sábado, junho 30, 2007

O Mundial de sub-20

Fui dos que sempre considerei sobrevalorizados os resultados conseguidos pelas selecções portuguesas de futebol nas categorias de formação, dos quais os títulos de 89 (Arábia Saudita) e 91 (Portugal) foram os mais expressivos. Em primeiro lugar, porque sempre considerei que sendo categorias de formação os títulos não seriam o mais importante, dando como exemplo os poucos títulos conquistados nesta categoria (sub-20) pelas principais selecções europeias, algumas campeãs do mundo absolutas por várias vezes. Em segundo lugar, porque era de opinião que esses títulos tinham sido obtidos na base de uma certa "terceiro-mundização" do futebol jovem em Portugal, juntando jogadores em estágios intermináveis tal como, com o objectivo de sobressaírem politicamente através da conquista de títulos, o fariam as selecções de fora da Europa. Era, em certa medida, uma reincarnação futebolística do hóquei em patins “patriótico” dos anos 40 e 50 do século XX, modalidade que se sonegava aos portugueses ser de expansão e expressão reduzidas ou quase inexistentes. Ao “navegar” pelo site “Mais Futebol”, a propósito do Mundial de sub-20 que começa por estes dias, extraí, em prova da minha tese, as seguintes conclusões:
  1. Nunca a Itália (4 vezes campeã do mundo absoluta) ganhou a prova. Nem sequer esteve presente em qualquer final.
  2. A Alemanha (tri campeã do mundo absoluta) venceu apenas uma vez: no longínquo ano de 1981 venceu por 4-0 o Qatar(!) na final. Participou em apenas mais uma final, em 1987 no Chile, tendo perdido com a Jugoslávia 5-4 (gp).
  3. Para além de Portugal (vitórias citadas) e da Alemanha, apenas a URSS, em 1977, a Jugoslávia, 1987 e a Espanha, já em tempos “históricos” - 1999, foram campeãs, esta vencendo na final o Japão(!) por 4-0.
  4. Potências do futebol europeu como a França, a Holanda (ambas com pergaminhos na formação) ou a Inglaterra nunca estiveram sequer presentes numa final. Já não falando de médias potências como a Suécia, Dinamarca, Roménia, etc.
  5. Os grandes vencedores são países não europeus: Brasil e Argentina somam 9 vitórias, contra 6 dos europeus.
  6. Por fim, dos jogadores portugueses mais votados para eleger o melhor do torneio, nenhum deles fez uma carreira de sucesso: Emílio Peixe foi considerado o melhor em 1991, Paulo Torres o 3º no mesmo ano e Dani o 2º em 1995.

E pronto... Disse!

The Classic Era of American Pulp Magazines (35)

Ilustração de Bernard Barton para a história de Robert E. Howard's "The Blond Goddess of Bal-Sagoth" publicada no Avon Fantasy Reader's (Inverno de 1950)

"Strawberries and cream" (4)

Wimbledon - The Championships


Agora, finalmente: Day 6 Preview
Enquanto a chuva não pára, entrevista com Justine Hénin

sexta-feira, junho 29, 2007

Cinema e Rock & Roll (7)


"Don't Knock The Rock" (1956) de Fred F. Sears
Um filme que é uma sequela de "Rock Around The Clock", de um quase desconhecido realizador (quase?), e que para além de Alan Freed no conhecido papel de "dar a entrada aos artistas", integra pelo menos um nome de topo do r & r, na pessoa de Little Richard, considerando que Bill Haley o não será. Mas a grande curiosidade do filme é mesmo a presença de Adriano Celentano, a "vedeta" italiana do rock & roll. Ausência da sua pretação disponível em vídeo, ficamos com Little Richard, o seu falsete e a sua popa (e ficamos a ganhar) no seu Tutti Frutti do qual o inenarrável Pat Boone fez um cover quase irreconhecível.

A DREN, o Centro de Saúde de Vieira do Minho e os partidos

Os recentes acontecimentos ocorridos na DREN e no centro de saúde de Vieira do Minho, embora com diferenças suficientes entre ambos para justificarem avaliações também elas diferentes das decisões tomadas pelas respectivas hierarquias e tutelas, são exemplos demonstrativos do estado de degradação a que chegaram algumas das instituições da Administração Pública, fruto da partidarização das suas hierarquias (ver afirmações do presidente da Câmara de Vieira do Minho), que acaba por se estender a uma parte significativa de todas as suas estruturas, transformando-as em campo de batalha da luta partidária com prejuízo evidente da qualidade dos serviços prestados. Tudo isto potenciado também por um sistema em que a avaliação de pessoas e estruturas está ausente e a progressão nas carreiras é definida por antiguidade, sistema este que, implicitamente, serve e promove essa mesma partidarização. É também um sintoma da fraqueza estrutural do tecido empresarial português, mais evidente na província onde o Estado é com demasiada frequência a única saída profissional possível e a filiação e “lealdade” partidárias, levadas ao limite, a sua consequência em função do sistema de recrutamento implantado.

Mais ainda, a falta de mobilidade profissional existente na sociedade portuguesa é ainda muito mais acentuada entre o sector privado e a Administração Pública (as causas são conhecidas e o que acima se descreve é apenas uma delas), limitando a troca de experiências e a adaptação de algumas boas práticas das maiores e mais sofisticadas empresas privadas, em termos de gestão, às empresas e instituições geridas pelo Estado. Só assim se compreende que se veja como “natural” a afixação, numa instituição que não é nem se pode reger por princípios democráticos (o que é outra das confusões, propositadamente ou não, instaladas e que radica, em última análise, no sistema de partidarização instituído), de um cartaz contestando as políticas definidas pela tutela para o sector, por muita razão que possa existir para essa contestação que pode ser exercida através de um sem número de meios, instituições e oportunidades disponíveis para o efeito numa sociedade democrática do século XXI.
Mas como tudo tem também um lado positivo (???), este tipo de situações serve também para nos apercebermos do grau zero que o debate político atingiu nos partidos e no parlamento, substituído por uma guerrilha partidária sem ideias nem ideais, destinada apenas a uma substituição de clientelas, também ela fomentadora e potenciadora dos comportamentos acima descritos. É o fechar do círculo, o que não é de admirar se nos lembrarmos de onde a maioria dos deputados e dirigentes partidários são originários e onde fizeram o seu tirocínio: exactamente nessas estruturas locais e utilizando os mesmos métodos e comportamentos. Com os mesmo objectivos, também. Confesso a minha incapacidade para descobrir uma forma de quebrar o círculo...

"Strawberries and cream" (3)

Wimbledon - The Championships


quinta-feira, junho 28, 2007

"Strawberries and cream" (2)

Wimbledon - The Championships


A directora do Centro de Saúde e o ministro

A propósito desta notícia - Alguém imagina numa grande empresa (por exemplo, na PT, na Sonae, na EDP, num Banco), mormente em local de acesso público, a afixação de um cartaz com afirmações consideradas jocosas para com um dos seus accionistas, administradores, executivos ou, pura e simplesmente, funcionários e trabalhadores? Ou então para com um dos seus clientes ou fornecedores? Ou ainda para com algum ministro ou autarca? Ou apelando à não-compra de algum dos seus produtos ou serviços?

Será que está tudo doido?

The Hammer Collection (3)

"Horror Of Dracula" (aka "Dracula"), de Terence Fisher (1958)

Do Tratado e do Referendo

A experiência referendária em Portugal diz-me que os entusiastas do referendo são historicamente aqueles que pensam ver o voto popular referendário decidir a seu favor e de modo diferente daquela que julgam ser, no momento, a opção maioritária da Assembleia da República, também ela eleita pelo voto dos portugueses e por si mandatada para legislar. Foi assim no caso do aborto (votei “SIM”) e foi assim no caso da regionalização (votei “NÃO”). É assim no caso da actual discussão sobre o novo tratado europeu.

