terça-feira, junho 26, 2007

Augusto Santos Silva e a comunicação social

Augusto Santos Silva declarou ao Diário Económico que “todos os orgãos de comunicação social devem cultivar o pluralismo e ser independentes do poder político e económico”.

Parece-me ser não só uma frase que, sob a capa das melhores intenções democráticas e liberais, esconde em si uma enorme ânsia de dirigismo político como, em si mesma, constitui uma afirmação séria candidata ao Prémio Nobel do disparate, se o houvesse. Em primeiro ligar, nunca terá ocorrido ao ministro que cada um dos referidos orgãos de comunicação social pode querer ter a liberdade de decidir de outra maneira, isto é, que pode decidir defender os objectivos, ideologia ou comportamentos de um ou vários grupos económicos ou políticos e expressamente, ou não, declará-lo? Acrescente-se, sem que daí venha grande nenhum dano de maior para a democracia e o pluralismo, sendo mesmo esse um comportamento comum em países com hábitos e comportamentos democráticos bem mais enraízados do que Portugal... Em segundo lugar, ignora Augusto Santos Silva que grande parte dos grupos de comunicação social constituem eles próprios grandes grupos económicos ou são deles pertença? Não ignora, claro, nem a frase que proferiu para si tem qualquer importância. É neste ponto que reside fundamentalmente o problema...

Sem comentários: