Confesso que Marques Mendes não me suscita grandes ódios, paixões ou emoções. Considero-o um homem honesto, trabalhador e possivelmente integro, dotado de uma inteligência, cultura e capacidades não mais que medianas. Será com certeza um bom pai de família e um amigo leal - tanto quanto isso possa existir - e por certo teria sido um razoável advogado de província, um competente juiz. Sem dúvida que lhe emprestaria o meu último euro e, antes disso, lhe compraria um carro usado. Talvez por isso, acho não mereceria certas atitudes da parte de alguns dos seus companheiros de partido; aqueles que apenas possuem de diferente não a inteligência mediana mas a menor integridade e honestidade, a “esperteza”, e por isso carregam onde possam vislumbrar mole. Os outros, os mais inteligentes e com maior carisma, talvez por isso mesmo não o façam, tratando - espero que por pudor - de se manter um pouco à margem.
Mas confesso que ontem, ao vê-lo num qualquer telejornal percorrer a Feira de Santarém sem o panache de um Paulo Portas ou o a “genuinidade” popular de um aristocrata como Mário Soares, o homem me meteu pena. Sem “figura” (ele que me desculpe), vestido como há trinta ou quarenta anos os provincianos se vestiam nos passeios de fim de semana à Praia das Maçãs, debitando lugares comuns sobre uns vinhos que não me parece comprasse lá para casa, rodeado de bajuladores à espera da pequena migalha sobrante, notório erro de casting sem “caber” na personagem e acabando a debitar umas frases sobre agricultura que pareciam pré-gravadas, confesso tive pena. Que o fará correr? Que pensará de si próprio, à noite, qual actor amador a rever a récita?
É que, por uma coincidência tremenda, dei por mim, pouco depois, a espreitar alguns dos actores da comédia portuguesa dos anos quarenta num programa da RTP Memória dedicado a Vasco Santana. Todos eles também erros de casting, inverosimilhança ao primeiro olhar mesmo que pouco atento, mas com uma genialidade e um carisma que parecia tudo isso transcender.
Mas confesso que ontem, ao vê-lo num qualquer telejornal percorrer a Feira de Santarém sem o panache de um Paulo Portas ou o a “genuinidade” popular de um aristocrata como Mário Soares, o homem me meteu pena. Sem “figura” (ele que me desculpe), vestido como há trinta ou quarenta anos os provincianos se vestiam nos passeios de fim de semana à Praia das Maçãs, debitando lugares comuns sobre uns vinhos que não me parece comprasse lá para casa, rodeado de bajuladores à espera da pequena migalha sobrante, notório erro de casting sem “caber” na personagem e acabando a debitar umas frases sobre agricultura que pareciam pré-gravadas, confesso tive pena. Que o fará correr? Que pensará de si próprio, à noite, qual actor amador a rever a récita?
É que, por uma coincidência tremenda, dei por mim, pouco depois, a espreitar alguns dos actores da comédia portuguesa dos anos quarenta num programa da RTP Memória dedicado a Vasco Santana. Todos eles também erros de casting, inverosimilhança ao primeiro olhar mesmo que pouco atento, mas com uma genialidade e um carisma que parecia tudo isso transcender.
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