Vejamos. Quem são os mais acérrimos defensores do referendo ao novo tratado europeu? Fundamentalmente os que, pura e simplesmente, recusam qualquer ideia de uma Europa democrática e capitalista (o PCP e, em certa medida, o BE – que parece ainda andar às “voltas” com a “Europa dos trabalhadores”, que não se sabe muito bem o que seja), os eurocépticos, categoria virtualmente inexistente ou sem expressão mediática antes do 11 de Setembro e da presidência de George W. Bush (imagine-se lá porquê...) e que, sem renegarem a construção europeia, recusam qualquer caminho que possa conduzir a uma Europa mais aprofundada e autónoma, “aliada crítica dos USA”, e, por fim, aqueles, incluídos ou não nas categorias mencionadas, que menos nobres e mais tácticos nos seus objectivos apenas querem aproveitar a oportunidade para criarem dificuldades ao governo mantendo-o sob o fogo de uma guerrilha permanente. Estou a falar de quem tem expressão e voz política, evidentemente. Por alguma razão, uma das vozes mais audíveis em favor do referendo tem sido José Pacheco Pereira, um defensor do “NÃO” ao anterior tratado, um dos maiores críticos do modo como se tem processado a construção europeia e, simultaneamente, defensor das posições da administração Bush, da guerra do Iraque e de algumas (nem todas) posições dos "neo-con". Fácil pois imaginar como um eventual “NÃO” ao tratado, em referendo, colocaria Portugal, o governo e a UE numa situação de dificuldade extrema, sendo que nunca os seus defensores se depararam com uma situação tão favorável a um voto negativo, dada a situação económica do país, as dificuldades levantadas pelos “NÃO” holandês e francês e as mudanças e fragilidades originadas pela abertura a leste. Se quisermos acrescentar algumas resistências, mesmo que marginais, ao desaparecimento do escudo e o fantasma, sempre tão dado a populismos, da partilha da soberania, o “ramalhete” está completo.

Pondo de parte a questão da guerrilha institucional (inútil não existindo uma alternativa credível, devendo, isso sim, ser substituída por uma vigilância atenta, obrigando o governo a cumprir com o seu papel reformador e a centrar-se na resolução das questões-chave), devem os partidários do aprofundamento da União e defensores do seu fortalecimento e autonomia - no limite, os federalistas - negarem o referendo? Confesso que a democracia referendária nunca me entusiasmou, com as doses maciças de populismo e demagogia fácil que fatalmente gera. Nunca o defenderei, pois. Mas sempre me parece bem melhor optar por ele – em conjunto com um forte e confiante movimento, sem complexos, de “SIM” ao tratado “por Portugal e pela Europa" – do que por uma fuga envergonhada ao debate e ao esclarecimento, ele sim fortalecedor dos "atlantismos" e "tropicalismos" “do costume”, responsáveis por conduziram o país durante séculos a uma situação pouco brilhante.

quarta-feira, junho 27, 2007

"Strawberries and cream"


Wimbledon - The Championships

Veja aqui um clip da final feminina de 2006 entre Amélie Mauresmo e Justine Hénin.

Aqui um clip da final masculina do mesmo ano entre Roger Federer e Rafael Nadal.

E aqui um resumo do dia de ontem (26 de Junho de 2007).

O DN instiga à censura!!!

Do editorial do DN de hoje:

“Joe Berardo pode pensar o que quiser. Do Governo, do Benfica, das empresas, da justiça, da Costa de Caparica ou do aquecimento global. Tem esse direito e ninguém lhe pode negar essa liberdade. Mas a influência e o poder que Joe Berardo já alcançou na sociedade portuguesa deveriam obrigá-lo a ser mais comedido. Não pode dizer, com o disse ontem à SIC Notícias, referindo-se ao ex-presidente do Conselho de Fundadores da Colecção Berardo, António Mega Ferreira: "Se ele está com problemas de saúde ou com problemas mentais que se vá é curar." Não pode, ponto”.

Afinal em que ficamos? Pode ou não pode? Pode pensar mas não pode dizer, ou então tem de ser mais comedido. É isso que propõe o editorialista do DN, que se saiba sem a oposição de nenhum dos jornalistas do seu corpo redactorial ou da direcção do seu sindicato. Pelo menos que se dê por isso, e também neste caso o que parece é. No tempo da ditadura– e nas ditaduras em geral – também era assim. Chamava-se “Censura” (depois “Exame Prévio”) e tinha uma vantagem: era oficial e todos sabíamos que existia! Berardo tem mau gosto e é “desbocado”? Eu acho, mas problema dele e dos ofendidos: para isso existem tribunais!

É grave... É mesmo muito grave!

Anglophilia (37)

Lista dos primeiros ministros do Reino Unido dos governos de HMQ Elizabeth II

Winston Churchill (1952–1955) - Conservative
Anthony Eden (1955–1957) - Conservative
Harold Macmillan (1957–1963) - Conservative
Alec Douglas-Home (1963–1964) - Conservative
Harold Wilson (1964–1970) - Labour
Edward Heath (1970–1974) - Conservative
Harold Wilson (1974–76) - Labour
James Callaghan (1976–1979) - Labour
Margaret Thatcher (1979–1990) - Conservative
John Major (1990–1997) - Conservative
Tony Blair (1997–2007) - Labour
Gordon Brown (since 27-06-2007) - Labour

"When I woke up this morning" - original blues classics (5)



"Washboard" Sam (1910 - 1966) - "Easy Ridin' Mama". Gravação de 4 de Maio de 1937
"The washboard and frottoir are used as a percussion instrument, employing the ribbed metal surface of the cleaning device as a rhythm instrument.
As traditionally used in
jazz, cajun, skiffle, jug band, and old time music, the washboard remained in its wooden frame and is played primarily by tapping and, but also scraping, the washboard with thimbles. Often the washboard has additional traps, such as a wood block, a cowbell, and even small cymbals." - in Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Washboard

O Mundo em Guerra (35)

Italy

terça-feira, junho 26, 2007

Um país de tristes, uma tristeza da país (7)

Quem quisesse descredibilizar a discussão sobre o novo aeroporto e, simultaneamente, passar um atestado de menoridade intelectual aos autarcas (e, já agora, comentadores desportivos) dificilmente poderia fazer melhor.
Pergunta-se: esta gente não tem a noção das figuras que faz?

Rui Moreira: a imagem de um novo Porto?

Rui Moreira é a estrela ascendente do norte (leia-se Porto), tentando veicular a imagem de uma cidade e uma região que, esgotado o modelo exportador e de substituição de importações de baixo valor acrescentado, sem marca ou com marca do comprador, tenta encontrar a sua oportunidade no mundo do Portugal da UE e da globalização. Foi um modelo que encontrou uma base de sustentação nas condições políticas e de mercado do período entre o 25 de Novembro de 1975 e o início dos anos noventa, e o seu cimento ideológico na luta entre o Porto, cidade “portuguesa”, honesta e franca, capital do trabalho, e a “capital” “estrangeirada”, puramente administrativa e portanto gastadora, que ignorava o país real. Foi o modelo que teve em Fernando Gomes e, principalmente, Pinto da Costa as suas figuras mais mediáticas, e no FCP a instituição mais emblemática de uma cidade que convivia paredes meias com o campo, provinciana, com “quinhentinhos”, “guarda Abel” e “casas de alterne”. Foi todo um modelo que as privatizações, a UE, a globalização e, nomeadamente, a integração ibérica puseram em causa – e que, se quisermos, tem o seu epílogo simbólico no caso “apito dourado” e na derrota de Belmiro de Azevedo na OPA sobre a PT - tendo o Porto passado quase sem dar por isso de 2ª cidade portuguesa a (para aí) 10ª ou 15ª da península, situação que está também na base da cada vez maior atracção da cidade pelo noroeste peninsular.

Basta ter tido a oportunidade de visitar frequentemente o Porto e contactar com os meios empresariais da cidade nos últimos anos (eu tive essa chance na primeira metade da actual década), para sentir algum vento de mudança e prever alguns cenários futuros, dos quais Rui Moreira é a imagem. Sintomática, também, a sua ligação ao futebol e ao FCP, fruto da convicção de que nenhuma mudança significativa passará ao lado daquela que foi a indústria sustentadamente de maior sucesso e a instituição mais aglutinadora e que melhor veiculou a ideologia de um projecto e de uma cidade.

Mas como old habits die hard, veremos se e de que modo as mentalidades e os velhos hábitos, tão difíceis de mudar mesmo nas sociedades não democráticas (com campos de reeducação e tudo), serão capazes de se adaptar ao novos tempos. Para já, lendo e ouvindo o que por aí se vai dizendo e escrevendo, mormente em alguns blogs nortenhos, as coisas parecem estar a ser bem complicadas. É que, por vezes, a “coisa” faz-me lembrar aquela história do portuense que, para não lhe perguntarem, sempre que abria a boca para falar, se era do Porto, decidiu perder o sotaque. Quando novamente veio a Lisboa, agora falando como qualquer alfacinha de quinta geração que se preze, ao repetirem-lhe a pergunta estranhou e perguntou porquê, tendo o interlocutor respondido: “ah, é esse toquezinho piroso”!!!

