Em tempos de combustíveis caros, é comum assistirmos aos apelos para uma maior utilização de transportes públicos, sendo invariavelmente a resposta que a sua má qualidade e cobertura deficiente do território impedem um melhor aproveitamento e uma sua maior utilização. Mas nem sempre isso é verdade.
O que é facto é que o modelo de desenvolvimento, em Portugal, pelo menos desde os anos 60 que privilegia o transporte individual, o automóvel, e grande parte do investimento efectuado em obras públicas, directa ou indirectamente, promoveu o seu uso e desenvolvimento, em detrimento, por exemplo, do caminho de ferro. Mais ainda, ao nível dos valores, da ideologia, o automóvel transformou-se em símbolo de ascensão social, assumindo cada uma das marcas existentes um papel, uma imagem muito clara e diferenciada na escala dos valores e na estrutura de classes da sociedade portuguesa. As duas coisas não são separáveis, como não podem também os resultados deste modelo de desenvolvimento e suas consequências ser separáveis do atraso da sociedade portuguesa, contribuindo, também eles e por sua vez, para a forma de certo modo distorcida que assumiu o progresso social. Note-se que não pretendo negar a importância do automóvel nos níveis de bem-estar de uma sociedade, nem me move uma qualquer fobia anti-liberal e pró-colectivista. Constato apenas a importância desmesurada e desproporcionada que o automóvel assumiu, em contraste com o lugar mais “sóbrio” que ocupa em sociedades, como as do norte da Europa, com níveis de bem-estar e uma qualidade de vida bem superiores. Digamos que com um maior grau de civilização.
O que é facto é que o modelo de desenvolvimento, em Portugal, pelo menos desde os anos 60 que privilegia o transporte individual, o automóvel, e grande parte do investimento efectuado em obras públicas, directa ou indirectamente, promoveu o seu uso e desenvolvimento, em detrimento, por exemplo, do caminho de ferro. Mais ainda, ao nível dos valores, da ideologia, o automóvel transformou-se em símbolo de ascensão social, assumindo cada uma das marcas existentes um papel, uma imagem muito clara e diferenciada na escala dos valores e na estrutura de classes da sociedade portuguesa. As duas coisas não são separáveis, como não podem também os resultados deste modelo de desenvolvimento e suas consequências ser separáveis do atraso da sociedade portuguesa, contribuindo, também eles e por sua vez, para a forma de certo modo distorcida que assumiu o progresso social. Note-se que não pretendo negar a importância do automóvel nos níveis de bem-estar de uma sociedade, nem me move uma qualquer fobia anti-liberal e pró-colectivista. Constato apenas a importância desmesurada e desproporcionada que o automóvel assumiu, em contraste com o lugar mais “sóbrio” que ocupa em sociedades, como as do norte da Europa, com níveis de bem-estar e uma qualidade de vida bem superiores. Digamos que com um maior grau de civilização.
Assim sendo é bem difícil convencer o cidadão a utilizar transportes públicos (incluindo o táxi) mesmo quando é essa a melhor alternativa que se apresenta, tão mais difícil, por exemplo, quanto mais estamos perante alguém de ascensão social mais recente. Invocar a má qualidade da rede pública de transportes para a sua não utilização, mesmo em situações em que é visível essa não ser a norma, não é, por isso mesmo e em muitas situações, mais do que uma desculpa para quem sente que isso lhe retira estatuto, imagem perante si e os outros. Algo que fere uma personalidade e um modo de vida construídos na base de valores contrários transmitidos ao longo de 40 ou 50 anos. Que credibilidade – e capacidade de convencimento - terão agora para, de repente, lhe dizer o contrário?
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