domingo, maio 25, 2008

José Mourinho: mais um passo em falso

Não sei qual será a agência de comunicação responsável pela assessoria de José Mourinho, se é que a tem, mas dada a multiplicação de asneiras, faux pas, inconveniências e acções, atitudes e afirmações muito pouco consentâneas com aquela que deveria, de momento, ser a sua estratégia, diria que a Cunha Vaz & Associados dificilmente faria pior. O que se pode dizer das suas afirmações sobre Avram Grant, que, independentemente do papel que possa ter tido no despedimento de José Mourinho, levou uma equipa dizimada, durante parte da época, por lesões e ausências à final da "Champions", onde não teve sorte e perdeu nos penalties nas condições que se conhecem, e a discutir o título até á última jornada da "Premiership", é que são, no mínimo, deselegantes e, no limite, cobardes, ao bom estilo “dá-lhe agora que ele está de costas”.

É que até posso admitir - partindo do princípio que desde Maquiavel a moral nada tem a ver com a política - que essa deselegância e cobardia possam ser aceitáveis quando úteis (vejam bem até que ponto vai a minha flexibilidade e a amplitude da minha compreensão), só que não vejo, não consigo mesmo ver, o que de positivo possa daí advir para aquela que deveria ser a estratégia mais adequada para servir o objectivo fundamental, em tempo presente, da vida profissional de José Mourinho: conseguir um emprego compatível com a sua experiência, qualificações e desejos num clube de prestígio da 1ª divisão europeia (já agora, a ida de Pepe Guardiola para o Barça doeu, não foi?). Mais ainda, como aqui já escrevi, este é o tipo de afirmações que, em conjunto com algumas das suas atitudes anteriores, apenas tornará mais difícil a sua aceitação pela elite de clubes e treinadores. Será que Mourinho ainda disso não se deu conta e não compreende que determinado tipo de comportamentos podem ser positivos quando se tem um emprego no Chelsea e se é ganhador e passam rapidamente a contraproducentes quando isso não acontece? As suas afirmações sobre Grant (aconselho Mourinho a ler os comentários dos adeptos do Chelsea, e outros, sobre o despedimento de Grant no site da Sky Sports), as continuadas informações passadas para os jornais de que está quase a ter novamente clube e a pouco clara ida a Milão, só se podem explicar por um excesso de nervosismo e incerteza. Pela sua incomodidade e desconhecimento em lidar com actual situação. Mas não é exactamente a capacidade para controlar essas emoções que também define um líder? E não é para também gerir esses assuntos que serve uma assessoria de comunicação?

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