Augusto Santos Silva e a comunicação social

Augusto Santos Silva declarou ao Diário Económico que “todos os orgãos de comunicação social devem cultivar o pluralismo e ser independentes do poder político e económico”.

Parece-me ser não só uma frase que, sob a capa das melhores intenções democráticas e liberais, esconde em si uma enorme ânsia de dirigismo político como, em si mesma, constitui uma afirmação séria candidata ao Prémio Nobel do disparate, se o houvesse. Em primeiro ligar, nunca terá ocorrido ao ministro que cada um dos referidos orgãos de comunicação social pode querer ter a liberdade de decidir de outra maneira, isto é, que pode decidir defender os objectivos, ideologia ou comportamentos de um ou vários grupos económicos ou políticos e expressamente, ou não, declará-lo? Acrescente-se, sem que daí venha grande nenhum dano de maior para a democracia e o pluralismo, sendo mesmo esse um comportamento comum em países com hábitos e comportamentos democráticos bem mais enraízados do que Portugal... Em segundo lugar, ignora Augusto Santos Silva que grande parte dos grupos de comunicação social constituem eles próprios grandes grupos económicos ou são deles pertença? Não ignora, claro, nem a frase que proferiu para si tem qualquer importância. É neste ponto que reside fundamentalmente o problema...

segunda-feira, junho 25, 2007

História(s) da Música Popular (48) - especial Rolling Stones em Lisboa



The Rolling Stones - "Going Home" (Jagger & Richards)


Dia demasiado ocupado e confuso, mas por fim achei que o concerto dos Rolling Stones em Lisboa valeria bem o esforço de um post.

Em primeiro lugar para dizer que gosto demasiado de música e dos Rolling Stones (direi que é a minha banda favorita) para os ver já sexagenários e num concerto de estádio. Aliás, já não os vi nos anteriores concertos em Portugal – no primeiro nem sequer cá estava. Segundo que Brian Jones não ressuscita, o que também me afasta do concerto. Por fim, como estas coisas têm sempre algo de positivo, acabei graças ao “Gato Maltês” por descobrir que só tenho a primeira gravação dos Stones (um cover de “Carol”, de Chuck Berry) em vinil, lacuna que terei de colmatar brevemente. Mas fazendo jus a uma afirmação algo exagerada dos meus filhos que dizem que para me encontrar num megastore de discos basta ir procurar onde não está mais ninguém, aqui fica algo menos conhecido da banda e um dos meus temas favoritos do também meu álbum favorito: “Going Home”, do álbum “Aftermath” (versão UK), uma das composições mais bluesy de Jagger & Richards. São 11.35’ e mais de 11 megas de música, o que me ocupa um espaço tremendo! Mas pronto, em vez de irem a Alvalade, oiçam aqui que vale bem mais a pena. A propósito, Miss Pearls, consegue ouvi-los aí de casa?

domingo, junho 24, 2007

Série "B" (4)

"Bride Of The Monster", de Edward D. Wood Jr. (1955)

"O grande "hub" aeroportuário"

"A grande ganhadora do salão foi a versão revista do projecto A350, o A350 XWB, que arrecadou 186 encomendas firmes, quando apenas tinha em mãos pouco mais de uma dezena antes do início da feira. Este número foi considerado pelos analistas do sector como o impulso necessário para o grupo gigante europeu EADS (European Aeronautical Defence and Space Company), casa-mãe da Airbus, manter a aposta neste avião - que já leva três anos de adiamento na data de entrada no mercado, agora agendada para 2013.O A350 pretende concorrer directamente com o futuro B787 da Boeing, também conhecido por Dreamliner. Os norte-americanos foram os primeiros a lançar o desenvolvimento de um aparelho mais leve e mais eficiente nos gastos de combustível, destinado a voos de médio/longo curso, mas que, pelo número médio de passageiros, não depende da existência de grandes hubs aeroportuários (plataformas de ligações entre voos)."
- do "Público" de hoje.

Luís Filipe Vieira e a gestão do SLB

Melhor seria que Luís Filipe Vieira, em vez de perder tempo a produzir afirmações de baixo nível sobre o presidente do FCP, que, tais como as acções e afirmações deste último, só contribuem para desvalorizar a indústria, se dedicasse a melhorar a gestão do clube a que preside (o “meu” Benfica), sobre cuja parte do capital foi lançada uma OPA oferendo um valor por acção superior em 32% à sua anterior cotação em bolsa.

sábado, junho 23, 2007

A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (22)

Cartaz de Carles Fontseré para C.N.T. - F.A.I. (1936)

A ANA e a solução Portela+1

Sistematicamente, o ministro Mário Lino tem declarado que a solução Portela+1 não seria rentável. Estará a falar pela ANA? É que, no caso de ser esta a opção, seria a ANA a ver as suas receitas diminuírem. Como? Muito simples: se a gestão do novo aeroporto (o +1) fosse entregue a outra entidade, pura e simplesmente perderia as receitas dos voos para ele desviados. Se fosse responsável pela gestão de ambos, teria necessariamente de cobrar taxas mais baixas no aeroporto complementar uma vez que este seria destinado fundamentalmente a voos charter e low cost. Terá isto algo a ver com a privatização da ANA e o modelo de financiamento do novo aeroporto?

sexta-feira, junho 22, 2007

O financiamento do TGV e a "esperteza saloia" do governo

O modelo de financiamento previsto para o TGV é aquilo que se pode chamar, no tradicional calão português, uma “esperteza saloia”. É assim: o Estado adjudica a construção da infra-estrutura e a (s) empresa(s) ou consórcio(s) ganhadore(s) obtém o financiamento necessário - paga(m) a obra -, sendo ressarcido(s) através da concessão da exploração por x anos e garantindo o Estado, á partida, uma rentabilidade acordada. Portanto, o Estado, durante esses x anos e a partir da entrada em funcionamento dos comboios, transferirá para o concessionário um valor de "portagem" mais o diferencial entre a rentabilidade efectiva e a rentabilidade acordada, normalmente superior. Teoricamente, será assim que irá funcionar. Que significa isto? Significa que o governo fica para si com a carne (do lombo, note-se), através do crescimento económico e da diminuição do desemprego gerado pela construção durante os próximos anos, não colocando também em causa o programa de estabilização orçamental, e deixa os ossos para a oposição, que espera possa chegar ao poder não antes de 2013. Quando esta, eventualmente e pela normal evolução dos ciclos políticos, tiver oportunidade de lá chegar, o crescimento económico tenderá a abrandar por via do fim da construção da infra-estrutura, o desemprego, uma vez mais, consequentemente irá subir e será então tempo do estado começar a pagar o diferencial acordado às concessionárias sobrecarregando o orçamento. Dá para perceber que o PSD não goste, e não é o melhor começo para se obter um consenso sobre o assunto...

Campos e Cunha no "Público"

Os artigos de Luís Campos e Cunha no “Público”, às sextas-feiras (infelizmente, nem sempre), têm, em época de demasiado ruído e de agitação do que nem sempre é essencial mas acessório, a grande vantagem de nos reconciliarem com a inteligência e o rigor, mesmo quando pensamos eles possam andar a mostrar-se demasiadas vezes arredios do debate mediático. Revigorante... para que conste.

Modelo de desenvolvimento, mercado ibérico, TGV, financiamento, aeroporto e o que mais adiante se verá...

A integração de Portugal no mercado ibérico, formando um mercado mais vasto em conjunto com as nacionalidades de Espanha e independentemente do que se vier a passar no que refere o futuro político da Catalunha, País Basco, etc, torna absolutamente imprescindível a ligação de Portugal à rede espanhola de alta velocidade, formada em estrela e centralizada em Madrid. Melhor dito, torna indispensável a ligação directa entre a maior cidade portuguesa (Lisboa) e a maior cidade da península e seu centro geográfico e económico (Madrid), ela própria já ligada ou em vias de se ligar a Sevilha, Barcelona, Valência etc. A península – ou melhor, o mercado ibérico – ficará assim dotado de uma rede de alta velocidade centralizada em Madrid e ligando as suas principais cidades distanciadas do centro entre 500 e 700 Km (”mais Km, menos Km), com no máximo duas ou três paragens intermédias, situação para a qual o comboio de alta velocidade (TGV) se tem revelado uma solução competitiva com as ligações aéreas. Este sistema é completado por um conjunto de aeroportos internacionais “regionais” localizados nas principais cidades, com o hub peninsular situado em Barajas, o que não exclui que alguns deles, como Lisboa e Barcelona, não apresentem elevado movimento internacional e possam ser base de voos intercontinentais destinados fundamentalmente a servir os seus interesses enquanto região bem como clientelas locais. Esquecer esta estrutura e a sua lógica de funcionamento, ou pretender alterá-la significativamente, é um erro fruto de voluntarismo e não de uma análise correcta da realidade e das perspectivas futuras que se apresentam, mesmo apesar das incógnitas que possam ainda oferecer algumas das suas variáveis. É este cenário que está na base da opção Portela+1. É também ele que impõe o investimento de 2.5 mil milhões de euros na linha de TGV Lisboa-Madrid (Caia), ligando o centro da península à única cidade portuguesa com dimensão ibérica .

