; racionalização e partilha das deslocações) como das empresas (busca de oportunidades para redução de custos nos processos produtivos, menos viagens, enfim, maior eficiência). Algo que deve sempre nortear cidadãos e empresas é que é sempre possível fazer ou produzir o mesmo a um menor custo. Existem mesmo empresas que premeiam anual e especificamente esse objectivo.
- Por último, existe uma questão mais estritamente política, relacionada com a intervenção do Estado na economia num país em que tudo dele demasiado depende. Intervir neste sentido e nesta conjuntura seria, indiscutivelmente, um sinal dado no sentido da regressão e não do progresso, podendo, e devendo, isso sim, o Estado contribuir para minorar as consequências negativas da actual situação através de uma intervenção ao nível das prestações sociais, das transferências para as famílias que desse apoio mais necessitem e da penalização do desperdício. Esse sim, será um sinal dado no sentido correcto e aí parece-me que haverá ainda muito mais a fazer para além do congelamento do preço dos passes sociais.
segunda-feira, maio 26, 2008
Transportes públicos e preço dos combustíveis
O que é facto é que o modelo de desenvolvimento, em Portugal, pelo menos desde os anos 60 que privilegia o transporte individual, o automóvel, e grande parte do investimento efectuado em obras públicas, directa ou indirectamente, promoveu o seu uso e desenvolvimento, em detrimento, por exemplo, do caminho de ferro. Mais ainda, ao nível dos valores, da ideologia, o automóvel transformou-se em símbolo de ascensão social, assumindo cada uma das marcas existentes um papel, uma imagem muito clara e diferenciada na escala dos valores e na estrutura de classes da sociedade portuguesa. As duas coisas não são separáveis, como não podem também os resultados deste modelo de desenvolvimento e suas consequências ser separáveis do atraso da sociedade portuguesa, contribuindo, também eles e por sua vez, para a forma de certo modo distorcida que assumiu o progresso social. Note-se que não pretendo negar a importância do automóvel nos níveis de bem-estar de uma sociedade, nem me move uma qualquer fobia anti-liberal e pró-colectivista. Constato apenas a importância desmesurada e desproporcionada que o automóvel assumiu, em contraste com o lugar mais “sóbrio” que ocupa em sociedades, como as do norte da Europa, com níveis de bem-estar e uma qualidade de vida bem superiores. Digamos que com um maior grau de civilização.
Assim sendo é bem difícil convencer o cidadão a utilizar transportes públicos (incluindo o táxi) mesmo quando é essa a melhor alternativa que se apresenta, tão mais difícil, por exemplo, quanto mais estamos perante alguém de ascensão social mais recente. Invocar a má qualidade da rede pública de transportes para a sua não utilização, mesmo em situações em que é visível essa não ser a norma, não é, por isso mesmo e em muitas situações, mais do que uma desculpa para quem sente que isso lhe retira estatuto, imagem perante si e os outros. Algo que fere uma personalidade e um modo de vida construídos na base de valores contrários transmitidos ao longo de 40 ou 50 anos. Que credibilidade – e capacidade de convencimento - terão agora para, de repente, lhe dizer o contrário?
A campanha do PSD
Olho para a campanha do PSD e vejo um populista e uma cristã-democrata (é isso que Ferreira Leite verdadeiramente é) manifestarem-se contra o controle do preço dos combustíveis pelo governo e um soit-disant liberal pronunciar-se em sentido contrário. Vejo também um populista (Menezes) apoiar o dito “liberal”, o mesmo acontecendo com Fernando Ruas, o inefável “chefe” dos respectivos autarcas, que deve estar para o liberalismo como o porco para Maomé. Por último, vejo quem sempre tem sempre manifestado posições liberais apoiar a cristã-democrata Ferreira Leite e, se me der ao trabalho de procurar bem, por certo encontrarei euro-cépticos a apoiar federalistas, sendo que a inversa também não deixará de ser verdadeira. Pelo vistos, no PSD já nada faz mesmo sentido, ou melhor, apenas faz sentido o poder. Esperemos a epidemia não se espalhe demasiado, pois não acredito muito que a restante sociedade tenha gerado os anticorpos necessários à respectiva imunidade.
