Os recentes acontecimentos ocorridos na DREN e no centro de saúde de Vieira do Minho, embora com diferenças suficientes entre ambos para justificarem avaliações também elas diferentes das decisões tomadas pelas respectivas hierarquias e tutelas, são exemplos demonstrativos do estado de degradação a que chegaram algumas das instituições da Administração Pública, fruto da partidarização das suas hierarquias (ver afirmações do presidente da Câmara de Vieira do Minho), que acaba por se estender a uma parte significativa de todas as suas estruturas, transformando-as em campo de batalha da luta partidária com prejuízo evidente da qualidade dos serviços prestados. Tudo isto potenciado também por um sistema em que a avaliação de pessoas e estruturas está ausente e a progressão nas carreiras é definida por antiguidade, sistema este que, implicitamente, serve e promove essa mesma partidarização. É também um sintoma da fraqueza estrutural do tecido empresarial português, mais evidente na província onde o Estado é com demasiada frequência a única saída profissional possível e a filiação e “lealdade” partidárias, levadas ao limite, a sua consequência em função do sistema de recrutamento implantado.
Mais ainda, a falta de mobilidade profissional existente na sociedade portuguesa é ainda muito mais acentuada entre o sector privado e a Administração Pública (as causas são conhecidas e o que acima se descreve é apenas uma delas), limitando a troca de experiências e a adaptação de algumas boas práticas das maiores e mais sofisticadas empresas privadas, em termos de gestão, às empresas e instituições geridas pelo Estado. Só assim se compreende que se veja como “natural” a afixação, numa instituição que não é nem se pode reger por princípios democráticos (o que é outra das confusões, propositadamente ou não, instaladas e que radica, em última análise, no sistema de partidarização instituído), de um cartaz contestando as políticas definidas pela tutela para o sector, por muita razão que possa existir para essa contestação que pode ser exercida através de um sem número de meios, instituições e oportunidades disponíveis para o efeito numa sociedade democrática do século XXI.
Mas como tudo tem também um lado positivo (???), este tipo de situações serve também para nos apercebermos do grau zero que o debate político atingiu nos partidos e no parlamento, substituído por uma guerrilha partidária sem ideias nem ideais, destinada apenas a uma substituição de clientelas, também ela fomentadora e potenciadora dos comportamentos acima descritos. É o fechar do círculo, o que não é de admirar se nos lembrarmos de onde a maioria dos deputados e dirigentes partidários são originários e onde fizeram o seu tirocínio: exactamente nessas estruturas locais e utilizando os mesmos métodos e comportamentos. Com os mesmo objectivos, também. Confesso a minha incapacidade para descobrir uma forma de quebrar o círculo...
Mais ainda, a falta de mobilidade profissional existente na sociedade portuguesa é ainda muito mais acentuada entre o sector privado e a Administração Pública (as causas são conhecidas e o que acima se descreve é apenas uma delas), limitando a troca de experiências e a adaptação de algumas boas práticas das maiores e mais sofisticadas empresas privadas, em termos de gestão, às empresas e instituições geridas pelo Estado. Só assim se compreende que se veja como “natural” a afixação, numa instituição que não é nem se pode reger por princípios democráticos (o que é outra das confusões, propositadamente ou não, instaladas e que radica, em última análise, no sistema de partidarização instituído), de um cartaz contestando as políticas definidas pela tutela para o sector, por muita razão que possa existir para essa contestação que pode ser exercida através de um sem número de meios, instituições e oportunidades disponíveis para o efeito numa sociedade democrática do século XXI.
Mas como tudo tem também um lado positivo (???), este tipo de situações serve também para nos apercebermos do grau zero que o debate político atingiu nos partidos e no parlamento, substituído por uma guerrilha partidária sem ideias nem ideais, destinada apenas a uma substituição de clientelas, também ela fomentadora e potenciadora dos comportamentos acima descritos. É o fechar do círculo, o que não é de admirar se nos lembrarmos de onde a maioria dos deputados e dirigentes partidários são originários e onde fizeram o seu tirocínio: exactamente nessas estruturas locais e utilizando os mesmos métodos e comportamentos. Com os mesmo objectivos, também. Confesso a minha incapacidade para descobrir uma forma de quebrar o círculo...
1 comentário:
JC, acho muito pertinente este seu post. Começamos a sentir um cerco insuportável.
Apetece-me perguntar: democracia? Que democracia?
A democracia começa nas coisas básicas, fundamentais. Não nos discursos "determinados". E é algo muito frágil, quando essas bases estão em causa.
Enviar um comentário