Já me parece completamente despropositado e fora deste modelo o investimento de 4.5 milhões de euros (quase o dobro do investimento na linha Lisboa-Caia!!!) na linha Lisboa-Porto, distanciadas apenas 300 Km e, actualmente, 2.45 h por comboio pendular, tempo que pode ser encurtado (até duas horas e quinze?) através da intervenção na infra-estrutura existente o que tornaria o comboio perfeitamente competitivo com o avião. Investir 4.5 milhões de euros para poupar ½ hora num trajecto entre as duas cidades ou transformar a rede de alta velocidade numa rede regional de caminhos de ferro é um erro estratégico grave. Este é o modelo megalómano “grande plataforma litorar” da península e hub aeroportuário na Ota, para competir com Madrid, com TGV internacional a ligar-se à linha interna de alta velocidade formando o “tal” “T” parece que entretanto já alterado(?). Não tem qualquer consonância com a realidade e é destinado ao fracasso. De si próprio e do país.

PS. A propósito do modelo de financiamento: Quero ter uma mansão. Não preciso, mas pronto: acho giro! Como já passei dos cinquenta e não tenho dinheiro para tal, vou pedir ao construtor que a faça e, quando eu morrer ou for já velho, a cobre aos meus filhos e netos... Não é uma boa ideia? Para mim é, claro! Eles é que, mesmo herdando a dita mansão que não lhes fará falta alguma, talvez não venham a achar lá muita graça!!! O PSD também não acha... Com razão!

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Summer

quinta-feira, junho 21, 2007

"Lucy in the Sky with Diamonds" (9)

"White Rabbit" ("Feed Your Head" ) - quem se lembra dos Jefferson Airplane? -, um original de East Totum West

"When I woke up this morning" - original blues classics (4)



Bukka White (1906 - 1977) - "Shake 'em On Down"

A OPA sobre o "meu" Benfica (3)

Em alguns clubes de futebol profissional, ou em algumas SAD’s (e estou a referir-me ao Sport Lisboa e Benfica em particular, mas sem querer, longe disso, ser exaustivo), o objectivo do negócio não parece ser criar valor para os seus accionistas através do aumento das receitas e da valorização dos seus activos, quer através da formação de equipas ganhadoras que levem mais gente ao estádio ou produzam espectáculos mais caros e com receitas de TV acrescidas (os da "Champions League", por exemplo), quer através da realização de receitas extraordinárias com a venda no momento correcto do passe de jogadores por si formados ou valorizados, mas, isso sim, centrar-se nos fluxos financeiros gerados pela compra e venda dos passes de jogadores e, desse modo, nos proventos que daí possam advir para quem neles interfere e os dirige. Só deste modo se podem entender algumas decisões de gestão.

Tal determina que alguns accionistas principais das SAD (do SLB, em particular – e excluo daqui os adeptos que compram umas dezenas, centenas ou poucos milhares de acções por “clubismo”) o sejam não por esperarem uma valorização das suas acções no mercado, mas para, desse modo, terem acesso directo à gestão e direcção do clube e, assim, poderem interferir no negócio das transferências, realizando aí, e não em Bolsa, as suas mais-valias sobre o capital investido. Normalmente, acrescente-se, com proveitos acrescidos. Isto tem conduzido em alguns clubes (uma vez mais tenho em mente o SLB) a uma deterioração da sua gestão, com especial reflexo na ausência de definição de uma estratégia adequada e rigorosa de recursos humanos e, logo, também com reflexo nos resultados desportivos alcançados, com a subsequente diminuição do valor dos activos ou sua não rentabilização.

A OPA sobre o Sport Lisboa e Benfica vinda de alguém – como Joe Berardo - conhecido pelos seus bem conseguidos negócios com activos financeiros e, principalmente, as declarações sobre o facto de não se querer envolver directamente na gestão do futebol é por isso muito positiva. Mais do que isso, é algo muito desejável num sector de actividade que tarda em modernizar-se e tem sobrevivido, apenas, fruto de um enorme apoio estatal...

quarta-feira, junho 20, 2007

História(s) da Música Popular (47)

Dance craze (IV)

Little Eva - "The Loco-Motion" (Gerry Goffin & Carole King)

Sylvie Vartan - "Le Loco-Motion" (versão francesa)


Little Eva - "The Loco-Motion" (dança - versão incompleta)
Pois esta é a história que quase toda a gente já sabe. Little Eva (nascida Eva Narcissus Boyd em 1943 na Carolina do Norte e que se foi desta para pior em Abril de 2003) era nem mais nem menos do que a babysitter de um dos casais mais famosos da pop music e, seguramente, a dupla de compositores mais prolífica do Brill Building (lá iremos um dia destes): Gerry Goffin e Carole King. King teve mesmo uma carreira bem conseguida como intérprete e o seu álbum “Tapestry”, de 1971, tem direito a umas muito justas ****1/2 no “Rolling Stone Album Guide”, por norma não muito dado a grandes euforias.

Mas pronto, em época de dance craze, Goffin e King lá descobriram o talento da jovem Eva (parece que se inspiraram no seu modo de dançar – si non è vero è ben trovato) e compuseram este “Loco-Motion”, inicialmente parece que destinado a outra vedeta do dance craze, Dee Dee Sharp, que rapidamente atingiu o #1 de vendas, em 1962, e contribuiu para enriquecer os seus autores e o produtor Don Kirshner. Este foi também um dos casos em que o esquema da dança estava impresso na capa do disco, já que a “dita” (dança) não existia previamente e, portanto, era condição indispensável ao sucesso pôr toda a gente a “mexer”.

Little Eva teve ainda um outro sucesso, menor (“Keep Your Hands Off My Baby” – canção com o nome ideal para uma babysitter) e “Loco-Motion” teve direito a um sem número de cover versions, entre as quais uma de Kylie Minogue. Também o movimento Yé-Yé, em França, não escapou ao “Loco-Motion” tendo a muito bonita Sylvie Vartan gravado a sua versão. Também aqui fica, não por ser “grande coisa” (a versão), mas mais por Vartan ser bonita...

Um país de tristes, uma tristeza da país (6)

Logo pela manhã, lustrosa comitiva fazendo-se transportar num Peugeot 605, num Volvo daqueles de Estado e noutras viaturas mais anónimas de que me não dei particular conta (note-se que nada tenho contra bons carros e tenho tido alguns ao longo da vida – isto para que não me acusem de inveja) invadia a pacatez habitual das manhãs do Jardim da Estrela. Depois de bem verificar, e desconhecendo qualquer dos presentes que, por isso, não seriam decerto pessoas tão importantes como os espampanantes carros com a chapa CML poderiam fazer crer, percebi que se tratava da inauguração de algo de que não sei o bem nome mas poderei chamar de “estações de circuito de manutenção”: assim como uns “MUPI’S com umas indicações escritas e uns pequenos aparelhos para se fazer ginástica. Claro que uma “boa ideia” – sobre isso não tenho quaisquer dúvidas –, as estruturas até estão bem integradas no jardim. Mas seria absolutamente necessário tanta pompa e circunstância, tanta perda de tempo e de dinheiro, tamanha manifestação de provincianismo (era esse o “ar” dos “inaugurantes”) para acto tão corriqueiro e “melhoramento” que poderia começar a funcionar assim mesmo, começando?

terça-feira, junho 19, 2007

A divisão administrativa de Lisboa (III)

Marselha tem cerca de 820 mil habitantes, o que representa, "mais coisa menos coisa", um valor superior em 45% ao da população de Lisboa. Ocupa uma área de 240 Km2, três vezes mais do que a de Lisboa. Está dividida em 16 arrondissements enquanto Lisboa se divide em 53 freguesias.

A divisão administrativa de Lisboa (II)

Munique tem pouco mais de o dobro da população de Lisboa (1 333 mil habitantes) e ocupa uma área de 310 Km2 (cerca de quatro vezes superior à de Lisboa). Está dividida em 25 Bezirke, enquanto Lisboa se divide por 53 freguesias (duas vezes mais).