domingo, maio 25, 2008
José Mourinho: mais um passo em falso
Não sei qual será a agência de comunicação responsável pela assessoria de José Mourinho, se é que a tem, mas dada a multiplicação de asneiras, faux pas, inconveniências e acções, atitudes e afirmações muito pouco consentâneas com aquela que deveria, de momento, ser a sua estratégia, diria que a Cunha Vaz & Associados dificilmente faria pior. O que se pode dizer das suas afirmações sobre Avram Grant, que, independentemente do papel que possa ter tido no despedimento de José Mourinho, levou uma equipa dizimada, durante parte da época, por lesões e ausências à final da "Champions", onde não teve sorte e perdeu nos penalties nas condições que se conhecem, e a discutir o título até á última jornada da "Premiership", é que são, no mínimo, deselegantes e, no limite, cobardes, ao bom estilo “dá-lhe agora que ele está de costas”.
É que até posso admitir - partindo do princípio que desde Maquiavel a moral nada tem a ver com a política - que essa deselegância e cobardia possam ser aceitáveis quando úteis (vejam bem até que ponto vai a minha flexibilidade e a amplitude da minha compreensão), só que não vejo, não consigo mesmo ver, o que de positivo possa daí advir para aquela que deveria ser a estratégia mais adequada para servir o objectivo fundamental, em tempo presente, da vida profissional de José Mourinho: conseguir um emprego compatível com a sua experiência, qualificações e desejos num clube de prestígio da 1ª divisão europeia (já agora, a ida de Pepe Guardiola para o Barça doeu, não foi?). Mais ainda, como aqui já escrevi, este é o tipo de afirmações que, em conjunto com algumas das suas atitudes anteriores, apenas tornará mais difícil a sua aceitação pela elite de clubes e treinadores. Será que Mourinho ainda disso não se deu conta e não compreende que determinado tipo de comportamentos podem ser positivos quando se tem um emprego no Chelsea e se é ganhador e passam rapidamente a contraproducentes quando isso não acontece? As suas afirmações sobre Grant (aconselho Mourinho a ler os comentários dos adeptos do Chelsea, e outros, sobre o despedimento de Grant no site da Sky Sports), as continuadas informações passadas para os jornais de que está quase a ter novamente clube e a pouco clara ida a Milão, só se podem explicar por um excesso de nervosismo e incerteza. Pela sua incomodidade e desconhecimento em lidar com actual situação. Mas não é exactamente a capacidade para controlar essas emoções que também define um líder? E não é para também gerir esses assuntos que serve uma assessoria de comunicação?
sábado, maio 24, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (16)
A ANAREC quer pôr todos os portugueses a financiar a sua actividade
sexta-feira, maio 23, 2008
Willie Dixon's Blues Dixonary (6)
Dos noticiários da rádio
quinta-feira, maio 22, 2008
"O Segredo de um Cuscuz"
Cristiano Ronaldo, os portugueses e a língua inglesa
Comecei a notar algo podia estar a mudar quando, aí pela segunda metade dos anos oitenta, ao sair de uma discoteca que nessa altura ainda se chamava “boite”, seriam umas quatro ou cinco da manhã, dei com dois polícias conversando alegremente em inglês com um casal de turistas. Lembro-me de ter feito notar isso mesmo ao grupo que me acompanhava. Tinha razão: era um sinal das mudanças que hoje em dia se fazem notar na PSP, uma instituição que, felizmente, nada tem a ver com a de um passado não assim tão distante, com a qual parece partilhar apenas o nome.
