Bom, voltemos ás notícias para além do futebol, futebol, futebol, do pai afectivo, do pai biológico, dos cancros dos famosos(???!!!) e de “tudo o mais que uma família (não) precisa”, como dizia no meu livro da segunda ou terceira classe dos anos de chumbo da década de cinquenta do século defunto. E voltemos focando os noticiários da rádio, companhias de tantos de nós durante as abulações diárias das manhãs e dos caminhos de e para os empregos (quem os tem, claro, que isto não está para todos). É que, cada vez mais, se vão transformando-se num muro de lamentações, em megafones dos protestos, queixinhas, reivindicações de todas e mais algumas corporações existentes e outras em vias de existir. Todas elas, claro (as queixinhas e as corporações) tendo por denominador comum, já se sabe, a “falta de meios”, eufemismo pouco esforçado para designar: dêem-me mais dinheiro senão “faço e aconteço”, como diriam os “Deolinda” no seu “Fado Toninho”. Todas elas ameaçadoras, pois, pois, visto que se não virem as suas queixas, reivindicações, alertas, o que quer que seja, satisfeitas o mundo acaba já amanhã de manhã, “ao meio dia menos um quarto, senhor estou farto”. Bombeiros na primeira fila, polícias e a sua associação na segunda, agricultores da seca e da chuva (da seca quando chove, da chuva quando seca) e pescadores, do baixo ou do alto, do mar ou da terra firme, de olho alerta, espreitando a oportunidade, que isto de jogar com a segurança e a comidinha costuma dar resultado, não faltando médicos, enfermeiros, maqueiros, motoristas dos maqueiros e respectivos ajudantes a ajudarem, agitando o espectro da falta de saúdinha “vai bem graças a Deus, senhora dona Alzira”. Claro que me vão dizer que, neste país (?), “quem não chora não mama”, frase que me dá voltas ao estômago e todas as vísceras, e que isto é a liberdade de expressão e é assim mesmo. Claro que sim e ninguém no seu perfeito juízo os quererá mandar calar (cá por mim, bem me divertem, pela desfaçatez e falta de vergonha). Mas então e os senhores jornalistas? Não investigam, não comprovam, não se interrogam, não procuram o contraditório (brr...), enfim, não assumem o seu papel, a sua profissão? Serão apenas megafones ou microfones com decote ou sem ele (onde já ouvi isto?). Como não quero ser deselegante com tão insigne e prestimosa classe profissional , e não querendo aceitar que também eles acreditam que o mundo acaba mesmo amanhã “ao meio dia menos um quarto”, já sei, encontrei a solução: eles bem querem investigar, indagar, comprovar, ar, ar, mas não podem, não têm meios!!! Querem lá ver que, um dia destes, ainda os vamos ver a queixarem-se, ao vivo e em directo, alegando que se não satisfizerem as suas reivindicações com mais microfones, mais carros de exteriores, mais helicópteros (a propósito: para que serve na realidade o do RCP), mais computadores e, aqui sim, é verdade, “tudo o mais que uma família precisa”, o mundo acaba mesmo amanhã de manhã, “ao meio dia menos um quarto”? Senhores, estou farto!
Sem comentários:
Enviar um comentário