A divisão administrativa de Lisboa

Viena tem três vezes a população de Lisboa (1 660 mil habitantes vs 560 mil) e ocupa uma área quase cinco vezes superior (415 Km2 vs 84 Km2). Está dividida em 23 distritos administrativos vs as 53 freguesias de Lisboa. Pelo menos quatro freguesias de Lisboa têm menos de mil eleitores: Mártires (369 eleitores), Madalena (401), Castelo (539) e Santa Justa (807). Não oiço nenhum candidato pronunciar-se sobre este assunto.

Clássicos do Cinema (34)


"Et Dieu Crea La Femme", de Roger Vadim (1956)

A integração ibérica e o novo aeroporto

Portugal é, hoje em dia, um dos mercados de que se compõe, ou em que se divide, a Península Ibérica, tal como o são a Catalunha, o País Basco, a Galiza ou a Comunidade Valenciana. Assim é considerado, por exemplo, pelas várias empresas multinacionais ou que operam num espaço transnacional, e não faz qualquer sentido ser considerado de outra forma. Sê-lo seria origem de ineficiências várias e igual desperdício de recursos. Com a sua especificidade, claro, como todos os outros mercado ibéricos de que falámos, incluindo, também como eles, uma língua própria.

Num futuro mais ou menos longínquo, será uma das suas nacionalidades, o que não implica necessariamente a perda da sua independência política nem significa algo de negativo ou apocalíptico. Nem sequer uma perda de oportunidades para os seus nacionais, já que, no actual momento e citando apenas um exemplo, dificilmente alguém poderá esperar atingir lugares de topo numa estrutura transnacional se não optar por uma carreira fora de Portugal ou por um complemento de formação no estrangeiro. Mais ainda, pelos seus investimentos no país, a integração ibérica dos mercados tem sido oportunidade de emprego mais qualificado, formação acrescida para muitos dos portugueses e acesso a produtos de melhor relação qualidade/preço.

É a esta luz que deve ser analisada a tão falada necessidade de ser competitivo com Espanha, o que tem sido demasiado frequentemente interpretado como incentivo a uma rivalidade com armas semelhantes, obviamente destinada ao fracasso, e não como tendo por objectivo encontrar o nosso espaço de oportunidade e de riqueza numa integração plena. Pelos vistos, infelizmente, a mentalidade anti-castelhana herdada do salazarismo e o tradicional provincianismo dos portugueses, que, ao contrário dos espanhóis, nunca foram verdadeiramente um competidor a ter em conta nas disputas europeias, têm conseguido conjugar-se num factor potenciador do nosso atraso. Queiramos ou não, é também tudo isto que tem estado presente nas discussões sobre o novo aeroporto de Lisboa, e a decisão a tomar em nada lhe será alheia.

As Capas de Cândido Costa Pinto (30)

Capa de CCP para "A Morte Mora no 14º Andar" de Pat Mac Gerr, nº 14 da "Colecção Vampiro"

segunda-feira, junho 18, 2007

Portela+1 (III)

O ministro da presidência, Silva Pereira, acaba de passar a certidão de óbito à solução Portela+1 em entrevista a Mário Crespo no “Jornal das Nove” da SIC Notícias. Argumento? A solução não possibilita a criação do já célebre hub aeroportuário que, nas palavras do ministro, “permitiria desviar para Portugal as grandes rotas internacionais” (citei de cor). Nada de novo, claro, mas desta vez dito assim mesmo, “preto no branco” e de forma assaz simplificada para todos o entenderem. Deste ponto de vista, óptimo; nada como falar claro. Mas, senhor ministro, acredita mesmo nessa possibilidade? Verdade, verdadinha que acredita? Se sim, como parece, e para provar que a megalomania não tomou definitivamente conta do estado tal qual mentalidade dominante de um país gerido como se fosse uma gigantesca autarquia, será necessário primeiro que o governo prove tudo isso é possível, mais do que isso provável e com que grau de certeza o pode garantir - bem como o que pode correr mal e quais as suas consequências: não se toma uma decisão sobre um investimento deste tipo em bases voluntaristas, sem definir e quantificar cenários e avaliar os custos de um eventual insucesso. Se não, o caso é ainda mais grave. Tão grave que prefiro mesmo nem sequer o considerar.

Muito mais do que tentar adivinhar ou elocubrar sobre o que se terá passado nas eventuais conversações entre a CIP e o governo – com ou sem intervenção da Associação Comercial do Porto –, assunto que já ocupou tempo desproporcionado face á sua efectiva importância, é esta a questão fundamental.

Cinema e Rock & Roll (6)


Rock n' Roll is a river of music (António Silva dizia - salvo erro no "Leão da Estrela" - que a telefonia era uma "torneira a deitar música"), diz Alan Freed apresentando o Johnny Burnette Rock And Roll Trio em "Rock, Rock, Rock" um filme de 1956 assinado por um desconhecido Will Price aproveitando a "onda" do momento. Mas esta "onda" incluía, além de Johnny Burnette, nomes como La Vern Baker, Chuck Berry, The Flamingos, The Moonglows e Frankie Lymon and the Teenagers. Isto para além da vedeta teenager do momento, Tuesday Weld. "Boa onda", portanto. De salientar que Alan Freed foi disc jockey divulgador incansável do rock n' roll, mas também responsável por algum do seu declínio ao ver-se envolvido no célebre escândalo payola, por este blog já várias vezes referido.

Pois aqui Johnny Burnettte (cujo irmão Dorsey também se dedicava a estas vidas) canta "Lonesome Train", um original de uns tais Glen Moore e Milton Subotsky, vi agora ali num CD, que desconheço de todo quem sejam mas também não sou obrigado a saber tudo.

A OPA sobre o "meu" Benfica (2)

Jaime Antunes tem razão ao afirmar que a OPA sobre uma parte do capital da SAD do Sport Lisboa e Benfica é “um atestado de desconfiança na actual equipa de gestão que não tem sabido criar valor para os activos de que dispõe”. De facto, só se compreende que um clube com o potencial do Benfica, em termos de número de associados e adeptos, notoriedade mundial e heritage, veja a cotação das acções da sua SAD situar-se ao nível dos seus concorrentes directos (FCP e Sporting), de potencial claramente inferior, em função de resultados desportivos por si obtidos nos últimos anos, bem abaixo desse valor potencial e dos conseguidos por estes dois clubes rivais. Mais ainda, e como agravante, num contexto claramente favorável em que o norte e o Porto-cidade perdem importância política e económica e o FCP e o seu presidente se embrenham em problemas com a justiça. É, pois, a gestão que está em causa, apesar de alguns sucessos limitados conseguidos em áreas que não as dos resultados desportivos, e Joe Berardo terá percebido isso mesmo, já que não será difícil, com uma gestão mais profissional que a posse de 30 ou 35% do capital tornará possível dada a dispersão existente, valorizar os activos do clube de modo a permitir chegar a um valor por acção superior aos 3.50 € oferecidos. Se este valor será suficiente e permitirá o sucesso da OPA, dada a especificidade de uma SAD em que a grande maioria dos accionistas o é por “amor ao Clube” e não espera obter daí quaisquer proventos, é um tema a que o futuro se encarregará de responder. Por aqui, nada de futurologia, muito menos numa actividade como o futebol tão dada a interferências de forças "estranhas"...

E como pode o Sport Lisboa e Benfica valorizar esses seus activos? Bom, dadas as limitações do mercado interno e a impossibilidade legal de os “três grandes” jogarem o campeonato de Espanha (assim tornado mercado interno e que é a solução que preferencialmente defenderia), o que lhes permitiria, num prazo relativamente curto, ascenderem ao nível de Barcelona ou Real Madrid, isso só será possível através de uma política coerente e sustentada de internacionalização, quer através do aumento das suas receitas extraordinárias via valorização e venda dos seus recursos humanos, quer através do aumento das suas receitas ordinárias pela participação regular na Champions League até fases avançadas da competição. Nada de diferente, portanto, dos modelos seguidos por FCP e Sporting, este investindo estrategicamente na formação (a venda de Nani, Quaresma, Cristiano Ronaldo e Simão terá gerado mais de 50 milhões de euros de mais valias para o clube) e aquele, de modo mais casuístico, por via do sucesso internacional da era Mourinho, gerando receitas acrescidas por via do desses êxitos internacionais e assim também valorizando e alienando posteriormente os seus recursos humanos. Nada disto o Benfica conseguiu fazer, apesar do seu potencial e a conjuntura favorável serem de molde, digamos, a lhe possibilitarem ser campeão pelo menos cinco ou seis vezes por década, conseguir a qualificação directa para a "Champions League" em quatro de cada cinco campeonatos e a presença nos oitavos de final da competição em 100% das participações.