A minha esperança aumentou há pouco, quando, ao ver a Sky News, ouvi Cristiano Ronaldo exprimir-se num tom de voz loud and clear, mais ou menos escorreita e fluentemente, na língua de Sua Majestade Elizabeth II. Foi um sobressalto! Estará mesmo algo a mudar? Eu acho que sim, e uma secreta esperança me assaltou o coração, já se si tão fragilizado depois de 120 minutos a torcer pelo United. É pelo menos um bom indício... que esperemos daqui a uns anos se confirme.
quarta-feira, maio 21, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (14)
First Party At Ken Kesey's With Hell's Angels - A poem by Alan Ginsberg
Cool black night thru redwoods
cars parked outside in shade
behind the gate, stars dim above
the ravine, a fire burning by the side
porch and a few tired souls hunched over
in black leather jackets. In the huge
wooden house, a yellow chandelier
at 3 A.M. the blast of loudspeakers
hi-fi Rolling Stones Ray Charles Beatles
Jumping Joe Jackson and twenty youths
dancing to the vibration thru the floor,
a little weed in the bathroom, girls in scarlet
tights, one muscular smooth skinned man
sweating dancing for hours, beer cans
bent littering the yard, a hanged man
sculpture dangling from a high creek branch,
children sleeping softly in their bedroom bunks.
And 4 police cars parked outside the painted
gate, red lights revolving in the leaves.
December 1965
História(s) da Música Popular (88)
Bom, mas vamos lá finalizar com uma pequena curiosidade, regressando para isso a 1957. Ruth Brown não terá sido a vedeta feminina maior da Atlantic Records de Ahmet Ertegun, longe de Aretha Franklin e até suplantada (eu acho) por LaVern Baker. Mas foi suficientemente importante para fazer parte da colectânea de 7 CDs da mais importante editora de música negra dos fifties e sixties. Mais importante, claro, do que a Motown, se me dão licença. Suficientemente importante, também, para ter gravado Leiber e Stoller. Este “Lucky Lips”, composto pela dupla, não está incluído nessa colectânea, mas tem a curiosidade de ter sido mais tarde (1963) gravado por... Cliff Richard e os Shadows. Pois aqui estão as duas versões: o take original de Ruth Brown e uma versão de 1965 de Cliff Richard com os Shadows, estes já com Brian Bennett na bateria e John Rostill no baixo, sucedendo ao “original” Jet Harris e ao sucessor deste, Brian “Licorice” Locking - que, acho, ainda terá gravado o take original do tema, editado em single em 1963.
terça-feira, maio 20, 2008
O mundo segundo José Pacheco Pereira
FUTEBOL,
FUTEBOL,
FUMEI, PEQUEI, VOU DEIXAR DE FUMAR, A
ESMERALDA ENTRE O PAI AFECTIVO E O PAI BIOLÓGICO, FUTEBOL,
DIRECTO DO ACIDENTE NA A1 QUE PROVOCOU TRÊS FERIDOS, OS
PAIS DA PEQUENA MADDIE, FUTEBOL, TENHO UM CANCRO-TIVE UM
CANCRO - VOU TER UM CANCRO, o resto,
FUTEBOL, FUTEBOL, FUTEBOL
Sim, confesso partilho com José Pacheco Pereira alguns dos seus “nojos”, das suas aversões a esta massificação/tablóidização das notícias, das capas, dos cabeçalhos, dos “Fóruns” e das “Opiniões Públicas” e publicadas, dos noticiários esticados até ao limite, do "desordenamento" da informação e do não ordenamento social. Mas, “em verdade, em verdade vos digo”, que o mundo segundo JPP, por si “desenhado” e concebido, imaginado se para isso tiver criatividade qb, sério, sem uma irracionalidade, um devaneio ou um flirt que nos ridicularize e ponha a nu as nossas fraquezas, sem o “pé no balde e bolo na cara”, sem aquela futilidadezinha que por vezes nos pode valer o dia, confesso, enfim, também deveria ser bem “chato”. Muito chato, mesmo, meu caro JPP. Ou será deveria dizer aborrecido? Uma neura!, é o que era...
