Duvido que José Sócrates alguma vez tenha visto “Smoking/No Smoking”, o díptico de Alain Resnais. A ideia é muito simples: a intriga desenvolve-se de forma diferente, em cada um dos filmes, em função de um (ou ambos, confesso já não me lembrar bem) dos protagonistas, Pierre Arditi e Sabine Azéma, decidir ou não fumar em determinado momento da história. É um conselho que deixo a José Sócrates e Manuel Pinho: que tal desenvolverem um argumento ficcionado baseado na decisão contrária, isto é, se, em vez de terem decidido fretar um voo “smoking”, tivessem optado por um voo igual ao de tantos outros passageiros, ou seja, “no smoking”? Que mudanças isso iria provocar nos temas do “Público”? Nas discussões da blogosfera? Nas reuniões com Chavez? No humor das hospedeiras? No comportamento de ambos? Na consideração dos portugueses ou no futuro do seu mandato? Não, não se trata de um exercício inconsequente e que apenas serviria para ocupar o tempo de quem dele não dispõe em profusão, preocupado como deve estar com o futuro dos portugueses. É que, para além de poderem vender essa ficção para um qualquer editor e os direitos respectivos para o cinema - com os respectivos proveitos, pois claro - bem poderiam, por essa via, chegar mais facilmente á conclusão de que uma pequena dose de bom senso, aplicada na altura certa e em matérias por vezes julgadas despiciendas, pode ter uma influência bem maior do que em princípio se julga em qualquer futuro político. A começar no dos próprios protagonistas, pois claro.
2 comentários:
Meu caro JC
O episódio é bem ilustrativo da personalidade do actual 1º ministro, que há muito demonstra uma insuportável sobranceria a respeito dos seus conterrâneos, que ele cada vez mais considera súbditos, ou pior que isso, pois que subditos têm (?) os reis, e não há notícia do Rei de Espanha, por exemplo, ter atitudes de desprezo pelas leis que regem o seu país. Para cúmulo, desprezando leis emanadas dos seus próprios gabinetes.
E aposto que, ou não irá haver explicações, ou elas serão, como de costume, absolutamente extraordinárias
Abraço
Sobre o Maio de 68: não está esquecido, e ainda hoje lhe darei a resposta que já deveria ter dado, mas impossível até hoje por manifesta falta de tempo. E há para aí para baixo alguns temas sobre os quais tenho também que dar uns bitaites.
Daqui a pouco, então...
Bom exemplo, o do Rei de Espanha. Mas tb o da Rainha de Inglaterra. É a educação, meu caro, a educaçãozinha... sabem que têm privilégios e por isso tb deveres. Digo eu, que até nem sou monárquico...
Abraço
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