Bom, e porque não conseguiu a SAD valorizar devidamente os seus activos? Fundamentalmente devido a uma política de recursos humanos desastrosa, quer na formação (o que dói ver o filho de um dos capitães mais emblemáticos do clube, nos últimos anos, e um jogador de futuro larguíssimo, jogar pelo rival!), quer no recrutamento. O Benfica não só foi o último dos três grandes a construir um centro de estágio como mesmo os poucos valores gerados na formação (Miguel e Manuel Fernandes, que são médios valores) foram geridos de forma a não possibilitar a maximização das mais valias a obter quando das vendas dos respectivos passes. Quanto á política de contratações, não valerá a pena alongar-me muito, já que é aquela que mais está sujeita a um maior escrutínio público. Apenas gostaria de acrescentar que o seu fracasso, para além de limitar os resultados desportivos, tem também impedido que o clube possa prescindir, sem uma enorme perda da eficácia da sua prestação desportiva enquanto colectivo, de jogadores como Simão, dos poucos activos valorizados e susceptíveis de possibilitarem um encaixe financeiro significativo. O que tem sido apresentado como algo de positivo, portanto, é, isso sim, muito mais prova de um fracasso, embora “envolvido” no papel de seda de uma estratégia de comunicação populista.

É aqui, portanto - na sua política de recursos humanos - que o Benfica terá claramente de mudar se quiser valorizar os seus activos. É aqui, portanto, que um futuro investidor do clube, Berardo ou outro qualquer, terá que fazer incidir a sua atenção, já que não me parece, em face dos interesses que se jogam nesta área e do perfil das pessoas envolvidas, que a actual gestão da SAD possa, neste campo, mudar significativamente de rumo. Daí que, pese embora todas as dúvidas que alguém como Berardo possa suscitar – e suscita – a OPA, ou melhor, uma mudança significativa na estrutura accionista da SAD, seja bem vinda. Aguardemos...

domingo, junho 17, 2007

O PSD e a "alta velocidade" (TGV)

Marques Mendes nomeou um grupo de trabalho para analisar o projecto TGV. Saúda-se a iniciativa. Mas lembra-se, uma vez mais, que o assunto não pode ser analisado excluindo a questão do novo aeroporto e, a montante, do modelo de desenvolvimento do país e de integração ibérica. Trata-se, pois, de uma decisão política. Sendo assim, por exemplo, parece-me que a opção Portela+1 e o modelo que lhe está subjacente (que defendo) “implicam” a ligação à rede ibérica de alta velocidade (Lisboa-Madrid), tal como já existe a ligação Madrid-Sevilha e existirão em breve outras, como Madrid-Barcelona”, formando a “estrutura em estrela”. O que terá os seus custos. Isto para dizer que assim como a escolha do local de construção da mega-estrutura aeroportuária defendida pelo governo não pode ser apenas, e apresentando o assunto de forma muito genérica, uma questão de custos de construção (mais barato ou mais caro) ou de distância a Lisboa - como tem sido muitas vezes agitado, de forma redutora, pelos defensores, “Otistas” ou “Alcochetenses”, dessa opção - também a análise que sair do estudo do PSD sobre a alta velocidade não poderá, de modo nenhum, limitar-se apenas a critérios economicistas, de rentabilidade “pura e dura”. Aliás, se os modelos de desenvolvimento e de integração/competição ibérica estão implícitos - embora infelizmente pouco explícitos - na proposta do governo, seria agora uma boa oportunidade, a pretexto deste seu estudo, para o PSD apresentar os seus. Tudo ficaria bem mais claro, o que é sempre desejável...

sexta-feira, junho 15, 2007

"Que floresçam mil flores"... (12)

A OPA sobre o "meu" Benfica

Pouco ou nada a dizer, por enquanto, sobre a OPA de "Joe" Berardo sobre o “meu” Benfica. O assunto parece-me ainda demasiado nebuloso e, como gosto pouco de teorias da conspiração ou manobras de forças ocultas, guardo prudente silêncio. Um certo ar “populista” de “sempre em festa” e uma política de comunicação a condizer, quando o clube precisa exactamente do contrário - de rigor e seriedade -, deixa-me contudo e uma vez mais de sobreaviso.
Apenas duas notas:
  1. As limitações ao controle das SAD não fazem, nos dias de hoje, qualquer sentido e são um entrave ao desenvolvimento da indústria em Portugal. Ver o que se passa em Inglaterra.
  2. Para já, a OPA teve como resultado mais imediato desviar o enfoque dos media de um assunto onde o Benfica parece (digo: parece) estar a enfrentar algumas dificuldades: o recrutamento para a sua equipa de futebol, sendo, de entre os três grandes, o que melhor precisa de se reforçar.

    Aguardemos, pois...

Doping...

Não me interessando especialmente por ciclismo, confesso tenho lido com alguma curiosidade e interesse as notícias sobre as acusações e condenações por doping de alguns ciclistas de topo, mormente antigos vencedores da “Volta a França”. Ainda hoje o “Público” faz menção das acusações de um tal ex-ciclista Rolf Järmann em relação à legalidade das classificações de ciclistas como Bjarne Riis, Jan Ullrich ou Richard Virenque no Tour de 96.

Bom, deixemo-nos de hipocrisias. Nos idos de setenta – tenho isso nas minhas memórias de forma bem nítida – lembro-me de ler, salvo erro em “A Bola”, uma entrevista ao “velho” Joaquim Agostinho (acho que sempre foi velho...) em que este, na sua frontalidade de aldeão da região saloia talvez um pouco agastado com tanto fingimento, acaba a perguntar ao entrevistador (talvez o seu também “velho” amigo Carlos Miranda) :
"mas vocemecê acha que se sobem os Alpes e os Pirinéus de bicicleta só a comer bifes com batatas fritas?"

Talvez não se referisse especificamente ao doping, mas, de forma mais abrangente, a todas as ajudas ligadas à medicina desportiva, dietética, metodologia de treino, etc, objecto de grande evolução e desenvolvimento nos últimos anos e de grande aplicação no ciclismo. Mas, mudando de desporto, duas perguntas me ocorrem sempre que vejo uma final dos 100m nos jogos olímpicos ou nos campeonatos do mundo de atletismo:
  • Será que alguém corre os 100 metros em nove segundos e oitenta ou noventa e tal centésimos sem recurso ao consumo de substâncias dopantes?
  • E se esses mesmos atletas fizessem tempos na ordem dos dez segundos e qualquer coisa alguém perderia o seu tempo a ver, com todas as consequências que daí adviriam?

Enfim, para as federações e instituições que legislam sobre o assunto tratar-se-á sempre de manter o equilíbrio aceitável, desejável e possível entre o espectáculo e a credibilidade da indústria enquanto desporto, isto é, de manter o negócio. Não será de mim com certeza que vão esperar a censura ou o voto piedoso...

Norman Rockwell "Freedom" Images (3)

Freedom From Want

quinta-feira, junho 14, 2007

"When I woke up this morning" - original blues classics (3)



Victoria Spivey (1906 - 1976) - "Dope Head Blues". Gravado a 28 de Outubro de 1927 em New York. Lonnie Johnson acompanha na guitarra.

Um país de tristes, uma tristeza da país (5)

Os financiadores do estudo, efectuado sobre a égide da CIP, para o novo aeroporto de Lisboa e que propõe Alcochete como localização preferencial recusam-se a sair do anonimato. Segundo se diz, por recearem retaliações. Penso que por parte do governo. Nos Estados Unidos, onde as declarações de interesses são prática corrente e condição de essencial para o correcto funcionamento de uma democracia liberal, isto seria suficiente para minar toda a sua credibilidade. Assim, mais parece uma denúncia anónima ou uma queixinha de meninos de Liceu: “não fui eu; não digo quem foi porque depois esse menino bate-me”. Pede-se um mínimo de seriedade e coerência de princípios a quem - como é o meu caso - acha que o Estado, por um lado, tem funções a mais e, por outro, não exerce eficazmente as que deve ter, bem como a sua autoridade. Caso contrário, ficamos todos a pensar que o problema não são as represálias, mas os interesses (porventura legítimos) que assim se querem esconder.

Um país de tristes, uma tristeza da país (4)

Qual director do jornal regional de Oliveira do Monte “O Arauto da Imaculada” pedindo desculpa ao senhor bispo por não ter dado o devido destaque à sua última homilia, a RTP pediu desculpa ao Presidente da República por ter interrompido a transmissão das comemorações do 10 de Junho. Que os “defensores de ocasião” da liberdade de expressão não se tenham manifestado, não estranho: a lei do funil é algo com profundas raízes na sociedade portuguesa. Mas algo não deixa de me surpreender: a transmissão integral das cerimónias faz ou não parte das obrigações do “serviço público” de acordo com o respectivo contrato? Se sim, esse deve prever penalizações para o incumprimento de todas ou algumas das suas cláusulas, devendo o assunto ser tratado judicialmente; se não, estamos perante uma violação clara da liberdade de informação vinda de onde menos seria admissível e com a conivência da RTP. Penso que o assunto é grave demais para o relativo silêncio que por sobre ele se abateu.

Um país de tristes, uma tristeza da país (3)

Gilberto Madaíl decidiu recuar aos tempos AS (antes de Scolari), dos alhos nos bolsos, bruxos no balneário e de treinadores que, após as derrotas (que eram muitas) afirmavam ser necessário “varrer a porcaria que existia dentro da Federação”, e protestar junto da UEFA pela arbitragem do último Holanda – Portugal de sub-21. Independentemente do péssimo exemplo que está a dar a jovens futebolistas profissionais, aconselho-o, vivamente, a munir-se dos DVD dos dois últimos jogos e investir três horas do seu (decerto) precioso tempo a ver em casa esses mesmos jogos. Depois, tome um banho quente, durma e descanse. Se lhe restar tempo e capacidade, tente também pensar um pouco no que viu. Far-lhe-á bem e poupa-nos a uma vergonha.

Um país de tristes, uma tristeza da país (2)

A entrevista de Margarida Moreira (directora regional da educação norte) ao DN representa o grau zero da política, do bom senso, da competência, inteligência e, já agora, também da decência para a coisa rimar. Como é possível que alguém assim ocupe um lugar de responsabilidade na Administração Pública excede os limites do imaginável e está bem reflectido nos resultados do sector da educação nos últimos anos. Claro que com gente desta impossível seria esperar outra coisa. Um caso isolado? Não creio, já que estou também bem recordado de um director geral muito em destaque quando do caso da “cunha” para uma filha do ministro Martins da Cruz. Qualquer semelhança não será pura coincidência. A sua reforma compulsiva seria, portanto, algo muito desejável para o incremento da nossa auto-estima.

Um país de tristes, uma tristeza da país (1)

Interessante é observar o temor reverencial com que a maioria dos jornalistas e comentadores (e não falo só dos desportivos, mas também daqueles que se interessam menos por estas coisa “da bola”) falam do facto do presidente do FCP e Oberstgruppenfuehrer honorário das Sturm Abteilung do clube - a personagem portuguesa dos últimos vinte ou trinta anos que mais se aproxima do conceito de “padrinho” - ter sido formalmente acusado de corrupção. Sem mais comentários...

William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (14)

Sound the flute!
Now it's mute!
Bird's delight,
Day and night,
Nightingale,
In the dale,
Lark in sky,
Merrily,
Merrily merrily, to welcome in the year.
"Spring" (parte 1) - Ilustração e poema de William Blake em "Songs of Innocence and of Experience"

quarta-feira, junho 13, 2007

E um "post" no final

Tal como tinha acontecido contra a Bélgica, Portugal consegue reequilibrar um pouco o jogo quando o ritmo deste necessariamente baixa, por força do tempo de jogo já decorrido. No caso de hoje com a agravante de a Holanda estar a ganhar e, por isso, baixar esse ritmo propositadamente, controlando o jogo. A questão do ritmo e intensidade de jogo, para além do poder físico-atlético, foi mais uma vez chave.

Um "post" ao intervalo...

Holanda: ritmo e intensidade de jogo, poder físico-atlético, rapidez de execução, simplicidade de processos. Resultado: um “banho de bola”. Nada de substancialmente diferente do acontecido contra a Bélgica. Pode ser que haja um milagre. Mas pode tê-lo quem o não merece?

História(s) da Música Popular (46)



Dee Dee Sharp - "Mashed Potato Time"


Dance Craze (III)


Ora deixemos o “twist” e vamos lá ao “Mashed Potatoes”, assim chamada (a dança) pelo facto de os participantes parecerem esmagar batatas com os pés!!!... Acho que se fosse cá por Portugal se teria inventado algo baseado na "pisa a pé" das uvas nos lagares do Douro (e não só), mas nesse tempo o país era mais "brandos costumes" e a ditadura vigiava quem deles se afastasse, mesmo que inocentemente. É que isso de “danças malucas” era um pouco lascivo, então não era?
E quem trouxe o “Mashed Potatoes” para o galarim foi uma tal Dee Dee Sharp nascida, em 9 de Setembro de 1945 na Georgia, Dione LaRue. Mas tivemos (e teve ela) de esperar uns bons dezassete anos para que algo acontecesse, pois foi só em 1962 que Dee Dee Sharp se deu a conhecer ao mundo com uma série de êxitos, o maior de todos este “Mashed Potato Time” (#2) escrito por Jon Sheldon and Harry Land.


Já agora. Joey Dee & The Starliters – os dos “Peppermint Twist” - também se meteram por estas aventuras do "Mashed Potatoes", tendo gravado um “(Hot Pastrami With) Mashed Potatoes” (partes 1 e 2), mas o sucesso foi bem menor. Merecidamente, como me foi dado agora a recordar quando fui ali ao baú buscar o CD respectivo que não ouvia há pelo menos dez anos. Não vale a pena, portanto, sequer, estar a macá-los com tal coisa.


Pois “bute” lá a experimentar o “Mashed Potatoes Time” aí em casa... Ready, steady, go!

"O Gato Maltês"

Este blog teve a honra de ver um excerto deste seu post reproduzido no "Público" de hoje. Não sei quem foi "o da boa ideia", mas aqui ficam os meus agradecimentos.

terça-feira, junho 12, 2007

Um post "snob" e arrogante

Os portugueses continuam a confundir desenvolvimento com construção e auto-estradas, modernidade com projectos megalómanos (lembram-se do Freeport”, do monorail de Oeiras?), cosmopolitismo com centros comerciais e “prestígio” com grandes eventos, tal como já o fizeram em relação a casas com azulejos nas fachadas e janelas e portas com caixilhos de alumínio. Que os autarcas de província o façam dá para compreender: é a ruralidade ainda demasiado próxima que querem esquecer, numa sociedade que passou do primário ao terciário à velocidade da luz. Mas que dizer quando isso acontece com o governo do país? Talvez não seja inútil olhar para de onde vêm os seus membros e quem domina as estruturas dos partidos...

Estudo do LNEC: um desconto de tempo ao governo

Vamos lá ser claros, clarinhos (embora não seja propriamente para militar entender)! O estudo do LNEC não é mais do que uma oportunidade aproveitada pelo governo para se conceder a si próprio um "desconto de tempo" quando, neste caso, estava encostado às cordas e, noutros menos importantes porque não tão cruciais para os seus objectivos e os do país (DREN, licenciatura do PM, etc), se tinha deixado "enrolar", escusada e pouco inteligentemente, numa teia de faits divers desgastantes. Isto em vésperas de eleições em Lisboa, presidência da UE e quando parece patinar e ceder nas negociações com os sindicatos sobre a reforma da Administração Pública (esta também uma reforma fundamental).
Apesar disso, este break é positivo para o país? Sim, tudo o que seja tentar evitar o "disparate" antes que seja tarde, sê-lo-á (enquanto o pau vai e vem...). Mas veremos o que nos reserva o futuro, sendo que esta deve ser a oportunidade-chave para que os defensores da solução Portela+1 se façam finalmente ouvir.

Portela+1 (II)

Foi sempre a sua posição: Campos e Cunha defende Portela+1 (TSF)
É sempre confortável estar em boa companhia... E seja benvindo ao debate, em defesa de uma opção que bem precisa de visibilidade mediática e lobbying fortalecido.

Absolut ads (6)

Lisbon

Governo - que fazer agora?

Apesar do sucesso conseguido com o cumprimento dos objectivos a que se propôs relativamente à contenção do déficit público (e já não é pouco, se nos lembrarmos do “antecedente”), o governo perdeu, indiscutivelmente, nos últimos meses, a iniciativa política, dispersando-se, ou deixando-se dispersar, por erros próprios, por questões não essenciais ou que, sendo-o (caso do novo aeroporto de Lisboa), eram evitáveis com uma gestão mais cuidada e uma mais rigorosa previsão política.