"Prós & Contras" outra vez
Confesso-me (já aqui o tinha dito) pouco ou mesmo nada admirador do “Prós & Contras”. Vejo o programa episodicamente, muito raramente na totalidade, quando o assunto é de molde a chamar mais a minha atenção e reconheço alguma qualidade e independência nos participantes. Reconheço, no entanto, o esforço por chamar mais espectadores ao debate político através de “uma coisa em forma de assim”, algo a meio caminho entre o “talk show” e o debate propriamente dito, embora o debate político sério e aprofundado seja inimigo do espectáculo e o “talk show”, demasiado dependente da qualidade de comunicadores dos participantes, inimigo do debate político. Cruel dilema, diria o velho Vasco Santana do “Pátio das Cantigas”. Ou a dificuldade da quadratura do círculo, se quiserem assim seja. Passando por cima (salvo seja) das qualidades e defeitos da apresentadora, também ela, tal como o programa, “uma coisa em forma de assim” mas claramente bem enquadrada no espírito e na forma da dita “coisa”, parece-me, contudo, que o “Prós & Contras” enveredou, nos últimos tempos, por um tom demasiado sensacionalista, muito feira de algumas vaidades (pelo que vejo e oiço, não me são mostradas razões para tal), campo de batalha do bloco central de interesses e, o que é ainda pior mas se tem acentuado de forma notória, palco de mediatização privilegiado de mesquinhos interesses corporativos. Demasiada província, direi. Tem-se acentuado, assim, a vertente “talk show”: muita plateia e pouco palco e neste demasiada representação institucional, demasiada gente que antes de abrir a boca já se sabe ao que vem e porque vem. Será talvez essa uma das funções do programa – assegurar a representação mediática dos interesses corporativos, um “escape” para o sistema, mais um palco para o queixume habitual “se não nos valem o mundo acaba amanhã” – mas, parece-me, pode ser também esse um dos caminhos mais curtos para o cansaço. Eu, pessoalmente, cansei-me, embora não fazendo parte do target possam achar já assim nasci. Se calhar, terão razão: continuo saudoso do “Choque Ideológico” da RTP N, o melhor programa de debate político dos últimos anos. Provavelmente, só eu devia gostar, e por isso acabou. Olhem, Ita Missa Est.
segunda-feira, maio 19, 2008
Portugal e Catalunha
"Gato Maltês" e o "Público"
domingo, maio 18, 2008
Comida para os "pobrezinhos"...
sábado, maio 17, 2008
Ainda a Feira do Livro, a Leya, a APEL, a CML e o que mais adiante se verá, meninos e meninas!
Em segundo lugar a completa impreparação do sector da edição livreira, que mais parece saído da idade da pedra da gestão empresarial, para lidar com a entrada no mercado da Leya, uma mega-empresa, para o sector, com ideias novas que parecem querer entrar em ruptura com o statu quo existente. Não conhecendo esse mesmo sector, e falando apenas como consumidor interessado, parece-me que a Leya estará a trazer para o mercado da edição a mudança que a FNAC, os supermercados, as feiras do livro usado e as mega lojas multimédia trouxeram para o sector da distribuição, assim contribuindo para uma aproximação nunca antes imaginada entre o livro e o leitor e respondendo, deste modo, às modificações da procura há muito em curso no mercado. Há quem não goste, claro, mas ouvir esses mesmos editores afirmar que o fazem em nome de “altos princípios” e do interesse do leitor, quando o que está em causa, tanto como no caso da Leya, é apenas o negócio – e negócio por negócio, a entrada no mercado da Leya só me parece positiva para o livro e o leitor – confesso que me dá volta ao estômago. Haja alguma decência, se não se importam...
sexta-feira, maio 16, 2008
História(s) da Música Popular (87)
Duas notas de uma sexta-feira
- Sim, eu sei que por muito menos daquilo que eu vou dizer algumas almas ardem já nas profundezas do inferno. Mas seria muito mais saudável ver a economia portuguesa crescer mais mesmo que com redução ou manutenção do emprego (não, não é um contra-senso), do que ver o desemprego diminuir numa conjuntura de forte redução do crescimento económico.
