Qual director do jornal regional de Oliveira do Monte “O Arauto da Imaculada” pedindo desculpa ao senhor bispo por não ter dado o devido destaque à sua última homilia, a RTP pediu desculpa ao Presidente da República por ter interrompido a transmissão das comemorações do 10 de Junho. Que os “defensores de ocasião” da liberdade de expressão não se tenham manifestado, não estranho: a lei do funil é algo com profundas raízes na sociedade portuguesa. Mas algo não deixa de me surpreender: a transmissão integral das cerimónias faz ou não parte das obrigações do “serviço público” de acordo com o respectivo contrato? Se sim, esse deve prever penalizações para o incumprimento de todas ou algumas das suas cláusulas, devendo o assunto ser tratado judicialmente; se não, estamos perante uma violação clara da liberdade de informação vinda de onde menos seria admissível e com a conivência da RTP. Penso que o assunto é grave demais para o relativo silêncio que por sobre ele se abateu.
1 comentário:
Concordo consigo, JC: nesta história é tudo triste!
O Presidente falou e não lhe fica bem, neste caso, fazê-lo deste modo. E a RTP, tão pronta a pedir desculpas pelo que fez?!... Se não devia fazê-lo, por que o fez, em primeiro lugar?
E já não vou falar das cerimónias em si mesmas, que parecem cada vez mais pomposas, iguaizinhas às dos (tristes) tempos de antanho, e que, em vez de mobilizarem as pessoas e lhes reavivarem o sentimento de pertença (parto do princípio que um Dia assim é para isso mesmo: para nos fazer recordar e sentir que temos algo em comum há muitos séculos) se tornam enfadonhas e intermináveis. Claro que a RTP deve ter achado que umas quantas notícias sangrentas e umas indiscrições sobre a vida do jet-set local daria mais dividendos nas audiências do que cumprir a sua parte de SERVIÇO PÚBLICO.
Disto tudo, o que acabo por sentir é que estamos cansados, desanimados, deprimidos - e não só economicamente - e que os responsáveis dos vários sectores nacionais se preocupam com COISINHAS em vez de darem atenção ao que realmente faz a diferença. Como, por exemplo, respeitar a liberdade de imprensa.
Neste capítulo, não vou sequer falar do ego inflamado do senhor Pároco, pela simples razão de que já nem reparo nesse tipo de contradições cívicas: o poder é sempre apetecido por quem não tem outro afrodisíaco, e a coerência, essa, apenas um incómodo para certas consciências com motivações pouco deontológicas.
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