Precisa, pois (precisamos todos, pois não existe alternativa), de retomar rapidamente essa iniciativa, e o governo só o poderá conseguir não através de medidas do tipo “mais dinheiro ou mais investimento despejado sobre assuntos mais ou menos consensuais" - como o tema dos “computadores e banda larga” levado, com maus resultados, ao último debate na AR - mas através daquilo que definiu a sua imagem, criou expectativas e consolidou apoios: as reformas. Back to the basics, mais do que nunca, portanto, que é o que se deve fazer quando os problemas parecem surgir de todos os lados menos de onde deviam (isto é, fruto de uma consequente política de reformas), quais fogos a que é preciso acudir.

Mas aí é que “a porca parece torcer o rabo”, num governo fragilizado “onde mais dói”, isto é, na pessoa do próprio primeiro ministro por via da sua licenciatura, pelo disparate da Ota e por questões, menores mas relevantes na opinião pública, como o caso da DREN. Mais ainda, vem aí a silly season, as eleições em Lisboa e a presidência da União, condições pouco propícias a grandes iniciativas internas. Para já, algo o governo fez bem: adiou por seis meses a questão do novo aeroporto, o que encerra, provisoriamente, uma das frentes, independentemente dos benefícios que isso também traz para o país - o que, contudo, parece não ter sido bem a sua preocupação principal. Por aqui, o programa segue dentro de momentos (seis meses). E o resto?

Uma eventual vitória clara em Lisboa parece constituir uma excelente ocasião para um relançamento da imagem e do élan reformador do PS, se for aproveitada para lançamento de um programa de ruptura destinado a resolver os problemas imediatos da cidade por parte de um eventual executivo liderado por António Costa. O facto de não dominar a Assembleia Municipal e de ter, muito provavelmente, de partilhar o executivo serão, contudo, limitações importantes. No entanto, se for inteligente, o PS e principalmente António Costa, com ambições políticas, não deixarão de explorar esta “pista”.

E o governo? Sei que será difícil, mas terá de reagir à tentação das “tréguas” oferecida pela presidência da UE; terá de deixar de se dispersar e focar a sua actividade onde é realmente importante e, paradoxalmente, tudo parece mais a meio caminho ou mesmo, por vezes, em recuo: reforma da Administração Pública e ensino. Caso se distraia e deixe fragilizar - dispersando-se - como nos últimos meses; caso ceda à tentação de “agradar” aos sindicatos como parece estar a acontecer no caso da AP evitando a contestação interna durante a presidência portuguesa, isso constituirá, muito provavelmente, uma oportunidade definitivamente perdida e um caminho sem regresso.
Nota: Isto digo eu, que gosto de dizer coisas...

Grandes Séries (17)



"Brideshead Revisited" (1981)

Esta é a “série das séries”, definitivamente a minha série de culto e a que volto sempre; lembrança das memórias nunca vividas ou vividas a espaços mas que gostava tivessem sido as minhas. Aquela que se menciona sempre quando se janta pela primeira vez com a “pikena” e que é condição de imediata rejeição se ela não compartilha o nosso entusiasmo - a não ser que seja, pelo menos, tão bonita como a Keira Knightley ou o álcool já nos tolde os sentidos e as emoções. É aquela que nunca cansa... Quem tinha idade para ver e não viu, quem não gostou, melhor, quem não se entusiasmou e a viveu com emoção das coisas descobertas pela primeira vez e com a ingenuidade da infância, não é digno da existência terrena, pelo menos vivida de modo pleno. Ela é o verdadeiro e definitivo desafio que separa a civilização da barbárie. Voltarei...

segunda-feira, junho 11, 2007

The Classic Era of American Pulp Magazines (34)

Capa de autor desconhecido para "Stolen Sweets" (Junho de 1934)

Portela+1

No caso do aeroporto de Lisboa, notória a falta de visibilidade mediática e de influência política da solução Portela+1, o que muito terá a ver com o facto de ser a alternativa que menos favorece o “modelo de desenvolvimento em curso” (MDEC) e os interesses que lhe estão subjacentes. Uma vez mais, saúdo o CDS pela posição assumida e pergunto-me, já agora, onde estará o embrião de uma possível “Associação de Utentes do Aeroporto da Portela”. Então, senhores do PCP, este tipo de organizações não costuma funcionar lá muito pelas vossas bandas? Se democrática e legitimamente eleita e constituída, idem na que diz respeito a metodologias de funcionamento, ofereço desde já o meu tempo e força de trabalho! “Bute”, lá?

Os sub-21 e os defeitos do jogador português

O jogo de ontem da selecção sub-21 de Portugal, contra a sua congénere belga (não é assim que se diz?), serviu às mil maravilhas para revelar uma vez mais aqueles que são os principais defeitos da grande maioria dos jogadores portugueses, tão mais evidentes quanto mais se caminha no sentido da base da pirâmide.
  • Em primeiro lugar, uma extrema dificuldade em jogar em “ataque continuado”, fazendo circular a bola no meio campo contrário, principalmente quando a equipa adversária pressiona em todo o campo e os espaços e tempo para jogar, desse modo, se encurtam. Isto é explicado, também, pela pouca capacidade defensiva e pressionante dos atacantes e médios mais ofensivos, o que impede a conquista da bola nesses terrenos e contribui para partir a equipa em duas. Mas também por um baixo ritmo competitivo, convenhamos. Ontem, Portugal apenas conseguiu equilibrar o jogo quando o ritmo baixou, por via do normal desgaste provocado pelo decorrer do mesmo.
  • Um claro déficit de poder físico-atlético (altura, velocidade, poder de choque e de arranque), o que não é novo. Estou curioso, tendo isto em atenção, em verificar a evolução de Nani no futebol inglês, lembrando-me que é a conjugação de técnica e poder físico-atlético que fazem o sucesso de Cristiano Ronaldo.

domingo, junho 10, 2007

"When I woke up this morning" - original blues classics (2)

Skip James (21 de Junho de 1902 - 3 de Outubro de 1969) - "I'm So Glad"

Duas notas preguiçosas de domingo à tarde

Primeira nota:

Segunda nota:

  • José Manuel Fernandes (JMF) lamenta hoje no seu jornal (“Público”, para os mais distraídos), que é também aquele do qual sou leitor atento, que o Hamas, partido maioritário no parlamento palestiniano, não manifeste qualquer intenção de reconhecer Israel e que se esteja, actualmente, perante um clima de quase guerra civil nos territórios sob a sua teórica autoridade. Digamos que eu também, o que não ajuda muito. Mesmo nada! Mas... pergunta: não era o desaparecimento físico de Yasser Arafat, e a sua substituição por alguém com o perfil de Mahmoud Abbas, condição tida por necessária, por parte da administração W. Bush e autoridades israelitas (mais JMF, claro!), para uma evolução política positiva que pudesse, no futuro, conduzir à paz na região? Tanta memória curta, meu deus!

sábado, junho 09, 2007

The Hammer Collection (2)

"Kiss Of The Vampire", de Don Sharp (1963)

Palavras para quê? São "artistas" portugueses...

Segundo o "Público", "o diário britânico "The Times" noticiou, esta sexta-feira, que os inspectores portugueses responsáveis por encontrar Madeleine McCann fazem almoços de «duas horas», durante os quais ingerem bebidas alcoólicas. Confrontada com estes factos, a PJ desvalorizou a notícia.
Confrontada com estes factos, a PJ desvalorizou a notícia."
Ver aqui notícia completa.

Chama-se a isto tocar onde dói mais. E bem gostava de ver, ouvir ou ler agora aqueles normalmente tão pressurosos nas suas atitudes anti-britânicas ou “patrioteiras” (direi apenas xenófobas?) a contestar e contra argumentar. Se, de facto, existe algo facilmente identificável, no dia a dia, a afastar os portugueses da Europa civilizada são as intermináveis horas dedicadas a almoços durante os dias de trabalho, normalmente acompanhadas de vinho e um whisky a seguir, pois claro, mas também não poucas vezes “regando” feijoadas, “choquinhos” com tinta, cozido à portuguesa e outros pratos afins, “está-se mesmo a ver” tão adequados a quem tem pela frente uma tarde de trabalho(?). O pior, o pior ainda, é os portugueses confundirem isto com qualidade de vida – quando se trata apenas, pura e simplesmente, de “alarvice” - desdenhando de quem não perde mais de uma hora com um almoço num dia de trabalho e prefere comer uma boa sanduíche, uma salada e um sumo... Digo eu, que gosto muito de vinho mas o guardo para outras ocasiões...