- Pode um pretenso liberal como Pedro Passos Coelho afirmar convictamente que os governos de Cavaco Silva, que, apesar de alguns méritos, foram responsáveis por um modelo de desenvolvimento que de liberal pouco tem e conduziu Portugal ao estrangulamento e á estagnação, foram os melhores governos do país nos últimos anos?
quinta-feira, maio 15, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (10)
Feira do Livro
O regresso de Jorge Coelho
O que o país precisa não é, essencialmente, de infra-estruturas que suportem o seu desenvolvimento. Utilizando uma expressão muito popular: “para esse peditório andamos há muito a contribuir”. O que o país precisa é, isso sim, de um modelo de desenvolvimento equilibrado e sustentado que quebre de vez com o ciclo do betão e das exportações de baixo valor acrescentado produzidas por empresas de baixa produtividade e baseadas em mão de obra desqualificada e mal paga. Claro que este não é o modelo que mais convém à empresa onde Jorge Coelho exerce actualmente as funções de administrador (aqui para nós: far-lhe-ia bem um período de “nojo” mediático, um certo luto da palavra, embora todos saibamos ao que vai e o que a ambos – Jorge Coelho e Mota-Engil - move), e também, face á revisão em baixa do crescimento da economia portuguesa e às dificuldades que a crise internacional irá causar à expansão das exportações, aquele do qual o governo irá tirar maiores proveitos no curto prazo. Mas este é na realidade o drama: se não cresço não ganho eleições, para crescer e ganhar eleições nada como a velha receita. Pelo menos – secreta esperança – que o governo a saiba aplicar com alguma dose de bom senso e parcimónia quanto baste, à espera de melhores dias. É que é já pedir tão pouco...
quarta-feira, maio 14, 2008
Rui Costa
Excelente a conferência de imprensa de Rui Costa. Um discurso curto que não ultrapassou o essencial; um equilíbrio perfeito entre proximidade e distanciamento, formalidade e informalidade olhando de frente os seus interlocutores; respostas simples, directas e claras, curtas mas contendo o essencial; um certo toque de cosmopolitismo onde ele costuma ser uma raridade. Igual dentro e fora dos relvados: a rara capacidade de tornar o difícil fácil, aparentemente sem esforço. Algo só ao alcance dos eleitos. Esperemos confirme. Se assim for, será um dia presidente do Benfica. Ainda bem, já que o contraste com Luís Filipe Vieira foi por demais evidente. Para este último, certamente penoso.
À deriva...
terça-feira, maio 13, 2008
Smoking/No Smoking
Duvido que José Sócrates alguma vez tenha visto “Smoking/No Smoking”, o díptico de Alain Resnais. A ideia é muito simples: a intriga desenvolve-se de forma diferente, em cada um dos filmes, em função de um (ou ambos, confesso já não me lembrar bem) dos protagonistas, Pierre Arditi e Sabine Azéma, decidir ou não fumar em determinado momento da história. É um conselho que deixo a José Sócrates e Manuel Pinho: que tal desenvolverem um argumento ficcionado baseado na decisão contrária, isto é, se, em vez de terem decidido fretar um voo “smoking”, tivessem optado por um voo igual ao de tantos outros passageiros, ou seja, “no smoking”? Que mudanças isso iria provocar nos temas do “Público”? Nas discussões da blogosfera? Nas reuniões com Chavez? No humor das hospedeiras? No comportamento de ambos? Na consideração dos portugueses ou no futuro do seu mandato? Não, não se trata de um exercício inconsequente e que apenas serviria para ocupar o tempo de quem dele não dispõe em profusão, preocupado como deve estar com o futuro dos portugueses. É que, para além de poderem vender essa ficção para um qualquer editor e os direitos respectivos para o cinema - com os respectivos proveitos, pois claro - bem poderiam, por essa via, chegar mais facilmente á conclusão de que uma pequena dose de bom senso, aplicada na altura certa e em matérias por vezes julgadas despiciendas, pode ter uma influência bem maior do que em princípio se julga em qualquer futuro político. A começar no dos próprios protagonistas, pois claro.
segunda-feira, maio 12, 2008
No "Prós & Contras" de hoje o futebol português suicida-se alegremente em directo
Uma pergunta: depois do “Prós & Contras” de hoje, dedicado aos vários “apitos”, quantos potenciais espectadores ainda continuarão dispostos a deslocar-se a um estádio para ver um jogo de futebol em Portugal?
Manuela Ferreira Leite e o JN
"Dress codes" e as Finanças cá do bairro
domingo, maio 11, 2008
Passos Coelho e Fernando Ruas
A propósito da candidatura de Pedro Passos Coelho à presidência do PSD. Será que se pode ser credível apresentando um programa de cariz liberal e sendo, simultaneamente, apoiado activamente pelo autarca Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios? Ele há ligações que são verdadeiramente assassinas...
Eriksson...
Apito...
O “Gato Maltês” volta ao texto e à actividade normal com dois posts sobre futebol, já que estamos num fim de semana de grandes decisões e muito de aparentemente importante se passou nos últimos dias. Pois vamos lá ao primeiro.
Terá algo de muito importante mudado no futebol português com o desfecho do caso que passará para a posteridade com o nome de “Apito Final”? I’m afraid not... Tentarei justificar os porquês, avisando desde já que, não sendo jurista, o faço, portanto, de um ponto de vista não técnico e apenas de cidadão interessado.
Em primeiro lugar pelo óbvio: excepto no caso de Augusto Duarte, as sentenças são demasiado leves, para não dizer inócuas, o que significa não estar preenchida uma das condições-base da sua eficácia: serem suficientemente dissuasoras e evitarem que o crime compense. Mesmo no caso do Boavista, a descida de divisão constitui um problema bem pequeno face à situação do clube (é falacioso invocar a dificuldade acrescida que isso coloca à angariação de investidores, pois, como ficou provado com o lamentável caso Sérgio Silva, que só demonstra o desespero, eles pura e simplesmente não existem) e a suspensão de Pinto da Costa chega quando o seu modelo de gestão está gasto e já se perfilam candidatos credíveis (Rui Moreira) à sua sucessão. Para este, é um pequeno empurrão providencial, pese embora os seus beijos de morte a Pinto da Costa que têm já o valor de elogio fúnebre. Contra argumentarão que existe, de facto, uma sanção moral e que ficou provada a corrupção existente. Fraca consolação, numa área, numa indústria e com agentes em que a moral ocupa um lugar demasiado subalterno na hierarquia das preocupações, podendo o único resultado das condenações ser apenas, isso sim, o de provocar um ainda maior afastamento dos espectadores do espectáculo, face à sua crescente descredibilização, que é presente, e à incerteza da sua credibilização, que será ou não futuro. Claro que, muito possivelmente, são as possíveis em função da legislação existente, mas esse é exactamente um dos problemas: sendo a legislação produzida pelos dirigentes, que na sua esmagadora maioria se mantêm, nada nos diz que possa ser alterada no sentido de uma maior equidade, podendo inclusivamente as actuais sentenças servirem, isso sim, para alertar para os perigos a que clubes e dirigentes se podem expor. A tibieza das reacções à questão dos ordenados em atraso, mesmo da parte de Hermínio Loureiro (a questão não é não poderem inscrever-se na Liga ou perderem pontos no caso de ordenados em atraso – a perda de pontos pode causar prejuízos ou provocar benefícios a terceiros -, é apresentarem garantias reais de que isso não aconteça), não augura nada de muito positivo.
Em segundo lugar porque tudo é demasiado tardio, demasiado à posteriori. Sejamos claros: os acontecimentos que deram lugar à punição aplicada ao FCP e ao seu presidente, por quase desnecessários na altura, só se explicam por um way of doing the things, uma cultura de clube instalada desde há muito e, como acontece com todas as tradições e práticas de longa data, difícil de alterar. Muito mais quando a impunidade de anos a fio tornava o FCP inimputável. A superioridade do clube era já um dado adquirido por essa altura e esses tempos, vinda dos anos em que uma conjuntura política, social e económica favorável permitiu que passasse incólume muito mais e muitíssimo mais grave do que aquilo que agora é condenado, ajudando a vencer a inércia criada por anos a fio de ausência de vitórias e de sucessos escassos. Digamos que o clube cresceu numa mentira para se poder agora afirmar numa verdade: a sua actual e incontestada superioridade desportiva.
A questão agora será: é possível que tudo mude para que eventuais situações semelhantes possam ser detectadas em tempo suficientemente útil para que o prevaricador delas não beneficie? E que a legislação permita a aplicação de penas verdadeiramente dissuasoras? Com a maioria dos actuais dirigentes, criados pelo actual “sistema” e que dele vivem e se alimentam (sem mesmo saberem como sobreviver fora dele), isso parece-me impossível, e apenas a sua substituição o poderá tornar viável. Parece-me que só um ainda maior declínio da indústria, fruto da sua incompetência dirigente, ou um mercado mais competitivo, por via de uma maior internacionalização (a ideia de uma Taça da Liga Ibérica, na impossibilidade da fusão dos campeonatos ibéricos, a solução ideal, parece-me muito positiva), poderá conduzir a esse desiderato. Sem isso, receio bem estarmos apenas perante pequenos face liftings, pequenas operações de cosmética.
sexta-feira, maio 09, 2008
quinta-feira, maio 08, 2008
quarta-feira, maio 07, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (3)
"Gato Maltês"
segunda-feira, maio 05, 2008
Eles também foram "soixante-huitards" (2)
Ainda a unificação das polícias
3 000 espectadores no Estrela-Benfica
domingo, maio 04, 2008
Maio de 68
Por isso, colocar a questão do poder em algo que nada tinha ver com ele - pelo menos no sentido do poder de “estado”, já que tinha a ver com o poder na sociedade, se é que a expressão permite fazer compreender o que estava em causa e as diferenças -, como o faz alguma esquerda mais radical do BE, é um erro de quem percebeu pouco do que se passava. Daí serem tão importantes para entender Maio de 68 nomes como Daniel Cohn Bendit e André Glucksmann, como também Dylan, Timothy Leary, Mary Quant, Mick Jagger, Luther King, Janis Joplin, Tommy Smith e John Carlos, Alexander Dubcek e Andy Warhol. Tantos outros... Já agora, “A Taste of Honey” e Rita Tushingham. Alguém conhece?
quinta-feira, maio 01, 2008
"Que floresçam mil flores"... (19)
Os estádios...
Depois de o recentemente reeleito presidente da Associação Académica de Coimbra (OAF), com um estádio novinho em folha quase no centro da sua cidade, ter proposto a construção de um novo estádio para o seu clube, agora é o presidente da Naval 1º de Maio, clube sem tradição no futebol e que tem mais de 2 500 adeptos a assistir aos jogos apenas no dia em que o rei faz anos, a querer fazer o mesmo. Resta acrescentar que na Região centro existem 3 estádios construídos para o Euro 2004 - mais um em Águeda, moderno e com boas condições - normalmente desertos e, dois deles, entregues a clubes em crise e que disputarão a Liga de Honra no próximo ano. E isto sem falar do Estádio Algarve e do que irá acontecer ao "Bessa", propriedade de um clube falido. Ah, os responsáveis, quase todos, continuam por aí: Madaíl é presidente da FPF, José Sócrates 1º ministro, Hermínio Loureiro presidente da Liga, Laurentino Dias secretário de estado, Barroso presidente da Comissão Europeia. Mas, claro está, tratou-se de um desígnio nacional e a memória dos portugueses anda mesmo a precisar de fósforo.